Governo Trump suspende financiamento para as universidades Cornell e Northwestern

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Mais de US$ 1 bilhão em financiamento federal para a Universidade Cornell e cerca de US$ 790 milhões para a Universidade Northwestern, ambas nos Estados Unidos, foram congelados enquanto o governo investiga supostas violações de direitos civis nessas instituições, informou a Casa Branca.

A medida faz parte de um esforço mais amplo para usar o financiamento governamental como ferramenta para forçar grandes instituições acadêmicas a se alinharem à agenda política do presidente Donald Trump. A Casa Branca confirmou a suspensão dos recursos na noite de terça-feira, 8, mas não forneceu mais detalhes sobre o que exatamente foi afetado ou quais subsídios estão em jogo.

Essas ações acontecem em um contexto em que o governo republicano de Trump vem utilizando cada vez mais os repasses de verbas públicas como forma de influenciar políticas universitárias, já tendo cortado financiamento de instituições como a Universidade Columbia e a Universidade da Pensilvânia. Isso tem forçado as universidades em todo o país a lidar com cortes em verbas para pesquisas.

Em comunicado, a Universidade Cornell informou que recebeu mais de 75 ordens de paralisação do Departamento de Defesa na terça-feira, relacionadas a pesquisas "profundamente significativas para a defesa nacional americana, cibersegurança e saúde", mas que não recebeu nenhuma confirmação sobre o congelamento de US$ 1 bilhão em verbas.

"Estamos buscando ativamente informações junto às autoridades federais para entender melhor os fundamentos dessas decisões", disseram o presidente da universidade, Michael I. Kotlikoff, e outros dirigentes da instituição.

O porta-voz da Northwestern, Jon Yates, disse na noite de terça-feira que a universidade não recebeu nenhum comunicado oficial do governo federal. Yates afirmou que a instituição cooperou plenamente com investigações do Departamento de Educação e do Congresso.

"Os fundos federais que a Northwestern recebe impulsionam pesquisas inovadoras e que salvam vidas, como o recente desenvolvimento, por nossos pesquisadores, do menor marca-passo do mundo e estudos que alimentam a luta contra o Alzheimer", afirmou Yates. "Esse tipo de pesquisa agora está ameaçado."

No mês passado, o Departamento de Educação enviou cartas para mais de 60 universidades - incluindo Cornell, sediada em Ithaca, Nova York, e Northwestern, em Evanston, Illinois - alertando sobre "possíveis ações punitivas caso não cumpram suas obrigações" sob a lei federal de "proteger estudantes judeus no campus, incluindo acesso ininterrupto às instalações e às oportunidades educacionais".

A administração Trump ameaçou cortar o financiamento federal de universidades que, segundo o governo, permitiram que protestos no campus contra a guerra de Israel com o Hamas em Gaza no ano passado fossem palco de suposto antissemitismo - acusações que as universidades negam.

Os congelamentos de verba colocam em risco a ciência e a pesquisa sem contribuir para o objetivo de criar ambientes universitários livres de antissemitismo, disse Ted Mitchell, presidente do Conselho Americano de Educação. "Isso estava errado na semana passada, está errado nesta semana e continuará errado na próxima semana", afirmou.

Um porta-voz do Departamento de Educação não respondeu a pedidos de comentário.

Columbia precisou acatar exigências para ter financiamento

As autoridades já haviam destacado a Universidade Columbia como exemplo, ameaçando reter US$ 400 milhões em fundos federais. A administração acusou Columbia de não conter o antissemitismo durante protestos contra Israel que começaram na universidade de Nova York na primavera passada e se espalharam por outros campi, uma caracterização contestada pelos envolvidos nas manifestações.

Como condição para restabelecer o financiamento - além de bilhões de dólares em futuros subsídios - a administração Trump exigiu mudanças inéditas nas políticas da universidade.

A decisão de Columbia de aceitar essas exigências, em parte para salvar projetos de pesquisa em andamento em seus laboratórios e centro médico, foi criticada por alguns professores e grupos de defesa da liberdade de expressão como uma rendição diante de uma interferência na autonomia acadêmica.

Desde então, o governo Trump fez exigências semelhantes à Universidade de Harvard como condição para liberar quase US$ 9 bilhões em subsídios e contratos. Também suspendeu US$ 510 milhões em verbas federais e contratos para a Brown e dezenas de bolsas de pesquisa em Princeton. / AP

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil