Com drones, Ucrânia destrói 41 aviões de guerra dentro da Rússia

Internacional
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A Ucrânia lançou neste domingo, 1º, um ataque de drones em grande escala contra bombardeiros russos em bases aéreas espalhadas pela Rússia, atingindo 41 aviões de guerra, alguns deles a mais de 4 mil quilômetros de seu próprio território. O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, reconheceu a ação e disse ter se tratado da operação de maior alcance dentro da Rússia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

O ataque, ocorrido na véspera das negociações de paz, hoje, em Istambul, marcou uma escalada do conflito. Enquanto a operação com os drones ucranianos era executada, Kiev também sofria um golpe devastador, com a Rússia atacando uma base de treinamento militar e matando pelo menos 12 soldados - outros 60 ficaram feridos.

Horas antes do ataque à base de treinamento, a Rússia lançou o que Kiev disse ser a maior operação aérea noturna combinada contra o país desde o início da guerra. A força aérea ucraniana informou que a Rússia lançou 472 drones e 7 mísseis durante a noite. Segundo ela, a maioria dos drones e três dos mísseis foram interceptados, mas pelo menos 18 alvos foram atingidos. Ao mesmo tempo, Moscou culpou Kiev pelos descarrilamentos de dois trens, deixando sete pessoas mortas.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que os drones ucranianos da operação de ontem atacaram bases em cinco regiões russas: Murmansk, Irkutsk, Ivanovo, Riazan e Amur. Várias aeronaves pegaram fogo nas regiões de Murmansk e Irkutsk, mas os outros ataques foram repelidos, segundo um comunicado do ministério, acrescentando que não houve vítimas. Os detalhes não puderam ser verificados de forma independente.

O ataque em Irkutsk, na base aérea de Belaya, tratou-se do primeiro local na Sibéria a ser atingido por drones da Ucrânia desde o início da guerra. A base de Olenya, na região de Murmansk, é um dos principais campos de aviação estratégicos da Rússia, hospedando aeronaves com capacidade nuclear.

'Teia de aranha'

Um oficial militar ucraniano, que falou com a Associated Press sob condição de anonimato para revelar detalhes operacionais, disse que o ataque levou mais de um ano e meio para ser executado e foi supervisionado pessoalmente por Zelenski, que considerou os resultados "absolutamente brilhantes" em uma postagem nas redes sociais.

A fonte militar disse ter se tratado de uma operação "extremamente complexa", envolvendo o uso de drones FPV (com câmeras que transmitem em tempo real para óculos ou monitor) dentro da Rússia. Para isso, os equipamentos foram escondidos em contêineres de madeira, transportados por caminhões que entraram clandestinamente no território russo. No momento certo, as partes de cima dos contêineres foram abertas remotamente e os drones voaram para atingir os aviões de guerra russos simultaneamente, como explicou a fonte militar ucraniana. Segundo Zelenski, os envolvidos na operação foram retirados da Rússia antes que os ataques fossem executados.

Imagens de redes sociais compartilhadas pela mídia russa mostraram drones saindo dos contêineres e outros já abatidos. Em um dos vídeos, homens sobem nos caminhões para tentar deter os drones.

Um vídeo verificado pelo jornal The New York Times mostra dois drones sendo lançados dos a menos de seis quilômetros da base aérea de Belaya. Ambos voam na direção de grandes colunas de fumaça que sobem da base. Imagens gravadas logo depois mostram os contêineres em chamas.

A fonte afirmou que os drones atingiram 41 aeronaves estacionadas nas bases aéreas, incluindo aeronaves A-50, Tu-95 e Tu-22M. Moscou já utilizou bombardeiros de longo alcance Tupolev Tu-95 e Tu-22 para lançar mísseis contra a Ucrânia, enquanto os A-50 são usados para coordenar alvos e detectar defesas aéreas e mísseis guiados.

O Serviço de Segurança da Ucrânia afirmou que a operação, batizada de "teia de aranha", destruiu 34% da frota russa de porta-mísseis, com danos estimados em US$ 7 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões). Blogueiros militares russos disseram que a ação deve causar dano significativo nas defesas russas.

Negociação

O duelo de ataques ocorreu na véspera de mais uma rodada de negociações de paz em Istambul, proposta por Moscou. Os chefes da diplomacia russa, Serguei Lavrov, e americana, Marco Rubio, conversaram sobre a negociação em um telefonema ontem.

Embora Kiev tenha insistido em ver um memorando com os termos de cessar-fogo antes de enviar qualquer autoridade, Zelenski anunciou ontem que uma delegação de seu país estará hoje na Turquia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil