Dezenas de caixas com propaganda nazista são descobertas em porão da Suprema Corte argentina

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A Suprema Corte da Argentina encontrou documentação associada ao regime nazista entre seus arquivos, incluindo material de propaganda que foi usado para difundir a ideologia de Adolf Hitler no país sul-americano, disse uma autoridade judicial do tribunal à Associated Press no domingo, 11.

Funcionários do tribunal encontraram o material ao trabalharem na criação de um museu com documentos históricos da Suprema Corte, disse a autoridade judicial, que pediu anonimato devido a políticas internas.

Entre os documentos, foram encontrados cartões postais, fotografias e material de propaganda do regime alemão. Parte do material "tinha a intenção de consolidar e propagar a ideologia de Adolf Hitler na Argentina, em meio à Segunda Guerra Mundial", disse o funcionário.

Acredita-se que as caixas estejam relacionadas à chegada de 83 pacotes a Buenos Aires em 20 de junho de 1941, enviados pela Embaixada da Alemanha em Tóquio a bordo do navio a vapor japonês Nan-a-Maru.

Na época, a missão diplomática alemã na Argentina havia solicitado a liberação do material, alegando que as caixas continham pertences pessoais, mas a Divisão de Alfândega e Portos o reteve.

O presidente da Suprema Corte, Horacio Rosatti, ordenou a preservação do material e uma análise minuciosa.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

Em outra categoria

O homem acusado de ameaçar de estupro e morte as deputadas estaduais de Minas Gerais Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT) foi condenado em primeira instância a 12 anos e nove meses de prisão pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Além das ameaças às parlamentares, o réu também foi denunciado por coagir adolescentes a se automutilarem e a enviarem fotos nuas.

A ação faz parte da Operação Di@na, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que monitorou diversos fóruns e grupos na internet, de onde se originaram as ameaças. Os "Chans", como são chamados, são espaços online anônimos em que somente homens são permitidos.

Segundo a investigação, nesses ambientes virtuais foram identificados casos de exposição indevida de dados sigilosos de autoridades, veiculação de símbolos nazistas e incitação à violência, à pedofilia e à necrofilia. Também foram encontradas postagens com imagens de estupros, assassinatos, mutilações e conteúdo de abuso e exploração sexual infantil.

Conforme apurado, o réu utilizava pseudônimos, como "Leon" e "Grow", para ocultar suas ações nesses ambientes virtuais. Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências do suspeito, onde foram apreendidos celulares, computadores, HDs, pen drives e anotações, além de munições e equipamentos para fabricação de armas caseiras.

Em 7 de maio de 2024 o homem foi preso em Olinda (PE), na terceira fase da Operação Di@na e prestou mais de cinco horas de depoimento. O Estadão tentou entrar em contato com a defesa do réu, mas, como o processo está sob sigilo judicial, seu nome não foi divulgado. A investigação continuará com a análise dos dados obtidos para identificar outros envolvidos nos crimes.

Relembre o caso

Em agosto de 2023, a deputada Lohanna França recebeu em seu e-mail institucional da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ameaças de morte e estupro. Na mensagem estava descrito que a parlamentar "promove a degeneração e a irresponsabilidade feminina" e que ela seria estuprada e morta. O infrator também mencionou que conhecia o local onde França e sua família moram.

Após o recebimento da ameaça, a deputada reuniu os servidores que identificaram a mensagem e denunciou o caso à Polícia Legislativa. Bella Gonçalves também recebeu ameaças em seu e-mail institucional. A deputada relata em sua conta no X (antigo Twitter) o que enfrentou: "Nesses últimos meses vivi sob escolta policial, tive que mudar de casa, de rotina, enquanto recebia uma ameaça aterrorizante por semana. Só por ser mulher na política."

Em agosto de 2023, Cristiano Caporezzo (PL), colega das parlamentares na ALMG, divulgou um vídeo em que Bella Gonçalves aparece com escolta policial e questionando o motivo da escolta. Após o feito, novos ataques foram realizados contra as deputadas.

Outras parlamentares de Minas Gerais receberam ameaças de estupro e morte. Porém, a investigação aponta ligação do acusado apenas com os casos de Lohanna França, Bella Gonçalves e Beatriz Cerqueira.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse que os EUA prestaram um "apoio decisivo à institucionalidade e democracia brasileira em momentos de sobressalto". Ele falou em evento do LIDE, em Nova York, nos Estados Unidos, durante a Brazil Week.

"Eu mesmo, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, estive com o encarregado de negócios americanos, tive muitas vezes, mas em três vezes, eu pedi declarações dos Estados Unidos de apoio à democracia brasileira, uma delas no próprio Departamento de Estado, e acho que isso teve algum papel, porque os militares brasileiros não gostam de se indispor com os Estados Unidos, porque é aqui que obtêm os seus custos e os seus equipamentos", afirmou.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e 33 aliados são réus por tentativa de golpe de Estado no Supremo. De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o plano golpista não teria prosperado porque não contou com o apoio da alta cúpula das Forças Armadas.

A jornalistas, Barroso afirmou que o papel do STF é o de interpretar a Constituição e que a Corte o faz "na medida certa". Foi uma resposta ao presidente da Cãmara dos Deputados, Hugo Motta, que, no evento, cobrou uma autocrítica dos Poderes.

'É difícil traçar a fronteira entre direito e política no Brasil'

Barroso também declarou que o elevado grau de judicialização no Brasil tem relação direta com a abrangência da Constituição Nacional. Para o ministro, o texto é tão extenso e detalhado que acaba transferindo para o Judiciário a responsabilidade de se manifestar sobre quase todas as grandes questões políticas do País.

"A Constituição brasileira trouxe para o direito uma imensa quantidade de matérias que nos outros países são deixadas para a política. É por isso que dizem que o Supremo se mete em tudo", afirmou o ministro. Para Barroso, o texto da Constituição é que implica na necessidade de o STF se posicionar sobre temas que poderiam ser considerados de ordem "política".

O ministro fez um paralelo entre o ordenamento jurídico do Brasil e o de outras nações. Segundo ele, ao contrário de constituições mais concisas, a brasileira abrange desde a estrutura do Estado até minúcias sobre saúde, educação, previdência, tributos, meio ambiente, direitos indígenas, economia e políticas sociais.

"É muito mais difícil traçar no Brasil a fronteira entre o direito e a política", disse durante sua participação em Nova York. Barroso reforçou que, para ele, o papel do STF é interpretar a Constituição. Mas acrescentou que as decisões do Congresso Nacional devem ser respeitadas, desde que estejam em conformidade com a Carta Magna.

"O Supremo não deve substituir escolhas políticas legítimas por preferências técnicas. Mas também não pode se omitir diante de violações constitucionais claras", afirmou o ministro.

Os poderes Legislativo e Judiciário passam por um momento de tensão, desde que a Câmara aprovou um projeto que suspende o processo penal por tentativa de golpe contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF). A proposta foi aprovada com amplo apoio, somando 315 a favor e 143 contra.

Depois, o STF aprovou, por unanimidade, a derrubada da suspensão e manutenção da ação contra Ramagem.

Por fim, Barroso acrescentou ainda que, apesar das tensões e críticas recentes, o Brasil atravessa o período mais prolongado de estabilidade institucional desde a redemocratização.

A influenciadora digital e empresária Virgínia Fonseca, 26, afirmou à CPI das Bets que "vai pensar" em parar de promover casas de apostas, mas provocou os senadores ao dizer que segue rigorosamente a lei em suas peças publicitárias nas redes sociais e que caberia a eles proibirem as apostas.

"Se realmente faz tão mal, proíbe tudo, acaba com tudo. Eu nunca aceitei fazer publicidade para casas de apostas não regulamentadas. E eu recebo muita proposta. Se for decidido por vocês que tem que acabar, eu concordo que tem que acabar", afirmou.

A lei que regulamenta apostas esportivas, 14.790/2023, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em dezembro de 2023. Ela é fruto de um projeto de lei aprovado na Câmara e no Senado.

Virgínia negou que seus contratos contenham com cláusulas que resultem em ganhos diretos sobre perdas de apostadores. Segundo a influenciadora, ela sempre diz nas campanhas que apostas são proibidas a menores de 18 anos e que os jogos de azar não são recomendados a pessoas que enfrentam vícios.

"Eu vou pensar sobre, senadora. Não vou mentir, eu vou pensar. Mas gostaria que chamassem todos os times de futebol, as emissoras de TV, os eventos patrocinados. Tudo tem bet", disse.

Virgínia Fonseca afirmou que só trabalhou com duas empresas. Primeiro, a Esportes da Sorte, alvo da Operação Integration. Ela disse que, hoje, o único contrato publicitário em vigor é com a Blaze, com divulgações semanais no Instagram.

A convocada também destacou que as publicidades com bets não são sua principal fonte de receita. A marca dela, WePink, faturou cerca de R$ 750 milhões no ano passado.

Amparada por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantia o direito de permanecer em silêncio, ela respondeu normalmente as perguntas. Só se recusou a dizer qual foi o maior ganho com uma campanha publicitária de apostas.

O requerimento de convocação de Virgínia Fonseca foi apresentado em 28 de novembro pela relatora, Soraya Thronicke (Podemos-MS), e aprovado em 3 de dezembro. Só nos últimos dias, porém, a oitiva foi confirmada.

O objetivo formal da convocação de Virgínia é reunir informações sobre o papel de uma "figura central" na promoção de apostas no Brasil. Entretanto, também é um esforço da CPI para tentar dar relevância a uma comissão marcada por esvaziamento e falta de foco.

A CPI das Bets foi instalada em 12 de novembro de 2024, com prazo final para 30 de abril. Os trabalhos foram prorrogados até 14 de junho.