Brics Brasil: Lula compara negociações da guerra Ucrânia-Rússia a movimentos de greve

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as negociações de paz para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia a movimentos de greve, em seu discurso antes da coletiva de imprensa ao final da cúpula do Brics, que ocorreu ontem e hoje no Rio. "Não sei o que vai acontecer se não houver alguém capaz de mediar e dizer que não será tudo o que Zelensky quer, mas que também não será tudo o que o Putin quer para acabar com a guerra", disse.

Lula também citou Gaza, afirmando que "já passou da capacidade de compreensão mortal" e que não é possível dizer que é uma guerra contra o Hamas, tendo em vista que "só se matam mulheres e crianças". O presidente criticou a ausência de instituições multilaterais para encerrar os conflitos no mundo, alegando que a Organização das Nações Unidas (ONU) perdeu a autoridade para negociar e que não há propostas alternativas. "Estamos vivendo o maior período de conflitos entre os país e é guerra esparramada para tudo quanto é lado", afirmou. "Ninguém pede licença para fazer guerra."

Lula reiterou a mensagem da cúpula do Brics que defende a maior liderança do bloco em assuntos multilaterais e mudanças profundas em instituições globais, incluindo no Fundo Monetário Internacional (FMI) e na ONU. Para ele, a instituição precisa alterar a forma como concede empréstimos para países mais pobres para minimizar os impactos sobre economias em desenvolvimento, seguindo um modelo semelhante ao novo financiamento do Banco do Brics, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).

"O Brics é o novo jeito de fazer o multilateralismo sobreviver no mundo", defendeu Lula, acrescentando que o sistema multilateral é a "melhor coisa que já feita nos últimos 80 anos". Apesar de inúmeras críticas ao esvaziamento na cúpula de chefes de Estado do Brics, o presidente classificou o encontro como um sucesso e a mais importante reunião do bloco, dando destaque para a liderança do Brasil logo depois de realizar a "melhor reunião do G20".

Em outra categoria

A líder do PP no Senado, Tereza Cristina (MS), afirmou que está mantida a sessão do Congresso para votar vetos do licenciamento ambiental nesta quinta-feira, 16. A declaração foi dada após ela se reunir com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Mais cedo, Tereza e outros senadores de oposição haviam afirmado que a sessão seria adiada por falta de acordo sobre os vetos. A senadora, que é ligada ao agronegócio, evitou dizer se há entendimento sobre o conteúdo dos trechos que serão votados.

Tanto Tereza como o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), defendiam o adiamento. Segundo Randolfe, porém, o governo orientará pela manutenção dos vetos.

A análise de vetos é sempre vista com preocupação pelo Palácio do Planalto pelo potencial de desgaste com o Congresso. A última sessão, em 17 de junho, causou atritos entre os dois Poderes após a responsabilização por eventuais aumentos na conta de luz causados pela derrubada de vetos ao projeto das eólicas em alto-mar.

O cantor Zezé Di Camargo se manifestou politicamente durante sua apresentação no 10º Festival do Camarão, em Porto Belo (SC). Enquanto cantava "Flores em Vida", sucesso da antiga dupla com o irmão Luciano, Zezé ergueu uma camiseta com a frase "Anistia já para os presos do 8 de janeiro".

O gesto gerou comoção e aplausos de fãs do artista. A camiseta faz referência ao Projeto de Lei da Anistia, que visa conceder anistia total e irrestrita ao ex-presidente Jair Bolsonaro ((PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, e aos demais envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.

O momento repercutiu nas redes sociais e gerou reações entre os internautas. Uma fã escreveu no X (antigo Twitter): "Finalmente um artista com coragem de verdade". Outro comentou: "Zezé teve coragem de ir contra a hipocrisia dos artistas esquerdistas e pediu anistia no show!". Também houve críticas de grupos da sociedade que rejeitam a proposta.

O evento ocorreu em Santa Catarina, Estado governado por Jorginho Mello (PL), aliado político de Bolsonaro.

O debate sobre a anistia total tem perdido força no Congresso Nacional e tem ganhado destaque a discussão do chamado PL da Dosimetria, que propõe a redução das penas dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, conforme destacou o relator da proposta, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, determinou nesta quarta-feira, 15, a liberdade provisória de Alexsandra Aparecida da Silva, ré presa por participação nos atos antidemocráticos. A decisão foi motivada por problemas de saúde.

Alexsandra estava detida desde julho deste ano, em Varginha, no sul de Minas Gerais. A defesa solicitou a revogação da prisão preventiva alegando que ela apresenta um quadro de depressão, com episódios de ansiedade e crises de pânico, além de estar com suspeita de nódulos nos seios.

Segundo os advogados, Alexsandra participou das manifestações em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, mas não esteve presente nos atos de invasão de 8 de janeiro.

Moraes atendeu ao pedido de liberdade provisória, considerando que a fase de instrução processual foi encerrada e a ação penal está pronta para julgamento. O ministro entendeu que não há mais razões para manter a prisão, já que não existem indícios de que a ré possa atrapalhar o processo ou represente risco à ordem pública.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) também se manifestou favoravelmente à soltura, embora tenha alertado que os documentos médicos apresentados pela defesa não contêm diagnóstico formal das doenças mencionadas.

"A necessária compatibilização entre a Justiça Penal e o direito à liberdade não aponta a permanência das razões para a manutenção da medida cautelar extrema", destacou Moraes na decisão.

Com a decisão, Alexsandra será liberada, mas terá que cumprir medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, comparecer todas as segundas-feiras à Vara Única da Comarca de Paraguaçu e não pode sair do Brasil.