Irã lança ataque direto a Israel e agrava conflito no Oriente Médio

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O Irã lançou um inédito ataque direto contra Israel no sábado, 13, o que conduz a "guerra na sombra" travada durante anos pelos dois países para um conflito aberto. O Exército de Israel estima que 200 drones e mísseis de cruzeiro tenham sido disparados do território iraniano, em retaliação a um ataque aéreo israelense no início de abril contra a embaixada iraniana em Damasco, ação que matou altos comandantes iranianos. Israel disse que a maioria dos mísseis e drones foi interceptada e os estragos foram mínimos.

Houve relatos de ataques contra Israel também de aliados do Irã como os houthis, no Iêmen, o Hezbollah, no Líbano, e milícias xiitas no Iraque.

As defesas antiaéreas de Israel foram acionadas em todo país. Sirenes de ataque aéreo soaram em Jerusalém enquanto uma série de explosões era ouvida nos céus, indicando que o sistema de defesa aérea de Israel, o Domo de Ferro, tinha interceptado drones ou mísseis.

O serviço de emergência de Israel informou que um menino de 10 anos de Arad ficou gravemente ferido e outros israelenses se feriram levemente enquanto corriam para abrigos antiaéreos.

Os espaços aéreos de Israel, Líbano, Jordânia e Iraque foram fechados. Dezenas de aviões militares israelenses sobrevoavam espaço aéreo israelense, prontos para abater aeronaves iranianas, segundo um funcionário da defesa israelense, que falou sob condição de anonimato para cumprir o protocolo militar.

A fonte israelense acrescentou que Israel poderia tentar abater aeronaves que se aproximassem antes que chegassem ao espaço aéreo israelense. Segundo o jornal israelense Haaretz, aviões jordanianos também interceptaram dezenas de drones lançados contra Israel.

Um oficial da defesa americano disse que os EUA também estavam abatendo os drones lançados pelo Irã. "Nossas forças permanecem posicionadas para fornecer apoio defensivo adicional e proteger as forças dos EUA que operam na região", disse o oficial, sob condição de anonimato.

Caças britânicos e aviões de reabastecimento aéreo baseados no Chipre assumiram grande parte da missão de contraterrorismo nos céus do Iraque e do nordeste da Síria. Isso liberou aviões de guerra americanos que normalmente operam lá para ajudar a defender Israel contra o ataque iraniano, disse uma autoridade britânica ao New York Times.

Esperava-se que os disparos tivessem como alvo as Colinas do Golan e uma base da força aérea israelense no deserto de Negev, disseram as autoridades.

O ataque, embora esperado, marca uma escalada significativa nas hostilidades entre os dois antigos inimigos. É também a primeira vez que um ataque de um país da região é lançado contra Israel desde a Guerra do Golfo, em 1991, quando Saddam Hussein lançou mísseis Scud contra o país.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que seu país estava se preparado para se defender e prometeu uma resposta. Ele se reuniu com seu gabinete de guerra.

"Nos últimos anos e especialmente nas últimas semanas Israel tem se preparado para um ataque direto do Irã. Nossos sistemas de defesa estão em ação e estamos preparados para qualquer cenário, tanto defensivo quanto ofensivo", disse o premiê. "O Estado de Israel, seu povo e seu Exército são fortes e temos um princípio muito claro. Quem nos machuca será machucado por nós."

A Casa Branca prometeu ajudar Israel a se defender. O presidente americano, Joe Biden, encurtou um fim de semana em sua casa de férias em Delaware para retornar à Casa Branca e se reunir com sua equipe de segurança nacional.

Em uma postagem no X ao final da reunião, Biden reforçou o apoio "inflexível" dos EUA à segurança de Israel. A postagem inclui uma fotografia do encontro, na qual é possível identificar a presença dos secretários de Estado, Antony Blinken, e Defesa, Lloyd Austin, além de outras autoridades.

A Guarda Revolucionária do Irã disse num comunicado transmitido pela televisão estatal que tinha lançado "dezenas de drones e mísseis" contra Israel do território iraniano "em reação ao que chamou "crimes do regime sionista".

A Guarda Revolucionária emitiu uma segunda declaração, ainda neste sábado, dirigida aos EUA. "Advertimos o governo terrorista dos EUA que qualquer apoio ou participação no ataque aos interesses do Irã terá uma resposta feroz das Forças Armadas do Irã."

Desconhecido

"O Irã e Israel estão levando a região para águas desconhecidas. Não é possível mensurar o quanto esse momento é perigoso e o quanto suas consequências podem ser desastrosas", disse o cientista político Ali Vaez, diretor do programa de Irã do Crisis Group.

A ação do Irã neste sábado ocorreu após uma semana de tratativas diplomáticas e relatórios contraditórios sobre até que ponto Teerã iria em resposta ao ataque de Damasco, e se correria o risco de iniciar uma guerra aberta com Israel.

Altos funcionários iranianos e comandantes militares comprometeram-se a retaliar desde o ataque aéreo israelense em Damasco, em 1.º de abril.

Sete oficiais iranianos, incluindo três comandantes da Guarda Revolucionária, foram mortos no ataque, desencadeando a promessa iraniana de vingança. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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Já em solo russo, conforme a previsão de sua agenda, a primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, tinha o compromisso de visitar o Kremlin, em Moscou às 11h10 deste sábado - o fuso horário da cidade está seis horas à frente do Brasil.

Janja chega ao país antes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 de maio para participar, no dia seguinte, da Cerimônia de celebração dos 80 anos do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial.

Em março, a primeira-dama viajou para o Japão também uma semana antes de Lula, quando foi fortemente criticada por não divulgar seus compromissos oficiais. Desde 25 de abril, no entanto, o Palácio do Planalto passou a divulgar a agenda de Janja. Até a chegada do presidente à Rússia, ela cumprirá uma série de agendas entre os dias 3 e 8 de maio, segundo informou hoje o Palácio do Planalto.

"Tendo em vista a relação entre Rússia e Brasil, com importantes acordos de cooperação na área de educação e cultura, Janja focará as agendas nesses temas, além da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que a primeira-dama tem promovido desde quando a Aliança foi proposta pelo presidente Lula durante a presidência brasileira do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo)", traz a agenda da primeira-dama.

Ainda antes da chegada do presidente, Janja terá agendas com a comunidade brasileira na Rússia, em Moscou, incluindo encontro com professores de língua portuguesa e alunos na Biblioteca de Literatura Estrangeira. A primeira-dama também irá participar de evento na Universidade HSE sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e o seu fator de potencializar a cooperação entre os países.

A convite do governo russo, Janja irá visitar diversos locais de importância histórica e cultural para o país, como o Teatro Bolshoi. A assessoria do Planalto lembra que o Brasil é o único país fora da Rússia que possui uma filial do Teatro Bolshoi e da Escola do Teatro Bolshoi. Além do Kremlin, ela também visitará o Museu Hermitage, a Catedral do Sangue Derramado e a Fábrica de Porcelana Imperial, uma das mais antigas da Europa, fundada em 1744 e primeira e única empresa na Rússia produzindo produtos de porcelana artísticos.

A agenda prevê ainda que, também a convite do governo russo, a primeira-dama fará breve visita à cidade de São Petersburgo, capital cultural da Rússia, onde irá se encontrar com professores russos e estudantes dos cursos de Português e Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo, além de visitar o Teatro Mariinsky, uma das principais companhias de balé da Rússia, onde irá assistir o balé "Lago dos Cisnes".

A partir do dia 8 de maio, com a chegada do presidente Lula a Moscou, a primeira-dama o acompanha em todos os eventos oficiais.

O governo federal anunciou nesta sexta-feira, 2, a escolha de Wolney Queiroz para o comando do Ministério da Previdência Social. A nomeação foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União. Em um longo histórico político, Wolney tem alinhamento com pautas caras ao PT, mas teve desgaste recente quando se aproximou do PL nas eleições municipais de seu reduto eleitoral.

Wolney ocupava o cargo de secretário-executivo da Previdência desde o início do atual governo, posição considerada o segundo posto mais importante dentro de um ministério. A mudança ocorre após a saída de Carlos Lupi, que pediu demissão em meio à crise gerada por investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre descontos irregulares em benefícios pagos pelo INSS em montante que pode chegar a R$ 8 bilhões.

Segundo informações da GloboNews, Wolney Queiroz estava presente quando o então ministro Carlos Lupi foi informado sobre o aumento de denúncias de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Apesar da gravidade do problema, Lupi não tomou providências imediatas, conforme as atas das reuniões. A informação foi revelada pelo "Jornal Nacional" e confirmada pelo Estadão.

Trajetória

Com informações do site da Câmara dos Deputados, é possível recuperar um longo histórico da vida pública de Wolney. Nascido em 1972 em Caruaru (PE), ele é filiado ao PDT desde 1992. Iniciou a carreira política como vereador em sua cidade natal, onde presidiu a Câmara Municipal. Em 1995, assumiu o primeiro de seis mandatos consecutivos como deputado federal por Pernambuco.

Durante sua atuação no Congresso Nacional, foi vice-líder do PDT em diferentes períodos entre 1995 e 2013, liderou a bancada do partido entre 2020 e 2022 e chefiou o bloco de oposição ao governo Jair Bolsonaro em 2022. Também presidiu a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, além de participar de comissões como Constituição e Justiça, Defesa do Consumidor e Desenvolvimento Urbano.

Em votações de grande repercussão, votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Foi contrário à PEC do Teto de Gastos e à Reforma Trabalhista no governo Michel Temer, e apoiou a abertura de investigação contra o então presidente Temer em 2017.

Ainda entre as posições sobre projetos, Queiroz votou contra a reforma da Previdência em 2019, posicionando-se de forma crítica à proposta. Mas também esteve envolvido em episódios que geraram críticas. Em 2021, foi criticado por parte do PDT por votar a favor da PEC dos Precatórios no primeiro turno de votação. Mas votou contra a medida no segundo turno. A PEC permitiu ao governo adiar o pagamento de dívidas judiciais para abrir espaço no orçamento público para a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Filho do ex-prefeito José Queiroz (PDT), mantém influência na política local de Caruaru. Em 2023, confirmou que o partido lançaria seu pai como candidato à prefeitura de Caruaru. Por outro lado, a aproximação com o PL, em articulações políticas em Jaboatão dos Guararapes, provocou desconforto em setores do governo e dentro do próprio PDT, colocando em debate sua permanência em cargos na administração federal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou Carlos Lupi do cargo de ministro da Previdência. Como novo titular da Pasta, foi nomeado Wolney Queiroz, que era secretário-executivo do ministério.

Os atos foram publicados em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira, 2 de maio. A exoneração de Lupi foi feita a pedido.

Mais cedo, o pedetista publicou em suas redes sociais que havia entregado o cargo depois de se reunir com o presidente Lula no Palácio do Planalto. O pedido de demissão ocorreu após o ministro ter sido pressionado pela repercussão da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal em 23 de abril.

A investigação apura um esquema de deduções indevidas em contracheques de aposentados e pensionistas do INSS. Segundo os investigadores, o total de descontos sem autorização chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Considerando dados desde 2016, o montante pode chegar a quase R$ 8 bilhões.