Líderes europeus vão com Zelenski à Casa Branca para mostrar força e evitar nova 'emboscada'

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Líderes europeus e da OTAN anunciaram neste domingo, 17, que se juntarão ao Presidente Volodmir Zelenski, em Washington, para apresentar uma frente unida nas conversas com o Presidente Donald Trump sobre o fim da guerra da Rússia na Ucrânia e o fortalecimento das garantias de segurança dos EUA agora em negociação. Líderes da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Finlândia estão se reunindo em torno do presidente ucraniano, após sua exclusão da cúpula de Trump na sexta-feira com o Presidente russo Vladimir Putin.

Seu compromisso de estar ao lado de Zelenski na Casa Branca, na segunda-feira, é um esforço aparente para garantir que a reunião corra melhor do que a última em fevereiro, quando Trump repreendeu Zelenski em um tenso encontro no Salão Oval. "Os europeus têm muito medo de que a cena do Salão Oval se repita e, portanto, querem apoiar o Sr. Zelenski ao máximo", disse o general francês aposentado Dominique Trinquand, ex-chefe da missão militar da França nas Nações Unidas. "É uma luta pelo poder e uma posição de força que pode funcionar com Trump", disse ele.

Putin concordou em sua cúpula no Alasca com Trump que os EUA e seus aliados europeus poderiam oferecer à Ucrânia uma garantia de segurança semelhante ao mandato de defesa coletiva da OTAN, como parte de um eventual acordo para encerrar a guerra de três anos e meio, disse o enviado especial dos EUA Steve Witkoff, em uma entrevista no domingo no programa State of the Union, da CNN. "Foi a primeira vez que ouvimos os russos concordarem com isso", disse Witkoff, chamando o momento de "transformador".

Mais tarde, o presidente francês Emmanuel Macron disse que a delegação europeia pedirá a Trump que apoie os planos que elaboraram para reforçar as forças armadas da Ucrânia - já as maiores da Europa fora da Rússia - com mais treinamento e equipamentos para garantir qualquer paz. "Precisamos de um formato crível para o exército ucraniano, esse é o primeiro ponto, e dizer - nós, europeus e americanos - como vamos treiná-los, equipá-los e financiar esse esforço a longo prazo", disse o líder francês. Os planos elaborados pelos europeus também preveem uma força aliada na Ucrânia longe das linhas de frente para tranquilizar Kiev de que a paz será mantida e para dissuadir outra invasão russa, disse Mácron.

Ele falou após uma videochamada de quase duas horas no domingo com nações na Europa e outros continentes - incluindo Canadá, Austrália e Japão - que estão envolvidas na chamada "coalizão dos dispostos". "Vários milhares de homens em terra na Ucrânia na zona de paz" sinalizariam que "nossos destinos estão ligados", disse Macron. "É isso que devemos discutir com os americanos: Quem está pronto para fazer o quê?" disse Macron. "Caso contrário, acho que os ucranianos simplesmente não podem aceitar compromissos que são teóricos."

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse mais cedo em uma coletiva de imprensa em Bruxelas com Zelenski que "saudamos a disposição do Presidente Trump de contribuir para garantias de segurança semelhantes ao Artigo 5 para a Ucrânia. E a 'coalizão dos dispostos' - incluindo a União Europeia - está pronta para fazer sua parte."

Macron disse que o detalhamento das garantias de segurança será mais importante do que se elas receberem um rótulo do tipo Artigo 5. "Um artigo teórico não é suficiente, a questão é de substância", disse ele. "Devemos começar dizendo que a primeira das garantias de segurança para a Ucrânia é um exército ucraniano forte."

Junto com Von der Leyen e Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o chanceler alemão Friedrich Merz, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o Presidente finlandês Alexander Stubb também disseram que participarão das conversas de segunda-feira, assim como o secretário-geral da aliança militar da OTAN, Mark Rutte. O apoio dos líderes europeus pode ajudar a aliviar as preocupações em Kiev e em outras capitais europeias de que a Ucrânia corre o risco de ser pressionada a aceitar um acordo de paz.

Neil Melvin, diretor de segurança internacional no Royal United Services Institute, com sede em Londres, disse que os líderes europeus estão tentando "moldar essa agenda em rápida evolução". Após a cúpula no Alasca, a ideia de um cessar-fogo parece praticamente abandonada, com a narrativa mudando para a agenda de Putin de garantir que a Ucrânia não se junte à OTAN ou mesmo à UE.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse no programa Meet the Press, da NBC, no domingo, que um possível cessar-fogo "não está fora de questão", mas que a melhor maneira de encerrar a guerra seria através de um "acordo de paz completo".

Putin deu a entender que vê a Europa como um obstáculo para as negociações. Ele também resistiu a encontrar Zelenski pessoalmente, dizendo que tal encontro só pode ocorrer uma vez que as bases para um acordo de paz tenham sido estabelecidas. Falando à imprensa após seu encontro com Trump, o líder russo levantou a ideia de que Kiev e outras capitais europeias poderiam "criar obstáculos" para descarrilar o potencial progresso com "intrigas nos bastidores".

Por enquanto, Zelenski oferece aos europeus a "única maneira" de entrar nas discussões sobre o futuro da Ucrânia e da segurança europeia, diz Melvin da RUSI. No entanto, o grande número de líderes europeus potencialmente presentes significa que o grupo terá que ser "cuidadoso" para não dar mensagens "contraditórias", disse Melvin. "O risco é que eles pareçam autoritários e estejam se unindo contra Trump", acrescentou. "Trump não vai querer ser colocado em um canto."

Embora os detalhes permaneçam nebulosos sobre o que as garantias de segurança semelhantes ao Artigo 5 dos EUA e da Europa implicariam para a Ucrânia, isso poderia espelhar os termos de adesão à OTAN, nos quais um ataque a um membro da aliança é visto como um ataque a todos. Zelenski continua a enfatizar a importância do envolvimento tanto dos EUA quanto da Europa em quaisquer negociações.

"Uma garantia de segurança é um exército forte. Só a Ucrânia pode fornecer isso. Só a Europa pode financiar esse exército, e as armas para esse exército podem ser fornecidas pela nossa produção doméstica e europeia. Mas há certas coisas que estão em falta e só estão disponíveis nos Estados Unidos", disse ele na coletiva de imprensa no domingo ao lado de Von der Leyen.

Zelenski também rebateu a afirmação de Trump - que se alinhava com a preferência de Putin - de que os dois lados deveriam negociar um fim completo para a guerra, em vez de primeiro garantir um cessar-fogo. Zelenski disse que um cessar-fogo proporcionaria espaço para revisar as demandas de Putin. "É impossível fazer isso sob a pressão das armas", disse ele. "Putin não quer parar o assassinato, mas ele deve fazer isso." - Leicester relatou de Le Pecq, França.

(Os jornalistas da Associated Press Pan Pylas em Londres e Katie Marie Davies em Manchester, Inglaterra, contribuíram para esta reportagem.)

* Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial.

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A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais (Conafer) afirmou em nota divulgada nesta segunda-feira, 17, que o presidente da entidade, Carlos Lopes, vai se entregar à Polícia Federal (PF) para o cumprimento da ordem de prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça.

Lopes foi um dos alvos da nova fase da Operação Sem Desconto na semana passada e é suspeito de comandar desvios de aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por meio da Conafer. Ele não foi localizado no dia da operação e era considerado foragido. A PF apontou indícios de que Carlos Lopes, em conjunto com outros operadores da Conafer, realizava pagamentos periódicos de propina a dirigentes do INSS e políticos.

"O presidente da Conafer encontra-se em viagem em área de difícil acesso e que apresenta limitações de comunicação, o que explica a dificuldade de contato imediato. Ressalta-se que sua ausência não decorreu, em nenhum momento, de tentativa de evasão, ocultação ou resistência à atuação das autoridades públicas. A Conafer informa que o presidente já está em processo de retorno e se apresentará às autoridades competentes assim que tiver acesso aos autos, conforme já comunicado à assessoria jurídica da Confederação, que acompanha todos os trâmites de forma transparente e colaborativa", diz a nota.

A entidade também rebateu as acusações e criticou a divulgação das informações do inquérito. "A Conafer manifesta, ainda, seu repúdio à forma sensacionalista com que parte da imprensa tem tratado o tema, distorcendo fatos, antecipando juízos e buscando criar narrativas que não condizem com a verdade, alimentando um ambiente de especulação que apenas prejudica a opinião pública e compromete a lisura do debate", afirma o texto.

Thiago Barral, coordenador da Área de Energia da COP30, disse há pouco, durante painel no Pavilhão do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que o Brasil construiu um arcabouço legal robusto para fazer a transição para uma economia sustentável e moderna "sem ficar a reboque do arcabouço dos outros países".

"Entre junho de 2024 e janeiro de 2025, aprovamos um pacote de legislações que é impressionante", afirmou, acrescentando que "agora precisamos transformar isso em resultados".

Barral citou a lei do mercado de carbono (SBCE), mobilidade verde, hidrogênio de baixa emissão de carbono, combustível do futuro, entre outras.

Com voto da ministra Cármen Lúcia registrado na manhã deste sábado, 15, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, receber a denúncia contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por obstrução no processo da trama golpista.

O prazo para análise termina no dia 25. Até lá, os ministros podem mudar de voto, pedir vista ou levar o caso ao plenário - o que não tem ocorrido.

Como relator, o ministro Alexandre de Moraes foi o primeiro a apresentar o voto. Ele defendeu a abertura de uma ação penal contra Eduardo e foi acompanhado por Flávio Dino e Cristiano Zanin.

Para Moraes, a denúncia apresentou "indícios suficientes e razoáveis de autoria" e expôs a "gravidade" das ameaças do deputado a autoridades brasileiras, "notadamente aos ministros do Supremo Tribunal Federal".

O ministro destacou que a "estratégia de coação" foi "abundantemente" exposta nas redes sociais do deputado.

Moraes considerou que a "grave ameaça" se materializou pela articulação e obtenção de sanções do governo dos Estados Unidos, com o aumento de tarifas de exportação ao Brasil, suspensão de vistos de autoridades brasileiras e a aplicação dos efeitos da Lei Magnitsky.

Além disso, na avaliação do ministro, o deputado agiu em nome de interesses particulares e buscou "criar ambiente de intimidação sobre as autoridades responsáveis pelo julgamento" do ex-presidente e por um possível projeto de anistia aos crimes do 8 de Janeiro.

Plenário virtual

Moraes foi o único que apresentou voto escrito. No plenário virtual, apenas os relatores - ou ministros que inauguram divergência - têm a obrigação de justificar por escrito os fundamentos de sua posição.

Os ministros analisam, no plenário virtual, se a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) cumpre os requisitos para desencadear um processo criminal - o que se chama no jargão jurídico de "justa causa da ação penal".

É verificado se a PGR comprovou a materialidade dos crimes, ou seja, demonstrou que eles aconteceram e descreveu o contexto. O mérito das acusações só será analisado ao final do processo.

Os ministros do STF consideram a campanha do deputado uma tentativa de intimidação e já deram recados contundentes de que os ataques contra a soberania nacional não serão tolerados.

Na modalidade virtual, o julgamento fica aberto por uma semana para os ministros registrarem os votos no site do STF. Não há debate em tempo real, seja presencial ou por videoconferência.

Possível extradição

Com a abertura de uma ação criminal, o STF tem a opção de pedir a extradição do deputado antes mesmo do julgamento de mérito das acusações.

A extradição pode ser solicitada não apenas para o cumprimento de pena, mas também para fins de instrução do processo.

Os trâmites dependeriam, no entanto, da colaboração do governo Donald Trump, que sancionou ministros do STF. Vistos foram cancelados e restrições financeiras impostas com base na Lei Magnitsky.

Denúncia da PGR

A Procuradoria-Geral da República denunciou Eduardo e o blogueiro Paulo Figueiredo pela articulação nos Estados Unidos de sanções contra o STF.

Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a campanha teve como objetivo pressionar os ministros a não condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela trama do golpe. Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de pena no processo.

Para o procurador-geral, ficou comprovado que Eduardo e Paulo Figueiredo se valeram de contatos no governo Donald Trump para "constranger a atuação jurisdicional" do Supremo Tribunal Federal.

O que diz a defesa de Eduardo Bolsonaro

O deputado não constituiu advogado no processo e, por isso, é representado pela Defensoria Pública da União (DPU).

Na defesa prévia de Eduardo, a DPU pediu que a Primeira Turma do STF rejeite a denúncia por "atipicidade da conduta", ou seja, por não existir crime.

O defensor público Antônio Ezequiel Inácio Barbosa afirma em seu pedido que a denúncia da Procuradoria-geral da República "confunde manifestação política com coação processual".

A linha de defesa é a de que as manifestações de Eduardo Bolsonaro, e sua campanha nos Estados Unidos para sancionar autoridades brasileiras, estão inseridas no debate político e no exercício do mandato parlamentar.

O defensor sustentou também que o crime de coação tem como requisito "violência ou grave ameaça" e que a denúncia não descreve atos violentos de Eduardo nem aponta como ele teria influência efetiva para influenciar as decisões do governo americano.