Russos votam no segundo dia da eleição destinada a dar mais seis anos de poder a Vladimir Putin

Internacional
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Os eleitores de toda a Rússia estão votando neste sábado, 16, no segundo dia de uma eleição marcada para formalizar mais seis anos de poder para o presidente Vladimir Putin, que não enfrenta adversários sérios depois de esmagar a oposição política ao longo de seus quase 25 anos de governo.

A eleição ocorre no contexto de uma repressão implacável que sufocou os meios de comunicação independentes e grupos de direitos humanos proeminentes. O mais agressivo inimigo de Putin, Alexei Navalni, morreu em uma prisão no Ártico em fevereiro, e outros críticos estão na prisão ou no exílio.

Putin, de 71 anos, enfrenta três rivais simbólicos de partidos amigos do Kremlin, que se abstiveram de qualquer crítica a ele ou à invasão da Ucrânia. Putin classificou a guerra na Ucrânia, agora em seu terceiro ano, como uma batalha existencial contra os Estados Unidos e outras potências ocidentais empenhadas em destruir a Rússia.

Líquido verde nas urnas

Autoridades dizem que a votação ocorre de maneira ordenada. Mas foram relatados pelo menos meia dúzia de casos de vandalismo em locais de votação na sexta-feira e no sábado, incluindo uma ação incendiária e várias pessoas derramando líquido verde nas urnas. O último caso foi uma aparente homenagem a Navalni, que em 2017 foi atacado por um agressor que salpicou desinfetante verde no seu rosto.

Após os relatos de vandalismo, legisladores russos sugeriram a introdução de uma nova lei para punir os sabotadores eleitorais com penas de até oito anos de prisão.

Ataques de drones

Também neste sábado, a guerra ficou tangível nas ruas da Rússia, quando ataques de drones e mísseis ucranianos atingiram mais uma vez o país. Duas pessoas foram mortas em um bombardeio ucraniano em Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia, disse o governador regional, Vyacheslav Gladkov, no Telegram. Dezenas de pessoas foram mortas na região desde o início da guerra.

Um ataque de drone ucraniano causou um incêndio em uma refinaria de petróleo pertencente à gigante petrolífera russa Rosneft, na região de Samara, 1.065 quilômetros a sudeste de Moscou, disse o governador regional, Dmitry Azarov.

Apesar dos ataques, analistas dizem que o Kremlin espera elevada participação nas eleições, como um sinal de que os russos aprovam a guerra.

O movimento de oposição da Rússia apelou aos que estão insatisfeitos com Putin ou com a guerra a comparecerem às urnas ao meio-dia de domingo, 17, último dia de votação, como forma de protesto. A estratégia foi endossada por Navalni pouco antes de sua morte.

A eleição ocorre em locais de votação nos 11 fusos horários da Rússia, em regiões anexadas da Ucrânia e online.

Líderes ocidentais ridicularizaram a votação como uma farsa da democracia. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, felicitou zombeteiramente Putin na sexta-feira, 15, pela "sua vitória esmagadora" em uma eleição que tecnicamente ainda estava em curso. "Sem oposição. Sem liberdade. Sem escolha", escreveu ele na plataforma de mídia social X (antigo Twitter).

Além da falta de opções para os eleitores, as possibilidades de monitoramento independente são muito limitadas. Não estiveram presentes observadores internacionais significativos. Apenas candidatos registrados e aprovados pelo Kremlin - ou órgãos consultivos apoiados pelo Estado - podem designar observadores para os locais de votação, diminuindo a probabilidade de fiscalizações independentes.

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A Justiça do Distrito Federal negou nesta segunda-feira, 24, uma ação por danos morais movida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Bolsonaro pedia uma indenização de R$ 50 mil e retratação pública por falas que o ligariam ao assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. A defesa do ex-presidente ainda pode recorrer da decisão.

O juiz Júlio César Lérias Ribeiro, do 6º Juizado Especial Cível de Brasília, entendeu que os fatos descritos no processo estavam prescritos. Eles ocorreram entre 2018 e 2021, mas o prazo para ações de indenização por danos morais é de três anos. A informação é do portal Metrópoles.

Na decisão, o magistrado escreveu que as declarações de Boulos não ultrapassaram os limites da crítica política. Elas também estariam protegidas pelo direito à liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar do deputado federal, já que ocorreram no exercício do mandato.

Na ação, Bolsonaro apresentou publicações do X (antigo Twitter) e uma entrevista de Boulos à CNN, em que ele teria feito "ilações" e "acusações" sobre uma suposta participação do ex-presidente no assassinato da então vereadora do PSOL.

Na entrevista, Boulos disse: "O que levaria Bolsonaro, se não tivesse nada a esconder em relação ao assassinato da Marielle Franco, a colocar sob sigilo telegramas do Itamaraty que tratam do caso Marielle? Quem deve teme!".

Já em postagens na rede social, o deputado escreveu: "O pacote 'anticrime' de Moro reforça sombrias aproximações entre o governo Bolsonaro e Duterte, das Filipinas que é acusado de, no passado, ter liderado 'esquadrões da morte', semelhantes à milícia suspeita de matar Marielle Franco e de ter ligações com a família de Bolsonaro".

O juiz ressaltou que as declarações foram feitas em perfis institucionais de Boulos, "utilizadas exclusivamente para divulgar sua atividade político-parlamentar". As falas, segundo o magistrado, estariam relacionadas ao debate político e cobertas pela garantia da imunidade parlamentar.

Bastante aplaudida, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, discursou por mais de 30 minutos em evento nesta terça-feira, 25, no Palácio do Planalto, em que fez questão de cumprimentar diversos integrantes da equipe do ministério, Fiocruz e órgãos relacionados à pasta. A cada citação, Nísia recebia aplausos da plateia. Ao final da fala, a ministra assinou parcerias para fortalecimento da produção e inovação de vacinas e biofármacos e pediu para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava sentado, se levantasse para participar de fotos com os documentos assinados.

"Presidente, venha você também, presidente", disse a ministra. O evento ocorreu nesta terça-feira, 25, no Palácio do Planalto e acontece diante da expectativa de que a ministra seja demitida da pasta. O presidente não discursou.

"Agradeço ao presidente e a todos que participaram dessa iniciativa, por chegarmos a esse resultado", disse a ministra, ao final da fala. "Muito obrigada e viva o SUS", concluiu o discurso. Nísia, então, foi aplaudida de pé.

Em um determinado momento do discurso, o embaixador Fernando Igreja, chefe do cerimonial da Presidência, foi até o chefe do Executivo e o entregou uma pasta. Na conversa, que durou alguns instantes, Lula apontou para o relógio. Em diversas cerimônias, Lula já contou que combinou com os ministros do governo de não falarem por mais de cinco minutos em eventos. A fala de Nísia, porém, ultrapassou 30 minutos.

A chefe da Saúde também foi ovacionada ao chegar à cerimônia. Ao ser anunciada, as pessoas da plateia gritaram e bateram fortes palmas, em um sinal de apoio ao seu nome no governo.

A expectativa é de que Lula converse nesta terça-feira com a ministra para falar sobre sua demissão do cargo. O favorito para ocupar a chefia da Saúde é o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Pesquisa CNT divulgada nesta terça-feira, 25, mostrou que 69,4% dos brasileiros não tiveram conhecimento sobre a eleição realizada para a escolha dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, em fevereiro deste ano. De acordo com a sondagem, somente 28,8% dos brasileiros tiveram conhecimento da realização das eleições para esses cargos, e um total de 1,8% não soube ou não respondeu.

O levantamento indicou ainda que, para 68,6% dos brasileiros, a escolha dos presidentes do Senado e da Câmara afetam diretamente a vida da população. Na opinião de 21,5% dos entrevistados, essas eleições não afetam diretamente a população, e 9,5% não souberam ou não responderam.