EUA: Los Angeles decreta toque de recolher no centro da cidade enquanto protestos continuam

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A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, declarou nesta terça-feira, 10, um toque de recolher noturno no centro da cidade, que é palco de protestos contra as políticas migratórias do governo Donald Trump.

A prefeita, do Partido Democrata, alertou às pessoas que não moram ou trabalham no centro de Los Angeles que evitem a área a afirmou que a polícia vai prender quem desrespeitar o toque de recolher.

Ela disse que declarou emergência e toque de recolher noturno, de 20h às 6h, no centro de Los Angeles para "deter pessoas mal-intencionadas que estão se aproveitando da escalada caótica do presidente", referindo-se a Donald Trump.

O toque de recolher abrange uma área de 2,5 quilômetros quadrados do centro da cidade, incluindo a área onde os protestos ocorrem desde sexta-feira, 6.

A medida não se aplica a moradores que vivem na área designada, pessoas em situação de rua, meios de comunicação credenciados ou autoridades de segurança pública e emergência, de acordo com o chefe de polícia de Los Angeles, Jim McDonnell.

Com a entrada em vigor do toque de recolher, um helicóptero da polícia sobrevoou prédios federais no centro da cidade, que têm sido o centro dos protestos, e ordenou que as pessoas deixassem a área. A polícia de Los Angeles anunciou que começou a fazer "prisões em massa" de grupos que desafiam a medida.

"Vários grupos continuam se reunindo na 1st Street, entre Spring e Alameda", no centro da cidade, escreveu o Departamento de Polícia de Los Angeles no X. "Esses grupos estão sendo abordados e prisões em massa estão sendo iniciadas. Um toque de recolher está em vigor".

A tropa de choque, a cavalo e a pé, também atua na dispersão de manifestantes.

Autoridades da Califórnia, Estado de tradição democrata, acusam o governo Trump de escalar a crise com o envio da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais para Los Angeles.

Um juiz federal na Califórnia marcou para quinta-feira (12) a audiência sobre o pedido do governador Gavin Newsom, que entrou com petição de emergência para restringir a atuação dos militares nas ruas de Los Angeles.

A Califórnia pediu ao tribunal que determinasse, ainda nesta terça, que os fuzileiros navais e outros soldados não podem acompanhar as batidas dos agentes de imigração, nem realizar atividades de policiamento. Mas o juiz Charles Breyer recusou-se a cumprir o prazo pedido pelo governo Newsom e marcou a audiência para quinta.

A expectativa é que os fuzileiros navais sejam enviados às ruas de Los Angeles nesta quarta-feira (11), juntando-se às tropas da Guarda Nacional que já estão protegendo propriedades federais e aos agentes de imigração que fazem prisões.

Os 700 fuzileiros navais, que estão passando por treinamento em um local não especificado na área de Los Angeles, trabalharão junto com a Guarda Nacional, disse uma porta-voz do Comando Norte dos EUA.

Em meio à crise, os protestos continuavam se espalhavam pelos Estados Unidos nesta terça-feira. O toque de recolher no centro de Los Angeles ocorreu enquanto manifestantes marchavam em Atlanta, Chicago e Nova York. Protestos em outras cidades também estavam planejados para quarta-feira.

Em Chicago, milhares de pessoas gritavam contra o serviço de imigração (ICE, na sigla em inglês) e contra o presidente Donald Trump.

Já em Nova York, manifestantes se reuniram perto de um grande prédio do governo que abriga escritórios federais de imigração e o principal tribunal de imigração da cidade. Depois, marcharam pelas ruas da cidade.

O Texas anunciou que mobilizará a Guarda Nacional para "manter a ordem", segundo o governador republicano na terça-feira à noite.

"Protestos pacíficos são legais. Danificar pessoas ou propriedades é ilegal e resultará em prisões", escreveu o governador Greg Abbott no X, acrescentando que a Guarda usará "todos os tipos de ferramentas" para ajudar a "manter a ordem". (Com agências internacionais).

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Três dos quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Tagliaferro, que foi assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, será aberta uma ação penal e ele será transformado em réu.

Ele foi acusado de agir contra a legitimidade do processo eleitoral e atuar para prejudicar as investigações de atos como os de 8 de janeiro de 2023. Tagliaferro está na Itália. O governo brasileiro já iniciou um processo de extradição contra ele.

A votação começou no plenário virtual na sexta-feira, 7, e deve ser oficialmente encerrada na próxima sexta-feira, 14. Votaram até agora Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Falta o voto de Cármen Lúcia.

O ex-assessor responderá por quatro crimes: revelar ou facilitar a divulgação de um fato que o servidor público tem conhecimento em razão do seu cargo e que deve permanecer secreto; coação no curso de processo judicial; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; e tentar impedir ou dificultar investigação contra organização criminosa.

"A participação do denunciado manifestou-se de forma engendrada com a organização criminosa que atuava com o objetivo de praticar golpe de Estado, reforçando a campanha de deslegitimação das instituições mediante vazamento de informações sigilosas e criação de ambiente de intimidação institucional", escreveu Moraes no voto.

Após instaurada a ação penal, as investigações serão aprofundadas, com a produção de provas e o depoimento do acusado, de testemunhas de defesa e de testemunhas de acusação. Ao fim das apurações, a Primeira Turma vai realizar o julgamento final, que pode ser pela condenação ou absolvição do réu.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.