Musk diz que Trump é mencionado em documentos sobre Epstein, condenado por abuso de menores

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Em meio à sua briga pública online com Donald Trump nesta quinta-feira, 5, Elon Musk afirmou que documentos ligados à investigação do condenado por abuso sexual de menores Jeffrey Epstein não foram divulgados porque mencionam o presidente.

"Hora de soltar a bomba de verdade: @realDonaldTrump está nos arquivos de Epstein. Esse é o verdadeiro motivo pelo qual eles não foram tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT", escreveu Musk no X.

"Marque esta publicação para o futuro", acrescentou ele em outra publicação. "A verdade virá à tona."

Musk, que tem um histórico de fazer e amplificar alegações falsas, não apresentou evidências para sua acusação. A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Em fevereiro, a Procuradora-Geral Pam Bondi anunciou a divulgação da "primeira fase" dos documentos secretos de Epstein, embora grande parte das informações já fossem de conhecimento público. Epstein morreu em 2019 na prisão.

Arquivos ligados à investigação surgiram como um ponto de fixação para Trump, seus aliados e figuras da mídia de direita. Eles especularam, sem provas, que autoridades do governo participaram de um acobertamento para proteger conhecidos de Epstein, que, segundo eles, podem ter participado de seus crimes.

Musk tem suas próprias conexões com o criminoso sexual condenado. Ele foi fotografado em uma festa em 2014 com Ghislaine Maxwell, uma das associadas de longa data de Epstein e ex-namorada que foi condenada em 2021 sob a acusação de ter auxiliado Epstein em suas atividades de tráfico sexual. Essa imagem circulou amplamente online. Em 2018, Epstein disse a um repórter do Times que estava aconselhando Musk, embora ele tenha negado isso na época.

Com as acusações de Musk, os democratas da Câmara já começaram a se mobilizar para requisitar a divulgação imediata dos arquivos de Epstein. "Eu pedi a divulgação completa dos Arquivos de Epstein há um mês por causa da minha suspeita de que a Procuradora-Geral Pam Bondi estava ocultando os arquivos para proteger Donald Trump", escreveu o deputado Dan Goldman, democrata de Nova York, no X. "Agora minha suspeita foi confirmada."

As publicações de Musk são resultados de uma briga aberta entre ele e o presidente, que já o chamou de "first buddy", nas redes sociais, que começou com críticas a um projeto de lei de cortes de impostos. Trump disse estar desapontado com seu ex-conselheiro pelas críticas, que respondeu chamando-o de ingrato. O republicano então escalou ameaçando cortar os contratos federais com as empresas de Musk.

As cerca de 200 páginas de documentos que Bondi divulgou em fevereiro continham poucas informações novas que apontassem para irregularidades cometidas por alguém que não fosse Epstein.

A maior parte dos documentos consistia em registros de voos dos aviões de Epstein - há muito tempo tornados públicos - e informações de contato de centenas de associados, além de breves descrições de itens encontrados em suas residências.

A divulgação foi anunciada como um gesto que inauguraria uma nova era de transparência no Departamento de Justiça. Porém, a alardeada primeira divulgação de documentos, que Bondi apresentou como "notícia de última hora" em uma aparição na Fox News, pareceu ser principalmente um teatro político.

Sua confusa divulgação, que durou um dia inteiro, gerou até mesmo algumas novas teorias da conspiração entre alguns partidários de Trump, que veem a investigação de Epstein como uma fonte para outras conspirações. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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Três dos quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Tagliaferro, que foi assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, será aberta uma ação penal e ele será transformado em réu.

Ele foi acusado de agir contra a legitimidade do processo eleitoral e atuar para prejudicar as investigações de atos como os de 8 de janeiro de 2023. Tagliaferro está na Itália. O governo brasileiro já iniciou um processo de extradição contra ele.

A votação começou no plenário virtual na sexta-feira, 7, e deve ser oficialmente encerrada na próxima sexta-feira, 14. Votaram até agora Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Falta o voto de Cármen Lúcia.

O ex-assessor responderá por quatro crimes: revelar ou facilitar a divulgação de um fato que o servidor público tem conhecimento em razão do seu cargo e que deve permanecer secreto; coação no curso de processo judicial; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; e tentar impedir ou dificultar investigação contra organização criminosa.

"A participação do denunciado manifestou-se de forma engendrada com a organização criminosa que atuava com o objetivo de praticar golpe de Estado, reforçando a campanha de deslegitimação das instituições mediante vazamento de informações sigilosas e criação de ambiente de intimidação institucional", escreveu Moraes no voto.

Após instaurada a ação penal, as investigações serão aprofundadas, com a produção de provas e o depoimento do acusado, de testemunhas de defesa e de testemunhas de acusação. Ao fim das apurações, a Primeira Turma vai realizar o julgamento final, que pode ser pela condenação ou absolvição do réu.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.