Manifestantes lotam ruas, parques e praças em protesto anti-Trump nos EUA

Internacional
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Por Associated Press

Manifestantes se aglomeraram em ruas, parques e praças dos Estados Unidos no sábado para protestar contra o presidente Donald Trump, enquanto as autoridades pediam calma e mobilizavam as tropas da Guarda Nacional antes de um desfile militar para marcar o 250º aniversário do Exército, que coincide com o aniversário do presidente.

A manifestação "No Kings" de Atlanta, com capacidade para 5 mil pessoas, rapidamente atingiu seu limite, com milhares de outros manifestantes do lado de fora da barreira para ouvir os oradores em frente ao Capitólio do Estado.

Uma chuva leve e intermitente caiu enquanto os manifestantes que carregavam cartazes se reuniam para a principal manifestação no Love Park, na Filadélfia, e gritavam "Nossas ruas!" enquanto marchavam pela Ben Franklin Parkway até o Philadelphia Museum of Art.

Karen Van Trieste, uma enfermeira de 61 anos que veio de carro de Maryland, disse que cresceu na Filadélfia e queria estar com um grande grupo de pessoas demonstrando seu apoio.

"Sinto que precisamos defender nossa democracia", disse ela. Ela está preocupada com as demissões de funcionários do governo Trump nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, com o destino das comunidades de imigrantes e com a tentativa do governo Trump de governar por ordem executiva, disse ela.

Em alguns lugares, os organizadores distribuíram pequenas bandeiras americanas, enquanto outros manifestantes trouxeram versões maiores para agitar em meio a cartazes que variavam de mensagens pró-democracia e direitos dos imigrantes a uma variedade de sentimentos anti-Trump.

Em Charlotte, Carolina do Norte, multidões aplaudiram os oradores anti-Trump no First Ward Park da cidade e cantaram "we have no kings" (não temos reis) antes de marcharem atrás de uma faixa "No Kings" (sem reis).

Em Los Angeles, as pessoas se reuniram em frente à Prefeitura quando começou uma roda de tambores e os manifestantes no centro de Little Rock caminharam por uma ponte sobre o Rio Arkansas.

Os protestos foram planejados em cerca de 2 mil locais em todo o país, de quarteirões e pequenas cidades a degraus de tribunais e parques comunitários, disseram os organizadores, mas não há eventos programados em Washington, D.C., onde o desfile militar ocorrerá à noite.

O movimento 50501, que está organizando os protestos, afirma ter escolhido o nome "Sem Reis" para apoiar a democracia e se posicionar contra o que chama de ações autoritárias do governo Trump. O nome 50501 representa 50 estados, 50 protestos, um só movimento.

As manifestações ocorrem na esteira dos protestos que se espalharam pelo país após as batidas de fiscalização da imigração realizadas pelo governo federal na semana passada, além da ordem de Trump para que a Guarda Nacional e os Fuzileiros Navais fossem enviados a Los Angeles, onde manifestantes bloquearam uma rodovia e incendiaram carros.

Filadélfia

Milhares de pessoas se reuniram no Love Park, no centro da cidade, onde os organizadores distribuíam pequenas bandeiras americanas e muitos manifestantes carregavam cartazes com frases como "lute contra a oligarquia" e "deporte os mini-Mussolinis" enquanto aguardavam o início da marcha.

Alguns cartazes traziam mensagens em defesa dos direitos dos imigrantes, como "The wrong ice is melting" (O gelo errado está derretendo) e "Unmask ice" (desmascare o gelo), referência à agência de imigração dos EUA.

Uma mulher usando uma coroa de espuma da Estátua da Liberdade levou um sistema de som e liderou um canto coletivo contra Trump, adaptando a música "Y.M.C.A." e trocando a expressão "young man" (jovem) por "con man" (charlatão).

Um homem vestido com roupas da época da Revolução Americana e usando um chapéu tricórnio segurava um cartaz com uma frase frequentemente atribuída a Thomas Jefferson: "Tudo o que a tirania precisa para ganhar espaço é que pessoas de boa consciência permaneçam em silêncio."

O governador de Minnesota, Tim Walz, usou as mídias sociais para emitir um aviso aos manifestantes enquanto a polícia trabalhava para localizar um suspeito de ter atirado em dois legisladores democratas e suas esposas em Minnesota.

"Por excesso de cautela, meu Departamento de Segurança Pública está recomendando que as pessoas não participem de nenhum comício político hoje em Minnesota até que o suspeito seja preso", escreveu ele.

Flórida

Cerca de mil pessoas se reuniram no terreno do antigo Capitólio da Flórida, em Tallahassee, onde os manifestantes gritavam: "É assim que a comunidade se parece" e carregavam cartazes com mensagens como "uma nação sob angústia" e "a dissidência é patriótica".

Os organizadores da manifestação disseram explicitamente à multidão que evitasse conflitos com os manifestantes contrários e que tomassem cuidado para não andar na rua ou atrapalhar o trânsito.

Os organizadores afirmam que uma marcha irá até os portões do resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, onde o governador republicano Ron DeSantis advertiu os manifestantes que a "linha é muito clara" entre a manifestação pacífica e a violência, e que não devem cruzá-la.

Convocando a Guarda Nacional

Governadores e autoridades municipais prometeram proteger o direito de protestar e não tolerar a violência.

Os governadores republicanos da Virgínia, Texas, Nebraska e Missouri estavam mobilizando tropas da Guarda Nacional para ajudar as autoridades policiais a gerenciar as manifestações.

Haverá "tolerância zero" para violência, destruição ou interrupção do tráfego, e "se você violar a lei, será preso", disse o governador da Virgínia, Glenn Youngkin.

No Missouri, o governador Mike Kehoe emitiu uma mensagem semelhante, prometendo adotar uma abordagem proativa e não "esperar que o caos se instale".

Alguns órgãos de segurança pública anunciaram que estavam intensificando seus esforços para o fim de semana. Na Califórnia, as tropas estaduais estavam em "alerta tático", o que significa que todos os dias de folga foram cancelados para todos os policiais, enquanto o governador da Virgínia Ocidental colocou a polícia estadual e a Guarda Nacional em prontidão.

Governadores pedem calma

Nas mídias sociais, o governador do Estado de Washington, Bob Ferguson, um democrata, pediu protestos pacíficos no fim de semana para garantir que Trump não envie militares para o Estado.

"Donald Trump quer poder dizer que não podemos cuidar de nossa própria segurança pública no Estado de Washington", disse Ferguson.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta segunda-feira, 10, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a condenação dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção com emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados condicionaram a destinação de R$ 6,67 milhões em emendas ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís, ao pagamento de R$ 1,67 milhão em propinas. Os parlamentares negam irregularidades.

A Procuradoria afirma que as provas são "irrefutáveis" e que a autoria e a materialidade dos crimes estão comprovadas por diálogos e documentos obtidos na investigação.

"Embora os deputados Josimar e Bosco Costa tenham negado a autoria das emendas, aproveitando-se da baixa transparência dos dados públicos sobre a procedência desses recursos, as provas confirmam serem eles os responsáveis pelas destinações", diz a PGR.

O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, enviou ao STF os últimos argumentos da acusação no processo. As defesas ainda vão apresentar suas alegações finais, última etapa antes do julgamento. O relator do processo é o ministro Cristiano Zanin.

Além da condenação, a PGR pede a perda dos mandatos e o pagamento de uma indenização por danos morais coletivos.

A PGR afirma que Josimar Maranhãozinho "ostentava a posição de liderança" do suposto esquema e, nessa condição, "coordenava a destinação dos recursos patrocinados pelos demais congressistas" e depois distribuía as propinas.

"Não há dúvida de que os réus, sob a chefia do deputado Josimar, constituíram e integraram organização criminosa", diz a Procuradoria nas alegações finais.

Os repasses teriam ocorrido entre dezembro de 2019 e abril de 2020, de acordo com a denúncia. Na época, o prefeito de São José de Ribamar era José Eudes Sampaio Nunes. A PGR afirma que ele foi "insistentemente abordado para ceder à solicitação de propina".

As defesas vêm pedindo o arquivamento da ação por falta de provas.

O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol-SP), criticou a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança do governo paulista, como relator do projeto de lei antifacção.

"Colocar o Derrite como relator de um projeto do governo para o combate das facções criminosas me soa como uma provocação", disse Boulos, em entrevista depois de um painel sobre resíduos sólidos e crédito de carbono na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Boulos criticou a escolha argumentando que o deputado está partidária, direta e eleitoralmente comprometido com quem tem se colocado como adversário do governo Lula. "Ele está, inclusive, comprometido com quem foi contra a PEC da Segurança Pública, que é o que permite que o governo federal atue de forma mais eficaz no combate ao crime organizado", disse o ministro.

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse, nesta segunda-feira, 10, que a comissão parlamentar blinda investigados que receberam R$ 10 milhões em propinas, segundo ele mesmo.

Gaspar mencionou as tentativas de impedir a convocação e quebras de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP); a publicitária Daniela Fonteles, que recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS"; a empresária Roberta Luchsinger, que atuou com o 'Careca"; e Gustavo Gaspar, ex-assessor do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

"O STF não é o principal blindador dessa comissão", disse Alfredo Gaspar. Para ele, falta altivez do próprio Congresso. "A blindagem pela própria comissão é uma vergonha."

O relator ainda mencionou que o Senado ainda tem outra "vergonha" ao impor sigilo de 100 anos sobre informações acerca de visitar do "Careca do INSS" a gabinetes de senadores. "Esse sigilo de 100 anos é outra vergonha da República", afirmou.

Gaspar ainda fez um desafio ao STF. Há, na Corte, um mandado de segurança pedindo a divulgação dessa informação. "Abra essa caixa preta dessas visitas", apelou o relator.

Weverton Rocha já afirmou publicamente ter recebido o "Careca do INSS" em seu gabinete por três vezes, mas para tratar de assuntos legislativos.

Essa foi a fala inaugural de Gaspar na sessão da CPMI do INSS desta segunda-feira, 10, que ouve Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP).

Causou nova indignação entre os membros da comissão um habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do STF, a Delecrode, para que ele possa permanecer em silêncio em perguntas que possam o incriminar.

Com o benefício, Delecrode permaneceu em silêncio às perguntas do relator. Diante disso, Gaspar fez uma introdução do depoente citando reportagem do Estadão.

A reportagem em questão fala do cancelamento, por parte dos Correios, de leilão de R$ 280 milhões após receber cheque sem fundo de ONG de pai de santo.

"Esse pai de santo é um coitado. Esses aqui tiveram sucesso", citando uma lista de outras quatro entidades que, juntas, faturaram cerca de R$ 714 milhões com descontos associativos de aposentadorias entre 2022 e 2025. A AASAP, de Delecrode, recebeu R$ 63,2 milhões.

"Esse que está aqui, teve mais sucesso ainda. Ele conseguiu colocar suas empresas juntando outras entidades num desvio de R$ 1,4 bilhões", disse Gaspar.

O relator define Delecrode como "o coração tecnólogico da safadeza", operacionalizando um sistema de coleta de dados e verificação de autenticidade.