Nobel da Paz russo diz que Alexei Navalni foi assassinado

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O jornalista russo Dmitri Muratov, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2021, denunciou à agência Reuters que a morte na do líder opositor Alexei Navalni foi assassinato. Em mensagem escrita no canal de Telegram de seu jornal, o jornalista atribuiu a morte a torturas que Navalni sofreu durante os anos preso.

"É uma notícia terrível. Tenho certeza de que o coágulo (se houve algum) é consequência direta das 27 punições", escreveu o editor do Nóvaya Gazeta, que foi banido da Rússia. O jornalista, declarado agente estrangeiro pelo Kremlin, motivo pelo qual deixou temporariamente a direção do jornal, afirmou que nessas prisões há privação de mobilidade, comida de baixa caloria, falta de ar e frio constante.

"Alexei Navalni foi submetido a torturas e tormentos durante três anos. Como o médico de Navalni me disse: o corpo não pode suportar isso", enfatizou. "Todo o pessoal médico que trabalha na prisão deve obrigatoriamente ter câmeras. Exigiremos que forneçam as imagens: quando os médicos chegaram, como foi prestado o socorro, se todas as possibilidades para salvá-lo foram esgotadas", destacou.

Navalni morreu nesta sexta-feira, 16, aos 47 anos em uma prisão do Ártico onde cumpria uma pena de 19 anos, um mês antes das eleições que devem consolidar no poder o presidente Vladimir Putin.

As autoridades russas revelaram poucos detalhes das circunstâncias da morte, limitando-se a um comunicado que menciona esforços para reanimar o opositor. "Em 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário N°3, o prisioneiro Navalni A.A. passou mal após uma caminhada e quase imediatamente perdeu a consciência", afirmou o serviço penitenciário da região ártica de Yamal em um comunicado.

"Todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas, mas não apresentaram resultados positivos", acrescenta a nota.

O ativista estava detido desde sua condenação por "extremismo" e cumpria pena de 19 anos de prisão em uma colônia penal remota do Ártico. Os vários processos contra ele foram denunciados como perseguição política e uma estratégia de punição por sua oposição ao presidente Vladimir Putin.

O presidente russo - que nunca pronunciou o nome de Navalni - foi informado sobre o falecimento, indicou seu porta-voz, Dmitri Peskov.

O opositor enfrentou vários problemas de saúde relacionados a uma greve de fome e ao envenenamento que sofreu em agosto 2020 na Sibéria, em plena campanha para as eleições regionais. Ele precisou ser levado para a Alemanha, quando estava à beira da morte, para receber tratamento, uma decisão autorizada pelo Kremlin. Embora soubesse que a detenção o aguardava, Navalni decidiu regressar à Rússia e foi preso em janeiro de 2021 no aeroporto.

Nas audiências de seus processos nos últimos meses, nas quais participou por vídeo, Alexei Navalni apareceu muito mais magro e frágil. Leonid Soloviov, um dos advogados de Navalni, declarou ao Novaya Gazeta que o opositor estava normal quando um de seus representantes o visitou na quarta-feira. "Por decisão da família de Alexei Navalni, não vou fazer nenhum comentário. Agora estamos organizando tudo", disse.

EUA dizem que Rússia é responsável

As principais potências ocidentais, começando pelos Estados Unidos e incluindo Alemanha, França e Reino Unido, lamentaram a morte Navalni. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a Rússia terá que responder a perguntas sérias sobre a morte.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Anthony Blinken, afirmou que a Rússia é responsável pela morte, uma opinião compartilhada pela União Europeia.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, declarou que Putin deve "prestar contas por seus crimes". Durante o julgamento, Navalni descreveu a operação militar russa na Ucrânia como "a guerra mais estúpida e insensata do século XXI".

"Eu gostaria que Putin, todo seu pessoal, todo seu entorno, todo seu governo, seus amigos, saibam que serão punidos pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. Comparecerão diante da Justiça e esse dia chegará em breve", declarou Iulia Navalnaia durante uma cúpula sobre segurança em Munique, na Alemanha.

"Queria lançar um apelo à comunidade internacional, a todos os povos do mundo, para que se unam e lutem contra esse mal, contra esse regime horrível que agora assola a Rússia, e para que esse regime e Vladimir Putin sejam considerados pessoalmente responsáveis por todas as atrocidades cometidas em nosso país durante esses últimos anos", disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), disse nesta quinta-feira, 1.º, que a permanência do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), no cargo passa por uma avaliação das condições políticas do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resiste a demitir o aliado e quer mostrar que o centro da crise está no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Lupi está acossado desde a semana passada pelo escândalo bilionário dos descontos indevidos nos benefícios recebidos por aposentados e pensionistas, que veio à tona após uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

Marinho fez a declaração para a imprensa ao chegar ao ato de 1.º de Maio promovido pelas centrais sindicais na zona norte de São Paulo. Ao contrário de anos anteriores, Lula não participou do evento após o baixo comparecimento no ato de 2024.

De acordo com Marinho, quando há troca de ministro "não necessariamente" o motivo é o cometimento de alguma ilegalidade.

"A condição política pode determinar a continuidade ou não (do ministro do cargo). O que o governo está fazendo é dar instrumento ao ministro Lupi, primeiro, mostrar capacidade de resolver os problemas. Hoje, tem um novo presidente do INSS, que é a instituição principal para solucionar esses problemas. Então, o ministro tem em mãos todas as ferramentas para virar essa chave. Vai depender agora da funcionalidade, da velocidade dessas soluções", disse Marinho.

Como mostrou o Estadão, Lula determinou uma intervenção no INSS e escolheu na quarta-feira, 30, o procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente do órgão. Ele substitui Alessandro Stefanutto, indicado de Lupi que pediu demissão após ser afastado pela operação da PF.

Um dos objetivos da intervenção determinada por Lula é mostrar a origem do esquema, que, de acordo com a Polícia Federal, começou no governo de Jair Bolsonaro.

Este ponto foi reforçado por Luiz Marinho ao chegar ao evento das centrais sindicais. "Esse fato começou em 2019, no governo anterior. Houve ali a criação de uma quadrilha para prejudicar os aposentados e pensionistas. À medida que se descobriu, o governo determinou a apuração rigorosa. Doa a quem doer, nós vamos até o fim da apuração e quem dever tem que pagar", disse.

Macêdo diz que não há nada que 'desabone' conduta de Lupi

Ao discursar no ato em São Paulo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, disse que quem tinha que ser preso, afastado ou demitido assim o foi. Em entrevista, Macêdo afirmou que "até o presente momento" não há nada que "desabone" a conduta de Lupi.

Uma das críticas ao ministro da Previdência Social é a demora em agir após ser informado em 2023 sobre o aumento de denúncias de descontos não autorizados nas aposentadorias e pensões - Lupi nega ter sido omisso e argumenta que ordenou uma apuração sobre o caso, concluída em 2024.

"Ele (Lupi) ou qualquer outro ministro se cometer algum ato que não seja correto está sujeito a ser demitido pelo presidente da República. Reafirmo o que já foi dito pelos autos: não tem nenhum envolvimento do ministro. Portanto, ele tem condição de conduzir sua pasta fazendo as investigações internas que têm que ser feitas", disse Macêdo.

Lula diz que seu governo descobriu fraude no INSS

No pronunciamento feito na quarta-feira em rede nacional de rádio e TV, para comemorar o Dia do Trabalhador, 1.º de Maio, Lula afirmou que foi seu governo quem descobriu a fraude no INSS."Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas", disse o presidente.

Mesmo assim, aliados do presidente defendem a demissão de Lupi, mas o presidente resiste a trocar o aliado para manter o discurso que a crise está concentrada no INSS e para não perder a aliança com o PDT.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), defendeu a permanência do pedetista no cargo e afirmou que não há nada contra ele no inquérito da Polícia Federal.

"O presidente (Lula) sempre é muito cauteloso em relação à presunção de inocência. Eu acho que ele (Lupi) está fazendo as explicações, se defendendo. E, obviamente, se tiver alguma coisa que no futuro venha a envolvê-lo, aí não só ele, como qualquer outro ministro, será afastado", disse Gleisi, em entrevista à GloboNews na quarta-feira.

Na tentativa de conter os danos, a pasta anunciou que parte do dinheiro desviado dos aposentados e pensionistas será devolvido na próxima folha de pagamento. A equipe de Lula ainda tenta encontrar, porém, um instrumento legal para ressarcimento de todo o montante. Pelos cálculos da Polícia Federal, os valores descontados irregularmente, de 2019 a 2024, chegam a R$ 6,3 bilhões.

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou, durante visita à Agrishow, que o partido já tem um nome para disputar a Presidência da República em 2026 - o governador do Paraná, Ratinho Júnior - e que pode ganhar um segundo pré-candidato de peso caso Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, hoje no PSDB, se filie à legenda.

"O PSD já tem uma candidatura colocada: o governador Ratinho Júnior, do Paraná, que é muito bem avaliado e tem plenas condições de se apresentar ao Brasil. Se o Eduardo Leite se filiar ao partido, como existe essa expectativa, será uma grata surpresa para nós e passa a ser também um importante nome", disse Kassab. "Acho que é um privilégio para o partido ter dois pré-candidatos da qualidade do Ratinho e do Eduardo Leite", acrescentou

Kassab reforçou a importância de o PSD priorizar candidaturas próprias nas disputas eleitorais, incluindo a presidencial. "Eu sempre defendi que o partido não pode abrir mão de priorizar uma candidatura própria, especialmente nas disputas majoritárias - seja nas eleições municipais, nas eleições estaduais ou na eleição presidencial", afirmou.

Segundo o dirigente, o partido chegará ao próximo ciclo eleitoral fortalecido. "O PSD está muito consolidado, tem rumo, capilaridade, lideranças expressivas em nível nacional e aqui no Estado de São Paulo também. Isso nos dá muito conforto para dizer que estamos no caminho certo - crescendo e contribuindo com o Brasil", disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), incluiu na pauta do plenário da segunda-feira, 5, um requerimento de urgência para a alteração do número de deputados e o marco das concessões e parcerias público-privadas (PPPs).

A urgência para a mudança no número de deputados se dá por conta do prazo até 30 de junho deste ano, estipulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para a revisão da quantidade de cadeiras em relação à população de cada Estado.

Se aprovado o requerimento, passará a tramitar sob urgência o projeto que veda a redução das 513 cadeiras na Câmara. Para atualizar a representação dos Estados, o projeto amplia o número de deputados. O relator é o deputado Damião Feliciano (União-PB).

Já o marco das concessões está sob a relatoria do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). O projeto tem como objetivo a facilitação de contratos de concessão e de PPPs, com novas regras para as licitações.

Também estão na pauta outros projetos remanescentes de sessões anteriores, como incentivos para a produção de itens de saúde, novas regras para a destinação de recursos de multas de trânsito, medidas contra o tráfico de animais silvestres e a criação de funções comissionadas do Supremo Tribunal Federal (STF).