Israel avança no sul de Gaza e cerca Khan Yunis; 'Não há lugar seguro', diz ONU

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Dezenas de veículos militares israelenses cruzaram o sul da Faixa de Gaza, e operam nas proximidades da cidade de Khan Younis, a maior cidade do sul de Gaza, segundo novas imagens de satélite divulgadas pelo jornal The New York Times que foram vistas na segunda-feira, 4, sinalizando o início esperado de uma nova fase da guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas no enclave palestino.

Testemunhas afirmaram que Israel estabeleceu um novo posto de controle na entrada da cidade de Khan Younis. Além disso, as Forças de Defesa de Israel estão batalhando terroristas do Hamas na estrada Salah al-Din, em Gaza, que Israel havia designado anteriormente como uma rota segura de deslocamento para os civis palestinos do norte para o sul do enclave palestino. Na segunda-feira, Tel-Aviv admitiu que um trecho da estrada havia se transformado em um "campo de batalha" e que os civis não deveriam se aproximar.

"Não há nenhum lugar seguro para ir e muito pouco para sobreviver para os civis palestinos em Gaza", apontou um porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres. Um apagão de comunicações em todo o território também prejudicou a resposta humanitária durante a noite.

Grupos de ajuda humanitária afirmaram que os civis palestinos tem dificuldade de seguir as orientações de Tel-Aviv por conta das operações israelenses em toda a Faixa de Gaza. Na noite de segunda-feira, a organização humanitária Sociedade do Crescente Vermelho Palestino afirmou que havia perdido contato com suas equipes médicas em Gaza, depois que o principal provedor de telefonia e internet, Paltel, confirmou que todos os serviços de telecomunicações foram cortados.

"O nível de sofrimento humano é intolerável", disse Mirjana Spoljaric Egger, presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, em um comunicado na segunda-feira, enquanto visitava Gaza. "É inaceitável que os civis não tenham um lugar seguro para ir em Gaza e, com um cerco militar em vigor, também não há resposta humanitária adequada possível."

Desde que uma pausa humanitária de uma semana terminou na sexta-feira, com o Hamas e Israel culpando-se mutuamente pelo seu colapso, Israel "entrou numa nova fase na nossa guerra contra o Hamas", apontou o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz militar israelense, na segunda-feira, 4.

"Nós os perseguimos no norte de Gaza e agora também vamos fazer isso no sul de Gaza", disse Hagari em um comunicado a imprensa. "Operaremos com força máxima contra os terroristas e as infraestruturas do Hamas, ao mesmo tempo que minimizaremos os danos aos civis que o Hamas coloca à sua volta como escudos."

Bombardeios

Com o aumento dos combates em Gaza, os perigos para os civis se acumularam, incluindo ao longo da estrada Salah al-Din, a principal via que liga as partes norte e sul do enclave. Os bombardeios intensos na área começaram na sexta-feira, logo após o fim da pausa, segundo Hani Abu Mustafa, 39 anos, que mora perto da estrada ao norte de Khan Younis. "Estávamos sendo bombardeados de forma tão devastadora e assustadora por aviões que pensamos que seria a nossa última noite", disse ele.

Na manhã de sábado, 2, um grande número de residentes estava fugindo, depois que os militares israelenses lançaram panfletos alertando-os para se deslocarem, disse ele.

A família de Abu Mustafa relutou em partir. Eles permaneceram em suas casas durante as últimas semanas e só saíram de casa quando Mustafa viu os tanques israelenses com seus próprios olhos na manhã de sábado.

Mais de 80% da população de Gaza já foi deslocada, segundo dados divulgados segunda-feira pela agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA). Casas superlotadas, hospitais, abrigos e acampamentos também ajudaram a espalhar doenças e condições como diarreia e infecções de pele, afirma a ONU.

O porta-voz das FDI, Nir Dinar, afirmou que corredores humanitários ainda estão abertos para os civis palestinos que ainda estejam no norte de Gaza e queiram ir para o sul. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) quer reunir informações contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) para defender a atual ocupante do posto, Rosângela da Silva, a Janja, de críticas da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar enviou ofícios à Polícia Federal, à Casa Civil e à Controladoria Geral da União (CGU) pedindo informações sobre viagens, gastos e investigações em andamento contra a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Farias, que é líder da bancada do PT, indicou que as respostas dos órgãos servirão como base para ações na Câmara dos Deputados para desgastar Michelle. "Cada requerimento contra Janja, nós vamos apresentar 2 contra Michelle Bolsonaro. A turma da rachadinha com cartão corporativo não tem moral. Vamo [sic] pra cima", escreveu o deputado nas redes sociais.

Janja tem sido criticada por opositores por gastos em viagens ao exterior e por ter um gabinete informal no governo Lula mesmo sem ter um cargo na gestão federal. Como mostrou o Estadão, ela tem uma equipe com 12 assessores que até o final do ano passado tinha gastado R$ 1,2 milhão em viagens. A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República diz que servidores exercem funções fixadas em lei.

O PL Mulher, que é comandado por Michelle Bolsonaro, disse em nota que o petista "requentou uma série de denúncias mentirosas" contra a ex-primeira-dama. "Isso constitui uma louca tentativa de fazer desviar os olhos da população dos recentes escândalos do governo petista, da alta dos preços dos alimentos e da gasolina, bem como das gafes e gastos da atual primeira-dama", disse o órgão partidário.

Lindbergh questionou a Polícia Federal e a CGU se os órgãos abriram investigações sobre supostos desvios de recursos públicos durante o governo Bolsonaro com o objetivo de pagar despesas da ex-primeira-dama. Ele também entrou com uma representação criminal para o Ministério Público Federal investigar o caso.

Mensagens encontradas no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, mostram pedidos de assessoras de Michelle para que ele fizesse depósitos em dinheiro vivo na conta da ex-primeira-dama e também realizasse saques para o pagamento das contas. A mulher de Jair Bolsonaro também utilizava o cartão de crédito de uma amiga, assessora parlamentar no Senado, para alguns gastos.

O líder do PT na Câmara perguntou à Casa Civil, comanda por Rui Costa (PT), quantas viagens a ex-primeira-dama realizou durante o governo Bolsonaro, quanto custaram os voos e se eles foram pagos com dinheiro público, além das justificativas para os deslocamentos.

Lindbergh Farias também perguntou à pasta o que foi feito para seguir a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o programa Pátria Voluntária, criado pelo governo Bolsonaro e comandado por Michelle para incentivar o voluntariado no Brasil. O TCU constatou em uma auditoria finalizada em 2023 que não havia critérios objetivos para selecionar as instituições sociais que receberiam recursos do programa e sugeriu à pasta que dessa transparência à prestação de contas das entidades que foram beneficiadas.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), lidera o ranking de aprovação entre os chefes de Ministérios do governo Lula, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel. O levantamento aponta que Tebet é a mais bem avaliada pelos brasileiros, enquanto o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, registra a maior rejeição.

Com 62% de aprovação, Tebet se destaca como a ministra mais bem avaliada, seguida por Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, ambos com 54%. Wellington Dias, responsável pela Assistência Social, aparece com 51%, enquanto Ricardo Lewandowski, da Justiça, soma 47% de aprovação.

Na outra ponta, Juscelino Filho lidera a rejeição, sendo avaliado negativamente por 70% dos entrevistados. Anielle Franco, da Igualdade Racial, aparece em seguida, com 59% de reprovação. Já Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência Social, e André Fufuca, dos Esportes, registram um índice de desaprovação de 55% cada.

A pesquisa ouviu 2.595 pessoas entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre a necessidade de uma reforma ministerial no governo Lula. A maioria, 58%, afirmou que o presidente deve promover mudanças na equipe, enquanto 30% defenderam a manutenção dos atuais ministros e 12% não souberam opinar.

Quando perguntados sobre o impacto dessas possíveis alterações, 51% acreditam que trocas na equipe podem melhorar o governo, ao passo que 29% consideram que não haveria diferença significativa, e 20% não souberam responder.

Entre as prioridades para uma eventual reforma, a melhoria na articulação política foi apontada como a mais urgente, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a busca por maior eficiência na gestão pública (28%) e a substituição de ministros com altos índices de rejeição (22%).

O presidente Lula deu início a sua reforma ministerial na última semana. Nísia Trindade deixou o comando do Ministério da Saúde, sendo substituída por Alexandre Padilha, que, por sua vez, abriu espaço para Gleisi Hoffmann assumir a Secretaria de Relações Institucionais.

O Brasil caiu seis posições no ranking global de democracia (Democracy Index) de 2024, elaborado pela empresa de inteligência da The Economist, ficando agora no 57º lugar.

No capítulo dedicado ao Brasil, intitulado 'democracia brasileira em risco', o estudo afirma que a polarização política aumentou na última década e gerenciar o impacto das plataformas de mídia social na democracia brasileira tem sido problemático, o que levou a Suprema Corte a "passar do limite".

O documento diz que a questão chegou ao auge em agosto de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou o bloqueio à empresa de mídia social X porque representava uma "ameaça direta à integridade do processo democrático" antes das eleições locais nacionais de outubro de 2024.

"Restringir o acesso a uma grande plataforma de mídia social dessa forma por várias semanas não tem paralelo entre países democráticos. A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser considerado restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral", argumenta o texto. E acrescenta: "Tornar certos discursos ilegais, com base em definições vagas, é um exemplo de politização do judiciário".

Na sequência, a The Economist cita um levantamento do Latinobarómetro de 2023 sobre liberdade de expressão que apontou que 64% dos brasileiros afirmaram que ela "é mal garantida ou não é garantida", porcentual que estaria acima da média regional de 45%.

Além disso, 62% dos brasileiros dizem que não expressam suas opiniões sobre os problemas que o País enfrenta, ficando atrás apenas de El Salvador e bem acima da média regional de 44%.

A pontuação do Brasil, segundo a pesquisa, também foi afetada negativamente por novos detalhes da "suposta tentativa de golpe" em 2022 contra o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do STF, que teria sido organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do alto escalão das Forças Armadas, que negam irregularidades.

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O ranking de democracia da The Economist é liderado pela Noruega, seguido pela Nova Zelândia e Suécia. Coreia do Norte, Mianmar e Afeganistão ocupam as três ultimas posições, de uma lista de 167 países.