Imagens das câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, mostram o momento em que o policial federal Philipe Roters Coutinho acompanha Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-chefe da Procuradoria Especializada do INSS, por uma área restrita do terminal. Depois, o policial dá uma carona ao procurador em uma viatura da Polícia Federal.
Coutinho trabalha na Delegacia da PF no aeroporto, mas está afastado das funções enquanto é alvo de investigação sobre sua suposta relação com o esquema de fraudes de R$ 6,3 bilhões contra aposentados do INSS.
Procurado pelo Estadão, o advogado Cristiano Barros, que representa o agente, informou que ele não "possui qualquer vínculo com as questões relativas ao INSS".
O agente foi alvo da Operação Sem Desconto, deflagrada na semana passada. A Polícia Federal apreendeu US$ 199,6 mil em dinheiro vivo no apartamento dele. A defesa afirma que as explicações sobre a origem do dinheiro "serão prestadas perante as autoridades competentes no momento oportuno".
O escândalo põe sob pressão o ministro Carlos Lupi (Previdência). O presidente do INSS Alessandro Stefanutto pediu demissão após ordem judicial decretar seu afastamento do cargo. A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo de e-mails e conversas por aplicativos de Stefanutto e de seis ex-dirigentes do alto escalão do INSS dos últimos cinco anos, entre 2021 e 2025.
A Justiça Federal também suspendeu o acesso do agente Philipe Roter Coutinho aos sistemas da Polícia Federal, inclusive por conexão remota, e mandou quebrar seu sigilo de mensagem. Com isso, os investigadores terão acesso a conversas de e-mail e por aplicativo do policial.
Além do procurador-geral do INSS, o empresário Danilo Trento também aparece nas filmagens do aeroporto. O episódio aconteceu em novembro de 2024.
Trento teria recebido repasses do empresário Maurício Camisotti, dono do Grupo Total Health, apontado como possível beneficiário dos golpes nos aposentados.
Afora as conexões do policial, outro dado chamou a atenção da PF: seu padrão de viagens, considerado suspeito. Durações curtas, algumas de bate e volta, com passagens compradas em cima da hora, principalmente com destino a Brasília.