O que já se sabe sobre os ataques violentos dos houthis do Iêmen contra navios no mar Vermelho

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Em apenas alguns dias, os rebeldes houthis do Iêmen iniciaram uma nova e mais violenta campanha de ataques contra navios no mar Vermelho, afundando dois deles e matando alguns de seus tripulantes.

Os ataques representam o mais recente capítulo da campanha dos rebeldes contra a navegação durante a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Eles também ocorrem em um momento em que a guerra de quase uma década no Iêmen - o país mais pobre do Oriente Médio - se arrasta, sem qualquer sinal de interrupção.

Veja abaixo o que saber sobre os houthis, o Iêmen e seus ataques contínuos.

Rebeldes envolvidos em anos de combates

Os houthis são membros da seita xiita Zaydi, minoritária no islamismo, que governou o Iêmen por mil anos até 1962. Eles lutaram contra o governo central do Iêmen durante anos antes de sair de sua fortaleza, no norte do país, e tomar a capital, Sanaa, em 2014. Isso deu início a uma guerra intensa que, tecnicamente, ainda está sendo travada. Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita interveio em 2015 para tentar restaurar o governo exilado do Iêmen, reconhecido internacionalmente, ao poder.

Anos de combates sangrentos e inconclusivos contra a coalizão liderada pelos sauditas se transformaram em uma guerra por procuração estagnada entre a Arábia Saudita e o Irã, causando fome e miséria generalizadas no Iêmen. A guerra matou mais de 150 mil pessoas, incluindo combatentes e civis, e criou um dos piores desastres humanitários do mundo.

Um cessar-fogo - que tecnicamente terminou em outubro de 2022 - ainda está sendo amplamente respeitado. A Arábia Saudita e os rebeldes fizeram algumas trocas de prisioneiros e uma delegação dos houthis foi convidada para conversas de paz de em Riad em setembro de 2023 como parte de uma distensão mais ampla que o reino alcançou com o Irã. Embora eles tenham relatado "resultados positivos", ainda não há paz permanente.

Houthis apoiados por Teerã

O Irã há muito tempo apoia os houthis. Teerã nega rotineiramente que esteja armando os rebeldes, apesar das evidências físicas, das inúmeras apreensões e dos especialistas que ligam as armas ao Irã. Isso provavelmente ocorre porque Teerã quer evitar sanções por violar um embargo de armas da Organização das Nações Unidas contra os houthis.

Os houthis agora formam o grupo mais forte dentro do autodenominado "Eixo de Resistência" do Irã. Outros grupos, como o Hezbollah, do Líbano, e o grupo terrorista palestino Hamas, foram dizimados por Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra de atrito de Israel na Faixa de Gaza.

O Irã também está abalado depois que Israel lançou uma guerra de 12 dias contra o país e os Estados Unidos atacaram as instalações nucleares iranianas.

Os houthis também viram seu perfil regional aumentar ao atacarem Israel, já que muitos no mundo árabe continuam indignados com o sofrimento enfrentado pelos palestinos na Faixa de Gaza.

Houthis atacam navios por causa da guerra entre Israel e Hamas

Os houthis têm lançado ataques com mísseis e drones contra navios comerciais e militares na região, o que a liderança do grupo descreveu como um esforço para acabar com a ofensiva de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.

Entre novembro de 2023 e dezembro de 2024, os houthis atacaram mais de 100 navios mercantes com mísseis e drones, afundando dois e matando quatro marinheiros. Sua campanha reduziu muito o fluxo de comércio pelo corredor do mar Vermelho, que normalmente recebe US$ 1 trilhão em mercadorias por ano.

Um dos ataque dos houthis, visando navios de guerra dos EUA que escoltavam navios comerciais, ocorreu no início de dezembro. Um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas começou em janeiro e durou até março. Os EUA então lançaram um amplo ataque contra os rebeldes que terminou semanas depois, quando Trump disse que eles se comprometeram a parar de atacar navios.

Desde então, os houthis continuaram com ataques ocasionais de mísseis contra Israel, mas não haviam atacado navios até o último fim de semana. O transporte marítimo pelo mar Vermelho, embora ainda esteja abaixo do normal, aumentou nas últimas semanas.

Novos ataques aumentam o nível de violência

Os ataques aos dois navios, o Magic Seas e o Eternity C, representam um novo nível de violência empregado pelos houthis.

Especialistas se referiram aos ataques como sendo de natureza complexa, envolvendo rebeldes armados que primeiro correram para os navios no mar Vermelho, disparando armas pequenas e granadas propelidas por foguetes. Em seguida, eles usaram mísseis antinavio e drones aéreos e marítimos carregados de explosivos para atacá-los.

Esse ataque coordenado afundou dois navios em questão de dias. Há também um temor crescente de que o ataque ao Eternity C possa ter sido o mais mortal dos rebeldes no mar, já que os membros da tripulação continuam desaparecidos.

Isso também indica que os ataques aéreos israelenses e americanos não tiraram dos rebeldes sua capacidade de atacar.

Navios comerciais têm poucas opções de defesa

Para os houthis, atacar navios comerciais continua sendo muito mais fácil do que alvejar navios de guerra, pois essas embarcações não têm sistemas de defesa aérea. Em vez disso, alguns carregam guardas armados capazes de atirar em pessoas ou drones que se aproximam. Derrubar um drone continua sendo difícil e derrubar um míssil é impossível com esse armamento.

Os guardas armados também costumam ser mais treinados para lidar com a pirataria e podem lançar mangueiras de incêndio em pequenas embarcações que se aproximam ou cercar uma ponte com arame de ciclone para impedir que os invasores subam a bordo. Os houthis, no entanto, têm experiência em ataques com helicópteros e poderiam sobrecarregar uma equipe de segurança privada, que geralmente é composta por apenas três membros a bordo de uma embarcação comercial.

Retomada dos ataques tem motivos internacionais e domésticos

Segundo os houthis, a nova campanha de ataque "representa uma mudança qualitativa no curso da batalha aberta em apoio a Gaza". A agência de notícias Saba, administrada pelos houthis, disse que Israel comete "massacres diários contra civis em Gaza e depende das rotas marítimas para financiar sua agressão e manter seu cerco".

"Essa postura, que não se contenta com condenações ou declarações, também está avançando com ações militares diretas, em um claro esforço para apoiar os palestinos em várias frentes", disseram os rebeldes.

No entanto, os rebeldes interromperam seus ataques no final de dezembro, quando Israel e o grupo terrorista Hamas chegaram a um cessar-fogo. Os houthis suspenderam formalmente seus ataques, embora tenham dito que os navios ou empresas que fazem escala em portos israelenses continuariam sendo possíveis alvos.

Os rebeldes também parecem ter reconstituído suas forças após os ataques aéreos americanos que os atingiram. Eles não reconheceram suas perdas materiais com os ataques, embora os EUA tenham dito que lançaram mais de 2 mil munições em mais de 1 mil alvos.

É provável que haja também uma consideração internacional e doméstica. No exterior, um possível novo cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas - bem como o futuro das negociações entre os EUA e o Irã sobre o programa nuclear de Teerã - continuam em jogo. No passado, os houthis foram um instrumento usado por Teerã, embora os especialistas discutam o grau de influência que Teerã exerce na escolha dos alvos dos rebeldes.

No país, os houthis enfrentam um descontentamento crescente em relação ao seu governo, já que a economia do Iêmen está em frangalhos e eles empreenderam uma campanha de detenção de funcionários da ONU e trabalhadores humanitários. A retomada dos ataques pode dar aos houthis algo para mostrar aos seus compatriotas e reforçar seu controle.

Em outra categoria

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou, nesta quinta-feira, 7, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar desde a segunda, 4, possa receber um grupo de quatro médicos. No entanto, Moraes rejeitou o pedido dos advogados de defesa, ao negar a presença de cinco agentes de segurança, prerrogativa de ex-presidente.

O ministro destacou que, se houver necessidade de uma eventual internação de Bolsonaro, "o juízo deverá ser informado em até 24 horas de sua efetivação, com a devida comprovação".

Em petição protocolada pelo ex-presidente, ainda nesta quinta-feira, 5, sua defesa requereu "a autorização para recebimento de visitas de seus médicos, seguranças e outras pessoas genericamente".

Moraes concedeu a autorização para a entrada dos médicos indicados pelos advogados, sem a necessidade de prévia comunicação. "Em relação aos seguranças que o custodiado tem direito em virtude de sua condição de ex-presidente da República, julgo prejudicado o pedido, uma vez que não se trata da possibilidade de realização de visitas, mas, sim, da continuidade do exercício de suas funções previstas", considerou.

Moraes também negou a visita de "outras pessoas genericamente", entendendo que os pedidos devem ser protocolados de forma individualizada e específica.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que respeita, mas não concorda com "alguns movimentos" feitos pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e sinalizou que pode decretar a perda do mandato de Eduardo.

"Temos um problema político-jurídico que envolve o deputado Eduardo Bolsonaro, que tomou a decisão de ir aos Estados Unidos e ficar lá defendendo teses que lhe são caras. E essas teses, nós temos que respeitar, ele está no exercício, apesar de não concordar com alguns movimentos que ele tem feito", afirmou, em entrevista à Coluna Igor Gadelha, do Portal Metrópoles.

Segundo Motta, Eduardo será tratado "com base no regimento". "É importante dizer que iremos tratar todo deputado com base no regimento. Não há previsibilidade para o exercício do mandato à distância no nosso regimento" disse.

Ainda de acordo com o presidente da Câmara, Eduardo fez uma escolha em ir aos EUA e ele sabia "do que não seria possível manter".

"O parlamentar, quando decidiu ir aos Estados Unidos, ele tinha um objetivo, sabia também daquilo que não seria possível manter, quando optou ficar à distância do seu mandato, do Estado que representa", analisou Motta.

Repetindo ameaças que tinha feito na semana passada, Eduardo disse que Motta poderia ser punido pelo governo americano caso "não cumpra o seu papel enquanto representante da sociedade".

"Eu não falo pelo governo americano, mas pode sim haver, como por exemplo ocorreu para Rodrigo Pacheco, que perdeu o seu visto. Ele perdeu o visto devido ao grande volume de pedidos de impeachment do Alexandre de Moraes que nunca sequer foram analisados. Então o Pacheco, ex-presidente do Senado, foi visto como uma parte, uma peça que sustenta esse regime. Se continuar nessa toada de Alexandre de Moraes abusando do poder e nada sendo feito, pode sim, possivelmente, nas cenas dos próximos capítulos, isso daí ocorrer", afirmou Eduardo.

O governo dos Estados Unidos anunciou no dia 30 de julho punição a Moraes com a Lei Magnitsky. É a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com as sanções previstas na norma, criada para restringir direitos de violadores graves dos direitos humanos.

A Lei Magnitsky prevê como punições a proibição de entrada nos Estados Unidos, o bloqueio de bens e propriedades em território americano, a proibição "extraterritorial de prestação de serviços por empresas com sede nos Estados Unidos aos alvos da punição.

Motta disse que um dos ônus do trabalho dele como presidente da Câmara é o equilíbrio. "Nós temos que fazer o que é certo e nada nos tirará desse foco", disse, em resposta à declaração de Eduardo.

Na matéria divulgada anteriormente, havia uma incorreção no título. Segue abaixo o texto correto.

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), negou nesta quinta-feira, 7, que os bolsonaristas tenham feito "chantagem" para a desobstrução da Mesa da Casa em troca da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. Segundo o deputado, não existe acordo para que a proposta seja votada.

Sóstenes ainda pediu desculpas ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), pelo protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que impediu os trabalhos na Câmara por dois dias.

"O presidente Hugo Motta não foi chantageado por nós, ele não assumiu compromisso de pauta nenhuma conosco", discursou o líder no PL, enquanto deputados lamentaram no plenário. "Nós, líderes dos partidos que compomos a maioria desta Casa, vamos pautar o fim do foro privilegiado e a anistia. Os líderes. Não o presidente Hugo Motta, não existe chantagem nesta Casa, não é comportamento da direita chantagear ninguém", completou.

"Ontem, com o acirrar dos ânimos, se eu, com Vossa Excelência (Hugo Motta), não fui correto, te peço perdão da tribuna da Câmara. Não fui correto no privado, mas faço questão de vir em público te pedir perdão", disse o deputado. Sóstenes ainda afirmou que Motta foi "muito paciente" com ele.

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocupou a Câmara e o Senado Federal na terça-feira, 5. Os parlamentares pediam a aprovação de um "pacote de paz" após a prisão de Bolsonaro.

As exigências eram a votação do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), da anistia "ampla, geral e irrestrita" aos envolvidos no 8 de Janeiro e da proposta de emenda à Constituição (PEC) do fim do foro privilegiado.

Durante o período em que travaram os trabalhos da Casa, os parlamentares se revezaram para ocupar as Mesas Diretoras, protestaram com esparadrapo na boca e se acorrentaram à mesa. Motta só recuperou a Mesa Diretora da Câmara na noite de quarta-feira, 6, após dois dias de obstrução, sem acordo para a votação dos temas.

"O que aconteceu entre o dia de ontem e o dia de hoje, em um movimento de obstrução física, não fez bem a esta Casa. A oposição tem todo o direito de se manifestar, a oposição tem todo o direito de expressar a sua vontade", discursou Motta ao retomar o comando da Casa na quarta.

Nesta quinta, Sóstenes ainda criticou o STF, porém, defendeu a pacificação no Congresso. "Nós precisamos de uma reconciliação nesta Casa, de boa convivência para dar exemplo ao Brasil", disse o líder do PL.

O deputado ainda se dirigiu a todos os parlamentares presentes no plenário. "Nós precisamos pacificar este País. É um apelo que faço aos meus colegas, agradecendo e pedindo desculpas. Peço desculpas a todos agora, se em algum momento eu fui indelicado com alguns dos senhores ou das senhoras", afirmou.