Trump ameaça aiatolá, analisa entrar na guerra e exige rendição total do Irã

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Donald Trump deu indícios nesta terça-feira, 17, de que os EUA podem entrar na guerra contra o Irã. Após enviar caças ao Oriente Médio para marcar posição, ele exigiu a "rendição incondicional" do regime iraniano, ameaçou matar o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, e se referiu às operações de Israel usando a palavra "nós".

"Nós sabemos exatamente onde Khamenei está escondido, mas não vamos eliminá-lo. Pelo menos por enquanto", escreveu Trump, em sua rede social. Gabando-se da superioridade aérea de Israel, graças a equipamentos americanos, ele continuou. "Agora, temos controle total dos céus do Irã."

Os comentários de Trump foram feitos no momento em que Israel pressiona a Casa Branca a intervir no conflito, a única forma de acabar com o programa nuclear do Irã. O presidente tem evitado se envolver e defendeu a diplomacia.

No entanto, por mais que tenha superioridade aérea, Israel não tem capacidade de destruir as instalações nucleares cravadas no subsolo iraniano. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, sabe disso e tenta convencer Trump a lançar as bombas antibunkers, principalmente na usina de Fordow - Israel não tem nem as bombas nem aviões para transportá-las.

Ontem, o ministro israelense da Defesa, Israel Katz, disse que somente as bombas dos EUA poderiam destruir Fordow. "As instalações ficam tão enterradas no subsolo que seriam necessárias bombas antibunker para causar danos significativos. Uma bomba desse tipo só poderia ser lançada por um avião americano", afirmou.

Reação

Trump disse ontem que não queria um cessar-fogo, e afirmou que apenas o fim definitivo do conflito interessa. "Não estou muito disposto a negociar", disse ele, falando a repórteres no avião presidencial, após voltar mais cedo da cúpula do G7, no Canadá.

O envolvimento na guerra, no entanto, pode ser inevitável, mesmo que Trump não queira. Relatórios de inteligência dos EUA indicaram que o Irã já se prepara para atacar bases americanas no Oriente Médio - Teerã se queixa do apoio a Israel. Na segunda-feira, a Casa Branca autorizou o envio de mais de 30 aeronaves de reabastecimento para a Europa, que poderiam ser usadas na guerra.

Contra-ataque

A reação do Irã, segundo autoridades americanas, poderia vir da milícia Houthi, no Iêmen. Apoiado pelo regime iraniano, o grupo ameaça atacar novamente cargueiros no Mar Vermelho. Insurgentes xiitas no Iraque e na Síria também estariam prontos para bombardear bases dos EUA.

Outra possibilidade seria o regime transformar o Estreito de Ormuz em um campo minado, prendendo os navios de guerra americanos no Golfo Pérsico. O Pentágono colocou ontem em alerta máximo suas tropas nos Emirados Árabes, Jordânia e Arábia Saudita. Os EUA têm mais de 40 mil soldados no Oriente Médio.

"Nossos inimigos precisam saber que não podem resolver os problemas com ataques militares contra nós. Eles não conseguirão impor sua vontade ao povo iraniano", disse o chanceler do Irã, Abbas Araghchi, que responsabilizou Israel e os EUA pela guerra.

Dissidência

Entrar no conflito, porém, é um risco para Trump. Temores de envolvimento enfureceram os aliados mais radicais do presidente, que foi eleito com a promessa de manter os EUA longe das guerras. Tucker Carlson, ex-apresentador da Fox News e comentarista conservador, acusou Trump de ser "cúmplice de um ato de guerra" e criticou os "belicistas" que defendem o envolvimento direto do país.

"O foco deveria ser nos EUA. Essa foi a promessa da eleição", disse Carlson. "Tudo isso é ignorado porque o líder de um país que não tem o apoio da maioria da sua população quer adotar uma ação que inclua os EUA", afirmou, em referência a Netanyahu.

Carlson ganhou a companhia de Steve Bannon, estrategista de Trump, e de alguns congressistas de extrema direita, como a deputada Marjorie Taylor Greene e a facção libertária do Partido Republicano, liderada pelo congressista Thomas Massie, que se uniu aos democratas para apresentar na Câmara uma resolução que exige uma autorização legislativa para o presidente atacar.

Em tentativa de apagar o incêndio, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, se reuniu ontem com líderes republicanos para tranquilizar a bancada. Após o encontro, o senador Kevin Cramer disse que Trump não desistiu das negociações. "Ele prefere o diálogo às bombas", disse. John Thune, líder do partido no Senado, garantiu que o presidente está agindo dentro de sua autoridade. "A resolução proposta pelos democratas é prematura."

Em meio ao intenso fogo cruzado e às disputas internas, os serviços de inteligência dos EUA provocaram ontem um furo na justificativa israelense para atacar o Irã. Segundo a CNN, que ouviu quatro pessoas familiarizadas com avaliações internas, os iranianos não estavam buscando uma arma nuclear e estariam a três anos de montar uma bomba, caso quisessem.

As informações são coerentes com o testemunho ao Congresso da diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, em março. Ela afirmou que o Irã "não está construindo uma bomba" e disse que Khamenei "não havia suspendido o programa de armas nucleares em 2003". Questionado ontem sobre o assunto, Trump foi direto: "Não me interessa", disse. "Para mim, eles estavam perto de ter uma bomba."

Ataques

Israel e Irã continuaram ontem a trocar ataques. O Exército israelense afirmou ter matado Ali Shadmani, chefe do Estado-Maior do Irã, o mais alto comandante militar e uma das figuras mais próximas do aiatolá Khamenei. A Guarda Revolucionária afirmou que atacou um prédio do Mossad, o serviço secreto de Israel, em Tel-Aviv. A informação não foi confirmada pelos israelenses. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse nesta segunda-feira, 10, acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tomou a decisão de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de não anunciar essa escolha.

"Tenho de trabalhar com o dado que tenho. E o dado que tenho é que há uma escolha feita pelo presidente, apesar de não anunciada formalmente", afirmou Wagner, referindo-se à indicação de Messias.

Ele disse ser natural que a "torcida" do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga fique triste, mas não vislumbra dificuldades de Messias de ser aprovado no Senado. Segundo ele, a demora para o anúncio formal se justifica pela necessidade de Lula ter de promover conversas em Brasília, como com o próprio Pacheco, por exemplo.

A maioria dos integrantes do Congresso Nacional aponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome mais capaz de liderar a direita no Brasil e unificar o campo nas eleições de 2026 na ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Levantamento exclusivo do Ranking dos Políticos para o Estadão divulgado nesta segunda-feira, 10, mostra que, apesar de reconhecerem a liderança de Tarcísio, a maioria dos parlamentares consultados acredita que o grupo deve chegar dividido às urnas, com várias candidaturas e polos concorrentes.

A pesquisa ouviu 107 deputados de 20 partidos e 27 senadores de 12 partidos entre os dias 21 e 31 de outubro, por meio de entrevistas presenciais e telefônicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Na Câmara dos Deputados, 48,6% dos deputados entrevistados apontaram Tarcísio como o principal nome capaz de liderar a direita brasileira. Ele é seguido por Eduardo Bolsonaro (PL), com 15%; Michelle Bolsonaro (PL), com 13,1%; Ratinho Júnior (PSD), com 9,3%; Romeu Zema (Novo), com 3,7%; Ronaldo Caiado (União), com 0,9%; e a opção Outro (1,9%). 7,5% não souberam responder.

No Senado, o governador paulista também é o mais mencionado (44,5%), à frente de Eduardo e Michelle Bolsonaro, empatados com 14,8%, e de Ratinho Júnior, com 7,4%. O índice de indecisos entre senadores é de 18,5%.

Em comparação com a pesquisa anterior, feita em julho de 2023, Tarcísio manteve vantagem expressiva, enquanto Michelle Bolsonaro teve leve alta e Romeu Zema perdeu espaço. Já nomes como Eduardo Leite (PSD) e Flávio Bolsonaro (PL), que figuravam entre as opções no ano passado, deixaram de ser citados.

Questionados sobre quem teria mais condições de unir a direita em torno de uma candidatura única competitiva em 2026, 56,1% dos deputados e 55,6% dos senadores apontaram Tarcísio. Ratinho Júnior aparece em segundo lugar, com 15% das menções na Câmara e 11,1% no Senado. Michelle Bolsonaro tem 11,2% e 7,4%, respectivamente, enquanto Caiado, Zema e Eduardo Bolsonaro registraram índices menores.

Apesar dessa percepção de liderança, 67,3% dos deputados e 63% dos senadores acreditam que o campo conservador deve permanecer fragmentado em 2026. Apenas 29,9% e 22,2%, respectivamente, veem chance de união, ainda que com candidatos de partidos diferentes, por meio de alianças e blocos partidários.

Para o diretor de operações do Ranking dos Políticos, Luan Sperandio, os resultados mostram que o governador paulista consolidou seu papel de liderança, mas enfrenta um ambiente de dispersão política e uma avaliação predominante de que a direita não marchará unida, o que pode interromper negociações por alianças e definição antecipada de cabeça de chapa.

"Ainda tem o fato de ele não contar com declarações públicas de seu padrinho político, Jair Bolsonaro, o que acaba facilitando a criação de várias candidaturas da direita em 2026 que buscam se viabilizar", explica.

A pulverização das candidaturas tem sido apontada como benéfica por figuras como Caiado, que já afirmou que uma variedade de nomes oposicionistas pode reduzir as chances de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para o diretor do Ranking dos Políticos, a estratégia contém riscos. "Uma coisa é ter vários candidatos que contribuam na discussão, outra é se eventualmente enveredar a ataques entre eles, o que pode prejudicar e fazer com que o representante (da direita) chegue fragilizado a um segundo turno".

Não mencionado na edição de 2023, Ratinho Júnior foi mais lembrado que Zema e Caiado na última pesquisa. Segundo Sperandio, apesar de suas ambições presidenciais e movimentação no sentido de nacionalizar sua imagem, os frutos devem ser colhidos em pleitos futuros.

"Não só o Ratinho, mas temos outros nomes jovens que vão estar no jogo nas próximas eleições e não necessariamente precisam se visibilizar no próximo ano. Certamente essa safra de governadores é uma nova geração na política que vamos ver nas próximas duas décadas", analisa.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo abriu uma investigação administrativa para esclarecer como uma calcinha foi parar em uma sala de acesso restrito do Fórum de Cachoeiro de Itapemirim, a 133 quilômetros de Vitória.

O mistério da calcinha esquecida alterou a rotina forense. É um desafio e tanto, que se põe até mesmo diante de Têmis, a deusa grega que simboliza a Justiça.

Câmeras de segurança instaladas no corredor que dá acesso à sala de audiências estão sendo analisadas em busca de pistas sobre o insólito capítulo da vida.

Os registros de entrada no edifício também foram checados.

A calcinha, supostamente já usada, estava em um cômodo do Núcleo de Audiências de Custódia. Duas servidoras encontraram a peça íntima, supostamente já usada, quando chegaram para trabalhar, no dia 29 de outubro.

A sala ficou trancada no dia anterior por causa do feriado do Dia do Servidor.

A investigação interna foi instaurada a pedido do juiz André Guasti Motta, coordenador do núcleo, que classificou o episódio como "grave" e defendeu a "apuração imediata".

Segredo de Justiça

"A sala contém equipamentos de informática, impressoras, mobiliário e documentos diversos, alguns deles sob segredo de Justiça, que devem permanecer sob guarda e vigilância constantes do Poder Judiciário", afirmou o magistrado em ofício à direção do fórum.

O caso foi revelado por A Gazeta, de Vitória. Em entrevista ao periódico, o juiz Bernardo Fajardo Lima, diretor do fórum, informou que nenhum documento ou equipamento foi subtraído nem houve acesso indevido aos sistemas do Judiciário, o que enfraquece a hipótese de uma invasão.

O acesso de pessoas não autorizadas ao cômodo, no entanto, ainda não foi descartado.

Atividades físicas

A direção do fórum também trabalha com uma segunda linha de investigação: a de que a calcinha tenha caído eventualmente de uma bolsa ou mochila.

Segundo Fajardo, magistrados e servidores costumam levar roupas sobressalentes para a prática de atividades físicas antes do expediente.