Entidade judaica acusa Flávio Dino de usar narrativas bíblicas para demonizar Israel

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A Confederação Israelita do Brasil (Conib) criticou nesta quarta-feira, 15, o ministro da Justiça, Flávio Dino, por uma publicação na rede social X, o antigo Twitter, na qual ele compara a retirada dos 32 brasileiros da Faixa de Gaza, em meio à guerra entre Israel e o Hamas, à passagem bíblica do Novo Testamento na qual José e Maria fogem para o Egito com o menino Jesus para escapar do governador romano Herodes.

Segundo a entidade, Dino evocou narrativas bíblicas para demonizar Israel e os judeus ao traçar um paralelo entre Herodes e a operação israelense contra o Hamas. Ao longo dos séculos, uma das formas mais comuns de antissemitismo na Europa cristã era associar os judeus à morte de Jesus na cruz. A reportagem procurou o Ministério da Justiça, que não se manifestou até a publicação deste texto.

"Que o Brasil seja esse 'Egito' bíblico para as crianças que vi descerem a escada do avião ontem à noite. E que os Herodes, todos eles, parem de massacrar as crianças, todas elas", disse Dino na terça-feira, ao citar o Evangelho de São Mateus 2:13, que diz: "um anjo do Senhor apareceu em so­nho a José e disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar".

Ainda de acordo com a nota da Conib, num momento tenso como este, com autoridades brasileiras desbaratando planos terroristas em solo brasileiro, Dino deveria estar focado em manter a segurança e a convivência harmônica na sociedade.

"Dino fez o contrário ao postar mensagem que estimula o antissemitismo e o discurso de ódio, como fica comprovado lendo comentários sobre sua própria postagem na rede social X", diz o texto. "A Conib volta a pedir ao governo brasileiro equilíbrio e serenidade para que não importemos o trágico conflito do Oriente Médio para o nosso país."

Nos últimos dias, a comunidade judaica tem criticado declarações de membros do governo sobre a guerra na Faixa de Gaza, especialmente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que igualou Israel ao Hamas nos últimos dias ao qualificar de genocídio a morte de civis palestinos em Gaza.

Ontem, depois das declarações do presidente, a Conib e outras entidades, como o Instituto Brasil Israel e a ONG StandWithUs Brasil criticaram o presidente.

Leia a íntegra da nota:

Mensagem do ministro da Justiça, Flávio Dino, evoca em rede social narrativas bíblicas para demonizar Israel e os judeus. Num momento tenso como este, com autoridades brasileiras ligadas ao seu próprio ministério desbaratando planos terroristas em solo brasileiro, o ministro Dino deveria estar focado em manter a segurança e a convivência harmônica na sociedade brasileira. Ele fez o contrário ao postar mensagem que estimula o antissemitismo e o discurso de ódio, como fica comprovado lendo comentários sobre sua própria postagem na rede social X. A Conib volta a pedir ao governo brasileiro equilíbrio e serenidade para que não importemos o trágico conflito do Oriente Médio para o nosso país.

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fará nesta segunda-feira, 24, pronunciamento em rede nacional de televisão. A declaração será às 20h30 desta segunda (pelo horário de Brasília) e terá duração de 2 minutos e 18 segundos, segundo ofício enviado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A mesma fala será veiculada em rede nacional de rádio na terça-feira às 6h30.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou nesta segunda, 24, que terá forte participação na corrida eleitoral de 2026, seja como candidato da direita à Presidência da República, seja como apoiador de algum nome ainda não escolhido. Zema, porém, apontou o ex-presidente Jair Bolsonaro como o "mais viável" da direita, caso esteja elegível.

"No ano que vem, vocês vão me ver muito sendo candidato ou apoiando candidato à Presidência", disse em debate na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro."

Pouco depois, indagado sobre a possibilidade de Bolsonaro buscar o retorno ao Palácio do Planalto, apontou: "O presidente Bolsonaro, com toda certeza, caso elegível, seria o candidato mais viável da direita. Acho que todos os governadores de direita tem plena ciência disso e, na minha opinião, estariam apoiando. Então, é aguardarmos a definição sobre o que vai acontecer com o processo dele ou não", afirmou, frisando que a Justiça tem sido "pródiga em condenar e descondenar ao sabor do momento".

Sobre a própria candidatura, Zema despistou: "Eu não tenho nenhum plano de poder pessoal. Tenho muitas atividades às quais eu posso me dedicar". "O que eu quero é contribuir se o candidato for um outro governador, uma outra pessoa que a direita se uniu para apoiar".

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedirá a anulação do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. Um dos principais argumentos dos defensores do ex-presidente é que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito da tentativa de golpe de Estado, ameaçou a família do militar para pressioná-lo a fechar a delação.

"O ministro marcou uma audiência para salvar a delação. Pode isso? O juiz da causa pode dizer para o colaborador que se ele não falar a verdade ele vai ser preso e perde a imunidade para a sua filha, para sua mulher e para o seu pai? O juiz pode fazer o papel de instrução no processo acusatório? Precisamos discutir isso", afirmou o criminalista Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, em entrevista à GloboNews.

Uma eventual anulação da delação de Cid pode abrir brechas para contestações processuais futuras, além de descredibilizar a investigação da Polícia Federal (PF) que implicou 40 pessoas, incluindo Jair Bolsonaro e militares de alta patente, em um plano de ruptura institucional. Dos 40 indiciados pela PF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas ao STF na terça-feira, 18. A defesa de Bolsonaro disse, em nota, que a denúncia da PGR é "inepta" e que a delação do tenente-coronel é "fantasiosa".

Os defensores de Jair Bolsonaro afirmam que Cid foi coagido a depor sob ameaça de prisão e de retaliação aos seus familiares. A versão, porém, esbarra nos próprios termos com os quais o tenente-coronel fechou seu acordo de colaboração homologado pela Justiça em agosto de 2023.

Com a divulgação dos depoimentos na última quarta-feira, 19, após a derrubada do sigilo, revelou-se que Cid fez quatro exigências para realizar a delação: perdão judicial ou prisão de no máximo dois anos; restituição de bens e valores apreendidos; segurança para ele e sua família; extensão de benefícios para pai, mulher e filha.

Caso Cid descumprisse o acordo, as contrapartidas da delação estariam ameaçadas, além de caber o decreto de prisão preventiva. Esse foi o alerta realizado por Moraes na audiência com o tenente-coronel em 21 de novembro.

Dois dias antes, em 19 de novembro, a PF deflagrou a Operação Contragolpe, que revelou a existência de um plano de assassinatos e sequestros de autoridades públicas. As diligências indicaram que Mauro Cid conhecia o esboço, denominado de "Punhal Verde e Amarelo", mas não revelou sua existência durante seus depoimentos.

Dessa maneira, o tenente-coronel descumpriu seu acordo com a Justiça. O termo de delação prevê que o investigado não minta às autoridades. A omissão de informações também não é permitida. Em audiência com Cid, Moraes relembrou que a delação não prevê somente "benefícios", mas também "obrigações". "Das obrigações, a maior delas é falar a verdade. É não se omitir, não se contradizer. Não há na colaboração premiada esta ideia de que 'só respondo o que me perguntam'", disse o relator do inquérito.

Moraes ditou os benefícios pleiteados por Cid, inclusive o tópico relativo à blindagem da família do militar. "Eventual rescisão (da delação) englobará, inclusive, a continuidade das investigações e a responsabilização do pai do investigado, de sua esposa e de sua filha maior", avisou Moraes.

O relator não se referia à proteção pessoal dos familiares de Cid, e sim aos benefícios pleiteados pelo tenente-coronel aos seus parentes implicados em outras investigações da Polícia Federal.

O inquérito da PF sobre fraudes no cartão de vacinas de Jair Bolsonaro revelou que a falsificação também foi acionada pelo ex-ajudante de ordens em favor de Gabriela Cid, sua esposa, e de três filhas do casal.

Já Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, foi indiciado pela PF no caso das joias, revelado pelo Estadão. A investigação revelou que Lourena Cid, sob instruções do filho, agiu para converter em dinheiro os presentes concedidos ao Brasil e apropriados por Jair Bolsonaro.