Israel diz que primeira conversa com Líbano foi positiva e pede desarmamento do Hezbollah

Internacional
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O governo de Israel afirmou em um comunicado que as conversas realizadas nesta quarta-feira, 3, com o Líbano ocorreram em um "ambiente positivo". O governo libanês, no entanto, indicou que os dois países estão longe da normalização por enquanto. Este foi o primeiro encontro direto entre representantes civis de ambos os países em mais de 40 anos.

"A reunião se desenvolveu em um ambiente positivo e foi acordado elaborar ideias para promover uma possível cooperação econômica entre Israel e Líbano", indicou o gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, que também considerou "imprescindível" o desarmamento da milícia xiita libanês Hezbollah.

Por sua vez, o primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, afirmou que o objetivo desse tipo de reunião era alcançar "o fim das hostilidades e a retirada total de Israel" do território libanês, onde o Exército israelense mantém posições no sul. Mas negou que haja espaço para uma normalização das relações neste momento.

"As relações econômicas virão ao final do processo de normalização, que deve ocorrer após a paz", disse ele à imprensa. "Ainda não chegamos a esse ponto", acrescentou o mandatário, que destacou que o Líbano não tem intenção de assinar uma paz separada com Israel.

O Líbano e Israel não mantêm relações diplomáticas e estão oficialmente em estado de guerra desde 1948. A iniciativa de realizar conversações civis pareceu ser um passo rumo ao diálogo bilateral direto entre Israel e o Líbano, algo que Washington tem defendido.

No entanto, Salam afirmou que o Líbano continua comprometido com o plano de paz árabe de 2002, que condiciona a normalização das relações diplomáticas com Israel à criação de um Estado palestino - uma perspectiva à qual o governo de Netanyahu se opõe veementemente.

O encontro desta quarta ocorreu na sede da força de manutenção da paz da ONU (Unifil) em Naqura, no Líbano, perto da fronteira com Israel, como parte do mecanismo de supervisão do cessar-fogo que entrou em vigor em novembro de 2024.

Até agora, ambos os países haviam enviado militares como representantes em suas reuniões com essa força da ONU.

A delegação libanesa foi liderada por Simon Karam, ex-embaixador nos Estados Unidos, enquanto a delegação israelense foi representada por Uri Resnick, membro do Conselho de Segurança Nacional de Israel.

A embaixada dos Estados Unidos em Beirute informou que Morgan Ortagus, enviada especial dos Estados Unidos para o Líbano, também participou da reunião.

Washington vem exercendo pressão sobre o Líbano para que desarme rapidamente a influente milícia Hezbollah. Sua embaixada celebrou a inclusão de representantes civis nas conversas.

"Sua inclusão reflete o compromisso do Mecanismo em facilitar discussões políticas e militares com o objetivo de alcançar segurança, estabilidade e uma paz duradoura para todas as comunidades afetadas pelo conflito", afirmou.

Ortagus esteve em Jerusalém um dia antes, onde se reuniu com Netanyahu e com o ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar.

Conversações diretas

Os Estados Unidos promoveram conversas diretas entre os dois países vizinhos para estabilizar a região e enfraquecer ainda mais o Hezbollah, apoiado pelo Irã.

O governo de Beirute afirma estar preparado para negociar com seu vizinho do sul. Por sua vez, Netanyahu manifestou em várias ocasiões que o Líbano deveria se juntar aos Acordos de Abraão, que permitiram a vários países árabes e muçulmanos normalizar suas relações com Israel

Em 1983, após a invasão israelense do Líbano, ambas as nações mantiveram diálogos diretos que resultaram na assinatura de um acordo para estabelecer relações, mas que nunca foi ratificado.

O anúncio dos contatos desta quarta-feira ocorre dias após um ano do início de um frágil cessar-fogo entre Israel e Hezbollah, em 27 de novembro de 2024.

Este acordo pôs fim a mais de um ano de hostilidades que eclodiram depois que a milícia lançou ataques em apoio ao seu aliado palestino Hamas.

Apesar da trégua, Israel bombardeou repetidamente o Líbano, alegando que deve impedir que o grupo reconstrua suas capacidades militares.

Segundo um plano aprovado por Beirute, o Exército libanês deveria desmantelar as infraestruturas militares do Hezbollah situadas ao sul do rio Litani até o final do ano, para depois fazer o mesmo no restante do país.

O gabinete de Netanyahu reiterou que o desarmamento do Hezbollah é "imprescindível" e considera que os esforços libaneses são insuficientes, razão pela qual intensificou seus ataques nas últimas semanas.

No dia em que se completou um ano da trégua, o Exército israelense afirmou ter realizado durante este período cerca de 1.200 "atividades específicas" e ter "eliminado mais de 370 terroristas" do Hezbollah, Hamas e outros grupos palestinos.

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A Polícia Federal encontrou mais de R$ 90 mil em dinheiro vivo no carro de Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que foi preso nesta quarta-feira, 3, suspeito de vazar informações da Operação Zargun, que ocorreu em setembro e prendeu o então parlamentar TH Joias. O Estadão tenta contato com a defesa de Bacellar.

A PF cumpriu um mandado de prisão preventiva e oito mandados de busca e apreensão nesta quarta, além de um mandado de intimação para cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

TH Joias foi preso em 3 de setembro por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Zargun. Ele é acusado de negociar armas, fuzis e equipamentos antidrones para o Comando Vermelho (CV) e de usar o mandato para favorecer a facção.

Para o ministro do STF, Alexandre de Moraes, Bacellar tinha conhecimento prévio da Operação Zargun e teria orientado TH Joias a retirar do imóvel possíveis provas que seriam apreendidas.

A PF destaca ainda o envio, por TH Joias, de fotos das câmeras internas de segurança mostrando os agentes da PF dentro da residência no momento da operação. As imagens foram encaminhadas diretamente a Bacellar às 6h03 da manhã. Para Moraes, o registro comprova que o presidente da Alerj não só tinha ciência antecipada da ação, como acompanhava a operação em tempo real, em contato direto com o alvo.

Moraes enquadrou o caso como crime permanente ligado à organização criminosa, o que permite a prisão de parlamentar mesmo sob imunidade. O ministro acolheu integralmente os argumentos da PF e da PGR de que medidas alternativas seriam insuficientes, e de que a prisão preventiva é necessária para garantir a ordem pública, preservar a instrução criminal e impedir a continuidade dos crimes.

A PF afirma que Bacellar teria como objetivo a manutenção de vínculos com o Comando Vermelho em busca dos "milhões de votos" das regiões dominadas pela facção no Rio de Janeiro.

O plenário do Senado aprovou na noite desta quarta-feira, 3, projeto que concede aumento salarial a auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) e ainda autoriza pagamento de penduricalho adicional por acúmulo de função. Segundo o texto do projeto, os vencimentos dos servidores do TCU poderão chegar a R$ 58,6 mil em 2029.

O reajuste será pago em quatro parcelas a partir de 2026. O projeto é de autoria do próprio tribunal. Segundo divulgado pelo Senado, o impacto dos benefícios está estimado em R$ 24,5 milhões ao ano.

O texto prevê que a remuneração de auditor no topo da carreira passará de R$ 37 mil para R$ 44,5 mil. Mas o valor pode chegar a R$ 58,6 mil a depender de gratificação por desempenho a ser paga aos servidores.

O projeto estabelece ainda seis tipos de funções comissionadas pagas para quem ocupar cargo de confiança na Corte de contas. Segundo informou o Senado, o texto ainda define regras sobre pagamento da chamada licença compensatória. Essa licença por ocupação de "função relevante" ou acúmulo de atividades poderá ser convertida em dinheiro, sendo que sobre o valor não incidirá dedução de imposto de renda.

No mesmo dia em que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, decidiu limitar poderes do Senado para aprovar impeachment de ministros do STF, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) aprovou, nesta quarta-feira, 3, projeto que limita decisões isoladas de magistrados contra leis aprovadas pelo Congresso.

Como o texto foi aprovado em caráter terminativo na CCJ, o projeto dever ser encaminhado direto ao Senado, sem necessidade de votação no plenário da Câmara.

A proposta aprovada também limita o direito de partidos de recorrerem isoladamente ao STF para derrubar leis ou decisões do Poder Executivo. Segundo o texto, só partidos que cumprem critérios de cláusula de barreira poderão propor ações. Esse texto impede que partidos nanicos possam recorrer ao Supremo. O projeto autoriza, no entanto, que partidos que se juntam numa federação possam propor ações judiciais na corte.

Nesta quarta-feira, 03, o ministro Gilmar Mendes concedeu liminar numa ação judicial proposta pelo Solidariedade e pela Associação dos Magistrados do Brasil para alterar as regras de impeachment de ministros do STF no Senado. Segundo a decisão de Gilmar, o impedimento de ministros da corte só pode ser aprovado por 2/3 dos senadores. A regra atual fala em maioria simples, ou seja, metade mais um dos presentes no Senado.

Gilmar também vetou que qualquer cidadão possa apresentar pedido de impeachment de ministro do STF. Essa atribuição passa a ser só do procurador-geral da República.

O projeto aprovado na CCJ foi relatado pelo deputado Alex Manente (Cidadania-SP). O texto trata das regras para apresentação de ações de inconstitucionalidade perante do STF. O texto estabelece que decisões liminares de um ministro precisam ser imediatamente submetidas ao plenário do tribunal.