Democrata Mikie Sherrill é eleita governadora de Nova Jersey, derrotando alinhado a Trump

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A deputada federal Mikie Sherrill foi eleita governadora de Nova Jersey nesta terça-feira, 4, apontou a projeção da Associated Press, consolidando o controle democrata num estado dominado pelo partido, mas que vinha demonstrando sinais de inclinação à direita nos últimos anos. Sherrill, ex-piloto de helicóptero da Marinha e deputada federal por quatro mandatos, derrotou Jack Ciattarelli, que recebeu o apoio do presidente Donald Trump.

O início da votação foi interrompido depois que autoridades de sete condados receberam ameaças de bomba por e-mail, posteriormente consideradas infundadas pelas autoridades policiais, afirmou a principal autoridade eleitoral do estado, a vice-governadora Tahesha Way. Um juiz concedeu uma prorrogação de uma hora em alguns locais de votação após um pedido dos democratas para três escolas que receberam ameaças de bomba por e-mail no início do dia.

Sherrill, de 53 anos, oferece algum alívio aos moderados dentro do Partido Democrata enquanto eles definem o caminho para as eleições de meio de mandato do ano que vem. Ex-promotora e veterana militar, Sherrill personifica um tipo de democrata centrista que busca atrair alguns conservadores, ao mesmo tempo que se alinha a algumas causas progressistas. Sua campanha se baseou em confrontar Trump e atribuir a culpa pelas preocupações dos eleitores com a economia às suas tarifas.

Ela será a segunda governadora de Nova Jersey, depois da republicana Christine Todd Whitman, que governou entre 1994 e 2001. Sua vitória também garante aos democratas três vitórias consecutivas em eleições para governador em Nova Jersey pela primeira vez em seis décadas.

A eleição para governador em Nova Jersey, realizada em anos ímpares - uma das duas únicas neste ano, juntamente com a Virgínia -, frequentemente girou em torno de questões locais, como impostos sobre a propriedade. Mas a campanha também serviu como um possível indicador do sentimento nacional, especialmente de como os eleitores estão reagindo ao segundo mandato do presidente e às mensagens dos democratas antes das eleições de meio de mandato de 2026.

Sherrill assume o cargo de governadora após quatro mandatos na Câmara dos Representantes dos EUA. Ela conquistou a cadeira em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, revertendo um distrito tradicionalmente republicano em uma eleição na qual os democratas venceram todas as 12 cadeiras da Câmara do estado, com exceção de uma. Também estavam em disputa todas as 80 cadeiras da Assembleia, controladas pelos democratas com uma maioria de 52 cadeiras.

Nova Jersey não elege um republicano para o Senado dos EUA ou para a Casa Branca há décadas. O governo estadual, no entanto, costuma alternar entre os partidos. A última vez que o mesmo partido venceu uma terceira eleição consecutiva para governador em Nova Jersey foi em 1961, quando Richard Hughes venceu a disputa para suceder o governador Robert Meyner. Ambos eram democratas. (Com informações da Associated Press)

Em outra categoria

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.