Irã lançou mais de 300 drones e mísseis, e Israel interceptou 99%; retaliação preocupa

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Israel comemorou neste domingo, 14, sua defesa aérea bem-sucedida diante de um ataque sem precedentes do Irã, afirmando que, junto com seus aliados, frustrou 99% dos mais de 300 drones e mísseis lançados em direção ao seu território.

No entanto, as tensões regionais permanecem altas, diante do medo de uma escalada adicional no caso de um possível contra-ataque israelense.

"O Irã lançou mais de 300 ameaças, e 99% foram interceptadas", disse o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz militar israelense. "Isso é um sucesso."

Israel disse que o Irã lançou 170 drones, mais de 30 mísseis de cruzeiro e mais de 120 mísseis balísticos. Na manhã de domingo (noite de sábado no Brasil), o Irã disse que o ataque havia terminado e Israel reabriu seu espaço aéreo.

Questionado se Israel responderia, Hagari disse que o país faria o que fosse necessário para proteger seus cidadãos. Ele afirmou que nenhum dos drones e mísseis de cruzeiro atingiu Israel e que apenas alguns dos mísseis balísticos passaram.

O contra-almirante declarou que, dos mísseis de cruzeiro, 25 foram abatidos pela força aérea israelense e que um dano menor foi causado a uma base aérea israelense, mas disse que ela ainda estava funcionando.

Socorristas disseram que apenas uma menina de 7 anos foi gravemente ferida no sul de Israel, aparentemente em um ataque de míssil, embora tenham dito que a polícia ainda estava investigando as circunstâncias de suas lesões.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, postou uma mensagem curta no X (antigo Twitter): "Nós interceptamos. Nós bloqueamos. Juntos, venceremos."

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, também comemorou os resultados, agradecendo aos EUA e outros países por sua assistência. Ele disse que Israel precisa permanecer vigilante e se preparar para qualquer cenário, mas chamou as interceptações de "grande sucesso".

Biden busca solução diplomática

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que convocaria uma reunião do G7 (as sete maiores democracias) ainda neste domingo "para coordenar uma resposta diplomática unida ao ataque descarado do Irã".

A linguagem indicou que a administração Biden não quer que o ataque do Irã se transforme em um conflito militar mais amplo. O Irã tomou a decisão em resposta a um ataque amplamente atribuído a Israel em um prédio consular iraniano na Síria no início deste mês, que matou dois generais iranianos.

A Guarda Revolucionária paramilitar do Irã emitiu uma nova ameaça contra os EUA. "O governo terrorista dos EUA é advertido de que qualquer apoio ou participação em prejudicar os interesses do Irã será seguido por uma resposta decisiva e que causará arrependimento pelas forças armadas do Irã", disse um comunicado divulgado pela IRNA.

Ataque inédito do Irã em décadas

Os dois inimigos têm se engajado em uma guerra sombria marcada por incidentes como o ataque em Damasco. Mas o bombardeio do Irã, que acionou sirenes de ataque aéreo por Israel inteiro, foi o primeiro ataque militar direto do Irã a Israel, apesar de décadas de inimizade que remontam à Revolução Islâmica do país em 1979.

Israel, ao longo dos anos, estabeleceu - muitas vezes com a ajuda dos Estados Unidos - uma rede de defesa aérea multicamadas capaz de interceptar uma variedade de ameaças, incluindo mísseis de longo alcance, mísseis de cruzeiro, drones e foguetes de curto alcance.

Esse sistema, juntamente com a colaboração com os EUA e outras forças, ajudou a frustrar o que poderia ter sido um ataque muito mais devastador em um momento em que Israel já está atolado em sua guerra contra o Hamas em Gaza e envolvido em combates de menor escala em sua fronteira norte com a milícia Hezbollah do Líbano. Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são apoiados pelo Irã.

O que acontece agora?

Israel anunciou que reabriu seu espaço aéreo, afrouxando uma restrição que havia imposto antes do ataque, embora as escolas permanecessem fechadas em todo o país. A vizinha Jordânia também reabriu seu espaço aéreo.

O general Mohammad Hossein Bagheri, chefe do estado-maior das forças armadas iranianas, disse que a operação estava encerrada, segundo a agência de notícias estatal IRNA. "Não temos intenção de continuar a operação contra Israel", afirmou.

Israel está particularmente orgulhoso do sucesso de sua defesa, pois contrasta acentuadamente com as falhas que sofreu durante o ataque do Hamas em 7 de outubro. Enfrentando o Hamas, um inimigo muito menos poderoso, as defesas de fronteira de Israel entraram em colapso, e o Exército levou dias para repelir os militantes invasores - uma derrota embaraçosa para o exército mais forte e bem equipado do Oriente Médio.

Embora frustrar o ataque iraniano possa ajudar a restaurar a imagem de Israel, o que ele faz a seguir será observado de perto tanto na região quanto nas capitais ocidentais. Em Washington, Biden disse que as forças dos EUA ajudaram Israel a derrubar "quase todos" os drones e mísseis e prometeu reunir aliados para desenvolver uma resposta unificada.

Biden, que havia interrompido uma estadia de fim de semana em sua casa de praia em Delaware para se reunir com sua equipe de segurança nacional na Casa Branca no sábado à tarde, falou com Netanyahu mais tarde no dia.

"Eu disse a ele que Israel demonstrou uma capacidade notável de se defender contra e derrotar até mesmo ataques sem precedentes - enviando uma mensagem clara aos seus inimigos de que eles não podem ameaçar efetivamente a segurança de Israel", afirmou Biden.

Em um comunicado no domingo, o secretário de Estado Antony Blinken disse que os EUA "não buscam escalada" e realizariam conversas com seus aliados nos próximos dias. Os EUA, juntamente com seus aliados, enviaram mensagens diretas a Teerã para alertar contra uma escalada adicional do conflito.

Líderes do G7 realizarão uma videoconferência no domingo à tarde para discutir os ataques iranianos contra Israel, de acordo com a Itália, que detém a presidência do grupo de países desenvolvidos, que inclui os Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha e Canadá.

Negociações com Hamas sofrem revés

O Irã prometeu vingança desde o ataque aéreo de 1º de abril na Síria, pelo qual Teerã responsabilizou Israel. Israel não comentou publicamente sobre isso. Israel e o Irã estiveram em rota de colisão ao longo da guerra de seis meses de Israel contra militantes do Hamas em Gaza, desencadeada pelo ataque de 7 de outubro a Israel.

Naquele dia, militantes do Hamas e da Jihad Islâmica, também apoiados pelo Irã, mataram 1.200 pessoas em Israel e sequestraram outras 250. Uma ofensiva israelense em Gaza causou devastação generalizada e matou mais de 33.000 pessoas, de acordo com autoridades de saúde locais.

Negociações em andamento, destinadas a trazer um cessar-fogo em troca da libertação dos reféns, pareciam ter sofrido um revés neste domingo. O gabinete de Netanyahu disse que o Hamas rejeitou a última proposta de acordo, que havia sido apresentada ao Hamas uma semana atrás por mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos.

Um oficial do Hamas disse que o grupo quer um "compromisso escrito claro" de que Israel se retirará da Faixa de Gaza durante a segunda de uma negociação de cessar-fogo em três fases. O acordo apresentado às partes prevê um cessar-fogo de seis semanas em Gaza, durante o qual o Hamas liberaria 40 dos mais de 100 reféns que o grupo mantém no enclave em troca de 900 prisioneiros palestinos das prisões de Israel, incluindo 100 cumprindo longas penas por crimes graves.

O Hamas saudou o ataque do Irã, dizendo que era "um direito natural e uma resposta merecida" ao ataque na Síria e instou os grupos apoiados pelo Irã na região a continuar apoiando o Hamas na guerra contra Israel.

Quase imediatamente após o início da guerra, o Hezbollah começou a atacar a fronteira norte de Israel. Os dois lados têm se envolvido em trocas de fogo diárias, enquanto grupos apoiados pelo Irã no Iraque, Síria e Iêmen lançaram foguetes e mísseis em direção a Israel.

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O relator do caso contra o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Ricardo Maia (MDB-BA), pediu a suspensão do mandato do parlamentar do PL por seis meses, pela "conduta incompatível com o decoro parlamentar" em relação à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e ao deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).

De forma indireta, em uma sessão na Câmara, Gilvan disse que Gleisi "deve ser uma prostituta do caramba" e confrontou Lindbergh após ser chamado de "desqualificado". O caso está em avaliação no colegiado nesta terça-feira, 6.

Segundo Maia, as condutas de Gilvan, nos dois incidentes, "ultrapassam os limites da liberdade de expressão parlamentar, com ataques pessoais e desqualificação moral, por meio de termos ofensivos e desrespeitosos, que ferem a dignidade das autoridades atingidas e comprometem os valores institucionais da Câmara dos Deputados".

No último dia 1.º, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou uma representação contra Gilvan pela suposta quebra de decoro parlamentar ao ofender a ministra Gleisi Hoffmann (PT).

O documento assinado por Motta argumenta que o deputado do PL ofendeu a ministra ao vinculá-la ao termo "amante", numa referência a uma alcunha que teria sido atribuída à petista em um suposto esquema de favorecimento envolvendo a empresa Odebrecht.

Gilvan fazia referência à chamada "lista da Odebrecht", relacionada à Operação Lava Jato, em 2016. Nessa "super planilha", o nome de Gleisi aparecia entre os de 279 políticos de 22 partidos, sob a suspeita de ter recebido repasses ilegais da construtora.

Não é o primeiro incidente controverso de Gilvan ao longo desse seu primeiro mandato, iniciado em 2023. Neste ano, ele já desejou a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em outubro do ano passado, Gilvan foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de calúnia e difamação contra Lula por chamar o presidente de "ladrão" e "corrupto", além de atacar o então ministro da Justiça e hoje ministro da Suprema Corte, Flávio Dino, durante o ato do Movimento Pró-Armas em Brasília, em julho de 2023.

Em junho de 2024, o deputado desafiou o senador Marcos do Val (Podemos-ES) para uma briga num ringue profissional em discurso proferido no plenário da Câmara. Nesse mesmo mês, deu um empurrão em um homem que gritou "viva a maconha" em uma sessão de comissão na Câmara e pediu revista do cidadão.

Já em dezembro de 2023, Gilvan chamou o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) de "traidor" em uma sessão do Congresso Nacional e precisou ser apartado por seguranças.

Na véspera do julgamento, Gilvan foi ao plenário pedir desculpas. "Se algum deputado se sentiu ofendido, eu discordo totalmente de ataques à família. Nunca fiz isso enquanto vereador de Vitória e, aqui nesta Casa, eu jamais faria isso. Então, eu peço desculpa a quem se sentiu ofendido e ao presidente da Câmara", afirmou.

Motta disse que tomou a decisão para "zelar pelo bom funcionamento da instituição", mas que a postura de Gilvan nesta segunda-feira, 5, "engrandece o mandato". "Nós vamos ver o que o Conselho de Ética irá decidir amanhã, mas Vossa Excelência, aqui no plenário, colocando e se comprometendo a uma mudança de conduta, a uma mudança de comportamento, eu penso que isso engrandece o seu mandato", afirmou.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira, 6, durante evento com empresários do agronegócio, que a regularização fundiária tem avançado e está sendo tratado como prioridade pelo Estado. Ao referir-se a campanhas de ocupações coordenadas de propriedades rurais, como o "carnaval vermelho", o governador afirmou que em São Paulo só tem "carnaval verde e amarelo".

Mencionando avaliações de que seria impossível realizar a regularização fundiária no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo, Tarcísio disse que 50% dos assentamentos já estão regularizados. "A gente vem trazendo isso como uma grande prioridade do governo", comentou em discurso feito durante a abertura de fórum realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Após acrescentar que não basta só fazer a regularização fundiária, o governador de São Paulo disse que tem trabalhado para fazer com que a agroindústria trabalhe junto com os assentados.

As deficiências de infraestrutura e de falta de irrigação, conforme Tarcísio, estão sendo resolvidas com financiamento. Na esteira da privatização da Sabesp, ressaltou, São Paulo vai dar "a grande virada de chave" com o maior programa de saneamento básico em áreas rurais de sua história. Conforme Tarcísio, graças à atração de capital privado, serão investidos no Estado R$ 70 bilhões em saneamento até 2029.

"Nenhum Estado da federação vai fazer esse esforço, vai fazer o que nós estamos fazendo aqui. E isso, obviamente, já é possível porque a gente está atraindo muito capital privado", declarou Tarcísio, num discurso no qual abordou as oportunidades que se abrem ao Brasil em meio à guerra comercial deflagrada pelo governo americano. "Neste momento, a desorganização global nos abre as portas. Temos o melhor agro do mundo."

O governador disse também que o agronegócio brasileiro, em especial o paulista, será o primeiro a se descarbonizar completamente. O Estado de São Paulo, assinalou, vai ser o primeiro Estado a substituir completamente o diesel, a começar pelas lavouras, que vem empregando mais máquinas e equipamentos movidos a biometano e etanol.

Se as eleições para governador de São Paulo fossem hoje, Tarcísio de Freitas (Republicanos) seria reeleito para mais um mandato no Palácio dos Bandeirantes. Segundo o novo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira, 6, nos dois cenários em que o atual governador aparece como um dos possíveis candidatos, ele vence com mais de 20 pontos porcentuais de diferença para o segundo colocado. O governador também é o mais citado no cenário espontâneo, em que os nomes não são apresentados ao eleitor.

No primeiro cenário estimulado, Tarcísio tem 42,1% das intenções de voto ante o segundo colocado, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), com 21,1%. Em terceiro, aparece a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que tem ganhado projeção com a campanha pelo fim da escala de trabalho 6x1, com 9,4% das menções.

Na sequência estão o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), com 5,5%, o prefeito tiktoker de Sorocaba (SP) e correligionário de Tarcísio, Rodrigo Manga (Republicanos), com 4,8%, e o ex-prefeito de Santo André Paulo Serra (PSDB), com 4%. O empresário Filipe Sabará (Republicanos), coordenador do plano de governo de Pablo Marçal (PRTB) nas eleições do ano passado pelo comando da capital paulista, aparece com 0,8%. Os que não souberam ou não responderam são 4,1%, e outros 8,2% votariam branco ou anulariam o voto.

Tarcísio afirma que sua intenção é concorrer à reeleição em São Paulo em 2026. Contudo, é um dos principais nomes cotados pela direita para substituir Jair Bolsonaro (PL) na disputa à Presidência. O ex-presidente está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.

Nas pesquisas de intenção de voto ao Planalto, Tarcísio e a mulher de Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), são os nomes mais fortes para concorrer contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como mostrou o Estadão, o governador já afirmou em conversas reservadas que não vai se desincompatibilizar em abril do próximo ano (prazo máximo para quem concorrerá nas próximas eleições sair do atual cargo que ocupa) porque não quer perder o controle sobre o próprio destino. Tarcísio avalia não haver garantia de que Bolsonaro indicará um nome para sucedê-lo na eleição de 2026 com tanta antecedência. Mesmo assim, vem marcando presença nas manifestações bolsonaristas e tem colado sua imagem como braço direito do ex-presidente.

Em um segundo cenário, em que Alckmin não é listado, mas sim, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), as posições permanecem inalteradas, apenas com variações numéricas. Tarcísio mantém a liderança, com 46,5%, e França tem 11,9% das intenções de voto. Há duas semanas, o ministro afirmou que pretende disputar o governo de São Paulo no ano que vem.

Quando Tarcísio não é listado e seu nome dá lugar ao do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o emedebista também fica à frente de França, com 29,5% ante 16,2%. Já quando nem prefeito nem governador estão entre os nomes disponíveis, França pontua 20,6% das intenções, mas brancos e nulos (ou nenhum candidato) é a maior porcentagem, com 25%. Esse é o único cenário em que presidente nacional do PSD e secretário de Tarcísio, Gilberto Kassab, é listado, e teria o voto de 6,7% dos entrevistados.

Cenário espontâneo

No cenário espontâneo da pesquisa, em que os entrevistados devem indicar um nome sem ter acesso a uma lista de possíveis candidatos, Tarcísio aparece com 18,8% das menções. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem 1,2%, empatado com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A pesquisa entrevistou 1.700 eleitores, em 85 municípios paulistas, entre os dias 1º e 4 de maio. A margem de erro é de 2,4 pontos porcentuais, e o índice de confiança de 95%.

Aprovação de gestão

A pesquisa também perguntou aos eleitores se aprovam ou desaprovam a administração do governador paulista até o momento. São 66,8% os que dizem aprová-la. Outros 28,9% dizem desaprovar o governo.

O índice pouco variou de acordo com a série histórica da pesquisa, desde novembro do ano passado, quando 68,8% aprovava a gestão de Tarcísio, e 26,7% desaprovava.

Para 49,5%, o trabalho do governador está "ótimo" ou "bom", enquanto 18,4% consideram "ruim" ou "péssimo".