Trump diz que Hamas está cedendo enquanto grupo negocia troca de reféns com Israel

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 6, que o Hamas está cedendo em questões "muito importantes" nas negociações indiretas entre o grupo terrorista e Israel para um acordo de paz na Faixa de Gaza.

"Tenho limites: se certas questões não forem atendidas, isso não vai acontecer", afirmou Trump a repórteres no Salão Oval, quando questionado se havia imposto condições, como o desarmamento do Hamas, para selar a paz.

"Acho que estamos indo muito bem e que o Hamas está concordando com coisas muito importantes", ele acrescentou.

Trump expressou otimismo sobre o futuro das negociações indiretas no Egito para encerrar a guerra, de acordo com seu plano de 20 pontos. "Acho que vamos chegar a um acordo", embora "eles estejam tentando há anos e anos chegar a um acordo... vamos chegar a um acordo sobre Gaza, tenho quase certeza, sim", afirmou o republicano.

O presidente americano também negou relatos de que criticou o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu por sua visão pessimista em relação ao resultado das negociações.

Sob pressão para encerrar a guerra em Gaza após dois anos brutais de combate, negociadores de Israel e do Hamas se reuniram mais cedo nesta segunda-feira, 6, com mediadores no Egito para começar a discutir um abrangente plano de paz apresentado por Trump na semana passada.

Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, disse na tarde desta segunda-feira que "conversas técnicas" estavam em andamento no Egito, envolvendo "partes de todos os lados".

As conversas indiretas entre Israel e o Hamas, mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito, provavelmente se concentrarão em dois aspectos da proposta de 20 pontos de Trump: a troca de palestinos mantidos por israelenses por reféns capturados no ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, e a retirada israelense de partes de Gaza.

Leavitt disse a repórteres em uma coletiva na Casa Branca que as equipes estavam no Egito para discutir essa troca. "Eles estão revisando a lista dos reféns israelenses e também dos presos políticos que serão libertados, e essas negociações estão em andamento", disse ela.

"Todos os lados deste conflito concordam que esta guerra precisa acabar, e concordam com a estrutura de 20 pontos proposta pelo Presidente Trump". As negociações, ela acrescentou, foram uma "conquista incrível".

Israel acredita que cerca de 20 reféns ainda estejam vivos em Gaza e também busca os restos mortais de outros 25. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse à Fox News no domingo, 5, que o Hamas havia "concordado com o acordo de libertação de reféns do presidente".

Segundo esse plano, os reféns serão trocados por 250 prisioneiros palestinos que cumprem penas perpétuas e 1.700 moradores de Gaza presos por Israel durante a guerra. Para cada refém cujos restos mortais forem libertados, Israel também libertará os restos mortais de 15 moradores de Gaza.

Embora o plano preveja a libertação dos reféns em até 72 horas após a concordância de Israel, isso seria logisticamente difícil, dizem especialistas. E os dois lados ainda não chegaram a um acordo sobre quais prisioneiros palestinos serão libertados.

Assim, ainda não está claro se há acordo sobre todos os aspectos do plano, conforme apresentado inicialmente.

Na sexta-feira, 3, o Hamas afirmou estar disposto a libertar os reféns. Mas o grupo terrorista não abordou os principais pontos do plano de paz americano, entre eles as exigências às quais se opôs no passado. A proposta, por exemplo, pede que o Hamas se desarme e não tenha nenhum papel na governança de Gaza - ambas posições israelenses importantes que o Hamas rejeita há muito tempo.

Também permanecem dúvidas sobre a retirada das forças israelenses de suas posições em Gaza. Em uma publicação nas redes sociais no sábado, 4, Trump afirmou que Israel já havia concordado com uma linha de retirada inicial dentro de Gaza para a primeira fase do acordo.

"Quando o Hamas confirmar, o cessar-fogo entrará em vigor imediatamente, a troca de reféns e prisioneiros começará e criaremos as condições para a próxima fase da retirada", afirmou o presidente norte-americano.

Mas o Hamas ainda pode tentar negociar essas linhas.

Em negociações anteriores sobre o fim do conflito, o Hamas concordou com a retirada das tropas israelenses para uma zona-tampão perto da fronteira de Gaza com Israel. Mas o plano de Trump deixaria as forças israelenses mais profundamente em Gaza, e o Hamas sinalizou que pode se opor a alguns elementos do plano.

Em um discurso aos israelenses no fim de semana, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu tentou apresentar o plano de Trump como uma vitória. Ele disse que o cenário para um possível acordo para pôr fim à guerra havia sido preparado por sua decisão de manter a pressão sobre o Hamas com uma campanha militar devastadora, que atraiu a condenação de grande parte do mundo. Ele também citou esforços diplomáticos.

Membros da coalizão de extrema direita de Netanyahu há muito se opõem a um acordo e ameaçam dissolver seu governo se ele concordar com um. O primeiro-ministro tem procurado apaziguá-los, mas também está sob pressão de muitos israelenses que querem um acordo sobre os reféns e o fim do conflito, bem como da comunidade internacional, incluindo Trump.

O Hamas também está sob pressão para pôr fim à guerra.

Muitos palestinos em Gaza veem a proposta de Trump como sua melhor esperança após quase dois anos de extrema privação e repetidos deslocamentos. Grande parte de Gaza foi destruída, dezenas de milhares de palestinos foram mortos, incluindo milhares de crianças, e Trump afirmou que Israel terá sinal verde para destruir o Hamas se o grupo terrorista não chegar a um acordo.

Trump exigiu nas redes sociais que Israel parasse de bombardear Gaza para permitir que o acordo com o Hamas avançasse. O exército israelense instruiu suas forças a se concentrarem na defesa, restringindo as operações militares na Faixa de Gaza, de acordo com autoridades israelenses.

Os combates em terra, no entanto, continuaram. O exército israelense afirmou ter lançado vários ataques no domingo contra o que descreveu como militantes ameaçando tropas. Equipes de emergência em Gaza disseram que não conseguiram alcançar alguns dos mortos porque estavam em zonas de combate.

Israel e o Hamas mantiveram conversas indiretas intermitentes ao longo da guerra, com as negociações geralmente fracassando. Rubio admitiu no domingo que a guerra ainda não havia terminado e que havia trabalho a ser feito, mas disse que desta vez poderia ser diferente.

"O que nos dá esperança aqui é que pelo menos agora existe uma estrutura para que tudo isso possa acabar", disse ele.

Nesta segunda-feira, Leavitt se recusou a dar um prazo para as discussões, mas disse que "o governo está trabalhando arduamente para fazer a coisa avançar o mais rápido possível".

*Com agências internacionais.

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O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira a falta de mobilização de lideranças de direita em defesa de anistia a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar e foi condenado por golpe de Estado.

"Jair Messias Bolsonaro, o principal líder político do país, segue preso ilegalmente, torturado diariamente, enquanto nenhum integrante da chamada 'união da direita' se manifesta com uma única palavra ou ação jurídica e política diante da destruição completa da democracia brasileira", escreveu nesta segunda-feira, 6, em seu perfil no X (antigo Twitter).

A expressão "união da direita" remete a declarações recentes do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, que defendeu maior união entre os partidos conservadores para evitar derrota eleitoral em 2026.

"Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez", escreveu o senador.

Carlos e o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), têm demonstrado insatisfação com o recuo da oposição na pressão pela anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro que beneficiaria o ex-presidente.

Na última quinta-feira, 2, Carlos cobrou "firmeza e coerência". "Chega desse papo de 'eu darei indulto se for eleito' para enganar inocentes", afirmou.

As críticas são dirigidas a figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Os três já declararam que perdoariam Bolsonaro caso chegassem à Presidência em 2026.

O relator do projeto de anistia na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já disse que a "anistia ampla, geral e irrestrita" defendida por bolsonaristas está descartada em seu parecer, que se limitará à dosimetria, ou seja, na redução das penas fixadas.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), elogiou a Justiça Eleitoral nesta segunda-feira, 6, após ser agraciado com o Colar do Mérito Eleitoral Paulista, homenagem concedida pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). A Justiça Eleitoral é criticada pelos bolsonaristas por ter tornado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em duas ocasiões.

"Uma premiação, uma comenda, é como se fosse uma nota promissória. A gente sai daqui mais devedor. Eu saio daqui no dia de hoje mais devedor da Justiça Eleitoral, em especial da Justiça Eleitoral de São Paulo", disse o governador em seu discurso de agradecimento.

Ele afirmou ainda que por causa do trabalho do órgão eleitoral tem "certeza" que as eleições vão transcorrer com tranquilidade e disse que se hoje tem condições de exercer o mandato é porque a Justiça Eleitoral "garantiu isso". "Nós vamos pagar nossa nota promissória, fazendo com que o Estado de São Paulo sempre apoie a Justiça Eleitoral", concluiu Tarcísio.

Segundo o TRE-SP, o objetivo do colar recebido por Tarcísio é homenagear juízes e autoridades "por seus méritos e relevantes serviços prestados à vivência democrática e ao processo eleitoral do Estado".

O chefe do Executivo paulista já havia elogiado a Justiça Eleitoral no início do ano, quando afirmou que ela era "garantidora da democracia", o que lhe rendeu críticas de apoiadores do ex-presidente.

Mais recentemente, Tarcísio mudou de postura e passou a criticar o Judiciário como um todo. Em agosto, às vésperas do início do julgamento de Bolsonaro pela trama golpista, o governador disse que "infelizmente, hoje eu não posso falar que confio na Justiça". Dias depois, na manifestação bolsonarista de 7 de Setembro, chamou o ministro Alexandre de Moraes de "ditador" e afirmou que não aceitaria mais a ditadura de "um poder sobre o outro".

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a conversa telefônica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na manhã desta segunda-feira, 6, transcorreu em "clima leve e natural".

"O ânimo dos dois estava muito bom. Clima franco e leve. Não foi telefonema difícil, mas fácil. Parecia haver dos dois lados boa vontade. Durou mais ou menos 30 minutos", relatou Haddad, em entrevista à TV Record.

O titular da Fazenda foi um dos auxiliares do mandatário brasileiro acompanhando a reunião, que contou ainda com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira. O ex-chanceler e atual assessor especial Celso Amorim também acompanhou a conversa.

"Temos as melhores expectativas justamente pela falta de fundamento de uma medida dessa natureza. As coisas vão transcorrer com naturalidade", completou Haddad.

Segundo o ministro, a ligação teve uma menção ao aniversário de Lula, no dia 27 de outubro. Cada presidente apresentou três representantes de governo para dar prosseguimento às negociações.

Haddad ainda informou que vai viajar aos EUA na próxima semana para participar de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, em paralelo, se reunir com representantes do governo americano para tratar do tema do tarifaço.

Esses trechos da entrevista do ministro foram divulgadas no site R7 no fim da tarde desta segunda, pouco depois da gravação. A Record News vai transmitir a íntegra da entrevista a partir das 22h30 de hoje. Antes, a emissora mostra trechos às 19h.