Inimigo de Putin, Alexei Navalni, que morreu nesta sexta, havia sido envenenado em 2020

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O ativista e líder da oposição russa Alexei Navalni morreu nesta sexta-feira, 16, segundo informaram agências de notícias. Um comunicado do centro penitenciário que o russo estava detido apontou que ele perdeu a consciência após dar uma caminhada na penitenciária que ficava no gelado Ártico russo.

"Todas as medidas de reanimação necessárias foram tomadas, o que não levou a resultados positivos. Os médicos da ambulância confirmaram a morte do condenado", afirmou um comunicado da prisão que Navalni estava detido.

A porta-voz de Navalni, Kira Yarmysh, apontou que ainda não era possível confirmar a morte de Navalni e que um advogado estava viajando até a prisão. O advogado e ativista de 47 anos estava detido desde janeiro de 2021, quando retornou da Alemanha, onde foi hospitalizado por envenenamento.

Dmitri Peskov, o porta-voz do presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que a morte foi relatada ao presidente russo, de acordo com o serviço de notícias estatal Tass.

Quem foi Navalni

Alexei Navalni nasceu em Butin, cidade próxima de Moscou, no dia 4 de junho de 1976. Seu pai era um militar russo e ele se mudou muito ao longo da infância por conta da carreira de seu pai. Em 1997, concluiu a graduação em direito na Universidade Russa da Amizade dos Povos, em Moscou. Em 2001, se formou em economia na Academia de Finanças do governo da Federação Russa.

Ele era casado com Yulia Navalnaia e tinha dois filhos, Daria, de 23 anos e Zakhar, de 16 anos. Em 2008, Navalni tornou-se conhecido do público russo pela primeira vez quando denunciou casos de corrupção de diversas empresas russas como Gazprom e Rosneft.

Em 2011, Navalni criou a Fundação Anticorrupção (ACF) - a maior organização pública independente anticorrupção da Rússia e foi uma das lideranças da onda de protestos que denunciava fraude nas eleições parlamentares.

Ele foi condenado em 2013 por peculato e afirmou que a acusação tinha motivação política. Navalni foi sentenciado a cinco anos de prisão, mas o Ministério Público exigiu mais tarde surpreendentemente a sua libertação enquanto se aguardava recurso. Posteriormente, um tribunal superior suspendeu a sua pena.

No mesmo ano, se candidatou à prefeitura de Moscou e obteve 27% dos votos, segundo as autoridades russas. Navalni terminou em segundo lugar, um desempenho impressionante contra o então prefeito que tinha o apoio da máquina política de Putin e era popular na capital russa.

Com o intuito de participar das eleições em 2018, Navalni lançou uma campanha internacional para que eleições livres e justas fossem realizadas na Rússia, mas seus registros eleitorais não foram autorizados.

Ele ficou famoso por usar as redes sociais e interagir com os russos através de seu canal no YouTube. Esta estratégia contribuiu para que Navalni rompesse a barreira dos centros políticos e culturais de Moscou e São Petersburgo.

Envenenamento

Em 2020, quase morreu vítima de um envenenamento enquanto voava da Sibéria para Moscou. Depois de ser atendido em solo russo, ficou internado em Berlim. Os testes feitos na Alemanha identificaram que a presença do agente nervoso da era soviética, Novichok. A descoberta elevou o tom das críticas contra o Kremlin que foi acusado de envenenar o opositor.

Navalni ficou em coma induzido por cerca de duas semanas, depois trabalhou para recuperar a fala e os movimentos por mais algumas semanas. No ano passado, Putin rejeitou uma investigação divulgada por vários meios de comunicação, entre eles o site Bellingcat, a rede CNN e Der Spiegel, a qual atribui a responsabilidade do envenenamento ao FSB, os serviços secretos russos, herdeiros da KGB. De acordo com a investigação, baseada na análise de dados por telefone e de vazamento de informação online na Rússia, agentes do FSB, especializados em armas químicas, seguiram o opositor desde 2017.

As autoridades russas afirmaram que durante a estadia de Navalni na Alemanha, ele tinha violado os termos de uma pena suspensa numa das suas condenações por peculato e que seria preso se regressasse ao país. Em 2021, voltou para a Rússia e foi detido.

Detenção

Em agosto de 2023, o ativista russo foi condenado a 19 anos de prisão por organizar, financiar e convocar atividades "extremistas", crimes que ele negou. A sua condenação foi repudiada por Estados Unidos e União Europeia (UE). Antes da condenação, ele já cumpria penas que somavam 11 anos de prisão por violações de liberdade condicional, fraude e desobediência civil. Agora, foi condenado mais uma vez no caso relacionado às atividades da fundação contra corrupção criada por ele.

O estado de saúde do opositor de Putin sempre foi uma preocupação durante o tempo em que ele ficou detido. Em abril do ano passado, a porta-voz de Navalni, Kira Yarmysh, chegou a afirmar que ele poderia ter ingerido algum veneno de ação lenta, por ter emagrecido 2 kg em pouco mais de duas semanas.

Em dezembro do ano passado, ele foi transferido de prisão sem aviso prévio e seus familiares demoraram mais de duas semanas para encontrarem a localização do novo presídio.

No dia 26 de dezembro de 2023, ele publicou uma carta de sua nova prisão no Ártico russo. "Eu sou o seu novo Ded Moroz", escreveu Navalni, referindo-se à versão russa do Papai Noel. "Tenho um casaco de pele de carneiro, um chapéu com abas para as orelhas; devo receber botas de feltro em breve e deixei crescer a barba durante o trânsito de 20 dias." Mas, acrescentou, "o principal é que agora vivo acima do Círculo Polar Ártico".

Navalni foi visto em público pela última vez na quinta-feira, 15, quando compareceu a uma audiência judicial por meio de videoconferência. O ativista russo parecia estar de bom humor e pediu ao juiz parte de seu "enorme salário"

"Porque estou ficando sem dinheiro graças às suas decisões", disse Navalny, se referindo às múltiplas multas que lhe foram impostas, de acordo com um vídeo publicado pela Sotavision, um meio de comunicação russo.

Documentário

Um documentário chamado Navalni, que detalhou a carreira do opositor, seu envenenamento quase fatal e seu retorno a Moscou, ganhou o Oscar de melhor documentário em março de 2023.

"Alexei, o mundo não esqueceu a sua mensagem vital para todos nós: não devemos ter medo de nos opor aos ditadores e ao autoritarismo onde quer que ele apareça", disse o diretor David Roher ao aceitar o Oscar.

A esposa de Navalni também falou na cerimônia de premiação. "Meu marido está na prisão só por dizer a verdade. Meu marido está preso apenas por defender a democracia. Alexei, estou sonhando com o dia em que você será livre e nosso país será livre. Fique forte, meu amor".(Com agências internacionais).

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Termina nesta quinta-feira, 6, o prazo para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito do golpe enviarem suas defesas prévias ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa prévia é o conjunto de argumentos apresentado pelos acusados antes da instauração formal do processo. Serve justamente para tentar convencer os ministros a rejeitar a denúncia e, com isso, encerrar o caso sem a deflagração de uma ação penal.

O prazo de 15 dias começou a contar a partir da notificação dos advogados, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes no dia 19 de fevereiro.

A Primeira Turma do STF vai analisar as manifestações das defesas para decidir se há elementos suficientes para receber a denúncia da PGR. Pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

As defesas montaram forças-tarefa para analisar os autos e preparar sua argumentação. O Estadão apurou que os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi, que representam o ex-presidente Jair Bolsonaro, vão apresentar questões preliminares de ordem processual e entregar o rol de testemunhas para serem ouvidas se a denúncia for recebida.

Em entrevista ao Estadão, logo após a denúncia do procurador-geral Paulo Gonet chegar ao STF, os advogados afirmaram que a tese da acusação "não faz qualquer sentido". Segundo a denúncia, o plano golpista fracassou porque a cúpula do Exército não aderiu. Um dos argumentos da defesa do ex-presidente é o de que, se quisesse dar um golpe, Bolsonaro poderia ter trocado os comandantes das Forças Armadas para obter apoio dos militares.

Prazo

As defesas pediram a suspensão da contagem do prazo alegando que não tiveram acesso a todas as provas da investigação. Os advogados exigem, por exemplo, o espelhamento de todas as mensagens extraídas dos celulares apreendidos no inquérito.

Os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi também defenderam que o prazo deveria ser prorrogado para que as defesas tivessem direito a, no mínimo, o mesmo tempo usado pela PGR para formular a denúncia (83 dias).

Todos os pedidos foram rejeitados por Alexandre de Moraes. O ministro alegou que "o amplo e integral acesso aos elementos de prova já documentados nos autos está plenamente garantido à defesa dos denunciados". Também apontou que os advogados "sempre tiveram total acesso aos autos, inclusive retirando cópias e com ciência dos despachos proferidos".

Alexandre de Moraes levantou o sigilo dos autos depois de receber a denúncia. São 18 volumes de documentos que somam mais de 3 mil páginas.

A delação do tenente-coronel Mauro Cid também foi tornada pública. O STF deu publicidade aos anexos do termo de colaboração premiada, tanto em vídeo como por escrito.

Moraes ainda compartilhou com todos os 34 denunciados provas de investigações sigilosas que têm relação com a denúncia. São investigações que envolvem o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o uso da Polícia Rodoviária Federal para influenciar as eleições de 2022 e os atos do 8 de Janeiro.

Veja quais crimes são atribuídos a Bolsonaro e a seus aliados:

- tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (pena de 4 a 8 anos);

- golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);

- organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);

- dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a 3 anos);

deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).

Veja a lista completa de denunciados:

Ailton Gonçalves Moraes Barros

Alexandre Ramagem

Almir Garnier Santos

Anderson Torres

Angelo Martins Denicoli

Augusto Heleno

Bernardo Romão Correa Netto

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

Cleverson Ney Magalhães

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira

Fabrício Moreira de Bastos

Fernando de Sousa Oliveira

Filipe Garcia Martins

Giancarlo Gomes Rodrigues

Guilherme Marques de Almeida

Hélio Ferreira Lima

Jair Bolsonaro

Marcelo Bormevet

Márcio Nunes de Rezende Júnior

Marcelo Costa Câmara

Mario Fernandes

Marília Ferreira de Alencar

Mauro Cid

Nilton Diniz Rodrigues

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Rafael Martins de Oliveira

Reginaldo de Oliveira Abreu

Rodrigo Bezerra de Azevedo

Ronald Ferreira de Araujo Júnior

Silvinei Vasques

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros

Walter Souza Braga Netto

Wladimir Matos Soares

O ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou a devolução de celulares, computadores, veículos e joias apreendidos pela Polícia Federal na Operação 18 Minutos, que mira suspeitas de corrupção no Tribunal de Justiça do Maranhão.

A decisão foi tomada após a conclusão do inquérito. A PF indiciou três desembargadores e dois juízes por suposta participação em fraudes processuais em troca de propinas.

O ministro justificou que, encerrado o inquérito e a fase de coleta de provas, a retenção dos bens não é mais necessária. "As diligências investigativas atingiram sua finalidade, permitindo que as apurações avancem sem a necessidade de perpetuação de medidas cautelares que impliquem o agravamento da situação dos investigados", diz um trecho da decisão.

Noronha menciona que o Código Penal assegura a restituição de itens apreendidos na investigação criminal "sempre que cessada sua utilidade para o processo investigativo".

"As medidas cautelares não podem se transvestir em penas antecipadas, devendo permanecer estritamente vinculadas à finalidade processual ou investigativa que justificou sua decretação", complementou o ministro.

Somados, os bens apreendidos e o dinheiro bloqueado na Operação 18 Minutos somaram mais de R$ 29 milhões. A ordem inicial de bloqueio era de R$ 17 milhões. Esse foi outro motivo que levou o ministro a liberar os objetos e veículos.

"Considerando os valores apreendidos, que se manterão acautelados, entendo que a manutenção de bens como telefones, computadores, laptops, veículos e joias não encontra justificativa no momento atual."

A decisão sobre a devolução dos bens aos magistrados foi noticiada inicialmente pelo portal Direito e Ordem e confirmada pelo Estadão.

A operação investigou um esquema de corrupção e fraudes na liberação relâmpago de alvarás para pagamento de honorários advocatícios de grandes valores. O nome 18 Minutos batizou a investigação porque esse foi o tempo que decorreu entre uma autorização judicial e o levantamento de grande soma junto ao banco.

A PF indiciou os desembargadores Luiz Gonzaga Almeida Filho, Nelma Celeste Souza Silva Sarney, cunhada do ex-presidente José Sarney, e Antônio Pacheco Guerreiro Junior e dois juízes de primeiro grau. O Estadão já pediu manifestação dos magistrados. O espaço permanece aberto

A repercussão da vitória de Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Internacional no Oscar conseguiu superar a polarização do debate político brasileiro nas redes sociais, aponta um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). A avaliação é que predominaram publicações que exaltam o orgulho pela cultura nacional e que representam o Brasil de forma positiva para o restante do mundo, escanteando os conflitos políticos entre direita e esquerda.

O levantamento também identificou que houve baixo engajamento de perfis alinhados à direita, com poucas contas parabenizando os responsáveis pelo filme ou comentando a vitória.

À esquerda o movimento foi na direção oposta: as publicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - que assim como o ex-deputado Rubens Paiva, cuja história é narrada no filme, foi presa e torturada pela ditadura militar - estiveram entre as com maior volume de interações.

"Foi interessante o silêncio da direita. Não conseguiram construir nenhum argumento crítico contrário. Soaria impatriótico, desumano e não engajaria", analisou o sociólogo Marco Aurélio Ruediger, diretor da Escola de Comunicação da FGV e um dos responsáveis pelo estudo.

Ele avalia que o filme consegue ser patriótico sem ser chauvinista ou reacionário, ao mesmo tempo que transmite uma mensagem de força e potência das mulheres ao narrar a reconstrução pessoal de Eunice Paiva e de sua família.

"Isso dá pista de haver uma fresta para o Brasil se unir e se reinventar quebrando a polarização com base em valores universais e um repertório cultural mais amplo", diz o sociólogo. "É uma pista para a política agora e em 2026", acrescentou.

A vitória de Ainda Estou Aqui gerou cerca de 4 milhões de publicações no X, no Instagram, no YouTube e em sites de notícia e ultrapassou 75 milhões de engajamento geral no Facebook, no X e no Instagram. As publicações sobre a obra na conta oficial da Academia no Instagram (@theacademy) foram responsáveis por 30% de todas as interações do perfil em 2025. Foram 3,8 milhões de interações e 24 milhões de visualizações.