Reitora de Harvard renuncia após polêmicas de plágio e antissemitismo

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A reitora de Harvard, Claudine Gay, renunciou nesta terça-feira, 2, em meio a acusações de plágio e críticas sobre a forma como lidou com o antissemitismo no campus da prestigiada universidade americana após o conflito em Gaza. Claudine, a primeira presidente negra de Harvard, anunciou sua saída poucos meses após seu mandato, em uma carta à comunidade de Harvard.

A acadêmica se viu envolvida em polêmicas depois de se recusar a dizer inequivocamente se o apelo ao genocídio dos judeus violava o código de conduta de Harvard, durante uma audiência no Congresso ao lado dos reitores do MIT e da Universidade da Pensilvânia, no mês passado. Os três presidentes haviam sido convocados para responder às acusações de que as universidades não estavam protegendo os estudantes judeus em meio aos crescentes temores de antissemitismo.

Claudine disse que dependia do contexto, acrescentando que quando "a fala se cruza com a conduta, isso viola as nossas políticas". A resposta enfrentou uma rápida reação por parte dos legisladores republicanos e de alguns legisladores democratas, bem como da Casa Branca. Mais tarde, Claudine pediu desculpas, dizendo ao jornal estudantil The Crimson que ela se envolveu em uma discussão acalorada na audiência.

"O que eu deveria ter tido a presença de espírito de fazer naquele momento era retornar à minha verdade orientadora, que é que os apelos à violência contra a nossa comunidade judaica - ameaças aos nossos estudantes judeus - não têm lugar em Harvard e nunca permanecerão incontestados.", disse.

Acusações de plágio

Após a audiência no Congresso, a carreira acadêmica de Claudine ficou sob intenso escrutínio por ativistas conservadores que desenterraram vários casos de suposto plágio em sua tese de doutorado de 1997. O conselho administrativo de Harvard inicialmente apoiou a então reitora, dizendo que uma revisão de seu trabalho acadêmico revelou "alguns casos de citação inadequada", mas nenhuma evidência de má conduta de pesquisa.

Dias depois, a Harvard Corporation revelou que encontrou dois exemplos adicionais de "linguagem duplicada sem atribuição apropriada". O conselho disse que ela atualizaria sua dissertação e solicitaria correções.

Claudine Gay, que fez história como a primeira negra a dirigir a poderosa universidade de Cambridge, Massachusetts, disse em sua carta de demissão que foi vítima de ataques pessoais e racismo.

"Tem sido difícil ver o meu compromisso de enfrentar o ódio e defender o rigor acadêmico ser questionado... e aterrorizante ser alvo de ataques pessoais e ameaças alimentadas pelo racismo", escreveu. Mas ela, que voltará ao corpo docente da universidade, acrescentou "ficou claro que é do interesse de Harvard que eu me demita para que a nossa comunidade possa navegar neste momento de desafio extraordinário".

A Harvard Corporation disse que a demissão veio "com grande tristeza" e agradeceu a Claudine por seu "compromisso profundo e inabalável com Harvard e com a busca pela excelência acadêmica".

Alan M. Garber, reitor e diretor acadêmico, atuará como reitor interino até que Harvard encontre um substituto, informou o conselho em comunicado. Garber, economista e médico, atuou como reitor por 12 anos.

Saída celebrada por republicanos

Mais de 70 legisladores, incluindo dois democratas, pediram a renúncia. Vários ex-alunos e doadores importantes de Harvard também pediram sua saída. Mesmo assim, mais de 700 professores de Harvard assinaram uma carta de apoio à chanceler.

A demissão de Claudine foi celebrada pelos conservadores que colocaram o seu alegado plágio no centro das atenções nacionais. Christopher Rufo, um ativista que ajudou a mobilizar o Partido Republicano contra a teoria racial crítica e outras questões culturais, disse estar "feliz por ela ter partido".

"Em vez de assumir a responsabilidade de minimizar o antissemitismo, cometer plágio em série, intimidar a imprensa livre e prejudicar a instituição, ela chama seus críticos de racistas", disse Rufo no X, antigo Twitter. Rufo acrescentou que "este é o veneno" da ideologia da diversidade, da equidade e da inclusão. (Com agências internacionais)

Em outra categoria

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), lidera o ranking de aprovação entre os chefes de Ministérios do governo Lula, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel. O levantamento aponta que Tebet é a mais bem avaliada pelos brasileiros, enquanto o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, registra a maior rejeição.

Com 62% de aprovação, Tebet se destaca como a ministra mais bem avaliada, seguida por Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, ambos com 54%. Wellington Dias, responsável pela Assistência Social, aparece com 51%, enquanto Ricardo Lewandowski, da Justiça, soma 47% de aprovação.

Na outra ponta, Juscelino Filho lidera a rejeição, sendo avaliado negativamente por 70% dos entrevistados. Anielle Franco, da Igualdade Racial, aparece em seguida, com 59% de reprovação. Já Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência Social, e André Fufuca, dos Esportes, registram um índice de desaprovação de 55% cada.

A pesquisa ouviu 2.595 pessoas entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre a necessidade de uma reforma ministerial no governo Lula. A maioria, 58%, afirmou que o presidente deve promover mudanças na equipe, enquanto 30% defenderam a manutenção dos atuais ministros e 12% não souberam opinar.

Quando perguntados sobre o impacto dessas possíveis alterações, 51% acreditam que trocas na equipe podem melhorar o governo, ao passo que 29% consideram que não haveria diferença significativa, e 20% não souberam responder.

Entre as prioridades para uma eventual reforma, a melhoria na articulação política foi apontada como a mais urgente, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a busca por maior eficiência na gestão pública (28%) e a substituição de ministros com altos índices de rejeição (22%).

O presidente Lula deu início a sua reforma ministerial na última semana. Nísia Trindade deixou o comando do Ministério da Saúde, sendo substituída por Alexandre Padilha, que, por sua vez, abriu espaço para Gleisi Hoffmann assumir a Secretaria de Relações Institucionais.

O Brasil caiu seis posições no ranking global de democracia (Democracy Index) de 2024, elaborado pela empresa de inteligência da The Economist, ficando agora no 57º lugar.

No capítulo dedicado ao Brasil, intitulado 'democracia brasileira em risco', o estudo afirma que a polarização política aumentou na última década e gerenciar o impacto das plataformas de mídia social na democracia brasileira tem sido problemático, o que levou a Suprema Corte a "passar do limite".

O documento diz que a questão chegou ao auge em agosto de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou o bloqueio à empresa de mídia social X porque representava uma "ameaça direta à integridade do processo democrático" antes das eleições locais nacionais de outubro de 2024.

"Restringir o acesso a uma grande plataforma de mídia social dessa forma por várias semanas não tem paralelo entre países democráticos. A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser considerado restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral", argumenta o texto. E acrescenta: "Tornar certos discursos ilegais, com base em definições vagas, é um exemplo de politização do judiciário".

Na sequência, a The Economist cita um levantamento do Latinobarómetro de 2023 sobre liberdade de expressão que apontou que 64% dos brasileiros afirmaram que ela "é mal garantida ou não é garantida", porcentual que estaria acima da média regional de 45%.

Além disso, 62% dos brasileiros dizem que não expressam suas opiniões sobre os problemas que o País enfrenta, ficando atrás apenas de El Salvador e bem acima da média regional de 44%.

A pontuação do Brasil, segundo a pesquisa, também foi afetada negativamente por novos detalhes da "suposta tentativa de golpe" em 2022 contra o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do STF, que teria sido organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do alto escalão das Forças Armadas, que negam irregularidades.

"O plano de golpe também sugere que há uma tolerância perturbadora à violência política no Brasil que está ausente em democracias mais consolidadas", afirma a pesquisa.

O ranking de democracia da The Economist é liderado pela Noruega, seguido pela Nova Zelândia e Suécia. Coreia do Norte, Mianmar e Afeganistão ocupam as três ultimas posições, de uma lista de 167 países.

O procurador Carlos Alberto de Souza Almeida, que atua junto ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), foi condenado a devolver R$ 4,5 milhões que recebeu em salários retroativos e indenização.

O Estadão busca contato com o procurador.

O valor engloba vencimentos referentes ao período em que aguardou ser convocado no concurso público (1999-2005) e uma indenização por dano moral pela "nomeação tardia".

O montante a ser restituído aos cofres públicos pode chegar a R$ 7 milhões considerando juros e correção monetária. Como a decisão foi tomada na primeira instância, ele pode recorrer.

Carlos Aberto só foi classificado depois de conseguir anular judicialmente questões da prova, o que ocorreu em dezembro de 2005, seis anos após o concurso. Em um dos ofícios no processo, ele chegou a renunciar "a quaisquer efeitos pecuniários que lhe possam atribuir a sentença".

Em 2018, quando já estava no cargo, o procurador deu entrada em um processo administrativo para receber "vencimentos e outras parcelas remuneratórias conexas, não percebidas no período de 17/06/1999 a 30/12/2005", além da indenização por dano material.

O pedido foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Amazonas e as parcelas foram depositadas entre outubro de 2018 e outubro de 2019.

A juíza Etelvina Lobo Braga, da Vara da Fazenda Pública de Manaus, afirma na sentença que o procurador "agiu de forma temerária e com prática duvidosa, quando postulou direitos aos quais ele mesmo já havia expressamente renunciado".

A decisão afirma ainda que a ordem de pagamento do Tribunal de Contas é "flagrantemente indevida".

"A nomeação e posse decorrente de ordem judicial, bem como ulterior exercício no cargo de Procurador de Contas, do requerido Carlos Alberto de Souza Almeida, não se deram de forma tardia, mas sim por ordem judicial, que não deveria gerar direito à indenização, razão pela qual houve equívoco e ilegalidade da Corte de Contas, que não atentou, também, à renúncia expressa firmada nos autos pelo candidato", diz a sentença.