Inglaterra: dois homens são condenados a mais de 4 anos de prisão por derrubar árvore famosa

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Homens que cortaram a adorada árvore Sycamore Gap da Inglaterra foram condenados na terça-feira, 15, a mais de quatro anos de prisão por danificar o patrimônio natural do país e pela indignação e angústia que causaram.

Daniel Graham e Adam Carruthers partiram com uma motosserra em uma noite escura e tempestuosa de 2023 para realizar o que um promotor chamou de "missão idiota" e derrubaram a majestosa árvore sobre a Muralha de Adriano.

Graham, 39, e Carruthers, 32, foram condenados cada um por duas acusações de danos criminais - uma por destruir a árvore e a outra por danificar a antiga muralha que é Patrimônio Mundial da UNESCO.

A juíza Christina Lambert condenou a dupla no Tribunal de Newcastle a quatro anos e três meses de prisão por haver um alto grau de premeditação e planejamento para destruir a árvore e porque o ato irritou e entristeceu muitas pessoas. Lambert concluiu que os dois fizeram isso principalmente por "pura bravata".

"Derrubar a árvore no meio da noite e no meio de uma tempestade deu a vocês uma espécie de emoção", disse ela. "Vocês se deleitaram com a repercussão, demonstrando orgulho evidente pelo que tinham feito, sabendo que eram responsáveis pelo crime sobre o qual tantos estavam falando."

Novidade em um crime contra uma árvore

Sarah Dodd, advogada especializada em legislação sobre árvores, disse que foi a primeira vez no Reino Unido que alguém foi preso por derrubar ilegalmente uma árvore.

"Hoje me senti profundamente triste. Não há vencedores", disse Sarah. "A árvore Sycamore Gap não era apenas madeira e folhas. Era um marco de memória, história, pertencimento", afirmou.

A árvore, localizada em uma depressão entre duas colinas, era conhecida pelos moradores locais, mas se tornou famosa após uma aparição no filme "Robin Hood: Príncipe dos Ladrões", de Kevin Costner, de 1991. Ela atraiu turistas, casais, fotógrafos de paisagens e aqueles que espalham as cinzas de entes queridos. Foi eleita a "Árvore do Ano" inglesa em 2016.

No julgamento, os dois homens testemunharam que estavam em suas casas na noite em questão e não tiveram nada a ver com a destruição da árvore.

Mas, diante da possibilidade de passar até 10 anos atrás das grades, mudaram de depoimento quando interrogados por um agente de condicional antes da sentença, embora tenham procurado minimizar sua culpa, disse a juíza.

Depoimentos

Carruthers disse que bebeu uma garrafa de uísque depois de um dia difícil e que tudo ficou confuso, afirmou a juíza Christina Lambert. Embora Graham tenha admitido que se juntou a Carruthers na jornada, ele disse que ficou "chocado" ao saber que seu ex-amigo havia de fato cortado a árvore.

"Embora possa haver grãos de verdade no que cada um de vocês disse, não aceito que suas explicações aos agentes de condicional sejam totalmente honestas ou que a história toda seja contada", disse Lambert.

A queda da árvore no Parque Nacional de Northumberland, em 28 de setembro de 2023, causou fúria e condenação, à medida que a notícia se espalhou rapidamente para além da antiga muralha construída pelo Imperador Adriano em 122 d.C. para proteger a fronteira noroeste do Império Romano.

Mensagens de pesar chegaram do mundo todo, disse Andrew Poad, gerente geral da organização de caridade de preservação do patrimônio e da natureza National Trust.

"Esta árvore icônica jamais poderá ser substituída", disse Poad em um comunicado lido por um promotor. "Ela pertencia ao povo. Era um símbolo totêmico para muitos; um destino para visitar enquanto caminhava pela Muralha de Adriano, um lugar para criar memórias, tirar fotos em todas as estações; mas também era um lugar de santuário", afirmou.

Provas digitais conectaram os homens ao crime

Os promotores disseram que o valor da árvore foi estimado em cerca de US$ 615 mil, enquanto o advogado de Graham disse que ela foi avaliada em cerca de US$ 200 mil.

Graham, que tinha uma pequena empresa de construção, e Carruthers, um mecânico que às vezes trabalhava com ele, eram amigos próximos. Mas os dois, que compareceram juntos à primeira audiência com os rostos mascarados, tiveram um desentendimento à medida que o caso avançava.

Graham disse que Carruthers era culpado e afirmou que seu amigo tentou incriminá-lo. O advogado de Carruthers disse que a história de Graham era implausível e o acusou de tentar se esquivar da culpa. Os jurados rapidamente condenaram ambos em maio, com base em um conjunto de provas digitais.

O Range Rover de Graham foi rastreado até um local próximo à árvore no momento em que ela caiu. Um vídeo granulado da derrubada foi encontrado em seu celular - com metadados mostrando que foi gravado no local da árvore.

Enquanto dados digitais mostravam o veículo de Graham voltando para onde os dois moravam, a cerca de 40 minutos de distância, Carruthers recebeu uma mensagem de texto de sua namorada com imagens do filho de 12 dias. "Tenho um vídeo melhor que esse", disse Carruthers.

"Estupidez embriagada"

O vídeo em preto e branco mostrou uma única figura ao lado da silhueta da árvore enquanto uma motosserra ganhava vida. A pessoa se inclinou sobre o tronco e, em menos de três minutos, a árvore, que existia havia cerca de 150 anos, cambaleou e caiu.

Os promotores não puderam dizer no julgamento quem cortou a árvore e quem registrou o ato insensato, mas disseram que ambos eram igualmente culpados.

Christina Lambert concordou que ambos compartilhavam a mesma responsabilidade. Mas ela disse que as recentes admissões dos homens deixaram claro que Carruthers empunhava a serra enquanto Graham gravava o vídeo. Graham enviou o vídeo para Carruthers.

"Infelizmente, não passa de estupidez embriagada", disse o advogado de defesa Andrew Gurney. "Ele derrubou aquela árvore e é algo do qual se arrependerá pelo resto da vida. Não há explicação melhor do que essa."

Em outra categoria

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil