Exército de Israel mata mais de 60 palestinos em bombardeio contra café e ataques no sul

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O Exército israelense matou ao menos 67 palestinos na Faixa de Gaza nesta segunda-feira, 30, com ataques aéreos e terrestres.

Testemunhas e autoridades de saúde do território informaram que cerca de 30 pessoas morreram em um bombardeio em um café e outras 22 enquanto tentavam obter comida - algo que virou rotina em Gaza desde que uma entidade privada americana contratada por Israel passou a ser responsável pela distribuição.

O restante das vítimas morreu em outros dois ataques de soldados israelenses em uma rua na Cidade de Gaza, no norte do território, de acordo com o hospital Al-Shifa.

O ataque aéreo atingiu o café Al-Baqa, localizado no litoral da Cidade de Gaza. O local é um dos poucos espaços de lazer que sobraram no território palestino e serve como ponto de encontro para moradores que buscam acesso à internet e energia para carregar seus celulares.

Testemunhas relataram que o café estava lotado de crianças e mulheres no momento do ataque. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram corpos ensanguentados no chão e os feridos sendo carregados em cobertores. "Sem aviso, de repente, um avião atingiu o local, sacudiu como um terremoto", declarou uma testemunha identificada como Ali Abu Ateila à agência de notícias Associated Press.

Dezenas ficaram feridas, disse Fares Awad, chefe do serviço de emergência e ambulância do Ministério da Saúde no norte da Faixa de Gaza. Segundo ele, muitos se encontram em estado crítico.

Ataque em centro de distribuição de alimentos

No sul, os soldados israelenses mataram palestinos que tentavam obter comida em um centro de distribuição operado pela entidade americana Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla original), de acordo com testemunhas, hospital e o Ministério da Saúde de Gaza.

As mortes nos centros de distribuição se tornaram frequentes desde que a GHF passou a realizar a operação, há cerca de um mês. Mais de 500 pessoas foram mortas desde que o novo esquema de distribuição começou.

O incidente desta segunda ocorreu a cerca de 3 quilômetros do centro de distribuição. De acordo com testemunhas, os palestinos retornavam do local pela única rota acessível quando foram alvejados pelos soldados. "Estávamos voltando do centro de ajuda e fomos alvos da artilharia (israelense)", declarou um palestino identificado como Monzer Hisham Ismail.

O Exército israelense afirmou investigar as informações sobre os ataques. Em outras ocasiões, o Exército justificou as mortes como uma resposta a "pessoas que se movem de forma agressiva ou se aproximam demais das tropas", incluindo durante a entrega da ajuda humanitária - cada vez mais necessária em Gaza, devido à escassez de alimentos e miséria crescente entre os palestinos.

Operações terrestres em Gaza

Os ataques na Cidade de Gaza ocorreram enquanto os militares israelenses intensificam seus bombardeios na cidade e no campo de refugiados de Jabaliya, nas proximidades. No domingo e nesta segunda-feira, Israel emitiu ordens de retirada para grandes áreas do norte de Gaza.

Palestinos relataram bombardeios massivos entre a noite deste domingo e manhã desta segunda. Eles descreveram os novos ataques como uma campanha de "terra arrasada" que teve como alvo principalmente prédios vazios e infraestrutura civil acima do solo.

"Eles destroem tudo o que resta de pé. O som dos bombardeios não para", disse à AP Mohamed Mahdy, um morador da Cidade de Gaza que abandonou sua casa após ela ser destruída nesta segunda.

Awad, chefe dos serviços de emergência e ambulância, disse que a maior parte da Cidade de Gaza e de Jabaliya ficou inacessível, o que impediu a locomoção de ambulâncias para atender aos pedidos de socorro de pessoas presas nos escombros.

O Exército israelense declarou que tomou várias medidas para notificar os civis sobre as operações. Eles disseram que elas visam atingir os centros de comando e controle militar do Hamas no norte de Gaza. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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A Polícia Federal divulgou nota nesta segunda-feira, 10, manifestando preocupação a proposta de alteração no projeto antifacção apresentada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Em nota divulgada no site da corporação, a PF diz que o texto retira atribuições do órgão de investigação criminal.

"A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público", diz a nota.

Segundo a PF, o relatório do deputado Derrite, cujo nome não é citado na nota, "o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime - especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance - poderá sofrer restrições significativas".

A proposta do deputado, aponta a PF, obrigaria a instituição só poderia entrar em investigações a pedido de governos estaduais, "o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado".

"Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros", diz a nota.

A PF diz que, pelas regras propostas pelo deputado, as operações recentes contra o crime organizado não teriam ocorrido se as regras do texto de Derrite já estivessem valendo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes solicitou à Receita Federal a regularização do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do ex-deputado federal Daniel Silveira, que pretende obter a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Atualmente, Silveira cumpre pena em regime semiaberto, já podendo progredir para aberto, pois já cumpriu metade dos oito anos de condenação impostos pela Suprema Corte em 2022. Ele foi condenado por ameaças ao Estado Democrático de Direito e tentativa de interferência em processo judicial.

A liberação do CPF ocorreu após a defesa de Silveira alegar a necessidade de regularização do documento para obter a carteira de trabalho e poder, eventualmente, trabalhar.

Em despacho, Moraes destacou que "considerando que a alegação da defesa é contraditória com a informação obtida junto à Receita Federal, que aponta a situação de regularidade do CPF do apenado, esclareça-se o pedido formulado", dando prazo de cinco dias para resposta.

Além disso, a defesa solicitou a liberação do CPF para inscrição no portal Gov.br e a abertura de conta salário em banco.

Mesmo no regime semiaberto, Silveira segue sujeito a restrições como proibição de uso de redes sociais, monitoramento por tornozeleira eletrônica, passaporte cancelado, comparecimento semanal à Justiça e permanência obrigatória no Estado do Rio de Janeiro.

O ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, apontado como integrante do "núcleo 2" da trama golpista, lançou uma campanha virtual de arrecadação de recursos para custear advogados nos Estados Unidos. A iniciativa foi anunciada no último domingo, 9, em publicação no X (antigo Twitter), feita pelo advogado Jeffrey Chiquini.

Segundo Chiquini, a vaquinha foi criada por um grupo de apoiadores e amigos de Filipe Martins para arrecadar recursos destinados a custear os honorários de advogados criminalistas nos Estados Unidos. Segundo ele, a iniciativa também pretende ajudar nas despesas decorrentes das restrições que o ex-assessor enfrenta "há quase três anos".

Chiquini disse ainda que todo o valor arrecadado será destinado exclusivamente ao ex-assessor de Jair Bolsonaro e defendeu o engajamento dos apoiadores. Ele afirmou que o objetivo é "levar todos os responsáveis pela fraude no sistema migratório americano à Justiça dos EUA" e pediu que as pessoas "acessem o site, ajudem a divulgar e apoiem com o que puderem".

Preso preventivamente desde fevereiro de 2024, Filipe Martins passou seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, decisão tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fato de o nome do ex-assessor constar na lista de passageiros da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, embora seu nome apareça na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País durante aquele período.

A vaquinha foi anunciada após as recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado havia determinado o afastamento da defesa de Martins por perda de prazo processual, mas recuou da decisão dias depois. O episódio gerou reação de perfis da extrema-direita nas redes sociais, que acusaram o STF de "cerceamento de defesa".

Apesar das manifestações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu documentos e depoimentos que, segundo a denúncia, implicam diretamente Martins na tentativa de golpe de Estado.

Uma das principais provas citadas é a reunião de 7 de dezembro de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto com medidas de exceção, considerada pela Polícia Federal como base jurídica para a execução do golpe.

Martins é réu no STF e será julgado em dezembro, nos dias 9, 10, 16 e 17, junto com outros integrantes do chamado "núcleo 2" da trama golpista, grupo composto por ex-assessores e aliados diretos de Bolsonaro que teriam sido responsáveis por ações de articulação e apoio logístico ao plano.