Nikki Haley promete se manter na disputa contra Trump até o fim das primárias republicanas

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A ex-embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse que vai se manter na disputa contra o ex-presidente Donald Trump nas primárias republicanas independente do resultado no seu estado, a Carolina do Sul, no sábado, 24. Haley é a última grande candidata no caminho de Trump para a indicação presidencial do Partido Republicano, e, apesar de não aparecer com chances nas pesquisas, ela disse que "se recusa a desistir".

Apoiada pelos números mais fortes de arrecadação de fundos de sua carreira política, Haley prometeu permanecer na luta contra Trump pelo menos até depois da lista de mais de uma dúzia de disputas da Super Terça, em 5 de março.

"Dez dias depois da Carolina do Sul, outros 20 Estados votam. Quer dizer, isso não é a Rússia. Não queremos que alguém entre e obtenha apenas 99% dos votos", disse Haley. "Qual é a pressa? Por que todo mundo está tão em pânico por eu ter que sair dessa corrida?"

"Eu me recuso a desistir", disse Haley mais tarde a um pequeno grupo de apoiadores reunidos na Carolina do Sul em um discurso no qual descreveu a justificativa para ficar. "A Carolina do Sul votará no sábado. Mas, no domingo, ainda serei candidato a presidente. Não vou a lugar nenhum."

Alguns republicanos incentivam Haley a permanecer na campanha, mesmo que continue perdendo - potencialmente até a Convenção Nacional Republicana em julho. Sua presença contínua pode ser útil no caso de o ex-presidente de 77 anos, talvez o favorito mais instável da história dos EUA, se tornar um criminoso condenado ou tropeçar em outro grande escândalo.

Enquanto o movimento "Make America Great Again" (MAGA) de Trump pressiona pela saída da republicana, Haley destaca a exposição legal de Trump e critica os trumpistas que dizem que ela prejudica as chances de Trump contra o presidente democrata Joe Biden nas eleições gerais ao se recusar a desistir.

"Isso é a coisa mais ridícula que eu já ouvi. Se eu sair da corrida hoje, será a eleição geral mais longa da história", disse Haley à AP.

Ela também recuou quando questionada se há algum Estado primário onde possa derrotar Trump. "Em vez de me perguntar quais estados eu vou ganhar, por que não perguntamos como ele vai ganhar uma eleição geral depois de passar um ano inteiro em um tribunal?", questionou.

Os obstáculos de Haley

A história sugere que Haley não tem chance de parar Trump. Nunca antes um republicano perdeu as duas primeiras disputas primárias, como Haley tem por uma média de 21 pontos, e foi para a nomeação presidencial do partido. As pesquisas sugerem que ela é uma grande azarã em seu Estado e nas 16 disputas da Super Terça que se seguirão. E desde que anunciou sua primeira candidatura presidencial em 2015, todos os esforços de um republicano para conter a ascensão de Trump fracassaram. No entanto, ela tende à luta.

Para que ninguém questione seu compromisso, a campanha de Haley gasta mais de US$ 500 mil em uma nova campanha publicitária na televisão que começará a ser veiculada nesta quarta-feira, 21, em Michigan, antes das primárias de 27 de fevereiro no Estado, de acordo com a porta-voz Olivia Perez-Cubas. Ao mesmo tempo, Haley agendou viagens para 11 locais em uma semana nos Estados de Michigan, Minnesota, Colorado, Utah, Virgínia, Washington, D.C., Carolina do Norte e Massachusetts.

A programação também inclui pelo menos 10 eventos privados de arrecadação de fundos.

De fato, a extensa base de grandes e pequenos doadores de Haley a financia em um ritmo extraordinário, apesar de seu desempenho abaixo do esperado nas urnas. Isso é um reflexo dos temores republicanos persistentes sobre a capacidade de Trump de conquistar eleitores independentes e moderados nas eleições gerais e sérias preocupações sobre a turbulenta liderança caso ele retorne à Casa Branca.

"Vou apoiá-la até a convenção", disse o doador republicano Eric Levine, que coorganizou uma arrecadação de fundos em Nova York para Haley no início deste mês. "Não estamos preparados para dobrar nossas tendas e orar no altar de Donald Trump."

"Há valor em ela se manter e reunir delegados, porque se e quando ele tropeçar", continuou Levine, "quem sabe o que acontece".

Levine está longe de estar sozinho. Haley arrecadou US$ 5 milhões em uma campanha de arrecadação de fundos após seu segundo lugar em New Hampshire, que incluiu paradas no Texas, Flórida, Nova York e Califórnia, disse a porta-voz Perez-Cubas. Apenas em janeiro, sua campanha arrecadou US$ 16,5 milhões (R$ 81,3 milhões), incluindo US$ 2 milhões em pequenas doações online, e alcançou o melhor mês de financiamento da história da republicana. Isso aconteceu após Trump ameaçar "barrar permanentemente" os apoiadores de Haley de seu movimento MAGA.

Haley arrecadou mais US$ 1 milhão na semana passada nas 24 horas após Trump atacar seu marido, um militar que atualmente serve no exterior.

O único membro do Congresso que endossou Haley, o deputado Ralph Norman, da Carolina do Sul, insistiu que ela permaneceria na disputa mesmo que fosse derrotada no Estado, onde ela mora e foi governadora por dois mandatos.

"Obviamente, você quer ganhar todas, mas para aqueles que dizem que isso vai constrangê-la, ou acabar com sua carreira política, eu discordo. Ela está disposta a correr esse risco", disse Norman em entrevista. "Acho que é uma coisa corajosa que ela está fazendo."

A equipe de Haley está especialmente focada em vários Estados da Super Terça com primárias republicanas abertas ou semiabertas, o que permite que um grupo mais amplo de eleitores participe - especialmente independentes e moderados - em vez de apenas conservadores mais ferrenhos.

Trump não está feliz

Trump, nos últimos dias, mostrou lampejos de fúria em resposta à recusa de Haley em ceder a nomeação.

Ele a chamou de "estúpida" e "cérebro de pássaro" em uma publicação nas redes sociais no fim de semana e sua campanha divulgou um memorando antes de seu discurso na terça-feira prevendo que ela seria forçada a sair da corrida depois de perder seu estado natal no sábado.

"O verdadeiro 'Estado' da campanha de Nikki Haley?", escreveram os chefes de campanha de Trump. "Quebrado, sem ideias, sem gás e completamente superado por todas as medidas, por Donald Trump."

Ansioso para se preparar para uma disputa eleitoral contra Biden, o ex-presidente republicano adota medidas agressivas para assumir o controle do Comitê Nacional Republicano, a máquina política nacional do Partido Republicano, que deve permanecer neutra nas eleições primárias presidenciais. Na semana passada, Trump anunciou planos para instalar o conselheiro sênior de sua campanha, Chris LaCivita, como diretor de operações do CNR e a nora Lara Trump como co-presidente do comitê.

Há toda a expectativa de que a atual presidente do comitê, Ronna McDaniel, renuncie após Trump vencer as primárias da Carolina do Sul e as autoridades do partido acabem concordando com os desejos do ex-presidente. Reservadamente, a equipe de Haley admite que não há nada que possa fazer para impedir a tomada de poder por Trump.

Em seu discurso, Haley disse que "não tem medo da retaliação de Trump". "Não estou procurando nada dele", disse ela. "Meu próprio futuro político é de zero preocupação."

Haley, na entrevista à AP, também alertou o partido para não deixar Trump invadir os cofres do conselho para pagar seus honorários legais, enquanto mantém tem uma visão de curto prazo das perspectivas políticas do republicano.

A posição de Trump mudará fundamentalmente se ele for um criminoso condenado antes do dia da eleição, disse Haley, reconhecendo que tal resultado é uma possibilidade muito real, já que Trump lida com 91 acusações criminais em quatro casos criminais separados.

"As pessoas não estão olhando seis meses para o futuro quando esses casos judiciais ocorreram", disse Haley. "Ele vai estar em um tribunal durante todo o mês de março, abril, maio e junho. Como é que se ganha uma eleição geral quando estes casos continuam a correr e os julgamentos continuam a chegar?"

Quanto ao seu caminho a seguir, Haley disse que está focada apenas em seus planos até a Super Terça. Quanto à permanência na disputa até a convenção de julho, ela disse que não pensou muito à frente.

Alguns eleitores gostariam que ela o fizesse. Gil White, um veterano republicano de 75 anos de James Island, Carolina do Sul, disse que era um apoiador de Trump até que o ex-presidente criticou o marido de Haley, um militar, na semana passada. "Menosprezar um militar em destacamento é demais", disse White ao participar de um comício de Haley na ilha de Kiawah no fim de semana.

Ele reconheceu preocupações com as chances de Haley contra Trump, mas disse que quer que ela permaneça na disputa mesmo que continue perdendo. "Quero a escolha", disse.

Em outra categoria

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, escolheu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para ser a ministra de Relações Institucionais (SRI) no lugar de Alexandre Padilha, anunciado como próximo ministro da Saúde. A decisão de Lula é considerada uma reviravolta. Até poucos dias atrás, o mundo da política dava como certo que Gleisi assumiria a Secretaria-Geral da Presidência da República no lugar de Márcio Macêdo.

A informação foi confirmada em nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) nesta sexta-feira, 28.

Segundo o comunicado, Lula se reuniu com Gleisi nesta sexta pela manhã e a convidou para o cargo.

"Gleisi vai substituir o atual ministro da SRI, Alexandre Padilha, que foi recém-indicado para o Ministério da Saúde. A posse da nova ministra está marcada para o dia 10 de março", disse a Secom.

A presidente do PT passou a se posicionar para assumir a articulação política do governo há poucos dias. A reportagem ouviu especulações sobre seu nome pela primeira vez na última sexta-feira, 21, mas ainda como uma possibilidade muito remota. O nome da presidente do PT cresceu nesta semana, mesmo Lula sendo desaconselhado de indicar a aliada para o cargo.

A entrada de Gleisi Hoffmann na SRI também era tratada com ceticismo em Brasília porque a presidente do PT demonstrou ter perfil combativo nos últimos anos, enquanto a área exigiria um perfil de negociação mais flexível.

Gleisi é presidente do PT desde 2017 e esteve à frente do partido em alguns de seus momentos mais críticos. A posição a fez ganhar fama de sectária.

Novo polo de poder

A ida de Gleisi Hoffmann para o Planalto também cria um novo polo de poder no Palácio do Planalto. Hoje, a principal força política no governo abaixo de Lula consiste nos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), ambos vindos da Bahia e aliados de longa data. Na avaliação de petistas, Gleisi tem tamanho suficiente para contrariá-los, se achar necessário.

Ao longo de todo o governo, Gleisi Hoffmann expôs divergências com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Aliados da petista costumam dizer que, como presidente do partido, ela tinha a obrigação de tentar puxar o governo para a esquerda, daí às falas que contrariavam a política de Haddad. Há uma avaliação de que a disciplina que exige um cargo no primeiro escalão do governo fariam as divergências entre Gleisi e o ministro da Fazenda diminuírem.

Um sinal nesse sentido foi dado pela própria petista no fim de semana, durante a festa de 45 anos da legenda. Ela deu os parabéns a Haddad por seu trabalho na área fiscal. "O desequilíbrio orçamentário, estamos resolvendo. Colocando um compromisso com as contas públicas. Nós estamos promovendo uma dos maiores ajustes fiscais da história desse país", disse ela em discurso.

PT

Com Gleisi no governo, o PT precisará de um novo quadro para presidir o partido até junho, quando haverá eleições. O nome mais citado para esse mandato-tampão é do líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). Lula quer eleger Edinho Silva como presidente do partido no meio do ano.

O entorno do chefe do governo acredita que, com a ida de Gleisi para o coração do governo, a resistência de setores do PT ao nome de Edinho Silva para a direção do partido diminuirá.

O grupo político de Gleisi vinha fazendo movimentos para tentar emplacar outro presidente para a legenda, possivelmente Guimarães.

Carreira

Gleisi Helena Hoffmann tem 59 anos, é advogada, deputada federal e já ocupou diversos cargos na política. Foi senadora pelo Paraná de 2011 a 2018. Também foi ministra da Casa Civil de 2011 a 2014, durante o governo de Dilma Rousseff.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, usou seu perfil no X, antigo Twitter, para desejar boas vindas e bom trabalho para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que assumirá a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) em 10 de março. Segundo ele, a petista "vem para somar".

O anúncio de Gleisi como ministra foi feito pelo Palácio do Planalto em uma nota no começo da tarde desta sexta-feira.

"A companheira e deputada federal Gleisi Hoffmann vai integrar o governo federal. Vem para somar na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, na interlocução do Executivo com o Legislativo e demais entes federados. O Alexandre Padilha ministro anterior da Articulação Política assumirá o Ministério da Saúde. Bem-vinda e bom trabalho", disse o presidente da República.

A escolha por Gleisi Hoffmann foi uma reviravolta. Até a semana passada, era dado como certo em Brasília que ela iria para a Secretaria Geral da Presidência da República no lugar do ministro Márcio Macêdo.

O nome da presidente do PT para a Secretaria de Relações Institucionais passou a ser mais cotado ao longo desta semana. O chefe do governo, como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), chegou a perguntar a aliados sobre a possibilidade de escalar a petista para o cargo e a ser desaconselhado.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, e outros três ministros assinaram nota em defesa de Alexandre de Moraes após o governo dos Estados Unidos criticar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). "Nenhum juiz brasileiro julga sozinho um litígio, por menor que seja, sem que da sua decisão caiba pelo menos um recurso para órgão colegiado, no mesmo tribunal ou em tribunal superior. Essa é a maior garantia que os cidadãos e as empresas brasileiros e estrangeiros têm de que a lei, sem arbitrariedade ou privilégio, valerá igualmente para todos", diz a nota.

Além de Benjamin, assinam a nota os ministros Luis Felipe Salomão, vice-presidente do STJ e corregedor da Justiça Federal, Mauro Campbell Marques, corregedor nacional de Justiça, e Benedito Gonçalves, diretor da Escola Nacional da Magistratura (Enfam).

"O Brasil preza e celebra a independência, a integridade e a imparcialidade dos seus juízes, assim como a inviolabilidade do devido processo legal, conforme prescrevem a Constituição e as leis", prossegue o texto.

A nota ainda exalta as similaridades entre o Brasil e os EUA e as trocas de experiências e conhecimento entre magistrados dos dois países e ressalta que quem aposta em conflito entre as instituições judiciais presta um "desserviço à história" de ambos.

"Na essência das nossas afinidades, há admiração e respeito recíprocos entre os nossos povos, o que nos oferece base confiável para que as instâncias nacionais competentes possam resolver divergências eventuais, sempre naturais, no relacionamento cotidiano. Assim, presta um desserviço à nossa história comum e ao futuro promissor da nossa cooperação quem apostar em conflito entre as nossas instituições, sobretudo as judiciais", afirmam os ministros.

Na semana passada, Moraes determinou o bloqueio da plataforma Rumble no Brasil sob o argumento de que a empresa descumpriu ordens judiciais. Em resposta, o Departamento de Estado dos Estados Unidos fez uma publicação no X criticando a decisão. "O respeito à soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar indivíduos que lá vivem é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão", disse o órgão do governo americano.