Hungria sai de corte de Haia ao receber Bibi, alvo de ordem de prisão

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A Hungria anunciou nesta quarta-feira, 3, sua retirada do Tribunal Penal Internacional (TPI). A decisão foi comunicada algumas horas após o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, desembarcar em Budapeste para uma visita. Ele enfrenta uma ordem de prisão emitida pela Corte com sede em Haia (Holanda). O governo do primeiro-ministro Viktor Orbán afirmou antes que ignoraria suas obrigações com o mandado do TPI e o recebeu com tapete vermelho e honras militares.

Netanyahu agradeceu ao líder húngaro por sua posição "ousada contra o antissemitismo" e chamou sua decisão de um movimento "corajoso" contra uma "organização corrupta". Segundo o primeiro-ministro, outros países seguirão o exemplo da Hungria.

O órgão dirigente do TPI manifestou preocupação com a decisão da Hungria, afirmando que qualquer afastamento "obscurece a nossa busca partilhada por justiça e enfraquece nossa determinação em combater a impunidade".

Embora possa indiciar chefes de Estado, a Corte não tem poder para prendê-los ou levá-los a julgamento. Em vez disso, depende de outros líderes e governos para agir como seus policiais em todo o mundo.

O anúncio da retirada da Hungria foi o primeiro de um país da União Europeia. A medida consolida um papel controvertido de Orbán dentro da Europa e seus esforços para se alinhar ao governo Trump, com quem compartilha o desprezo por organismos internacionais.

Apesar do anúncio, uma retirada não terá efeito por pelo menos um ano, o que significa que a Hungria, ao se recusar a prender o líder israelense, violou suas obrigações sob o tratado de 1998 que estabeleceu o tribunal.

O TPI emitiu mandados de prisão em novembro para Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, acusando-os de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.

A viagem de Netanyahu à Hungria foi a primeira desde então a um país que reconheceu a jurisdição do tribunal. Ele visitou Washington em fevereiro, mas os EUA não são membros do tribunal. Em novembro, Orbán denunciou a ordem e decidiu convidar Netanyahu para uma visita, dizendo que ele não seria preso.

Apenas dois países se retiraram do tribunal de 125 membros: Burundi e as Filipinas. Ambos o fizeram em resposta à abertura de investigações criminais pelo promotor do TPI sobre seus chefes de governo. A Venezuela, também sob investigação, disse que poderia se retirar, mas ainda não tomou uma decisão.

Disruptivo

Orbán tem posicionado a Hungria, também membro da Otan, como uma força disruptiva dentro da Europa. Ele denunciou líderes colegas como "belicistas" por seu apoio à Ucrânia e aproximou-se do presidente russo, Vladimir Putin, desafiando esforços de Bruxelas para isolá-lo. Orbán demorou mais de um ano para dar o consentimento da Hungria à aceitação da Suécia como membro da Otan.

Sua decisão de desafiar a ordem de prisão e receber Netanyahu foi também um esforço para chamar a atenção de Washington. Enquanto seus oponentes veem seu estilo de governar como um sistema cada vez mais autoritário e afastado dos valores da Europa, nos EUA muitos o consideram um modelo a ser seguido.

O líder húngaro está alinhado ideologicamente com o movimento Maga (Fazer a América Grande de Novo, por suas iniciais em inglês, mote do governo Trump), mas divergiu da agenda do republicano ao abraçar a China como parceira econômica e diplomática. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Uma comitiva de oito senadores brasileiros está nos Estados Unidos para tentar negociar o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump, que passa a valer a partir de sexta-feira, 1º de agosto.

Os parlamentares se reúnem com representantes do setor privado em Washington, capital do país. Ainda não há encontros confirmados com autoridades do governo americano.

A comitiva de senadores reúne filiados do PT ao PL, unindo membros da base do governo e da oposição à gestão federal.

Nelsinho Trad (PSD-MS)

Nelsinho Trad é o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Foi vereador de Campo Grande (1993-2003), deputado estadual do Mato Grosso do Sul (2003-2005) e prefeito da capital estadual por dois mandatos consecutivos (2005-2013).

Em 2014, candidatou-se ao governo sul-mato-grossense, mas foi derrotado ainda no primeiro turno. É primo de Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde durante o governo de Jair Bolsonaro. Em 2018, elegeu-se senador pelo PTB. No início de 2019, deixou a sigla e filiou-se ao PSD.

Tereza Cristina (PP-MS)

Além de Trad, o Mato Grosso do Sul é representado na comitiva pela senadora Tereza Cristina, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Entre 2007 e 2014, durante a gestão do governador André Puccinelli (MDB), Tereza foi secretária de Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul. Em 2014, elegeu-se deputada federal pelo PSB. Na eleição seguinte, foi reeleita ao cargo pelo Democratas.

Em 2019, no início de seu segundo mandato na Câmara, licenciou-se para assumir o Ministério da Agricultura do governo Bolsonaro. Permaneceu na pasta até março de 2022, deixando o posto para concorrer ao Senado pelo PP. Elegeu-se com 829.149 votos, 60,8% dos votos válidos, desbancando outro ex-ministro de Bolsonaro na disputa, Luiz Henrique Mandetta.

Jaques Wagner (PT-BA)

Jaques Wagner é líder do governo Lula no Senado e foi governador da Bahia entre 2007 e 2015. É um dos mais influentes quadros do PT, tendo sido ministro do Trabalho (2003-2004), das Relações Institucionais (2005-2006), da Defesa (2015) e da Casa Civil (2015-2016) durante as gestões federais petistas.

Entre 2017 e 2018, foi secretário do governo baiano. Elegeu-se senador com 4.253.331 votos, 35,7% dos votos válidos.

Fernando Farias (MDB-AL)

Fernando Farias é um empresário do setor agrícola que integrou a chapa de senador de Renan Filho (MDB) em 2022. O filho de Renan Calheiros (MDB) elegeu-se ao Senado com 845.988 votos, 56,2% dos votos válidos.

Em janeiro de 2023, Renan Filho licenciou-se do cargo para assumir o Ministério dos Transportes do governo Lula. Desde então, Farias exerce o mandato de senador. O empresário não exerceu cargos públicos nem participou de eleições antes de 2022.

Marcos Pontes (PL-SP)

Marcos Pontes foi ministro da Ciência e Tecnologia durante o governo Bolsonaro (2019-2022). Elegeu-se ao Senado por São Paulo com 10.714.913 votos, 49,7% dos votos válidos. Em 2014, candidatou-se a deputado federal pelo PSB, mas não foi eleito. Em 2018, integrou a chapa eleita de Major Olímpio ao Senado.

Pontes é vice-líder do bloco Vanguarda, que reúne a oposição ao governo Lula no Senado, e representa o Estado de São Paulo na comitiva, o mais prejudicado pelas tarifas anunciadas por Trump.

Rogério Carvalho (PT-SE)

Rogério Carvalho é médico e senador pelo PT de Sergipe desde 2019. Elegeu-se ao cargo em 2018 com 300.247 votos, 16,4% dos votos válidos.

Antes, foi deputado estadual (2007-2011), secretário estadual de Saúde (2007-2010), deputado federal (2011-2015). Em 2022, perdeu a disputa pelo governo de Sergipe para Fábio Mitidieri, do PSD, por 51,7% a 48,3% dos votos válidos. É líder do PT no Senado e integra a Mesa Diretora da Casa como primeiro-secretário.

Esperidião Amin (PP-SC)

Espiridião Amin está em seu segundo mandato como senador de Santa Catarina e integra a Comissão de Relações Exteriores do Senado. Antes do mandato atual, iniciado em 2019, foi senador catarinense entre 1991 e 1999. Entre 2011 e 2019, foi deputado federal por Santa Catarina.

Foi governador do Estado por dois mandatos (1983-1987 e 1999-2003) e comandou a capital estadual em duas ocasiões (1975-1978 e 1989-1990). É marido de Ângela Amin, prefeita de Florianópolis por dois mandatos consecutivos (1997-2004).

Carlos Viana (Podemos-MG)

Carlos Viana é membro da Comissão de Relações Exteriores do Senado e líder do Podemos na Casa. É apresentador de televisão e elegeu-se senador em 2018 pelo extinto PHS com 3.568.658 votos, 20,2% dos votos válidos.

Em 2022, tentou o governo mineiro pelo PL, mas não foi eleito. Em 2024, pelo Podemos, tentou a prefeitura de Belo Horizonte, mas foi derrotado com 1% dos votos válidos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira, 28, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) "não merece o sacrifício do povo brasileiro.

A declaração ocorreu na inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).

Lula se refere à tarifa de 50% que será aplicada pelo governo Donald Trump aos produtos brasileiros. A medida deve entrar em vigor na sexta-feira, 1º de agosto.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, por suspeitas de tentativa de interferência no acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Gonet se manifestou contra um recurso da defesa de Câmara solicitando sua liberdade. O ex-assessor foi preso no mês passado depois que o seu próprio advogado, Eduardo Kuntz, apresentou ao STF uma petição na qual relatou ter mantido conversas com Mauro Cid para tentar obter informações da delação premiada.

Procurado na manhã deste domingo (27), Kuntz não respondeu aos contatos. O espaço está aberto para manifestação.

Nos diálogos apresentados por Kuntz, mantidos com um perfil de Instagram que o advogado atribuiu a Mauro Cid, ele pediu ao tenente-coronel que deixasse Marcelo Câmara de fora dos seus depoimentos e também sugeriu a ele que trocasse de advogado e lhe contratasse.

"As capturas de tela anexadas por Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz incluem mensagens enviadas pelo procurador ao suposto perfil de Mauro César Barbosa Cid, como: 'Poxa...pede para ele falar sobre o Câmara…vc sabe que ele não fez nada de errado' e 'Aquela história da Professora… o Câmara falou que se você disser que Professora é a Madre Tereza, ele passou a informação errada (…)'", escreveu Gonet.

Para o procurador-geral, "os trechos insinuam que Marcelo Costa Câmara não apenas conhecia a conversa conduzida por seu advogado, mas dela se beneficiou ao utilizá-la como argumento defensivo".

Gonet argumenta que esses elementos de prova indicam a existência de riscos concretos ao andamento do processo e à aplicação da lei penal, o que justifica a manutenção da prisão de Marcelo Câmara. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar esses fatos.

"A pretensão do agravante de adquirir dados afetos a acordo de colaboração premiada então protegidos por sigilo evidenciam o concreto risco à conveniência da instrução criminal e à aplicação da lei penal", afirmou o procurador-geral da República.

O coronel já havia ficado preso entre janeiro e maio do ano passado depois que a Polícia Federal detectou que ele realizou ações de monitoramento dos passos do ministro Alexandre de Moraes. Câmara foi solto com a imposição de medidas cautelares, mas o ministro decretou a nova prisão após os fatos revelados por sua própria defesa.