Enchente no Texas deixa ao menos 24 mortos e 23 meninas desaparecidas em acampamento

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Ao menos 23 meninas que participavam de um acampamento de verão seguem desaparecidas após uma enchente atingir o Estado do Texas, nos Estados Unidos, durante a madrugada desta sexta-feira, 4. Autoridades locais informaram que o desastre climático causou também a morte de ao menos 24 pessoas, mas evitaram estimar o total de desaparecidos na região. Familiares passaram a divulgar nas redes sociais fotos e informações na tentativa de localizar suas filhas.

"Peço aos texanos que se unam em oração. De joelhos, rezem para que encontremos essas moças", afirmou o vice-governador Dan Patrick, em entrevista coletiva. Uma operação de resgate atua para socorrer as vítimas. Até agora, 237 pessoas foram retiradas da área alagada, muitas delas com apoio de helicópteros.

As autoridades estaduais haviam emitido alertas meteorológicos no dia anterior. A previsão inicial indicava entre 7,5 e 15 centímetros de chuva, mas o volume acumulado chegou a 25 centímetros em poucas horas.

Segundo Patrick, o rio Guadalupe subiu cerca de 8 metros em apenas 45 minutos, alagando o acampamento de verão Camp Mystic, que fica próximo ao rio, na cidade de Hunt. No local, havia cerca de 750 pessoas acampadas durante o feriado prolongado do 4 de julho.

O governador do Texas, Greg Abbott, prometeu seguir com as buscas por sobreviventes 24 horas por dia. "Não vamos parar até que todos apareçam", declarou.

Equipes de resgate começaram a evacuar os campistas do Camp Mystic ainda na tarde de sexta-feira, 4. Elinor Lester, de 13 anos, foi uma das jovens resgatadas de helicóptero. Ela contou que acordou por volta da 1h30 da madrugada com o barulho de trovões e viu a água subindo até as janelas da cabana onde dormia.

A jovem estava em uma parte mais alta do acampamento, chamada Senior Hill, reservada às meninas mais velhas. Já as cabanas mais próximas do rio, onde ficam as campistas mais novas, foram rapidamente tomadas pela água. Segundo a adolescente, as meninas das áreas baixas correram para o alto da colina, onde passaram a madrugada sem comida, energia elétrica ou água potável.

"O acampamento foi completamente destruído. Foi realmente assustador. As pessoas que conheço estão bem, mas eu sei que ainda há desaparecidos", relatou.

A mãe da adolescente, Elizabeth Lester, afirmou que seu outro filho, que estava em um acampamento próximo, o Camp La Junta, também precisou fugir da enchente. Segundo ela, um dos conselheiros acordou com a água invadindo a cabana e ajudou os meninos a escaparem pelas janelas. Tanto o Camp La Junta quanto o Camp Waldemar, outro acampamento próximo ao rio, informaram nas redes sociais que todos os campistas e funcionários estão seguros.

Elizabeth reencontrou a filha ainda em estado de choque. "Ela estava com um ursinho de pelúcia e um livro nas mãos. Meus filhos estão seguros, mas saber que outros ainda estão desaparecidos está me consumindo", disse.

Segundo relatos de familiares, muitas pessoas receberam ligações de autoridades informando que suas filhas ainda não haviam sido localizadas. Em e-mail enviado aos pais dos campistas, a direção do Camp Mystic afirmou que, caso não tenham sido contatados diretamente, significa que suas filhas estão entre as que já foram encontradas.

Em Ingram, cidade vizinha, uma escola de ensino fundamental foi transformada em centro de reunificação. Centenas de famílias se concentraram no local, aguardando a chegada de ônibus com os resgatados.

Além dos acampamentos, autoridades relataram danos em parques de trailers e outras áreas residenciais próximas ao rio. Autoridades estaduais e locais aconselharam os moradores a não viajarem pela região do rio, onde dezenas de estradas estavam "intransitáveis".

O Camp Mystic fica em uma faixa conhecida como "beco das inundações repentinas", explicou Austin Dickson, CEO da Fundação Comunitária do Texas Hill Country, organização que está coordenando doações para as equipes de resposta ao desastre. "Quando chove, a água não é absorvida pelo solo", disse Dickson. "Ela desce a colina correndo".

A região já foi cenário de uma tragédia semelhante. Em 1987, uma enchente repentina atingiu um acampamento cristão nas proximidades e causou a morte de dez adolescentes, depois que o ônibus em que estavam foi arrastado pela correnteza.

A professora e ex-conselheira do Camp Mystic Chloe Crane disse que o acampamento, fundado em 1926 é um refúgio para meninas que buscam ganhar confiança e independência. Apesar das boas lembranças, o local, segundo ela, se transformou em uma história de terror para muitos campistas e conselheiros.

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A Polícia Federal divulgou nota nesta segunda-feira, 10, manifestando preocupação a proposta de alteração no projeto antifacção apresentada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Em nota divulgada no site da corporação, a PF diz que o texto retira atribuições do órgão de investigação criminal.

"A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público", diz a nota.

Segundo a PF, o relatório do deputado Derrite, cujo nome não é citado na nota, "o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime - especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance - poderá sofrer restrições significativas".

A proposta do deputado, aponta a PF, obrigaria a instituição só poderia entrar em investigações a pedido de governos estaduais, "o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado".

"Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros", diz a nota.

A PF diz que, pelas regras propostas pelo deputado, as operações recentes contra o crime organizado não teriam ocorrido se as regras do texto de Derrite já estivessem valendo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes solicitou à Receita Federal a regularização do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do ex-deputado federal Daniel Silveira, que pretende obter a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Atualmente, Silveira cumpre pena em regime semiaberto, já podendo progredir para aberto, pois já cumpriu metade dos oito anos de condenação impostos pela Suprema Corte em 2022. Ele foi condenado por ameaças ao Estado Democrático de Direito e tentativa de interferência em processo judicial.

A liberação do CPF ocorreu após a defesa de Silveira alegar a necessidade de regularização do documento para obter a carteira de trabalho e poder, eventualmente, trabalhar.

Em despacho, Moraes destacou que "considerando que a alegação da defesa é contraditória com a informação obtida junto à Receita Federal, que aponta a situação de regularidade do CPF do apenado, esclareça-se o pedido formulado", dando prazo de cinco dias para resposta.

Além disso, a defesa solicitou a liberação do CPF para inscrição no portal Gov.br e a abertura de conta salário em banco.

Mesmo no regime semiaberto, Silveira segue sujeito a restrições como proibição de uso de redes sociais, monitoramento por tornozeleira eletrônica, passaporte cancelado, comparecimento semanal à Justiça e permanência obrigatória no Estado do Rio de Janeiro.

O ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, apontado como integrante do "núcleo 2" da trama golpista, lançou uma campanha virtual de arrecadação de recursos para custear advogados nos Estados Unidos. A iniciativa foi anunciada no último domingo, 9, em publicação no X (antigo Twitter), feita pelo advogado Jeffrey Chiquini.

Segundo Chiquini, a vaquinha foi criada por um grupo de apoiadores e amigos de Filipe Martins para arrecadar recursos destinados a custear os honorários de advogados criminalistas nos Estados Unidos. Segundo ele, a iniciativa também pretende ajudar nas despesas decorrentes das restrições que o ex-assessor enfrenta "há quase três anos".

Chiquini disse ainda que todo o valor arrecadado será destinado exclusivamente ao ex-assessor de Jair Bolsonaro e defendeu o engajamento dos apoiadores. Ele afirmou que o objetivo é "levar todos os responsáveis pela fraude no sistema migratório americano à Justiça dos EUA" e pediu que as pessoas "acessem o site, ajudem a divulgar e apoiem com o que puderem".

Preso preventivamente desde fevereiro de 2024, Filipe Martins passou seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, decisão tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fato de o nome do ex-assessor constar na lista de passageiros da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, embora seu nome apareça na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País durante aquele período.

A vaquinha foi anunciada após as recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado havia determinado o afastamento da defesa de Martins por perda de prazo processual, mas recuou da decisão dias depois. O episódio gerou reação de perfis da extrema-direita nas redes sociais, que acusaram o STF de "cerceamento de defesa".

Apesar das manifestações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu documentos e depoimentos que, segundo a denúncia, implicam diretamente Martins na tentativa de golpe de Estado.

Uma das principais provas citadas é a reunião de 7 de dezembro de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto com medidas de exceção, considerada pela Polícia Federal como base jurídica para a execução do golpe.

Martins é réu no STF e será julgado em dezembro, nos dias 9, 10, 16 e 17, junto com outros integrantes do chamado "núcleo 2" da trama golpista, grupo composto por ex-assessores e aliados diretos de Bolsonaro que teriam sido responsáveis por ações de articulação e apoio logístico ao plano.