EUA ameaçam Irã durante reunião do Conselho de Segurança e pedem negociação de acordo nuclear

Internacional
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Os Estados Unidos afirmaram no Conselho de Segurança da ONU que as consequências para o Irã seriam terríveis se o país atacasse bases dos EUA. Na reunião de emergência convocada para esta sexta-feira, 13, o representante americano, McCoy Pitt, disse que Washington quer uma resolução diplomática e propôs ao Irã fechar um acordo nuclear.

Os dois países negociam há semanas um acordo em torno do programa nuclear iraniano, à medida que crescem as informações sobre o Irã estar próximo de obter urânio para construir armas nucleares. Os ataques de Israel contra o regime dos aiatolás acontecem nesse contexto e agravam a instabilidade no Oriente Médio.

Durante a reunião, McCoy Pitt reafirmou que os EUA foram informados sobre os ataques com antecedência, mas que se tratou de uma ação unilateral. Ele considerou que a ação de Israel foi de autodefesa, repetindo a justificativa das autoridades israelenses. "Toda nação soberana tem o direito de se defender, e Israel não é exceção", declarou.

O enviado do Irã ao Conselho de Segurança, Amir Saeid Iravani, declarou que as ações de Israel são uma declaração de guerra e que os EUA são cúmplices. Ele acrescentou que o país vai responder "de forma decisiva e proporcional" ao ataque, em um discurso cerca de uma hora depois dos ataques iranianos que atingiram cidades israelenses.

Iravani disse que os bombardeios contra Israel são autorizados pelo direito à legítima defesa, estabelecido no Artigo 51 da Carta da ONU. O artigo permite que um Estado responda a um ataque sofrido até que o Conselho de Segurança tome providências para manter a paz e a segurança.

A reunião desta quarta-feira terminou sem nenhuma resolução. O embaixador de Israel, Danny Danon, repetiu que Israel agiu por "preservação do Estado de Israel" e que o país não irá permitir que o Irã fabrique armas nucleares. Ele declarou que Israel esperou uma resolução diplomática que limitasse o programa nuclear iraniano, mas que isso não teve resultados.

Os EUA e o Irã têm uma reunião marcada no domingo, 15, em Omã, para conversar sobre o programa nuclear.

Milícias do Iraque pedem saída de tropas americanas

Enquanto o enviado americano na ONU alertava o Irã contra ataques a bases americanas, a milícia xiita iraquiana Kata'ib Hezbollah, apoiada pelo regime dos aiatolás, pediu que as tropas americanas saíssem do país para o Iraque não se tornar um campo de batalha.

A milícia acusou os EUA de autorizarem o ataque israelense e pediu ao governo de Bagdá para "remover urgentemente essas forças estrangeiras hostis do país para evitar guerras adicionais na região".

O pedido foi endossado por outra milícia pró-Irã, a Al Nujaba, também sediada no Iraque. O líder do grupo, Akram Al Kaabi, também acusou os EUA de terem cooperado com Israel e pediu a retirada das forças americanas, que estão no país a convite de Bagdá desde a luta contra o Estado Islâmico.

Israel mirou alvos nucleares e líderes militares

Israel bombardeou diversos alvos no Irã, no que chamou de "ataques preventivos" em meio ao acirramento das tensões no Oriente Médio.

Os ataques começaram na noite de quinta-feira, 12 (horário do Brasil), e continuaram nesta sexta-feira, 13. Foi uma grande operação contra a alta cúpula do país persa e o programa nuclear do Irã.

Israel atacou a principal instalação de enriquecimento nuclear do Irã em Natanz, atingindo um complexo subterrâneo que abrigava centrífugas.

Tel-Aviv também atacou pelo menos seis bases militares ao redor da capital, Teerã, residências em dois complexos de alta segurança para comandantes militares e vários prédios residenciais ao redor de Teerã, de acordo com informações do The New York Times.

Morte de líderes iranianos

Os ataques mataram três dos principais líderes da Guarda Revolucionária do Irã e cientistas ligados ao programa nuclear da teocracia.

O major general Mohammad Bagheri, chefe de Estado-Maior das Forças Armadas e o segundo comandante mais alto do Irã depois do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, foi morto no bombardeio.

Bagheri se destacou na Guarda Revolucionária durante a guerra Irã-Iraque e foi nomeado chefe do Estado-Maior em 2016. Este é o cargo militar mais alto do país.

O general Hossein Salami também foi morto durante a madrugada. Ele se destacou na guerra Irã-Iraque e se tornou vice-comandante militar em 2009.

Dez anos depois, ele foi anunciado como chefe da Guarda Revolucionária do Irã e desempenhou um papel fundamental na política externa do Irã.

Salami havia sido sancionado pela ONU e pelos EUA por seu envolvimento nos programas nuclear e militar do Irã.

Outros dois militares foram mortos por Israel. O general Gholamali Rashid, comandante-chefe adjunto das Forças Armadas, e o general Amir Ali Hajizadeh, chefe do programa de mísseis da Guarda Revolucionária do Irã.

Cientistas nucleares iranianos também foram mortos

Segundo a agência iraniana Tasnim, Israel matou seis cientistas iranianos.

Entre eles estão Fereydoun Abbasi, ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, e Mohammad Mehdi Tehranchi, físico teórico e presidente da Universidade Islâmica Azad em Teerã.

Retaliação do Irã

As Forças Armadas do Irã retaliaram na tarde desta sexta-feira os bombardeios israelenses com o disparo de mais de 150 mísseis balísticos contra Israel. Ao menos sete deles furaram o sistema antimísseis israelense e atingiram o centro de Tel-Aviv.

Houve feridos, alguns em estado grave. Os mísseis tentaram atingir as sedes do Ministério da Defesa de Israel e do Exército, que ficam no centro da cidade.

EUA mandam navios de guerra para a região

Os Estados Unidos anunciaram o envio de navios de guerra e outros recursos militares americanos no Oriente Médio para ajudar a proteger Israel da retaliação iraniana.

O contratorpedeiro USS Thomas Hudner recebeu ordens para se deslocar para a costa oriental do Mediterrâneo, e um segundo contratorpedeiro deverá segui-lo. A Força Aérea também enviará mais caças para a região.

(Com agências internacionais)

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil