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FBI prende juíza acusada de obstruir operação para deter imigrante nos EUA

Internacional
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O FBI confirmou nesta sexta-feira, 25, a prisão de uma juíza de Milwaukee sob acusação de que ela teria obstruído a operação para prisão de um imigrante na semana passada. Esse é o primeiro caso conhecido do Departamento de Justiça processando uma autoridade local por supostamente interferir nos planos de deportação do segundo governo Donald Trump.

O diretor do FBI, Kash Patel, confirmou a prisão da juíza Hannah Dugan em publicação nas redes sociais e apagou logo depois. O porta-voz do FBI não respondeu ao pedido de comentário.

A postagem acusava Hannah de "intencionalmente desviar" agentes federais que chegaram ao tribunal para deter um imigrante que deveria comparecer perante a juíza. "Felizmente, nossos agentes perseguiram o criminoso a pé e ele está sob custódia desde então", escreveu Patel. "Mas a obstrução da juíza criou um perigo maior para o público."

A prisão da juíza também foi confirmada pelo porta-voz do U.S. Marshals, o Serviço de Delegados de Polícia dos Estados Unidos, Brady McCarron. A acusação formal contra Hannah Dugan não estava imediatamente disponível nos registros do tribunal.

A juíza foi acusada de obstruir um processo de uma agência federal e de ocultar um indivíduo para impedir sua descoberta e prisão. Após uma breve aparição como ré no tribunal federal em Milwaukee, a cerca de 1,6 km de seu próprio tribunal, ela foi liberada.

De acordo com o Milwaukee Journal Sentinel, agentes do serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE na sigla em inglês) chegaram ao tribunal na sexta-feira passada, durante a audiência pré-julgamento de Eduardo Flores Ruiz, mexicano de 30 anos que está sendo acusado de agressão em Wisconsin.

A juíza então pediu aos agentes que saíssem e falassem com o juiz responsável pelo tribunal. Quando eles voltaram, Flores Ruiz já havia saído.

"Acreditamos que a juíza Dugan intencionalmente desviou os agentes federais do sujeito a ser preso em seu tribunal, Eduardo Flores Ruiz, permitindo que o sujeito - um estrangeiro ilegal - escapasse da prisão", escreveu Patel em sua postagem.

Christopher Wellborn, presidente da Associação Nacional de Advogados de Defesa Criminal, criticou a prisão da juíza, dizendo que a democracia americana se apoia na independência do judiciário. "A ação retaliatória do poder executivo que parece minar essa base exige nosso escrutínio inabalável e uma resposta retumbante", declarou.

A prisão representa uma escalada significativa na batalha do governo Donald Trump contra autoridades locais para avançar com os seus planos de deportação em massa.

A Casa Branca prometeu investigar e processar autoridades locais que não colaborem com os esforços federais contra a imigração, criticando as "cidades santuário" - status que restringe a colaboração para prisões e deportações de imigrantes.

O caso de Milwaukee envolve um ponto frequente de tensão nesse debate: agentes do ICE tentando prender imigrantes indocumentados que comparecem aos tribunais estaduais. As autoridades locais frequentemente se opõem a essas operações, alegando que colocam em risco a segurança pública, às medida que as pessoas sentem que estarão correndo perigo se entrarem nos tribunais.

Durante o primeiro governo Trump, uma juíza local de Massachusetts foi indiciada pelo Departamento de Justiça por obstruir autoridades de imigração. As acusações foram retiradas depois que a juíza concordou em se submeter a uma possível sanção disciplinar judicial. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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A vereadora Cris Monteiro (Novo) afirmou nesta terça-feira, 29, durante discurso na tribuna da Câmara Municipal de São Paulo, que "mulher branca, bonita e rica incomoda". A declaração foi dirigida a sindicalistas que acompanhavam a votação do reajuste dos servidores municipais e gerou forte reação da plateia e de parlamentares.

Durante sua fala, Cris repreendeu a vereadora Luana Alves (PSOL), que tentava confrontá-la, e disse: "Por favor, Luana, calada. Pode me devolver o tempo. Eu escutei todos vocês calados (...) Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês".

Ela completou dizendo que representa uma parcela da população que a elegeu e criticou os grevistas. "Eu não vou defender essas pessoas que deixam as nossas crianças na sala de aula fazendo greve."

A vereadora Luana Alves, que é negra, classificou a fala como racista e pediu a suspensão da sessão. Segundo ela, Cris Monteiro teria direcionado suas palavras diretamente a ela enquanto discursava.

O áudio da transmissão oficial da sessão pela Rede Câmara, canal da Casa no YouTube, chegou a ser interrompido por alguns minutos, mas foi restabelecido em seguida. Após o retorno, a vereadora do Novo pediu desculpas.

"Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso".

O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União), disse que a Casa "não permite racista" e mencionou o caso do ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado em 2023 por fala racista. No entanto, após rever o vídeo da declaração de Cris, avaliou que não houve racismo.

"Nós vimos e revimos várias vezes o vídeo. Na nossa opinião, não houve racismo", afirmou o presidente da Câmara. Segundo ele, a Corregedoria da Câmara acompanhará o caso. "Esse fato será analisado com sangue tranquilo, temperatura normal, pressão também".

A vereadora do PSOL, no entanto, reforçou a acusação. Para ela e outros vereadores, se tratou de um ato de racismo evidente.

"A vereadora Cris irá responder na Corregedoria. Fico muito triste que uma cassação não tenha sido suficiente para aprenderem que não se pode desrespeitar a população negra nessa Câmara", disse. Ela espera que o desfecho seja semelhante ao do caso Cristófaro.

Essa não foi a primeira polêmica envolvendo a vereadora Cris Monteiro. Em 2021, ela se envolveu em um episódio de agressão com a então vereadora Janaína Lima, à época também filiada ao Novo. Na ocasião, Cris afirmou esperar que Janaína fosse cassada.

Um relatório da Corregedoria da Câmara Municipal recomendou a suspensão das funções legislativas de ambas - Janaína e Cris - após a briga ocorrida no banheiro ao lado do Plenário, durante a votação da reforma da Previdência. No entanto, a ação disciplinar não avançou.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou a jornalistas, nesta terça-feira, 29, que está "totalmente" descartada a possibilidade de seu afastamento do ministério. As declarações ocorreram após depoimento na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados.

Na ocasião, Lupi havia respondido questionamentos de parlamentares sobre as fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ao ser questionado se houve alguma conversa sobre o seu afastamento do ministério, Lupi respondeu "nenhuma". Ele acrescentou: "Quem tem que decidir sobre isso é o presidente Lula. Eu sei que eu tenho a confiança dele e estou trabalhando para elucidar tudo o que tiver de errado", declarou.

Lupi voltou a dizer que não houve demora nas providências ao tomar conhecimento das denúncias de fraudes no INSS. "Isso é uma formação de quadrilha: grupos que se montaram para criar instituições e para roubar dinheiro de aposentado. Isso é chocante para mim", declarou.

O ministro prosseguiu: "Eu fui surpreendido com o volume disto. Porque eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá, a gente sempre soube, a gente recebia queixa, na própria plataforma do INSS aparecia algumas pessoas se queixando. Agora, nesse quantitativo, por uma organização, eu tomei conhecimento agora".

Lupi também argumentou que a base para as investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) vieram de apurações que ele determinou no INSS. Questionado se houve demora nas providências, ele negou.

"Aí, é outra discussão. Quando eu fiz a comparação com o botequim da esquina, eu adoro um pão na chapa no botequim da esquina. Quando eu fiz a comparação, é no sentido de que isso não é simples, são 7 milhões de pessoas. Como é que você verifica, checa, cria biometria de 7 milhões de pessoas?", afirmou.

Ainda em resposta aos jornalistas, Lupi afirmou: "Não demorei a determinar (as apurações). Foi tomado conhecimento dos vários fatos, inclusive no Conselho. O Conselho não é executivo, é um conselho de debate, de deliberações macro sobre visão da Previdência Social. Estava lá no assento o presidente do INSS e o diretor do INSS. Eu pedi para que tomassem providências disso, tanto é que eu demiti o diretor".

Conforme mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Lupi argumenta que demitiu o diretor de Benefícios André Félix Fidélis, que teria apresentado lentidão para avançar com as apurações. Uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o ministro foi alertado sobre as fraudes em junho de 2023, mas adiou a discussão e só tomou providências após quase um ano.

A auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) nos descontos em contracheques de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) revelou situações flagrantes de fraude.

Foram descobertos cadastros em nome de analfabetos, indígenas de comunidades isoladas, idosos com doenças graves, pessoas com deficiência e aposentados.

São pessoas que, segundo a CGU, não teriam como comparecer pessoalmente às associações e nem como assinar fichas de filiação e termos de autorização para os descontos em benefício dessas entidades. Algumas até residem no exterior.

Os casos foram descobertos a partir de entrevistas feitas com uma amostra de 1.273 beneficiários do INSS, registrados nos 27 Estados e no Distrito Federal, que tiveram valores descontados de seus contracheques. 97,6% dos entrevistados informaram à CGU não ter autorizado os abatimentos.

Os beneficiários do INSS podem aderir a associações civis e sindicatos e autorizar descontos mensais em seus contracheques para cobrir custos de filiação. Para isso, as entidades devem estar habilitadas junto ao INSS e precisam receber autorização "prévia, pessoal e específica" de aposentados e pensionistas interessados.

Parte dos aposentados ouvidos pela CGU só tomou conhecimento dos descontos no momento das entrevistas.

A Polícia Federal afirma que a auditoria revela um "cenário de incongruências". A PF investiga se idosos foram induzidos a assinar autorizações de desconto sem saber a verdadeira finalidade dos documentos e até se assinaturas foram forjadas.

As suspeitas são investigadas na Operação Sem Desconto. Segundo a Polícia Federal, servidores do INSS venderam dados de aposentados e pensionistas em troca de propinas e facilitaram os descontos indevidos direto nos contracheques dos beneficiários. O esquema teria causado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

Pressionado, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão após ter sido afastado do cargo por ordem judicial.