Primeiro-ministro da Geórgia denuncia tentativa de derrubar governo e promete mais repressão

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O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, acusou neste domingo, 05, a oposição de tentar derrubar seu governo e prometeu reforçar a repressão à dissidência, horas depois de o partido governista conquistar vitória esmagadora no pleito municipal boicotado por seus principais rivais.

Os georgianos foram às urnas ontem para escolher os prefeitos de cinco grandes cidades, incluindo Tbilisi, além dos líderes de mais de 50 outros municípios e os membros das câmaras municipais. Os dois principais blocos de oposição da Geórgia e vários outros partidos críticos do Sonho Georgiano, de Kobakhidze, boicotaram a votação.

Dezenas de milhares de pessoas se reuniram na capital, Tbilisi, no dia da eleição para protestar contra as políticas repressivas do governo e o que consideram um movimento constante do país em direção à órbita de Moscou.

O Sonho Georgiano afirmou na noite de ontem ter vencido as eleições locais em todos os municípios, boicotadas pelos dois principais blocos de oposição, que classificaram o pleito como uma farsa.

Estopim

Protestos e agitação política abalam a Geórgia desde que o Sonho Georgiano interrompeu, em novembro do ano passado, as negociações para ingressar na UE, objetivo acalentado por muitos georgianos e previsto na constituição do país.

A decisão desencadeou ondas de protestos, reprimidas com prisões em massa e violência policial. Isso ocorreu depois de o partido no poder declarar vitória nas eleições parlamentares que a oposição afirma terem sido fraudadas.

Manifestações de diferentes tamanhos continuaram apesar da repressão multifacetada do governo, que aprovou leis contra manifestantes, grupos de direitos humanos, organizações não governamentais e a mídia independente. Críticos dizem que parte da legislação foi inspirada em normas adotadas na Rússia, onde o presidente Vladimir Putin reprimiu duramente a dissidência.

Sonho Georgiano acusa "agentes estrangeiros"

A polícia de choque usou canhões de água e gás lacrimogêneo no sábado, 04, para expulsar manifestantes do palácio presidencial depois que eles arrombaram as portas e tentaram invadir o prédio.

A oposição apresentou a última marcha como parte de uma "revolução pacífica" destinada a restaurar os valores democráticos, mas, em entrevista coletiva no domingo, Kobakhidze a descreveu como o ápice de meses de tentativas de derrubar seu governo.

Autoridades georgianas tentam reiteradamente retratar os protestos como coordenados e financiados pelo exterior, citando declarações de autoridades europeias em apoio ao movimento.

Kobakhidze fez referência a essa retórica, prometendo "neutralizar completamente os agentes estrangeiros". Sugeriu, ainda, que autoridades e diplomatas da UE interferiram na política georgiana ao expressar apoio aos protestos. Apesar disso, afirmou que o Sonho Georgiano está "pronto para o diálogo" com os parceiros ocidentais de Tbilisi.

"Estou pronto para esquecer tudo, retomar as relações, começar do zero. Estamos prontos para a amizade e as relações com todos", disse ele.

Em declaração pelas redes sociais, o serviço diplomático da UE indicou que o bloco "rejeita e condena veementemente a desinformação contra o papel da UE na Geórgia".

UE alerta para impacto nas eleições

A declaração divulgada no domingo pelo serviço diplomático da UE afirmou que as políticas repressivas do Sonho Georgiano "reduziram drasticamente a possibilidade de realizar eleições competitivas". O texto foi assinado pela principal diplomata do bloco, Kaja Kallas, e pela Comissária para o Alargamento, Marta Kos.

"Pedimos a libertação de todos os detidos arbitrariamente. Apelamos à calma e à contenção no período pós-eleitoral e apelamos às autoridades para que respeitem os direitos dos cidadãos à liberdade de reunião e expressão. Um diálogo construtivo e inclusivo envolvendo.

*Com informações da Associated Press

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado

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O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira a falta de mobilização de lideranças de direita em defesa de anistia a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar e foi condenado por golpe de Estado.

"Jair Messias Bolsonaro, o principal líder político do país, segue preso ilegalmente, torturado diariamente, enquanto nenhum integrante da chamada 'união da direita' se manifesta com uma única palavra ou ação jurídica e política diante da destruição completa da democracia brasileira", escreveu nesta segunda-feira, 6, em seu perfil no X (antigo Twitter).

A expressão "união da direita" remete a declarações recentes do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, que defendeu maior união entre os partidos conservadores para evitar derrota eleitoral em 2026.

"Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez", escreveu o senador.

Carlos e o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), têm demonstrado insatisfação com o recuo da oposição na pressão pela anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro que beneficiaria o ex-presidente.

Na última quinta-feira, 2, Carlos cobrou "firmeza e coerência". "Chega desse papo de 'eu darei indulto se for eleito' para enganar inocentes", afirmou.

As críticas são dirigidas a figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Os três já declararam que perdoariam Bolsonaro caso chegassem à Presidência em 2026.

O relator do projeto de anistia na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já disse que a "anistia ampla, geral e irrestrita" defendida por bolsonaristas está descartada em seu parecer, que se limitará à dosimetria, ou seja, na redução das penas fixadas.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), elogiou a Justiça Eleitoral nesta segunda-feira, 6, após ser agraciado com o Colar do Mérito Eleitoral Paulista, homenagem concedida pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). A Justiça Eleitoral é criticada pelos bolsonaristas por ter tornado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em duas ocasiões.

"Uma premiação, uma comenda, é como se fosse uma nota promissória. A gente sai daqui mais devedor. Eu saio daqui no dia de hoje mais devedor da Justiça Eleitoral, em especial da Justiça Eleitoral de São Paulo", disse o governador em seu discurso de agradecimento.

Ele afirmou ainda que por causa do trabalho do órgão eleitoral tem "certeza" que as eleições vão transcorrer com tranquilidade e disse que se hoje tem condições de exercer o mandato é porque a Justiça Eleitoral "garantiu isso". "Nós vamos pagar nossa nota promissória, fazendo com que o Estado de São Paulo sempre apoie a Justiça Eleitoral", concluiu Tarcísio.

Segundo o TRE-SP, o objetivo do colar recebido por Tarcísio é homenagear juízes e autoridades "por seus méritos e relevantes serviços prestados à vivência democrática e ao processo eleitoral do Estado".

O chefe do Executivo paulista já havia elogiado a Justiça Eleitoral no início do ano, quando afirmou que ela era "garantidora da democracia", o que lhe rendeu críticas de apoiadores do ex-presidente.

Mais recentemente, Tarcísio mudou de postura e passou a criticar o Judiciário como um todo. Em agosto, às vésperas do início do julgamento de Bolsonaro pela trama golpista, o governador disse que "infelizmente, hoje eu não posso falar que confio na Justiça". Dias depois, na manifestação bolsonarista de 7 de Setembro, chamou o ministro Alexandre de Moraes de "ditador" e afirmou que não aceitaria mais a ditadura de "um poder sobre o outro".

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a conversa telefônica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na manhã desta segunda-feira, 6, transcorreu em "clima leve e natural".

"O ânimo dos dois estava muito bom. Clima franco e leve. Não foi telefonema difícil, mas fácil. Parecia haver dos dois lados boa vontade. Durou mais ou menos 30 minutos", relatou Haddad, em entrevista à TV Record.

O titular da Fazenda foi um dos auxiliares do mandatário brasileiro acompanhando a reunião, que contou ainda com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira. O ex-chanceler e atual assessor especial Celso Amorim também acompanhou a conversa.

"Temos as melhores expectativas justamente pela falta de fundamento de uma medida dessa natureza. As coisas vão transcorrer com naturalidade", completou Haddad.

Segundo o ministro, a ligação teve uma menção ao aniversário de Lula, no dia 27 de outubro. Cada presidente apresentou três representantes de governo para dar prosseguimento às negociações.

Haddad ainda informou que vai viajar aos EUA na próxima semana para participar de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, em paralelo, se reunir com representantes do governo americano para tratar do tema do tarifaço.

Esses trechos da entrevista do ministro foram divulgadas no site R7 no fim da tarde desta segunda, pouco depois da gravação. A Record News vai transmitir a íntegra da entrevista a partir das 22h30 de hoje. Antes, a emissora mostra trechos às 19h.