Rússia e China condenam ataque dos EUA ao Irã; veja repercussão entre líderes mundiais

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A Rússia condenou "veementemente" os ataques dos Estados Unidos a três instalações nucleares do Irã. Em comunicado divulgado neste domingo, 22, a diplomacia russa chamou os bombardeios de "decisão irresponsável" e alegou uma violação flagrante ao direito internacional.

"A decisão irresponsável de realizar ataques com mísseis e bombas no território de um Estado soberano, independentemente dos argumentos apresentados, viola flagrantemente o direito internacional", disse o Ministério de Relações Exteriores do país.

Em uma mensagem divulgada em um canal do aplicativo Telegram, o ex-presidente Dmitri Medvedev, membro do Conselho de Segurança da Rússia, ironizou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Trump, que assumiu como um presidente pacificador, iniciou uma nova guerra pelos EUA", afirmou Medvedev, acrescentando que, dessa forma, o presidente americano "não ganhará o Nobel da Paz".

No mesmo sentido, um informe divulgado na mídia estatal da China afirmou que os Estados Unidos estariam "repetindo o erro cometido no Iraque", referindo-se à invasão americana no país em 2003. "A história tem demonstrado repetidamente que intervenções militares no Oriente Médio frequentemente produzem consequências não intencionais, incluindo conflitos prolongados e desestabilização regional", afirmou a mídia chinesa.

O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, chamou o ataque de "perigoso, ilegal e criminoso". No X (antigo Twitter), Araqchi afirmou que os Estados Unidos "cometeram uma grave violação à Carta da ONU e ao direito internacional" ao destruir "instalações nucleares pacíficas". "Os eventos desta manhã são ultrajantes e terão consequências eternas", afirmou o diplomata iraniano.

Em um comunicado divulgado no X, o Papa Leão XIV afirmou que "a guerra não resolve os problemas, mas os amplifica e produz feridas profundas na história dos povos". O pontífice clamou para "que a diplomacia faça silenciar as armas" e alertou para o risco de um "precípio irreparável" com a escalada das tensões. "Nenhuma vitória armada pode compensar a dor das mães, o medo das crianças ou futuros roubados", disse o Papa.

Também no X, a representante da União Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que "a mesa de negociações é o único lugar para pôr fim a esta crise".

"Com as tensões no Oriente Médio atingindo um novo pico, a estabilidade deve ser a prioridade. E o respeito ao direito internacional é fundamental", disse Der Leyen. Para a conselheira da UE, o Irã "jamais deve adquirir a bomba" e deve "buscar uma solução diplomática confiável".

O ministro de Relações Exteriores da França, Jean Noel-Barrot, afirmou que "uma resolução duradoura para esta questão exige uma solução negociada no âmbito do Tratado de Não Proliferação Nuclear". O premiê britânico, Keir Starmer, disse que programa nuclear do Irã representa uma grave ameaça à segurança internacional. O Irã jamais poderá desenvolver uma arma nuclear, e os EUA tomaram medidas para mitigar essa ameaça". O primeiro-ministro britânico clamou para que o Irã "retorne à mesa de negociações e alcance uma solução diplomática".

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse que "esta é uma escalada perigosa em uma região já em perigo", além de "uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais". "Há um risco crescente de que este conflito saia rapidamente do controle - com consequências catastróficas para os civis, a região e o mundo", disse Guterres.

No X, a diplomacia do Catar afirmou acompanhar "com grande preocupação" os desdobramentos do conflito. O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, usou o mesmo termo durante uma entrevista coletiva. Além disso, afirmou que "é crucial que haja uma rápida" desmobilização das tensões.

A Venezuela condenou "firme e categoriamente" o que chamou de "agressão militar" dos Estados Unidos ao Irã, enquanto o porta-voz do governo da Austrália apelou para "o diálogo e à diplomacia", mas pontuou que "o programa nuclear e de mísseis balísticos do Irã tem sido uma ameaça à paz e à segurança internacionais".

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil