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Musk deleta publicação em rede social na qual relacionava Trump a caso Epstein

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O empresário Elon Musk, proprietário do X e da Tesla, apagou a publicação que fez na rede social há dois dias relacionando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao caso Epstein.

Na quinta-feira, 05, Musk havia dito que Trump estava nos arquivos do acusado de exploração sexual Jeffrey Epstein, e que esta seria a "verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos". Hoje, o tuíte não está mais na página do bilionário, que rompeu com Trump por conta do orçamento elaborado pelo presidente para o próximo ano fiscal.

Epstein foi acusado de ter abusado de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual. Detido em julho de 2019, o empresário, que era próximo de autoridades nos EUA e de fora do país, cometeu suicídio um mês depois da prisão.

Musk, no entanto, manteve o compartilhamento de um "meme" a respeito no qual ele é citado como usuário de cetamina e faz uma disputa de braços com um rival que seria Trump na lista de Epstein.

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Após 17 anos, desde que a Operação Naufrágio foi deflagrada pela Polícia Federal em Vitória, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou dez denunciados por corrupção, venda de sentenças e 'farra dos cartórios' envolvendo advogados, juízes, desembargadores e servidores do Tribunal de Justiça do Espírito Santo.

Foram condenados um ex-juiz, quatro advogados, três ex-servidores do Tribunal de Justiça, uma servidora e um empresário que teria sido beneficiado pelo esquema (veja abaixo a lista completa e as penas impostas a cada um).

O ministro Francisco Falcão, relator da ação penal 623, apresentou um voto de mais de 600 páginas. Ele destacou que, de forma geral, "as tratativas e a prática dos ilícitos analisados ocorreram na clandestinidade e proporcionaram a sensação de camuflagem das articulações e de impunidade" - o acórdão do STJ, ao qual o Estadão teve acesso, preenche 734 páginas.

"Ao tempo dos fatos narrados na denúncia eram os réus imputáveis, detentores de potencial consciência da ilicitude, já que, por suas condições pessoais, era-lhe perfeitamente possível conhecer o caráter ilícito do fato, não agindo em erro de proibição", cravou o ministro.

Por maioria de votos, a Corte Especial do STJ acompanhou a divergência parcial inaugurada pelo ministro Mauro Campbell Marques e absolveu quatro dos réus.

Veja quem foi condenado na Operação Naufrágio:

- Adriano Mariano Scopel (empresário): 9 anos, 8 meses e 20 dias de prisão em regime inicial fechado;

- Paulo Guerra Duque (advogado): 21 anos, 2 meses e 20 dias em regime inicial fechado;

- Frederico Luis Schaider Pimentel (ex-juiz): 16 anos e 8 meses em regime inicial fechado;

- Roberta Schaider Pimentel (ex-servidora): 4 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial semiaberto;

- Dione Schaider Pimentel Arruda (ex-servidora): 4 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial semiaberto;

- Larissa Schaider Pimentel Cortes (servidora): 4 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial semiaberto;

- Leandro Sá Fortes (ex-servidor): 4 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial semiaberto;

- Henrique Rocha Martins Arruda (advogado): 4 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial semiaberto;

- Felipe Sardenberg Machado (advogado): 4 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial semiaberto;

- Johnny Estefano Ramos Lievori (advogado): 4 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial semiaberto.

O advogado Cláudio Oraindi Rodrigues Neto, que representa Felipe Sardenberg Machado, afirma que não há provas contra seu cliente e informou que vai recorrer para tentar reverter a condenação.

Frederico Pimentel, Dione, Larissa e Roberta informaram que não comentam processos em andamento.

O Estadão pediu manifestação das demais defesas. O espaço está aberto.

Nenhum dos desembargadores denunciados pelo Ministério Público Federal foi efetivamente julgado.

Desde o início da investigação, em 2008, Frederico Pimentel, Josenider Varejão e Elpídio Duque faleceram e Alinaldo Faria completou 70 anos e foi beneficiado pela prescrição.

No ínterim, o juiz Robson Luiz Albanez foi promovido a desembargador. Ele foi absolvido pelo STJ.

Também foram absolvidos a juíza aposentada Larissa Pignaton Sarcinelli Pimentel, a ex-servidora Bárbara Pignaton Sarcinelli e o advogado Gilson Letaif Mansur Filho.

No caso desses denunciados, o STJ entendeu que não havia elementos suficientes que justificassem a condenação pelos supostos crimes de corrupção.

Idas e vindas

O caso se arrasta desde 2008, em meio a uma sucessão de idas e vindas nas instâncias do Judiciário. Nos últimos 17 anos, cinco dos 26 denunciados faleceram. Outros seis foram beneficiados pela prescrição das acusações - para réus com mais de 70 anos, o prazo máximo da punição pelos crimes é contado pela metade.

O inquérito teve início no STJ, por causa do foro dos desembargadores investigados, mas ao final da investigação os magistrados estavam aposentados, o que levou a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça a enviar o processo ao Tribunal do Espírito Santo.

Nomes da direita miram 2026 como porta de entrada para era pós-Lula e pós-Bolsonaro

Os desembargadores Frederico Pimentel e Josenider Varejão foram aposentados compulsoriamente. Já Alinaldo Faria e Elpídio Duque pediram voluntariamente as aposentadorias.

Quando os autos chegaram ao Tribunal de Justiça, ainda na fase pré-processual, não houve quórum para julgamento. Mais da metade dos desembargadores declarou suspeição ou impedimento, o que inviabilizou a tramitação do caso no Estado.

O processo foi parar então no Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia foi distribuída ao gabinete da ministra Cármen Lúcia em 2013. Antes de a ministra analisar as acusações, um dos investigados, o juiz Robson Luiz Albanez, foi promovido a desembargador, em setembro de 2014.

Com a promoção, a competência para julgamento voltou a ser do STJ, instância responsável por julgar desembargadores, e o inquérito retornou em outubro de 2015 ao tribunal onde havia começado.

A denúncia só foi recebida seis anos depois. Por unanimidade, no dia 1º de dezembro de 2021, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça colocou 15 acusados no banco dos réus.

Os autos têm 43 volumes e 152 apensos. São milhares de páginas que levaram dias para serem digitalizadas. O processo começou físico, por causa do sigilo, e só foi convertido ao formato digital às vésperas do recebimento da denúncia.

No caso do desembargador Josenider Varejão Tavares, o Ministério Público Federal reconheceu a extinção de punibilidade em razão de sua morte em 3 de novembro de 2011. No acórdão do STJ há transcrição de diálogos do magistrado sobre '60 mil balas', uma referência a propinas, segundo a Procuradoria.

Grampos

A investigação que serviu de base para o processo, batizada de Operação Naufrágio, foi deflagrada pelo Superior Tribunal de Justiça em dezembro de 2008, e levou à cadeia oito investigados - entre eles, o então presidente do Tribunal do Espírito Santo, Frederico Guilherme Pimentel, outros dois desembargadores e um juiz. Eles eram acusados de integrar um esquema de venda de sentenças.

A denúncia, recheada de grampos, implicou o então juiz Robson Luiz Albanez. Ele foi pego em uma conversa interceptada pela PF com o advogado Gilson Letaif, o Gilsinho. No diálogo, o magistrado prometeu decidir uma ação em seu favor caso influenciasse pela sua promoção a desembargador.

"Ôh meu querido amigo, desculpe não ter ligado prá você... mas acho que solucionei o impasse", disse Robson a Gilsinho, que respondeu: "Ahh... como sempre Vossa Excelência é perfeito na concessão aí da jurisdição". Na mesma conversa, o juiz cobrou: "Que você ajude mais seu amigo... aí... e consiga me promover para o egrégio tribunal. (risos)". Do advogado, ainda recebeu a promessa: "Isso sem dúvida e tomaremos muito uísque nessa posse."

Em outro diálogo, o ex-juiz Frederico Luis Schaider Pimentel, conhecido como Fredinho, filho do desembargador Frederico Pimentel, em conversa com a servidora Dione Schaider Pimentel Arruda, sua irmã, afirma que o pai "tem que parar de administrar para o próprio Poder Judiciário, tem que administrar agora para os juízes e pros parentes dele", "começar a pensar nos parentes dele".

Corrupção

Os magistrados foram acusados de fraudar a distribuição de processos judiciais em conluio com servidores do Tribunal de Justiça para despachar em favor do interesse de uma das partes, em troca de propinas. As vantagens indevidas seriam pagas em dinheiro e em carros e motos de luxo, segundo o MPF.

A denúncia menciona pelo menos três processos em que os desembargadores teriam recebido propinas. O primeiro envolveu a disputa por um grande negócio portuário em Vitória, o Terminal Portuário "Cais de Paul - Berço 206". O segundo tratou de honorários advocatícios. E, por fim, o terceiro permitiu o retorno do cargo do ex-prefeito de Pedro Canário, Francisco Prates, o doutor Chicô, que havia sido afastado em uma investigação por peculato.

A denúncia também imputou aos magistrados fraudes em concursos para juízes e servidores do Tribunal de Justiça e corrupção na designação de oficiais aos cartórios do Espírito Santo, procedimento que o Ministério Público Federal chamou de "farra dos cartórios".

Segundo a denúncia, o desembargador Frederico Guilherme Pimentel chegou a instalar uma serventia extrajudicial em Cariacica, região metropolitana de Vitória, em 2008, por meio da qual destinava a arrecadação dos emolumentos a si e a seus filhos, noras e genros.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CLÁUDIO ORAINDI RODRIGUES NETO, QUE REPRESENTA O ADVOGADO FELIPE SARDENBERG MACHADO

"A defesa, com as vênias ao Tribunal, entende que a decisão merece ser totalmente reformada em sede recursal, haja vista que em direito penal não é possível, muito menos ainda admissível num Estado Democrático de Direitos, que o acusado se presuma culpado. Não há provas de que ele tenha oferecido valores ao então Presidente do Tribunal para ser nomeado ao cargo. Recorrei da decisão, sem dúvidas."

COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS

A reportagem fez contato com as defesas dos citados. O Estadão também pediu manifestação do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com; fausto.macedo@estadao.com).

Pré-candidatos à Presidência da direita tentam se cacifar para a disputa com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para atrair a base bolsonarista, eles apostam em uma promessa em comum: um indulto ao ex-chefe do Executivo. Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), já se comprometeram publicamente com a medida, enquanto aguardam uma sinalização de Bolsonaro sobre quem deve apoiar nas eleições do ano que vem.

Primeiro a se manifestar pela anistia ao ex-presidente, Caiado defende a pauta desde fevereiro de 2024. Em entrevista ao jornal Valor Econômico na véspera de manifestações convocadas por Bolsonaro em São Paulo, o governador de Goiás afirmou que a anistia seria um caminho para pacificar o Brasil: "Precisamos acalmar o País e lutar por um clima político de convivência pacífica".

Em maio deste ano, Caiado voltou a defender publicamente o indulto ao ex-presidente. Durante entrevista à Globonews, o governador defendeu o perdão a Bolsonaro e aos condenados no Supremo Tribunal Federal pelos atos antidemocráticos que culminaram na invasão e na depredação da sede dos Três Poderes em Brasília.

"Ronaldo Caiado, presidente da República: vou anistiar e começar uma nova história no Brasil", afirmou o governador, antes de reiterar: "Caiado vai, chegando à Presidência da República e, no meu momento, vou resolver esse assunto, anistiar essa situação toda. E vamos discutir o problema de crescimento e de pacificação do País".

O apoio a um indulto do ex-presidente é tratado como um dos requisitos para que a família Bolsonaro apoie publicamente um dos nomes da direita para o Planalto no ano que vem. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que o candidato do bolsonarismo terá que ser alguém "que tenha o comprometimento" com a pauta.

"Vai ter que ser alguém na Presidência que tenha o comprometimento, não sei de que forma, de que isso (o indulto) seja cumprido", afirmou o senador.

Um dos nomes mais cotados para receber o apoio do ex-presidente é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro. O ex-chefe do Executivo sinalizou que está disposto a apoiá-lo como candidato a presidente na eleição de 2026 em uma chapa que teria como vice a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

Como mostrou o Estadão, a informação circula entre membros do primeiro-escalão do governo paulista e parlamentares de direita. Pelo menos dois interlocutores de Tarcísio confirmaram a informação.

Pesquisa Genial/Quaest publicada na semana passada aponta que Tarcísio e Michelle empatam dentro da margem de erro com Lula em um eventual segundo turno da eleição presidencial. O atual presidente leva vantagem de dez pontos porcentuais contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Em março deste ano, Tarcísio questionou o motivo de a Justiça brasileira tornar o ex-presidente inelegível: "Qual razão para afastar Jair Messias Bolsonaro das urnas? É medo de perder eleição, porque sabem que vão perder?".

Tarcísio também falou da anistia de presos e condenados pelo 8 de Janeiro: "A gente está aqui para pedir, lutar e mostrar que todos estamos juntos para exigir anistia daqueles inocentes que receberam penas desarrazoadas (...) Quero ver quem vai ter coragem de se opor (ao projeto da anistia)", afirmou o chefe do Poder Executivo paulista.

Governador de Minas busca apoio

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou no início deste mês que pretende se candidatar à Presidência como um dos postulantes da direita. Questionado sobre se mantém a pretensão mesmo depois que a pesquisa Genial/Quaest o colocou como o último nome da direita cotado para a Presidência, Zema desconversou e disse ficar satisfeito com o cenário porque ele mostra que a direita, pelo número de candidatos que possui, está mais preparada para tirar a esquerda do comando do País.

Questionado sobre se pretende sair candidato à Presidência mesmo sem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, Zema disse que o que quer é ajudar o Brasil e que participará de qualquer coisa para ver o PT fora do governo.

Um dos primeiros passos para angariar o apoio do ex-presidente foi a promessa pública de que se eleito pretende conceder indulto ao ex-presidente Bolsonaro. "Sou totalmente favorável, totalmente favorável. Nós já demos indulto no passado e anistia para quem assassinou, sequestrou", disse, acrescentando que vê como muito errado condenar alguém que pichou com batom uma estátua.

O governador mineiro se referiu à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que pichou com batom a estátua A Justiça, em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Pesquisa Datafolha mostra que 57% dos brasileiros são a favor de permitir que presidentes, governadores e prefeitos disputem a reeleição, enquanto 41% são contrários à possibilidade. Os outros 2% disseram não saber responder.

O resultado vai na contramão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende acabar com a reeleição no Executivo e unificar a duração dos mandatos e as datas das eleições. O texto, que foi aprovado em maio pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (PEC 12/2022), agora está em tramitação no Senado.

O levantamento Datafolha indica, contudo, que 59% da população apoia a ampliação de todos os mandatos eletivos de quatro para cinco anos, conforme prevê a PEC. Já 37% são contrários. O restante se diz indiferente ou que não sabe responder.

Caso a PEC em questão seja aprovada, mudanças seriam feitas de forma gradual e não afetariam as eleições de 2026.

A pesquisa Datafolha mostra maior apoio à reeleição presidencial entre os jovens de 16 a 24 anos, os menos escolarizados e os mais pobres. O índice também é superior entre os eleitores que aprovam o atual governo Luiz Inácio Lula da Silva (74%) e os mais identificados com o PT (71%), em comparação aos que preferem o PL (48%), partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O número não varia tanto considerando a cor ou religião dos entrevistados.

O Datafolha entrevistou presencialmente 2.004 pessoas com 16 anos ou mais nos dias 10 e 11 de junho, em 136 municípios em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.