Trump enviou carta para Jeffrey Epstein com desenho de mulher nua, diz jornal; presidente nega

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A controvérsia sobre a forma como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lidou com os registros da investigação de Jeffrey Epstein ganhou uma nova dimensão nesta quinta-feira, 17, enquanto seu governo se esforça para cumprir suas promessas de divulgar detalhes sobre o caso de tráfico sexual envolvendo um antigo amigo do republicano.

Trump prometeu uma ação judicial depois que o The Wall Street Journal descreveu uma carta sexualmente sugestiva que, segundo o jornal, tinha o nome do presidente americano e foi incluída em um álbum de 2003 para o aniversário de 50 anos de Epstein. O republicano negou ter escrito a carta, chamando-a de "falsa, maliciosa e difamatória".

Isso aconteceu após Trump falar que seus apoiadores eram "fracos" por pedirem mais registros da investigação de Epstein, depois de anos em busca do apoio político daqueles que acreditavam na teoria de que o caso era encoberto para proteger amigos ricos de Epstein. O milionário foi encontrado morto na prisão em 2019, quando aguardava julgamento por acusações federais de tráfico de meninas menores de idade

O presidente americano também tentou proteger a procuradora-geral, Pam Bondi, dos questionamentos sobre o caso, depois que ela voltou atrás em suas alegações sobre a existência de uma "lista de clientes" das elites que teriam participado dos crimes de Epstein e até mesmo alegou, sem provas, que os arquivos foram adulterados pelos democratas.

Divulgação de documentos

Em um governo que se orgulha de mudar a narrativa de histórias negativas, a saga de Epstein tem tido um poder de permanência notável, graças, em parte, às brigas internas nos altos escalões do governo, às críticas contundentes de Trump à sua própria base e à não divulgação dos documentos da investigação do caso.

A revelação de quinta-feira - juntamente com a frustração dos legisladores aliados de Trump no Capitólio - levou Trump a reverter abruptamente o curso e instruir Bondi a tentar tornar públicos alguns desses materiais.

A procuradora-geral disse que buscaria permissão judicial nesta sexta-feira, 18, para divulgar informações do grande júri, mas isso exigiria a aprovação de um juiz. Ela e Trump não falaram sobre as provas adicionais coletadas pelo FBI, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, na ampla investigação que Bondi anunciou na semana passada que não divulgaria.

Carta revelada

A carta revelada pelo The Wall Street Journal foi supostamente coletada pela socialite britânica e ex-namorada de Epstein Ghislaine Maxwell, como parte de um álbum de aniversário para o financista em 2003, anos antes dele ser preso pela primeira vez em 2006 e, posteriormente, ter um desentendimento com Trump.

A carta com o nome de Trump inclui um texto emoldurado pelo contorno do que parece ser uma mulher nua desenhada à mão e termina com a frase "Feliz aniversário - e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso", de acordo com o jornal. O veículo descreveu o conteúdo da carta, mas não publicou uma foto que a mostrasse por completo.

Ghislaine foi presa em 2020 e condenada um ano depois sob a acusação de ter ajudado Epstein a atrair meninas para serem abusadas sexualmente.

Trump criticou a história em uma longa postagem nas redes sociais na noite de quinta-feira, dizendo que falou com o proprietário do jornal, Rupert Murdoch, e com sua principal editora, Emma Tucker, e disse a eles que a carta era "falsa". O presidente prometeu processar o jornal por causa da história. "Essas não são minhas palavras, não são a maneira como falo. Além disso, eu não faço desenhos", disse.

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, disse que o The Wall Street Journal "deveria se envergonhar" por tê-la publicado. "Onde está essa carta? Vocês ficariam chocados se soubessem que eles nunca a mostraram para nós antes de publicá-la? Alguém honestamente acredita que isso soa como Donald Trump?", escreveu ele no X, antigo Twitter.

Trump tenta seguir em frente

O governo Trump luta há quase duas semanas para conter as consequências do anúncio do Departamento de Justiça de que nenhuma outra prova do caso de Epstein em posse do governo seria divulgada ao público, apesar das promessas de transparência de Bondi.

A reviravolta do Departamento de Justiça em relação aos arquivos de Epstein não apenas enfureceu os partidários de Trump, mas também provocou uma discussão acalorada na Casa Branca, na semana passada, entre Bondi e o vice-diretor do FBI, Dan Bongino, que nenhuma das autoridades abordou publicamente.

O Departamento de Justiça ainda não forneceu uma contabilidade completa de sua reversão meses depois que Bondi distribuiu fichários para influenciadores conservadores na Casa Branca, onde se lia "Arquivos Epstein: Fase 1" e "a administração mais transparente". No início desta semana, Bondi se recusou a responder a perguntas de repórteres sobre os arquivos Epstein e seu relacionamento com Bongino.

Nesta quinta-feira, a Casa Branca fechou a porta para os pedidos de investigação adicional sobre a investigação de Epstein, dizendo que o presidente não recomendaria a nomeação de um advogado especial.

Apesar de seu governo ter alardeado durante meses a expectativa de liberação de mais documentos, Trump criticou seus próprios apoiadores no início desta semana por causa do furor em relação à saga dos arquivos Epstein. Trump chamou o caso de "farsa" e tentou colocar a culpa nos democratas, acusando os ex-presidentes Barack Obama e Joe Biden, bem como o ex-diretor do FBI James Comey - sem provas - de terem inventado tais documentos.

Nesta quinta-feira, a controvérsia sobre os arquivos de Epstein atrapalhou os esforços da Câmara para aprovar um projeto de lei que reduz US$ 9,4 bilhões em gastos federais, já que os democratas usaram medidas processuais para forçar a votação da liberação dos documentos junto com o pacote.

Isso frustrou os republicanos da Câmara, que tentaram forjar uma solução que pudesse incluir uma resolução apoiando a liberação de arquivos "confiáveis" relativos a Epstein e suas atividades.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

Em outra categoria

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil