Ataque a hospital em Gaza: Jordânia cancela reunião com Biden e encontro na ONU é adiado

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Um bombardeio atingiu nesta terça-feira, 17, o hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, que abrigava milhares de civis no fogo cruzado entre Israel e o grupo terrorista Hamas, e deixou centenas de mortos e um número ainda desconhecido de pessoas sob os escombros. O ataque ao hospital, que ocorre em meio à piora da situação humanitária na Faixa de Gaza, afetou o esforço diplomático para amenizar a tensão na região. A visita do presidente Joe Biden à Jordânia foi cancelada e a ONU adiou uma discussão do Conselho de Segurança sobre a crise.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pela ala política do grupo terrorista Hamas, responsabilizou o governo de Israel, nesta terça-feira, 17, pelo bombardeio e disse que o ataque deixou ao menos 500 mortos em um hospital da Faixa de Gaza, mas o número exato de vítimas ainda não está claro. "O hospital abrigava centenas de doentes e feridos, bem como pessoas deslocadas à força", afirmou o Ministério da Saúde em Gaza, em comunicado.

O Exército israelense disse que o hospital não estava entre os seus alvos e responsabilizou a Jihad Islâmica, um outro grupo palestino, pelo bombardeio. "Uma análise do sistema operacional do Exército indica que uma barragem de foguetes foi disparada por terroristas em Gaza e passou perto do hospital, que foi atingido", disse o Exército israelense em nota.

A Jihad Islâmica negou a acusação de Israel. "Não houve operações nessa área", disse o porta-voz do grupo Daoud Shebab ao New York Times. No passado, foguetes disparados por radicais palestinos já falharam e atingiram civis em Gaza. Nenhuma das versões pode ser verificada até agora.

Repercussões do bombardeio

No começo desta noite, o presidente americano Joe Biden embarcou para Israel, mas o seu encontro com o rei Abdullah II da Jordânia e os presidentes do Egito Abdel Fatah Al-Sisi e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas para discutir a crise em Gaza foi cancelado. A reunião do democrata como primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu está mantida.

Em paralelo, um encontro do Conselho de Segurança sobre a crise no Oriente Médio foi adiado para amanhã a pedido da Rússia e dos Emirados Árabes Unidos. Com isso, a reunião que estava prevista para esta noite para discutir uma resolução patrocinada pelo Brasil sobre o conflito e vinha sendo negociada desde ontem nos bastidores foi adiada.

No Líbano, o grupo xiita libanês Hezbollah responsabilizou Israel pelo ataque e prometeu "um dia de fúria" na quarta-feira, dia da visita de Biden a Israel, em protesto.

Após o ataque, manifestantes tomaram as ruas de diversas cidades do Oriente Médio e do Norte da África, como Túnis, Amã, Ancara, Líbano e Ramallah, em protesto contra o bombardeio, que atribuíram a Israel. Na maioria dessas cidades, a multidão se reuniu diante das embaixadas de Israel e dos Estados Unidos.

Fogo e vidros quebrados

Fotos e vídeos Hospital al-Ahli divulgados por agências de notícias independentes, como a AFP, a AP e a Reuters mostraram fogo consumindo os corredores do hospital, vidros quebrados e partes de corpos espalhadas pela área.

Vários hospitais na Cidade de Gaza tornaram-se refúgios para centenas de pessoas, na esperança de serem poupadas dos bombardeios depois de Israel ter ordenado que todos os residentes da cidade e se retirassem para o sul da Faixa de Gaza.

O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, rival do Hamas, declarou três dias de luto após o bombardeio.

No total, segundo autoridades do Hamas na Faixa de Gaza, pelo menos 2,8 mil pessoas foram mortas e outras 10 mil ficaram feridas nos ataques israelenses. Os atentados terroristas do dia 7 já deixaram mais de 1,4 mil mortos em Israel.

Submetida a um cerco por Israel desde os atentados do Hamas, a população de Gaza tem poucas reservas de água, comida e combustível. Milhares de pessoas tentam fugir do norte do enclave, alvo de uma possível invasão israelense, em direção ao sul, na fronteira com o Egito.

Os prejuízos para a população civil são cada vez maiores. Na manhã desta terça-feira, equipes de resgate lutavam para libertar cerca de 1,2 mil pessoas presas sob os escombros. Em alguns mercados da cidade de Gaza, já era possível testemunhar brigas por causa de pães.

Com o aprofundamento da crise humanitária, aumentou a pressão para fornecer imediatamente segurança e ajuda aos dois milhões de residentes de Gaza. No entanto, os esforços diplomáticos liderados pelos EUA produziram até agora poucos resultados. Dias de esforços para fazer passar a ajuda através da fronteira do Egito com Gaza não deram frutos.

Na manhã de terça-feira, os Estados Unidos expressaram novamente a esperança de estar perto de um acordo de ajuda e do estabelecimento de zonas seguras no sul de Gaza, para onde as Nações Unidas disseram que 600 mil palestinos fugiram depois que Israel os advertiu para deixar o norte. Mas as forças israelenses continuaram a lançar ataques aéreos no sul de Gaza

O Ministério do Interior de Gaza disse que pelo menos 72 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em ataques a edifícios residenciais nas cidades de Khan Younis e Rafah. Os militares israelenses disseram na manhã de terça-feira que haviam atingido alvos do Hamas. (Com agências internacionais)

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O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Juliano Lopes (Podemos), promulgou, nesta segunda-feira, 28, a lei que cria o auxílio-alimentação para vereadores no valor de R$ 2.374. O texto, publicado nesta terça-feira, 29, no Diário Oficial do Município, determina ainda um aumento de 10% no salário dos servidores da Casa.

A Lei 11.849/2025 entra em vigor imediatamente e já será pago a partir o próximo dia 1.º. Hoje, apenas os servidores efetivos e comissionados recebiam, por dia útil, R$ 49,68, para jornadas de até 6h, e R$ 63,24 para aqueles que trabalhavam em jornadas de 8h. Os parlamentares, até então, não recebiam nenhum valor para alimentação.

O texto é de autoria dos vereadores da Mesa Diretora da Câmara e foi aprovado, em março deste ano, com 37 votos a favor e apenas três contrários: os três vereadores do Novo, Braulio Lara, Fernanda Altoé e Marcela Trópia.

De acordo com os cálculos apresentados no projeto, o reajuste salarial de servidores e o novo valor de vale-alimentação, para os anos de 2025, 2026 e 2027, representam um impacto orçamentário de R$ 32,7 milhões neste ano.

Em 2026, o gasto total estimado será de R$ 50,6 milhões. E em 2027, R$ 62,7 milhões. Nos três anos, o impacto total será de R$ 146 milhões.

Os servidores, que recebiam cerca de R$ 1.250 mensais em auxílio-alimentação, também passaram a receber o valor de R$ 2,3 mil, um aumento de 89,9%.

O reajuste de 10% nos salários dos servidores não se estende aos vereadores. Os parlamentares da capital mineira recebem R$ 18.402,02 mensais.

De acordo com o projeto aprovado na Câmara, o objetivo da lei é "demonstrar que a gestão valoriza os serviços desempenhados e reconhece a importância do trabalho desenvolvido como fundamental para o exercício da atividade legislativa".

"Além disso, a alteração no valor e forma de cálculo do auxílio-alimentação é uma forma de compensar os efeitos negativos da inflação e do custo dos alimentos na cidade de Belo Horizonte e se alinha com a praxe administrativa de órgãos de referência que concedem o auxílio-alimentação da mesma maneira que a CMBH passará a conceder, como Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, Assembleia Legislativa de Minas Gerais e Tribunal de Contas de Minas Gerais", diz o texto da proposta aprovada.

A Polícia Federal concluiu as investigações sobre o atentado ocorrido em novembro de 2024, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontam que o autor, Francisco Wanderley Luiz, o Tiü França, agiu sozinho, "sem participação ou financiamento de terceiros", e que a motivação do crime foi "o extremismo político".

Na noite de 13 de novembro, Francisco se matou ao explodir uma bomba junto à sua cabeça em frente à estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes.

Em nota divulgada nesta terça, 29, a PF informou que recorreu a diversos meios de prova, com destaque para a análise das comunicações e dos dados bancários e fiscais, exames periciais em todos os locais vinculados aos fatos, reconstituição cronológica das ações do autor antes e durante o atentado e, ainda, os depoimentos de mais de uma dezena de testemunhas.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou por 44 votos a 22 o recurso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a decisão que recomenda a perda do mandato e a inelegibilidade dele por oito anos. Com exceção de PSOL, PT, PDT, PSB e PSD (e respectivas federações), parlamentares de outros partidos acompanharam o relator e votaram contra o recurso, na sessão que durou quase sete horas nesta terça-feira, 29.

Com a negativa, o caso segue para o plenário da Casa, onde é preciso que a maioria absoluta, ou seja, 257 deputados, votem favoravelmente para o deputado ser cassado. Se o número não for atingido, o processo será arquivado e Glauber seguirá com o mandato. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se comprometeu no último dia 17 a não pautar a votação da cassação por 60 dias.

A defesa de Glauber Braga alegou que a acusação contra ele é "indeterminada" e que lhe foram atribuídas uma série de condutas, sem apontar qual artigo do Código de Ética o deputado teria infringido, ao expulsar a chutes um integrante do MBL que havia xingado a mãe doente do deputado.

Deputados governistas que apoiam Glauber Braga defenderam o deputado afirmando que o Código de Ética prevê "censura escrita" em caso de agressões físicas, não cassação, e alegam desproporcionalidade na punição.

Antes da decisão, em declaração inicial, o deputado afirmou que, caso o recurso fosse rejeitado pela CCJ, percorreria os 26 Estados brasileiros para "apresentar sua defesa" e "dialogar com as pessoas sobre o que está acontecendo".

A análise do recurso foi iniciada na última quinta-feira, 24, dois dias após o documento de 94 páginas ser protocolado na comissão. No pedido, Glauber disse que adotou uma reação "proporcional" no episódio e que tem sido perseguido pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

Ainda segundo o parlamentar, não houve direito de defesa no processo, e o relator do caso no Conselho de Ética, Paulo Magalhães (PSD-BA), teve postura "sempre desejosa de uma condenação".

Após o voto do relator na CCJ, deputado Alex Manente (Cidadania-SP) pela rejeição do recurso, aquela votação foi interrompida com um pedido de vista do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), alegando ser preciso mais tempo para a questão ser debatida. Outros parlamentares também pediram mais tempo para análise.

No parecer, Manente defendeu que a representação contém as condutas atribuídas a Glauber Braga, e que a escolha do relator seguiu o Código de Ética da Casa. Já sobre as alegações do deputado, argumentando desproporcionalidade da penalidade aplicada, suposta violação da isonomia em relação a casos anteriores e o direito a legítima defesa, Manente disse que não cabia à CCJ a análise.

A sessão desta quarta foi marcada por defesas e acusações fervorosas de deputados aliados e oposicionistas, e houve até indicação sobre voto na próxima fase do processo, que irá a plenário. O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) disse que perdeu a mãe há 40 dias e que, apesar de votar contra o recurso, seu voto sobre a cassação ainda está indefinido. "Há uma briga entre a minha cabeça e o meu coração", disse.

A decisão, segundo o pastor, seria porque durante uma discussão com Glauber Braga, longe dos microfones, o deputado do PSOL teria lhe chamado de "filho da p...", o que Feliciano equiparou ao episódio que baseia o processo contra Glauber Braga. Parlamentares aliados do deputado julgado vaiaram e gritaram que o caso, se existiu, se tratou de "força de expressão", e não direcionado pessoalmente à mãe do parlamentar, como foi no caso de Glauber Braga.

"Deputado Feliciano, eu xinguei o senhor, não xinguei a sua mãe. Não a conheço, não o faria, e não uso esse tipo de expediente contra quem não está na arena política", se desculpou Braga nas declarações finais.

Greve de fome

Em protesto contra a decisão do Conselho de Ética, que votou pela cassação do mandato, por 13 votos a cinco, Glauber Braga fez uma greve de fome que durou nove dias. Entre 9 e 17 deste mês, ele dormiu no plenário 5 da Câmara e fez a ingestão somente de água, soro fisiológico e isotônico.

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) permaneceu na Câmara dos Deputados em greve de fome em protesto à recomendação do Conselho de Ética pela cassação de seu mandato.

A greve só foi suspensa após Motta prometer adiar a votação da cassação do parlamentar em plenário para o segundo semestre, por 60 dias.