Atriz pornô Stormy Daniels depõe pela 1ª vez em julgamento de Donald Trump

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A atriz pornô Stormy Daniels, cujo relato de um encontro sexual com Donald Trump levou ao primeiro julgamento criminal de um presidente americano, fala pela primeira vez durante um depoimento no tribunal de Manhattan nesta terça-feira, 7. Em um testemunho que já passa de duas horas, ela detalhou os encontros que teve com Trump em troca de aparecer em seu programa de televisão.

Daniels, que recebeu US$ 130 mil (R$ 454 mil) em 2016 do advogado pessoal de Trump em troca de seu silêncio, é a maior testemunha a depor até agora no caso. Seu depoimento traz à tona um escândalo que ameaçou descarrilar a candidatura de Trump e pairou sobre sua presidência, mudando o curso da política americana. Esta é a primeira vez que Daniels relata sua versão estando na mesma sala que Trump desde que sua história se tornou pública seis anos atrás.

No seu depoimento, Daniels descreveu como Trump a conquistou com uma possível ofertar de aparecer em seu programa televisivo, "O Aprendiz". Ela o descreveu como "pomposo" e "arrogante" - e também perguntou se ele era casado. Trump, sentado a apenas alguns metros do banco das testemunhas, manteve uma expressão carrancuda durante todo o tempo, e em certo ponto pareceu murmurar um palavrão.

A atriz, que disse ter tido relações sexuais com Trump em 2006, estava vendendo essa história à imprensa uma década depois, nos últimos dias da campanha presidencial entre Trump e Hillary Clinton. Mas o advogado e conselheiro de longa data do ex-presidente, Michael Cohen, fez um acordo para enterrar a história antes do dia da eleição. O ex-presidente é acusado de falsificar registros comerciais para encobrir seus reembolsos ao advogado.

Daniels deu detalhes explícitos aos jurados sobre o encontro com Trump em um torneio de golfe em 2006 na área de Lake Tahoe, Nevada, o qual levou a um encontro sexual em sua suíte de hotel lá. Ela disse que viu Trump pela última vez durante vários encontros em 2007, quando ainda esperava aparecer em seu programa. Trump nega ter tido relações sexuais com a atriz.

Pouco antes da corte parar para um intervalo de almoço, ela falou sobre receber US$ 130 mil pouco antes das eleições de 2016 para permanecer em silêncio sobre o encontro. Daniels disse que não foi motivada pelo dinheiro.

Ela contou que tinha uma boa saúde financeira quando decidiu autorizar sua gerente Gina Rodriguez a comercializar sua história com Trump durante o ciclo eleitoral presidencial de 2016. Daniels disse que não tinha intenção de abordar Cohen ou Trump para que comprassem sua história. "Minha motivação não era dinheiro, era divulgar a história", disse.

Inicialmente, ela não recebeu nenhum interesse de veículos de notícias. Mas isso mudou após o lançamento da fita "Access Hollywood" em outubro de 2016, um mês antes da eleição. Daniels testemunhou que soube por meio de Rodriguez que Cohen estava interessado em comprar seu silêncio. "Eles estavam interessados em pagar pela história, o que era a melhor coisa que poderia acontecer porque meu então marido não descobriria", disse Daniels.

Esta manhã, Trump postou no Truth Social, sua rede social, uma mensagem irritada dizendo que havia acabado de saber quem seria a próxima testemunha e que seus advogados "não tinham tempo" para se preparar. Ele removeu a postagem 30 minutos depois, provavelmente porque corria o risco de ser acusado de violar, novamente, a ordem dos promotores que o impede de atacar testemunhas e outros conectados ao julgamento.

O caso

Daniels, de 45 anos, cujo nome é Stephanie Clifford e criada em Baton Rouge, na Lousiana, disse antes de seu depoimento que seu encontro com o Trump aconteceu em julho de 2006, depois de ele se tornar uma estrela de televisão com seu reality show, "O Aprendiz."

Eles se encontraram no estande de uma produtora de pornografia, Wicked Pictures, em um torneio de golfe em Nevada, e há uma foto deles juntos. Depois, ela disse, ele a convidou para sua suíte de hotel, e eles fizeram sexo. Ele também a convidou para aparecer em "O Aprendiz," disse ela, mas isso nunca aconteceu.

Eles se reuniram de uma maneira muito diferente em 2016. Daniels queria tornar público seu encontro com o Trump, uma revelação potencialmente devastadora para o principal candidato republicano na eleição de 2016.

Foi quando Cohen soube de sua reivindicação e correu para enterrá-la dias antes da eleição de 2016. Ele criou uma empresa de responsabilidade limitada, pegou uma linha de crédito de US$130 mil usando sua casa como garantia e enviou o dinheiro a Stormy Daniels.

Cohen ainda não depôs, mas várias testemunhas disseram que ele não é uma pessoa generosa e provavelmente não teria feito o pagamento à Daniels sem a direção e aprovação de Trump.

O pagamento em si não é ilegal, mas sim a maneira como ocorreu. Após Trump vencer a eleição e se mudar para a Casa Branca, Cohen se encontrou com o então presidente no Salão Oval no início de 2017 e pediu para ser reembolsado pelo acordo. Cheques começaram a fluir para o Cohen, que foram registrados como "despesas legais" nos livros contábeis da Organização Trump.

Os promotores dizem que o rótulo errado tinha por objetivo ocultar o acordo para manter silêncio, e eles fundamentam as 34 acusações de crime contra o Trump.

Daniels subiu ao banco das testemunhas nesta terça após Sally Franklin, uma funcionária da Penguin Random House, que leu livros escritos por Trump enquanto os promotores procuravam usar suas palavras contra ele. Ela discutiu passagens sobre como ele se concentra em detalhes minuciosos e vigia cada centavo que sai de suas contas. Na segunda-feira, duas testemunhas guiaram os jurados pelos registros financeiros que ligam o Trump ao reembolso, a maior parte do qual veio de sua conta pessoal.

O magnata republicano, que afirma ser vítima de uma "caça às bruxas", frequenta desde 15 abril o tribunal de Manhattan, onde testemunhas esclarecem os bastidores de sua campanha eleitoral de 2016, diante do júri popular que vai decidir seu destino.

Se for considerado culpado, Trump poderá ser condenado à prisão, embora isso não o impeça de assumir a presidência do país, caso vença as eleições em novembro.

O magnata culpa seu atual rival, o presidente Joe Biden, por ter que comparecer às inúmeras audiências em vez de fazer campanha. (Com agências internacionais)

Em outra categoria

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira, 5, o arquivamento de inquérito que investigava o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), por suposta omissão no 8 de Janeiro, quando centenas de pessoas invadiram os prédios públicos da Praça dos Três Poderes.

Moraes acolheu manifestação do procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, que, ao apurar o caso, concluiu que "esgotadas as diligências viáveis e sem outra linha investigatória idônea, a partir dos elementos de informação produzidos até o momento, os fatos relatados não revelam justa causa hábil a autorizar o prosseguimento da persecução penal contra Ibaneis Rocha Barros Júnior".

As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) incluíram o afastamento dos sigilos telefônico e telemático e a apreensão de equipamentos eletrônicos. Após análise, não foram constatados atos de Ibaneis Rocha para "mudar planejamento, desfazer ordens de autoridades das forças de segurança, omitir informações a autoridades superiores do governo federal ou mesmo impedir a repressão do avanço dos manifestantes durante os atos de vandalismo e invasão".

A PF também não encontrou indícios de que dados tenham sido apagados dos aparelhos celulares do governador, informou o STF na noite desta quarta-feira.

Ibaneis Rocha chegou a ser afastado temporariamente do cargo durante a investigação. O governador entregou voluntariamente dois celulares para a Polícia Federal periciar. Nos aparelhos foram encontradas cópias de documentos repudiando os ataques e pedindo apoio da Força Nacional para a proteção da Praça dos Três Poderes.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviou nesta quarta-feira, 5, ao Supremo Tribunal Federal (STF) um parecer contrário ao pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para estender o prazo de apresentação de defesa sobre a denúncia de tentativa de golpe de Estado. O prazo para que Bolsonaro e os demais denunciados no inquérito apresentem suas defesas prévias termina nesta quinta-feira, 6.

No parecer, Gonet argumentou que a legislação não prevê a possibilidade de ampliação desse prazo. "Inexiste previsão legal para prorrogação de prazo que vise a apresentação de resposta preliminar (artigos 4º da Lei n. 8.038/1990 e 233 do RISTF). O pretendido prazo idêntico ao período em que os autos permaneceram sob análise do parquet igualmente não encontra respaldo legal", afirmou o procurador-geral. 6. As informações são da Agência Brasil.

A decisão sobre o pedido ficará agora a cargo do ministro do STF Alexandre de Moraes, que deverá analisar o parecer da PGR.

A defesa de Bolsonaro havia recorrido da decisão de Moraes para que o prazo fosse estendido para 83 dias, sob o argumento de que esse período seria equivalente ao tempo em que o processo permaneceu na Procuradoria-Geral da República para a formulação da denúncia. Como alternativa, os advogados pediram que fosse concedido um prazo dobrado de 30 dias para a apresentação das manifestações.

Moraes já havia rejeitado o pedido da defesa de Jair Bolsonaro para estender o prazo de resposta. Os advogados alegaram não ter acesso a todas as provas do processo. O magistrado argumentou que uma consulta simples ao andamento processual comprovava que os advogados do ex-presidente tiveram amplo acesso aos autos.

O ministro também destacou que a solicitação de ampliação ou duplicação do prazo não possuía respaldo legal, já que a legislação vigente estabelece um limite de 15 dias para a apresentação de respostas preliminares.

Termina nesta quinta-feira, 6, o prazo para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito do golpe enviarem suas defesas prévias ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa prévia é o conjunto de argumentos apresentado pelos acusados antes da instauração formal do processo. Serve justamente para tentar convencer os ministros a rejeitar a denúncia e, com isso, encerrar o caso sem a deflagração de uma ação penal.

O prazo de 15 dias começou a contar a partir da notificação dos advogados, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes no dia 19 de fevereiro.

A Primeira Turma do STF vai analisar as manifestações das defesas para decidir se há elementos suficientes para receber a denúncia da PGR. Pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

As defesas montaram forças-tarefas para analisar os autos e preparar sua argumentação. O Estadão apurou que os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi, que representam o ex-presidente Jair Bolsonaro, vão apresentar questões preliminares de ordem processual e entregar o rol de testemunhas para serem ouvidas se a denúncia for recebida.

Em entrevista ao Estadão, logo após a denúncia do procurador-geral Paulo Gonet chegar ao STF, os advogados afirmaram que a tese da acusação "não faz qualquer sentido". Segundo a denúncia, o plano golpista fracassou porque a cúpula do Exército não aderiu. Um dos argumentos da defesa do ex-presidente é o de que, se quisesse dar um golpe, Bolsonaro poderia ter trocado os comandantes das Forças Armadas para obter apoio dos militares.

Prazo

As defesas pediram a suspensão da contagem do prazo alegando que não tiveram acesso a todas as provas da investigação. Os advogados exigem, por exemplo, o espelhamento de todas as mensagens extraídas dos celulares apreendidos no inquérito.

Os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi também defenderam que o prazo deveria ser prorrogado para que as defesas tivessem direito a, no mínimo, o mesmo tempo usado pela PGR para formular a denúncia (83 dias).

Todos os pedidos foram rejeitados por Alexandre de Moraes. O ministro alegou que "o amplo e integral acesso aos elementos de prova já documentados nos autos está plenamente garantido à defesa dos denunciados". Também apontou que os advogados "sempre tiveram total acesso aos autos, inclusive retirando cópias e com ciência dos despachos proferidos".

Alexandre de Moraes levantou o sigilo dos autos depois de receber a denúncia. São 18 volumes de documentos que somam mais de 3 mil páginas.

A delação do tenente-coronel Mauro Cid também foi tornada pública. O STF deu publicidade aos anexos do termo de colaboração premiada, tanto em vídeo como por escrito.

Moraes ainda compartilhou com todos os 34 denunciados provas de investigações sigilosas que têm relação com a denúncia. São investigações que envolvem o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o uso da Polícia Rodoviária Federal para influenciar as eleições de 2022 e os atos do 8 de Janeiro.

Veja quais crimes são atribuídos a Bolsonaro e a seus aliados:

- tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (pena de 4 a 8 anos);

- golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);

- organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);

- dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a 3 anos);

- deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).

Veja a lista completa de denunciados:

1.Ailton Gonçalves Moraes Barros

2.Alexandre Ramagem

3.Almir Garnier Santos

4.Anderson Torres

5.Angelo Martins Denicoli

6.Augusto Heleno

7.Bernardo Romão Correa Netto

8.Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

9.Cleverson Ney Magalhães

10.Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira

11.Fabrício Moreira de Bastos

12.Fernando de Sousa Oliveira

13.Filipe Garcia Martins

14.Giancarlo Gomes Rodrigues

15.Guilherme Marques de Almeida

16.Hélio Ferreira Lima

17.Jair Bolsonaro

18.Marcelo Bormevet

19.Márcio Nunes de Rezende Júnior

20.Marcelo Costa Câmara

21.Mario Fernandes

22.Marília Ferreira de Alencar

23.Mauro Cid

24.Nilton Diniz Rodrigues

25.Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho

26.Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

27.Rafael Martins de Oliveira

28.Reginaldo de Oliveira Abreu

29.Rodrigo Bezerra de Azevedo

30.Ronald Ferreira de Araujo Júnior

31.Silvinei Vasques

32.Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros

33.Walter Souza Braga Netto

34.Wladimir Matos Soares