Israel volta a atacar o Irã; aiatolá fala em 'consequências irreparáveis' se EUA se envolverem

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Aviões de guerra de Israel voltaram a bombardear Teerã durante a noite de terça (17) e a manhã desta quarta-feira, 18, enquanto o Irã lançava uma pequena barragem de mísseis em direção a Israel sem relatos de vítimas. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que o envolvimento dos EUA na guerra teria "consequências irreparáveis".

"Pessoas inteligentes que conhecem o Irã, a nação e a história do Irã jamais falarão com este país na linguagem das ameaças, porque a nação iraniana não pode ser entregue", disse ele em um comunicado televisionado, segundo a mídia estatal iraniana. "Os americanos devem saber que qualquer intervenção militar americana será, sem dúvida, acompanhada de danos irreparáveis."

Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baghaei, afirmou que qualquer intervenção americana no conflito seria uma "receita para uma guerra total na região". Milhares de tropas americanas estão baseadas em países próximos e dentro do alcance das armas iranianas. Os EUA ameaçaram uma resposta em massa a qualquer ataque.

Outro oficial iraniano disse que o país continuaria enriquecendo urânio para fins pacíficos, aparentemente descartando as demandas para abandonar seu programa nuclear.

O presidente dos EUA, Donald Trump, inicialmente distanciou-se do ataque surpresa de Israel na sexta-feira (13) que desencadeou o conflito, mas nos últimos dias insinuou um maior envolvimento americano, dizendo que quer algo "muito maior" do que um cessar-fogo. Os EUA também enviaram mais aviões de guerra para a região.

Ataques em Teerã

Os últimos ataques israelenses atingiram uma instalação usada para fabricar centrifugadoras de urânio e outra que fabricava componentes de mísseis, disseram as Forças de Defesa de Israel (FDI). Israel também disse ter interceptado 10 mísseis durante a noite à medida que as barragens retaliatórias do Irã diminuem. A agência nuclear da ONU disse que Israel atingiu duas instalações de produção de centrífugas em Teerã.

Ataques israelenses atingiram vários locais nucleares e militares, matando generais de alto escalão e cientistas nucleares. Um grupo iraniano de direitos humanos com sede em Washington disse que pelo menos 585 pessoas, incluindo 239 civis, foram mortas e mais de 1.300 feridas.

O Irã disparou cerca de 400 mísseis e centenas de drones em ataques retaliatórios que mataram pelo menos 24 pessoas em Israel e feriram centenas. Alguns atingiram prédios de apartamentos no centro de Israel, causando danos significativos, e sirenes de ataques aéreos repetidamente forçaram israelenses a correr para abrigos.

Baixas aumentam no Irã

O grupo baseado em Washington (EUA), Ativistas de Direitos Humanos, disse ter identificado 239 dos mortos nos ataques israelenses como civis e 126 como pessoal de segurança.

O grupo, que também forneceu números detalhados de vítimas durante os protestos de 2022 pela morte de Mahsa Amini, verifica informações locais contra uma rede de fontes que desenvolveu no Irã.

O Irã não tem publicado balanços regulares de mortes durante o conflito e minimizou as baixas no passado. Sua última atualização, emitida na segunda-feira, registrou 224 pessoas mortas e 1.277 feridas.

Lojas foram fechadas em toda Teerã, inclusive em seu famoso Grande Bazar, enquanto as pessoas esperam em filas de gasolina e lotam estradas que saem da cidade para escapar dos ataques.

Uma grande explosão pôde ser ouvida por volta das 5 horas da manhã em Teerã nesta quarta-feira, seguindo outras explosões mais cedo na madrugada. As autoridades no Irã não admitiram os ataques, o que se tornou cada vez mais comum à medida que os ataques aéreos israelenses se intensificavam.

Pelo menos um ataque pareceu ter como alvo o bairro leste de Teerã, Hakimiyeh, onde a Guarda Revolucionária paramilitar tem uma academia.

Sem sinais de recuar

Israel disse que iniciou os ataques para evitar que o Irã construísse uma arma nuclear, depois que as conversas entre os Estados Unidos e o Irã sobre uma resolução diplomática pouco avançaram em dois meses, mas ainda estavam em andamento. Trump disse que a campanha de Israel veio após um prazo de 60 dias que ele estabeleceu para as conversas.

O Irã há muito insiste que seu programa nuclear é pacífico, embora seja o único estado sem armas nucleares a enriquecer urânio até 60%, um passo técnico e a curta distância dos níveis de qualidade exigidos para usos em armas, que é de 90%. Agências de inteligência dos EUA disseram que não acreditavam que o Irã estava ativamente buscando a bomba.

Israel é o único país no Oriente Médio com armas nucleares, mas nunca as reconheceu publicamente.

O embaixador do Irã em Genebra, Ali Bahreini, disse aos repórteres que o Irã "continuará a produzir urânio enriquecido à medida em que precisarmos para fins pacíficos."

Ele rejeitou qualquer fala de um revés na pesquisa e desenvolvimento nuclear do Irã pelos ataques israelenses, dizendo "Nossos cientistas continuarão seu trabalho."

Trump exige rendição iraniana

Trump exigiu "RENDIÇÃO INCONDICIONAL" em uma postagem nas redes sociais na terça-feira (17) e alertou o líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, de que os EUA sabem onde ele está se escondendo, mas que não havia planos para matá-lo, "pelo menos por enquanto".

Trump e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, falaram sobre a situação do conflito por telefone na terça-feira, de acordo com um funcionário da Casa Branca.

Bahreini, o embaixador iraniano, disse que as observações de Trump eram "completamente injustificadas" e "muito hostis", e que o Irã não poderia ignorá-las.

Ele disse que as autoridades iranianas estavam "vigilantes" sobre os comentários e decidiriam se os EUA cruzassem quaisquer linhas. "Uma vez que a linha vermelha for cruzada, a resposta virá."

Israel recebe os primeiros voos de repatriação

Os israelenses começaram a retornar em voos pela primeira vez desde que o aeroporto internacional do país fechou no início do conflito.

Dois voos de Larnaca, Chipre, pousaram no Aeroporto Internacional Ben Gurion de Tel Aviv na manhã de quarta-feira, disse Lisa Dvir, uma porta-voz do aeroporto.

Israel fechou seu espaço aéreo para voos comerciais por causa dos ataques com mísseis balísticos, deixando dezenas de milhares de israelenses presos no exterior. O conflito perturbou os padrões de voo em toda a região.

Em outra categoria

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse a estudantes no sábado, 18, que quer construir uma "doutrina" com professores e alunos latino-americanos para que a América do Sul seja independente e que "nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil".

Lula não citou expressamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem disse ter surgido uma "química" após encontro na Assembleia Geral da ONU. Depois do episódio, os governos Lula e Trump se aproximaram para negociar a revogação do tarifaço às exportações brasileiras. Há possibilidade de um encontro entre os dois mandatários até o final do ano.

O presidente participou de um aulão com cursinhos populares em São Bernardo do Campo (SP), cidade da região do Grande ABC onde começou sua carreira política no Sindicato dos Metalúrgicos. Ele subiu ao palco ao lado dos ministros da Educação, Camilo Santana, e da Fazenda, Fernando Haddad, e foi recebido pelos estudantes aos gritos de "sem anistia" e em defesa da educação popular.

O presidente discursava sobre as universidades que criou em seu governo, quando citou a Universidade de Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu (PR) e fez a menção indireta a Trump.

"A gente quer formar uma doutrina latino-americana, com professores latino-americanos, com estudantes latino-americanos, para que a gente possa sonhar que esse continente um dia vai ser independente e que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil porque a gente não vai aceitar", declarou Lula, que foi ovacionado pelos alunos neste momento. "Não é uma questão de coragem, é uma questão de dignidade e de caráter. Dignidade e caráter vocês não comprarão em shopping, free shop. É o pai e a mãe de vocês que deram a dignidade e o caráter para definir o que a gente é", continuou o presidente.

O evento, realizado no ginásio poliesportivo Adib Moysés Dib, estava marcado para começar às 10h30, mas começou cerca de 30 minutos depois. Neste meio-tempo, uma professora pedia aos alunos que se sentassem e os dirigia para que nenhuma cadeira da arquibancada ficasse vazia. Ela também ensaiou músicas, palavras de ordem e até uma "ola" para quando o presidente chegasse.

Os alunos ergueram uma faixa pedindo que Lula indique uma mulher negra para o STF. O presidente, contudo, caminha para indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o posto - os outros dois cotados são o senador Rodrigo Pacheco (PSD) e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.

Presidente volta a criticar classe política

O presidente incentivou os jovens a entrarem na política e aproveitou o gancho para voltar a criticar a Câmara dos Deputados pela aprovação da PEC da Blindagem - a proposta foi enterrada pelo Senado. Durante a semana, Lula afirmou que o Congresso nunca esteve "em tão baixo nível".

"Se eu cheguei [à Presidência], vocês também podem chegar", disse ele neste sábado. "Vocês não podem desanimar. Quando vocês perceberem que a classe política não representa vocês, pelo amor de Deus, não desanimem. Quando vocês verem que a classe política está querendo aprovar uma lei que garanta impunidade para ladrão, não desistam. O político bom está dentro de vocês, não dentro deles", seguiu Lula.

Ele anunciou a intenção de universalizar o programa Pé-de-Meia para todos os estudantes do ensino médio e antecipou que haverá críticas da Faria Lima. "Eles vão brigar com a gente, os banqueiros vão reclamar 'nossa, esse governo está gastando R$ 13 bilhões, poderia estar aqui na Faria Lima pra gente ganhar mais dinheiro'. Gastando a gente estaria se o dinheiro fosse pra eles, nós estamos é investindo na nossa juventude", afirmou.

Antes, Haddad disse que o lema do governo é colocar o "pobre no orçamento e o rico no imposto de renda". "Essa turma tem que contribuir", disse o ministro da Fazenda.

Haddad diz que reservar 50% das vagas universitárias para escola pública equivale a reforma agrária

Apoio a cursinhos populares

Camilo Santana anunciou a intenção de aumentar o valor destinado para apoiar a Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), instituída pelo Ministério da Educação no início do ano. A previsão é de repassar R$ 74 milhões a 384 cursinhos espalhados até o final de 2025. Para 2026, segundo o Ministério da Educação, o edital chegará a R$ 108 milhões, contemplando até 500 cursinhos.

Antes da chegada de Lula, os alunos tiveram uma rápida aula de Física. Depois que o presidente deixou o palco, teve início uma aula de Redação, mas a maior parte dos estudantes já havia deixado o local. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está marcado para novembro.

Horas antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso foi recebido ontem, 17, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para jantar no Palácio da Alvorada, residência oficial. Na conversa, o presidente puxou o assunto da sucessão na Corte e perguntou a opinião de Barroso sobre cada um dos três cotados à vaga deixada por ele.

Lula citou nominalmente o advogado-geral da União, Jorge Messias, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. Diplomático, Barroso respondeu que consideravam os três preparados para assumir o cargo. Durante o jantar, os dois também conversaram sobre política, vida pessoal e a participação de mulheres no Judiciário.

Segundo integrantes do Judiciário e do governo, Lula já teria decidido dar a cadeira de Barroso a Messias, mas não disse isso ao ministro aposentado.

A expectativa é que a nomeação seja oficializada no início da próxima semana. O indicado pelo presidente precisa ser submetido a sabatina e votação no Senado antes de tomar posse no Supremo.

Pouco antes de ir à residência oficial da Presidência da República, Barroso apresentou um voto no plenário virtual do STF em defesa da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Na sequência, o ministro Gilmar Mendes interrompeu o julgamento, que não tem data prevista para ser retomado. Além do voto de Barroso, também votou Rosa Weber, também aposentada, no mesmo sentido do colega.

A pré-candidatura do senador Sérgio Moro (União Brasil) ao governo do Paraná provocou uma debandada de prefeitos do Progressistas (PP) no Estado. Dos 61 prefeitos eleitos em 2024, 18 deixaram a sigla desde a oficialização da federação do PP com o União Brasil, que trouxe consigo a pré-candidatura de Moro ao Executivo estadual.

O levantamento da reportagem considerou as certidões de filiação partidária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo dirigentes do PP no Paraná, no entanto, o número de dissidentes é ainda maior, chegando a metade da bancada eleita no último pleito. Procurado, Moro não se manifestou.

As baixas sinalizam que os gestores do PP preferem seguir aliados ao grupo político do PSD, do governador Ratinho Júnior, do que embarcar na pré-candidatura de Moro. O ex-juiz da Operação Lava Jato lidera as pesquisas de intenção de voto, mas enfrenta rusgas dentro da federação e do próprio partido para se lançar ao Palácio Iguaçu, sede do governo paranaense.

Dos 18 dissidentes do PP, 11 seguem sem partido, enquanto 7 migraram para o PSD. Dirigentes do Progressistas no Paraná alegam que prefeitos da sigla foram pressionados pela ameaça de não assinatura de convênios e parcerias com o governo estadual. O secretário de Cidades do Paraná, Guto Silva, nega qualquer tipo de pressão sob os gestores municipais.

"Esses prefeitos tinham uma vinculação muito forte com o governo e não queriam ser entregues de bandeja a um projeto que não é deles. Antes, PP e União Brasil estavam juntos com o governador", disse Silva. "Não teve pressão. Todos receberam recursos do Estado".

A Secretaria de Cidades é a principal pasta de articulação política do governo do Paraná, e Silva é cotado como indicação do PSD para a sucessão de Ratinho Júnior. Além do secretário, concorre à nomeação o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi (PSD).

Em meio ao impasse no PSD, Sergio Moro lidera a corrida ao Iguaçu, segundo levantamento da Genial/Quaest divulgado em 22 de agosto. O ex-juiz registra 38% das intenções de voto no cenário estimulado, detendo vantagem de 30 pontos porcentuais sobre o segundo colocado, Paulo Eduardo Martins (Novo), vice-prefeito de Curitiba, que figura com 8% de menções. Enio Verri (PT), diretor da Itaipu Binacional, tem 7%, e Guto Silva, 6%.

Embora aponte para a liderança de Moro, a pesquisa também indica potencial de votos de um candidato indicado por Ratinho Júnior: 70% dos paranaenses ouvidos pelo instituto acreditam que o governador merece eleger um sucessor.

A Genial/Quaest ouviu 1.104 eleitores do Paraná entre os dias 13 e 17 de agosto. A margem de erro é de três pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%.