Queda em NY resulta em perda de US$ 6,6 tri em valor de mercado após tarifas dos EUA

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O presidente Donald Trump ergueu um muro entre a economia dos Estados Unidos e o resto do mundo, e o mercado afundou. A derrocada de dois dias em Wall Street gerou uma perda de US$ 6,6 trilhões em valor de mercado. O tarifaço de Trump afetou fabricantes e varejistas, exportadores e importadores e grandes empresas em praticamente todos os setores, desde gigantes do Vale do Silício como Apple e Meta Platforms até a fabricante aeroespacial Boeing e a produtora de petróleo Devon Energy.

Na sexta-feira, as bolsas de Nova York tiveram novo tombo de 5% no último pregão da semana, com a retaliação chinesa, de tarifas de 34% sobre as importações dos EUA, indicando que a guerra comercial poderá ter impacto ainda maior do que o cogitado pelo mercado, e o presidente do Federal Reserve (Fed) indicando tendência de alta da inflação americana. Após a China reagir às tarifas americanas, o índice Dow Jones caiu 2.200 pontos em virtude da ameaça de uma guerra comercial sino-americana prolongada, enquanto o Nasdaq entrou em território negativo em bear Market - período prolongado de queda.

No acumulado da semana, o índice Dow Jones Industrial Average perdeu mais de 3.000 pontos, ou 7,9%. O Nasdaq, focado em ações de tecnologia, caiu 10%. O S&P 500 recuou 9,1%. Ontem, todos os 11 setores do índice S&P fecharam em baixa. Bancos e corretoras estão entre as ações mais atingidas nos últimos dias, enquanto bens de consumo básicos e construtoras de casas ficaram relativamente ilesos.

O grupo Magnificent Seven, de grandes ações de tecnologia, perdeu cerca de US$ 1,6 trilhão em valor de mercado, de acordo com a Dow Jones Market Data.

Para os traders, gestores de fundos e banqueiros de Wall Street, a semana que começou com a ansiosa preparação para o "Liberation Day" terminou com pavor. Após um declínio acentuado na quinta-feira, o Dow caiu mais 2.200 pontos na sexta-feira. Os indicadores recuaram ainda mais após relatório de empregos do Departamento de Trabalho dos EUA mostrar geração de 228 mil empregos em março, acima do esperado pelo mercado. Para traders experientes, este talvez seja o início do momento mais turbulento e incerto nos mercados em anos. "Até os economistas mais otimistas ficaram amargos com a recente mudança tarifária", disse Mark Malek, diretor de investimentos da Siebert Financial.

Segurança

Com o ambiente adverso à renda variável, investidores continuam buscando segurança em títulos do governo. O rendimento do Tesouro de 10 anos, que recua conforme a inflação sobe, caiu 4% pela primeira vez desde outubro do ano passado, sugerindo maiores temores de uma recessão.

Os futuros do ouro também cederam na sexta-feira, enquanto os preços do petróleo atingiram as mínimas.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta segunda-feira, 10, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a condenação dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção com emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados condicionaram a destinação de R$ 6,67 milhões em emendas ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís, ao pagamento de R$ 1,67 milhão em propinas. Os parlamentares negam irregularidades.

A Procuradoria afirma que as provas são "irrefutáveis" e que a autoria e a materialidade dos crimes estão comprovadas por diálogos e documentos obtidos na investigação.

"Embora os deputados Josimar e Bosco Costa tenham negado a autoria das emendas, aproveitando-se da baixa transparência dos dados públicos sobre a procedência desses recursos, as provas confirmam serem eles os responsáveis pelas destinações", diz a PGR.

O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, enviou ao STF os últimos argumentos da acusação no processo. As defesas ainda vão apresentar suas alegações finais, última etapa antes do julgamento. O relator do processo é o ministro Cristiano Zanin.

Além da condenação, a PGR pede a perda dos mandatos e o pagamento de uma indenização por danos morais coletivos.

A PGR afirma que Josimar Maranhãozinho "ostentava a posição de liderança" do suposto esquema e, nessa condição, "coordenava a destinação dos recursos patrocinados pelos demais congressistas" e depois distribuía as propinas.

"Não há dúvida de que os réus, sob a chefia do deputado Josimar, constituíram e integraram organização criminosa", diz a Procuradoria nas alegações finais.

Os repasses teriam ocorrido entre dezembro de 2019 e abril de 2020, de acordo com a denúncia. Na época, o prefeito de São José de Ribamar era José Eudes Sampaio Nunes. A PGR afirma que ele foi "insistentemente abordado para ceder à solicitação de propina".

As defesas vêm pedindo o arquivamento da ação por falta de provas.

O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol-SP), criticou a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança do governo paulista, como relator do projeto de lei antifacção.

"Colocar o Derrite como relator de um projeto do governo para o combate das facções criminosas me soa como uma provocação", disse Boulos, em entrevista depois de um painel sobre resíduos sólidos e crédito de carbono na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Boulos criticou a escolha argumentando que o deputado está partidária, direta e eleitoralmente comprometido com quem tem se colocado como adversário do governo Lula. "Ele está, inclusive, comprometido com quem foi contra a PEC da Segurança Pública, que é o que permite que o governo federal atue de forma mais eficaz no combate ao crime organizado", disse o ministro.

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse, nesta segunda-feira, 10, que a comissão parlamentar blinda investigados que receberam R$ 10 milhões em propinas, segundo ele mesmo.

Gaspar mencionou as tentativas de impedir a convocação e quebras de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP); a publicitária Daniela Fonteles, que recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS"; a empresária Roberta Luchsinger, que atuou com o 'Careca"; e Gustavo Gaspar, ex-assessor do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

"O STF não é o principal blindador dessa comissão", disse Alfredo Gaspar. Para ele, falta altivez do próprio Congresso. "A blindagem pela própria comissão é uma vergonha."

O relator ainda mencionou que o Senado ainda tem outra "vergonha" ao impor sigilo de 100 anos sobre informações acerca de visitar do "Careca do INSS" a gabinetes de senadores. "Esse sigilo de 100 anos é outra vergonha da República", afirmou.

Gaspar ainda fez um desafio ao STF. Há, na Corte, um mandado de segurança pedindo a divulgação dessa informação. "Abra essa caixa preta dessas visitas", apelou o relator.

Weverton Rocha já afirmou publicamente ter recebido o "Careca do INSS" em seu gabinete por três vezes, mas para tratar de assuntos legislativos.

Essa foi a fala inaugural de Gaspar na sessão da CPMI do INSS desta segunda-feira, 10, que ouve Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP).

Causou nova indignação entre os membros da comissão um habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do STF, a Delecrode, para que ele possa permanecer em silêncio em perguntas que possam o incriminar.

Com o benefício, Delecrode permaneceu em silêncio às perguntas do relator. Diante disso, Gaspar fez uma introdução do depoente citando reportagem do Estadão.

A reportagem em questão fala do cancelamento, por parte dos Correios, de leilão de R$ 280 milhões após receber cheque sem fundo de ONG de pai de santo.

"Esse pai de santo é um coitado. Esses aqui tiveram sucesso", citando uma lista de outras quatro entidades que, juntas, faturaram cerca de R$ 714 milhões com descontos associativos de aposentadorias entre 2022 e 2025. A AASAP, de Delecrode, recebeu R$ 63,2 milhões.

"Esse que está aqui, teve mais sucesso ainda. Ele conseguiu colocar suas empresas juntando outras entidades num desvio de R$ 1,4 bilhões", disse Gaspar.

O relator define Delecrode como "o coração tecnólogico da safadeza", operacionalizando um sistema de coleta de dados e verificação de autenticidade.