A Câmara dos Estados Unidos votou nesta sexta-feira, 12, para prorrogar por dois anos a controvertida lei de vigilância, que permite o acesso a e-mails, mensagens e ligações de cidadãos americanos sem mandado. O governo Joe Biden tem defendido que a ferramenta é crucial no combate ao terrorismo e aos crimes cibernéticos, mas os críticos acusam violação do direito à privacidade.A Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (Fisa da sigla em inglês) prevê o acesso à comunicações estrangeiras, como o nome sugere. Entretanto, os dados podem incluir contatos com cidadãos americanos, o que abre brecha para que eles também sejam vigiados sem autorização.
As revelações de que o FBI teria usado esses poderes para investigar manifestantes do movimento Black Lives Matter, doadores de campanha e parlamentares aumentou a desconfiança em torno da lei, criticada por democratas e republicanos em rara concordância.
A Fisa expira na próxima sexta-feira, 19, e a prorrogação havia sido bloqueada três vezes nos últimos meses. Para garantir a aprovação na Câmara, a nova autorização foi reduzida dos cinco anos previstos inicialmente para dois. A mudança ajudou a conter a conter a resistência dos republicanos mais radicais ao possibilitar que a lei seja revista por Donald Trump, caso ele volte à Casa Branca.
O ex-presidente se opôs à renovação e disse de forma incorreta que a lei teria sido usada para espionar a sua campanha. "MATEM A FISA", escreveu em letras maiúsculas na sua rede, a Truth Social, na quarta-feira. "FOI USADA ILEGALMENTE CONTRA MIM E MUITOS OUTROS. ELES ESPIONARAM A MINHA CAMPANHA", acrescentou.
No mesmo dia, os republicanos impediram que o texto fosse à votação do plenário. Depois da derrota, o texto foi modificado e a votação final terminou com placar de 273 a 147 (147 republicanos e 126 democratas foram a favor; 59 republicanos e 88 democratas foram contra). A Fisa agora segue para o Senado, onde é esperado aval bipartidário.
O resultado é considerado uma vitória para o presidente da Câmara, Mike Johnson (republicano), que tem a liderança desafiada dentro do próprio partido. A deputada Marjorie Taylor Greene, da ala mais radical, ameaça forçar uma resolução para destituí-lo, como aconteceu com o seu antecessor Kevin McCarthy, derrubado por uma rebelião republicana.
O momento mais dramático da votação desta sexta-feira ocorreu pela manhã, quando os deputados discutiram a emenda que proibiria a vigilância de cidadãos americanos sem mandado, alteração que foi derrubada num empate: 212-212. Johnson, a Casa Branca e os defensores da Fisa eram contra.
Depois que a emenda foi rejeitada, Marjorie Taylor Greene voltou a criticar Mike Johnson e disse não ver diferença entre ele e Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara pelo Partido Democrata. Durante a semana, ela já havia acusado o líder republicano de "servir aos democratas".
Diante do fogo cruzado, Trump apareceu ao lado de Johnson e disse que o presidente da Câmara está fazendo um trabalho muito bom em gesto de apoio. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)
Câmara dos EUA aprova renovação de controvertida lei que permite vigilância sem mandado
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