Principal chefe do crime no Equador provavelmente fugiu da cadeia, diz governo

Internacional
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O líder da principal facção criminosa do Equador provavelmente fugiu "horas antes" de uma operação de revista no domingo, 7, no presídio onde cumpria pena, indicou o secretário de Comunicação do governo, Roberto Izurieta, nesta segunda-feira, 8.

"O mais provável, (é que) houve vazamento em questão de horas antes (da operação)", disse o funcionário ao ser consultado pelo canal Teleamazonas sobre "quando" Adolfo Macías, também conhecido como 'Fito', "fugiu".

As autoridades não confirmaram a fuga do criminoso de 44 anos.

No domingo, o comandante da Polícia, general César Zapata, admitiu que "pôde-se perceber a ausência de um dos detentos" com a entrada da força pública em uma penitenciária do porto de Guayaquil (sudoeste), onde 'Fito' deveria estar.

O Ministério Público abriu uma investigação pela "suposta fuga" do líder da facção criminosa Los Choneros, a mais temida do Equador, que disputa violentamente as rotas do narcotráfico com outros grupos criminosos.

'Fito', que estava detido na Prisão Regional de Guayaquil, cumpria, desde 2011, uma pena de 34 anos por crime organizado, narcotráfico e homicídio.

O secretário de Comunicação do governo indicou que "a força do Estado está a postos para encontrar esse sujeito extremamente perigoso".

Izurieta lamentou que "o nível de infiltrações" dos grupos criminosos no Estado "é muito grande" e tachou de "falido" o sistema penitenciário equatoriano.

Na noite de domingo, o presidente Daniel Noboa - no cargo desde novembro e que disse que há presos que vivem como se estivessem em um hotel de cinco estrelas - convocou uma reunião do Conselho de Segurança em Guayaquil para tratar do tema a portas fechadas.

Alerta em prisões

Veículos de imprensa locais reportaram que, nesta segunda-feira, ocorreram incidentes em várias prisões do país, inclusive com retenção de agentes penitenciários, sem que tenha havido um pronunciamento das autoridades.

Na pequena prisão conhecida como El Inca, no norte de Quito, houve a entrada de um forte contingente policial, enquanto militares protegiam o lado de fora, constatou um jornalista da AFP. Após cerca de cinco horas de rebelião, os militares retomaram o controle desse centro penitenciário, segundo o chefe policial local, Wilson Pavón.

Enquanto isso, nas redes sociais, circularam vídeos gravados em diferentes locais nos quais grupos de agentes penitenciários clamam por suas vidas enquanto encapuzados os ameaçam com facas.

Os guardas leem um comunicado no qual pedem a Noboa que "não envie tropas que sejam esquadrões da morte às prisões".

"Estamos agora mesmo implorando que sua ação seja mais cautelosa e, por favor, zele por nossas vidas, por nossa segurança", acrescenta a mensagem.

Na Prisão Regional, onde estava 'Fito', havia entrada e saída de policiais e militares em caminhões. Em um pátio, os detentos haviam escrito com pedras "PAPA FITO" e "FATALES GTR" em referência a outra organização criminosa.

Em um campo esportivo do mesmo complexo haviam pintado "CON FITO SEMBRAMOS PAZ" (Com fito semeamos paz).

"Fito, o leão"

A última vez que 'Fito' foi visto foi em setembro, quando foi temporariamente enviado a outra prisão de segurança máxima de Guayaquil depois do assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio.

À época, apareceu em fotos obeso, com cabelo e barba compridos. Milhares de militares o vigiavam, em uma das maiores operações militares e policiais que o ex-presidente Guillermo Lasso (2021-2023) realizou naquela penitenciária.

O criminoso, que estudou na prisão para obter o diploma de advogado, gozava de privilégios. Dentro dela, protagonizou o videoclipe de um 'narcocorrido' em sua homenagem e cantado por sua filha.

O vídeo de "El Corrido del León", do grupo identificado como Mariachi Bravo, mostrava o líder da facção Los Choneros com chapéu e lendo um livro em uma das alas da prisão.

De acordo com especialistas, Los Choneros têm um exército de pelo menos 8.000 homens.

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A vereadora Cris Monteiro (Novo) afirmou nesta terça-feira, 29, durante discurso na tribuna da Câmara Municipal de São Paulo, que "mulher branca, bonita e rica incomoda". A declaração foi dirigida a sindicalistas que acompanhavam a votação do reajuste dos servidores municipais e gerou forte reação da plateia e de parlamentares.

Durante sua fala, Cris repreendeu a vereadora Luana Alves (PSOL), que tentava confrontá-la, e disse: "Por favor, Luana, calada. Pode me devolver o tempo. Eu escutei todos vocês calados (...) Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês".

Ela completou dizendo que representa uma parcela da população que a elegeu e criticou os grevistas. "Eu não vou defender essas pessoas que deixam as nossas crianças na sala de aula fazendo greve."

A vereadora Luana Alves, que é negra, classificou a fala como racista e pediu a suspensão da sessão. Segundo ela, Cris Monteiro teria direcionado suas palavras diretamente a ela enquanto discursava.

O áudio da transmissão oficial da sessão pela Rede Câmara, canal da Casa no YouTube, chegou a ser interrompido por alguns minutos, mas foi restabelecido em seguida. Após o retorno, a vereadora do Novo pediu desculpas.

"Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso".

O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União), disse que a Casa "não permite racista" e mencionou o caso do ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado em 2023 por fala racista. No entanto, após rever o vídeo da declaração de Cris, avaliou que não houve racismo.

"Nós vimos e revimos várias vezes o vídeo. Na nossa opinião, não houve racismo", afirmou o presidente da Câmara. Segundo ele, a Corregedoria da Câmara acompanhará o caso. "Esse fato será analisado com sangue tranquilo, temperatura normal, pressão também".

A vereadora do PSOL, no entanto, reforçou a acusação. Para ela e outros vereadores, se tratou de um ato de racismo evidente.

"A vereadora Cris irá responder na Corregedoria. Fico muito triste que uma cassação não tenha sido suficiente para aprenderem que não se pode desrespeitar a população negra nessa Câmara", disse. Ela espera que o desfecho seja semelhante ao do caso Cristófaro.

Essa não foi a primeira polêmica envolvendo a vereadora Cris Monteiro. Em 2021, ela se envolveu em um episódio de agressão com a então vereadora Janaína Lima, à época também filiada ao Novo. Na ocasião, Cris afirmou esperar que Janaína fosse cassada.

Um relatório da Corregedoria da Câmara Municipal recomendou a suspensão das funções legislativas de ambas - Janaína e Cris - após a briga ocorrida no banheiro ao lado do Plenário, durante a votação da reforma da Previdência. No entanto, a ação disciplinar não avançou.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou a jornalistas, nesta terça-feira, 29, que está "totalmente" descartada a possibilidade de seu afastamento do ministério. As declarações ocorreram após depoimento na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados.

Na ocasião, Lupi havia respondido questionamentos de parlamentares sobre as fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ao ser questionado se houve alguma conversa sobre o seu afastamento do ministério, Lupi respondeu "nenhuma". Ele acrescentou: "Quem tem que decidir sobre isso é o presidente Lula. Eu sei que eu tenho a confiança dele e estou trabalhando para elucidar tudo o que tiver de errado", declarou.

Lupi voltou a dizer que não houve demora nas providências ao tomar conhecimento das denúncias de fraudes no INSS. "Isso é uma formação de quadrilha: grupos que se montaram para criar instituições e para roubar dinheiro de aposentado. Isso é chocante para mim", declarou.

O ministro prosseguiu: "Eu fui surpreendido com o volume disto. Porque eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá, a gente sempre soube, a gente recebia queixa, na própria plataforma do INSS aparecia algumas pessoas se queixando. Agora, nesse quantitativo, por uma organização, eu tomei conhecimento agora".

Lupi também argumentou que a base para as investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) vieram de apurações que ele determinou no INSS. Questionado se houve demora nas providências, ele negou.

"Aí, é outra discussão. Quando eu fiz a comparação com o botequim da esquina, eu adoro um pão na chapa no botequim da esquina. Quando eu fiz a comparação, é no sentido de que isso não é simples, são 7 milhões de pessoas. Como é que você verifica, checa, cria biometria de 7 milhões de pessoas?", afirmou.

Ainda em resposta aos jornalistas, Lupi afirmou: "Não demorei a determinar (as apurações). Foi tomado conhecimento dos vários fatos, inclusive no Conselho. O Conselho não é executivo, é um conselho de debate, de deliberações macro sobre visão da Previdência Social. Estava lá no assento o presidente do INSS e o diretor do INSS. Eu pedi para que tomassem providências disso, tanto é que eu demiti o diretor".

Conforme mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Lupi argumenta que demitiu o diretor de Benefícios André Félix Fidélis, que teria apresentado lentidão para avançar com as apurações. Uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o ministro foi alertado sobre as fraudes em junho de 2023, mas adiou a discussão e só tomou providências após quase um ano.

A auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) nos descontos em contracheques de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) revelou situações flagrantes de fraude.

Foram descobertos cadastros em nome de analfabetos, indígenas de comunidades isoladas, idosos com doenças graves, pessoas com deficiência e aposentados.

São pessoas que, segundo a CGU, não teriam como comparecer pessoalmente às associações e nem como assinar fichas de filiação e termos de autorização para os descontos em benefício dessas entidades. Algumas até residem no exterior.

Os casos foram descobertos a partir de entrevistas feitas com uma amostra de 1.273 beneficiários do INSS, registrados nos 27 Estados e no Distrito Federal, que tiveram valores descontados de seus contracheques. 97,6% dos entrevistados informaram à CGU não ter autorizado os abatimentos.

Os beneficiários do INSS podem aderir a associações civis e sindicatos e autorizar descontos mensais em seus contracheques para cobrir custos de filiação. Para isso, as entidades devem estar habilitadas junto ao INSS e precisam receber autorização "prévia, pessoal e específica" de aposentados e pensionistas interessados.

Parte dos aposentados ouvidos pela CGU só tomou conhecimento dos descontos no momento das entrevistas.

A Polícia Federal afirma que a auditoria revela um "cenário de incongruências". A PF investiga se idosos foram induzidos a assinar autorizações de desconto sem saber a verdadeira finalidade dos documentos e até se assinaturas foram forjadas.

As suspeitas são investigadas na Operação Sem Desconto. Segundo a Polícia Federal, servidores do INSS venderam dados de aposentados e pensionistas em troca de propinas e facilitaram os descontos indevidos direto nos contracheques dos beneficiários. O esquema teria causado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

Pressionado, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão após ter sido afastado do cargo por ordem judicial.