'Teerã vai queimar', diz Israel após ataques de mísseis; Irã ameaça EUA, Reino Unido e França

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Em uma mudança na condução da guerra, as forças armadas de Israel anunciaram neste sábado, 14, que o Irã se tornou sua principal frente de combate. Gaza, até então centro da ofensiva israelense, agora é uma 'posição secundária', segundo as forças armadas israelenses.

O novo foco de Israel no Irã aumenta o risco de um conflito regional de grandes proporções, com potencial envolvimento direto de potências ocidentais. A tensão segue em alta, com ofensivas e contra-ataques sendo registrados em múltiplas frentes desde a madrugada de sexta-feira.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que concluiu uma reunião de segurança com autoridades militares alertando que novos ataques do Irã poderão levar à "destruição total da capital iraniana".

O israelense declarou que o governo iraniano está "transformando os cidadãos do Irã em reféns e criando uma realidade na qual eles pagarão um preço alto". "Se (o líder supremo do Irã, aiatolá Ali) Khamenei continuar a disparar mísseis contra a retaguarda israelense, Teerã vai queimar", disse.

Sob a justificativa de que o Irã estava se aproximando de um ponto "sem retorno" rumo à bomba atômica, nas últimas 24 horas as Forças Armadas de Israel lançaram um ataque sem precedentes em solo iraniano, atingindo mais de 200 instalações nucleares e militares e matando a cúpula militar do país, além de nove cientistas envolvidos no programa nuclear iraniano.

Ainda neste sábado, Israel bombardeou defesas aéreas e lançadores de mísseis do Irã, intensificando suas operações contra o país. A imprensa estatal do Irã afirmou que mais 60 pessoas, entre elas 20 crianças, morreram em um ataque de Israel contra um conjunto residencial em Teerã, capital iraniana.

Também no sábado, o Irã disparou mísseis e deixou mais duas pessoas mortas e 19 feridas no território israelense, segundo o jornal The Times of Israel.

Foi a primeira vez que as forças israelenses admitiram ter mirado a instalação nuclear de Fordow, um importante centro do programa nuclear iraniano que está em uma base da Guarda Revolucionária do Irã, enterrado quase meio quilômetro abaixo de uma montanha, embora a estrutura não tenha sofrido danos graves.

Autoridades iranianas, por sua vez, afirmaram que removeram equipamentos de Fordow antes dos ataques à fortificada instalação nuclear. Citado pela agência estatal IRNA, Behrus Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, disse que os danos nos arredores da instalação são "administráveis".

O local - construído em uma área subterrânea profunda e protegido por baterias antiaéreas - abriga centrífugas utilizadas no enriquecimento de urânio, essenciais para o desenvolvimento de armas nucleares.

O Exército israelense também divulgou imagens dos bombardeios. A ofensiva, segundo as autoridades de Israel, continuará com foco em instalações nucleares, bases militares, lançadores de mísseis balísticos e alvos humanos considerados estratégicos, como cientistas nucleares e oficiais de alto escalão. Neste sábado, Tel Aviv anunciou ter matado nove especialistas nucleares iranianos em ataques realizados desde sexta-feira (noite de quinta-feira em Brasília).

Resposta Iraniana

O governo iraniano acusa Israel de iniciar uma guerra ao realizar ataques que deixaram ao menos 78 pessoas mortas no Irã, na sexta. O governo israelense, por sua vez, diz que o conflito vai se estender pele tempo necessário.

Apesar dos apelos internacionais por uma diminuição da tensão, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, advertiu que "mais ataques virão".

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que os ataques de Israel são uma "declaração de guerra".

Diante da ofensiva israelense, o governo iraniano fez um alerta direto aos Estados Unidos, ao Reino Unido e à França, afirmando que, se houver qualquer interferência para impedir os ataques de Teerã contra Israel, bases militares e navios ocidentais na região poderão ser alvo de retaliação.

O presidente americano, Donald Trump, disse que os EUA ajudarão a defender Israel, e oficiais americanos foram citados em reportagens noticiosas dizendo que as forças dos EUA já ajudaram a abater drones e mísseis iranianos à medida que se aproximavam de Israel. O presidente da França, Emmanuel Macron, também disse na sexta-feira que seu país ajudaria a defender Israel contra represálias iranianas.

Por que o Irã é o coração dos conflitos no Oriente Médio?

O governo do Reino Unido disse que suas forças não forneceram nenhuma assistência militar a Israel, já que o primeiro-ministro, Keir Starmer, enfatizou a necessidade de diminuição das tensões.

Teerã está buscando dissuadir o apoio ocidental à defesa de Israel num momento em que a maioria dos mísseis e drones que lança contra o país estão sendo interceptados antes de alcançarem seus alvos.

No entanto, seguir adiante com a ameaça, divulgada no sábado através da mídia estatal, seria um enorme risco para o Irã, atraindo forças ocidentais para o conflito quando já está sofrendo com a força do bombardeio israelense .

Falando em uma sessão do conselho de segurança da ONU na sexta-feira, o diplomata americano McCoy Pitt alertou: "Nenhum país aliado ou milícia independente deve alvejar cidadãos americanos, bases americanas ou outra infraestrutura americana na região. As consequências para o Irã seriam terríveis".

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Três dos quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Tagliaferro, que foi assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, será aberta uma ação penal e ele será transformado em réu.

Ele foi acusado de agir contra a legitimidade do processo eleitoral e atuar para prejudicar as investigações de atos como os de 8 de janeiro de 2023. Tagliaferro está na Itália. O governo brasileiro já iniciou um processo de extradição contra ele.

A votação começou no plenário virtual na sexta-feira, 7, e deve ser oficialmente encerrada na próxima sexta-feira, 14. Votaram até agora Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Falta o voto de Cármen Lúcia.

O ex-assessor responderá por quatro crimes: revelar ou facilitar a divulgação de um fato que o servidor público tem conhecimento em razão do seu cargo e que deve permanecer secreto; coação no curso de processo judicial; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; e tentar impedir ou dificultar investigação contra organização criminosa.

"A participação do denunciado manifestou-se de forma engendrada com a organização criminosa que atuava com o objetivo de praticar golpe de Estado, reforçando a campanha de deslegitimação das instituições mediante vazamento de informações sigilosas e criação de ambiente de intimidação institucional", escreveu Moraes no voto.

Após instaurada a ação penal, as investigações serão aprofundadas, com a produção de provas e o depoimento do acusado, de testemunhas de defesa e de testemunhas de acusação. Ao fim das apurações, a Primeira Turma vai realizar o julgamento final, que pode ser pela condenação ou absolvição do réu.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.