Netanyahu aceita trégua dos EUA; Hamas exige alteração da proposta

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O enviado especial da Casa Branca Steve Witkoff apresentou nesta quinta-feira, 28, a israelenses e palestinos uma nova versão do plano americano para libertação dos reféns e cessar-fogo na Faixa de Gaza. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, aceitou antes mesmo de a proposta ser enviada ao Hamas, que exigiu alterações no texto, considerado tendencioso por ele.

"Posso confirmar que Witkoff e o presidente apresentaram um plano de cessar-fogo, que Israel aprovou antes de ele ser enviado ao Hamas", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. "Posso confirmar também que as discussões estão em curso e esperamos que seja alcançado um cessar-fogo para trazermos todos os reféns de volta para casa."

Segundo a imprensa israelense, Netanyahu comunicou às famílias dos reféns que havia aceitado a proposta americana. Ontem, o primeiro-ministro reuniu-se com seu gabinete para discutir o plano, antecipando-se a uma reação negativa dos ministros de extrema direita Itamar Ben-Gvir, da Segurança Interna, e Bezalel Smotrich, das Finanças.

O Hamas também confirmou ter recebido a proposta americana, dizendo que "analisaria os termos de forma responsável". O grupo, no entanto, segundo fontes citadas pela imprensa israelense, considerou o novo plano favorável demais a Israel e teria exigido mudanças. No início da noite de ontem, circulou um rumor de que os palestinos haviam aceitado a trégua, mas o Hamas desmentiu a informação.

Detalhes

A proposta não foi oficialmente divulgada, mas o jornal The Jerusalem Post e as agências Associated Press e France-Presse publicaram alguns detalhes. O plano envolve uma trégua de 60 dias, prorrogável por mais 10. Além disso, inclui a libertação, durante a primeira semana, de 10 reféns e a entrega dos corpos de outros 9, em troca de mais de mil prisioneiros palestinos detidos em Israel. A primeira troca seria seguida por uma outra, na segunda semana, envolvendo o mesmo número de reféns e corpos.

No total, 58 reféns ainda estão em Gaza - desses, 35 estariam mortos. Ao final dos 60 dias de trégua - ou dos 70, se ela for estendida -, Israel teria direito a retomar os combates, se assim o desejar, de acordo com a proposta de Witkoff, que inclui a retirada das tropas israelenses das áreas capturadas desde o último cessar-fogo.

Na semana passada, o Hamas havia concordado com duas trocas nos mesmos termos, mas uma na primeira semana da trégua e outra na última semana, de acordo com fontes citadas pela France-Presse.

Por isso, o Hamas considerou o novo plano americano como um recuo em relação à proposta anterior de Witkoff, que teve o sinal verde dos palestinos. A oferta incluía um compromisso dos EUA com a negociação de um cessar-fogo permanente.

"É difícil para o Hamas aceitar uma nova proposta que não inclua garantias americanas de negociações para um cessar-fogo definitivo durante a trégua", disse a fonte, que pediu anonimato à agência.

Apesar de a Casa Branca demonstrar otimismo - e aparentar certa pressa - em anunciar um acordo, outras fontes familiarizadas com a negociação estavam menos confiantes. Uma reportagem do jornal Haaretz, citando um diplomata estrangeiro, afirmou que as duas partes "não estão nem perto de chegar a um entendimento".

Bombardeios

Em meio às negociações diplomáticas, a guerra em Gaza segue a todo vapor. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que 44 pessoas morreram nos bombardeios israelenses de ontem.

Autoridades palestinas também disseram que mais duas pessoas morreram por disparos israelenses perto de um centro de distribuição de comida, no sul de Gaza. Israel alegou ter atacado apenas terroristas, estruturas militares, postos de observação e atiradores de elite que representavam uma ameaça a suas tropas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil