Restrições de asilo e limite de travessias: entenda como norma dos EUA impacta imigrantes

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Em um esforço de última hora para diminuir o fluxo de entradas ilegais antes da eleição de novembro, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, emitiu nesta terça-feira, 4, ações executivas para restringir a travessia de migrantes pela fronteira sul do país e suspender o processamento de asilo na fronteira com o México quando as entradas ilegais atingem um limite considerado excessivo.

A ordem foi definida para entrar em vigor às 12h01 de quarta-feira, 5, salvo contestações legais, segundo o The New York Times. Com a medida, a fronteira entre os Estados Unidos e o México será fechada temporariamente se as travessias ilegais ultrapassarem 2,5 mil por dia. A ordem de fechamento só seria suspensa após o governo voltar a registrar a média de 1,5 mil travessias ilegais ou menos por dia ou menos, durante uma semana.

O fechamento, portanto, seria imediato, já que cerca de 4 mil pessoas entram nos Estados Unidos todos os dias, de acordo com a Associated Press. Na segunda-feira, 3,5 mil pessoas atravessaram sem autorização, em linha com as tendências das últimas semanas, disse uma fonte, sob condição de anonimato, para o The New York Times.

A decisão de Biden ocorre num momento em que as passagens de fronteira permanecem elevadas em relação aos padrões históricos, mas caíram mais de 50% em relação aos níveis recordes estabelecidos em dezembro. As medidas devem impactar brasileiros o oitavo país de origem com maior número de imigrantes ilegais chegando nos Estados Unidos em 2022, de acordo com o Departamento de Segurança interna americano.

Até então, quando os migrantes eram detidos ao passarem de forma ilegal pela fronteira, autoridades de migração questionavam se havia riscos a essas pessoas caso elas voltassem ao país de origem. Nestes casos, após uma triagem inicial, muitas dessas pessoas eram autorizadas a permanecer nos Estados Unidos aguardando por uma audiência nos tribunais de imigração.

Agora, os migrantes que dizem ter medo de regressar ainda podem pedir asilo nos Estados Unidos, mas esse pedido deve ser feito de forma voluntária, sem que as autoridades os questionem. Além disso, serão examinados por agentes de asilo dos EUA, mas sob um padrão mais elevado do que o que está atualmente em vigor. Se forem aprovados, poderão continuar procurando outras formas de proteção humanitária, incluindo as estabelecidas na Convenção das Nações Unidas contra a Tortura.

Assim, migrantes podem receber ordens de deportação mesmo que lhes seja negada a oportunidade de procurar asilo. Isso irá expô-los a processos criminais se tentarem entrar novamente no país e proibi-los durante vários anos de entrar legalmente no país.

México aceitará migrantes de volta

Desde que Biden assumiu o cargo, as autoridades mexicanas concordaram pela primeira vez em aceitar de volta um grande número de pessoas que cruzaram a fronteira não mexicana e foram consideradas inelegíveis para asilo nos EUA. Mas o México geralmente limita os retornos aos centro-americanos, cubanos, venezuelanos e alguns haitianos. O compromisso do país latino não se estende a outras nacionalidades.

Isto cria desafios para as autoridades dos Estados Unidos, que precisam organizar deportações rápidas para um número recorde de migrantes que chegam de outras nações da América do Sul, inclusive o Brasil, e países da África e Ásia, incluindo nações com as quais os EUA não têm boas relações diplomáticas, como a China e a Rússia.

Na medida do possível, o Departamento de Segurança Interna manterá detidos os que solicitam proteção, em vez de os libertar no país. Mas os recursos do governo serão testados pelos espaços de detenção e aeronaves disponíveis limitados para voos de deportação.

Exceções preocupam

Com a nova norma, menores de idade não acompanhados que atravessam a fronteira sem um dos pais ficarão isentos das restrições, bem como vítimas de tráfico humano, pessoas que possuem vistos ou que enfrentam emergências médicas graves ou ameaças às suas vidas, de acordo com o Departamento de Segurança Interna.

No entanto, a flexibilização para menores de idade desperta preocupaçõess, pelo aumento de possibilidade de alguns pais enviarem os seus filhos e filhas por meio da fronteira sem eles, destaca Ruben Garcia, que presta assistência a migrantes, conforme ocorreu com o Protocolos de Proteção de Migrantes" (MPP, na sigla em inglês), implementado por Donald Trump.

"Você tinha todas essas famílias esperando em Juárez (cidade no México) por todo o processo de asilo. A tentação começou a aumentar entre as famílias, pelo medo que tinham da espera, para começar a mandar seus filhos menores fazerem a travessia sozinhos", relembra.

Garcia também chama atenção para a ambiguidade presente nas exceções da nova norma, particularmente em casos que envolvem o risco de retorno a situações de perigo. "A questão é: quem determinará o que situação é crítica e qual situação é leve? Aí voltamos, novamente. Terá que haver um processo para poder distinguir entre quem tem um caso leve e quem não tem", pontua. (COM INFORMAÇÕES DE AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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A Justiça do Distrito Federal condenou nesta terça-feira, 29, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) ao pagamento de R$ 200 mil por danos morais coletivos. A sentença é resultado de uma ação civil pública movida contra o parlamentar após um discurso considerado ofensivo à população trans. Procurado, o deputado não retornou.

Em março de 2023, durante uma sessão na Câmara dos Deputados, Nikolas usou uma peruca e se apresentou como "deputada Nikole". Na ocasião, ele afirmou, em tom irônico, que se sentia uma mulher e que, por se considerar de "gênero fluido", bastava colocar ou tirar a peruca para se transformar na "deputada Nikole".

"As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres", disse o parlamentar. Ele também afirmou que empresas estariam deixando de contratar mulheres para dar lugar a "homens que se sentem mulheres", em referência à população trans.

Na sentença, a juíza Priscila Faria da Silva, da 12ª Vara Cível de Brasília, considerou que o discurso do deputado mineiro ultrapassou os limites do direito à livre manifestação do pensamento e constituiu "verdadeiro discurso de ódio", na medida em que descredibiliza a identidade de gênero assumida pela população transsexual e insuflam a sociedade a fazer o mesmo.

"A ausência de termos explicitamente ofensivos não desnatura o cunho discriminatório do discurso, evidenciado desde a utilização de uma peruca para escarnecer a transição de gênero por que passam os indivíduos transsexuais até a propagação da ideia de que a existência de mulheres trans põe em risco direitos como a segurança e a liberdade de mulheres cisgênero", escreveu a magistrada na decisão.

A juíza da 12ª Vara Cível de Brasília julgou parcialmente procedentes os pedidos apresentados pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (Abrafh), ao considerar que as declarações de Nikolas Ferreira configuraram dano moral coletivo.

Porém, ela reduziu significativamente o valor da indenização solicitado pelas entidades. Na ação, as associações pediam o pagamento de R$ 5 milhões. Como a decisão foi em primeira instância, cabe recurso.

Essa não foi a primeira vez que Nikolas foi condenado em uma ação do tipo. Em abril de 2023, o deputado federal foi sentenciado pela Justiça de Minas Gerais a pagar uma indenização de R$ 80 mil à também parlamentar Duda Salabert (PDT-MG), por danos morais.

Na ocasião, o juiz José Freitas Véras, da 33ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, entendeu que Nikolas cometeu ato ilícito passível de responsabilização ao se negar a reconhecer a identidade de gênero de Duda, que é uma mulher transexual.

O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Juliano Lopes (Podemos), promulgou, nesta segunda-feira, 28, a lei que cria o auxílio-alimentação para vereadores no valor de R$ 2.374. O texto, publicado nesta terça-feira, 29, no Diário Oficial do Município, determina ainda um aumento de 10% no salário dos servidores da Casa.

A Lei 11.849/2025 entra em vigor imediatamente e já será pago a partir o próximo dia 1.º. Hoje, apenas os servidores efetivos e comissionados recebiam, por dia útil, R$ 49,68, para jornadas de até 6h, e R$ 63,24 para aqueles que trabalhavam em jornadas de 8h. Os parlamentares, até então, não recebiam nenhum valor para alimentação.

O texto é de autoria dos vereadores da Mesa Diretora da Câmara e foi aprovado, em março deste ano, com 37 votos a favor e apenas três contrários: os três vereadores do Novo, Braulio Lara, Fernanda Altoé e Marcela Trópia.

De acordo com os cálculos apresentados no projeto, o reajuste salarial de servidores e o novo valor de vale-alimentação, para os anos de 2025, 2026 e 2027, representam um impacto orçamentário de R$ 32,7 milhões neste ano.

Em 2026, o gasto total estimado será de R$ 50,6 milhões. E em 2027, R$ 62,7 milhões. Nos três anos, o impacto total será de R$ 146 milhões.

Os servidores, que recebiam cerca de R$ 1.250 mensais em auxílio-alimentação, também passaram a receber o valor de R$ 2,3 mil, um aumento de 89,9%.

O reajuste de 10% nos salários dos servidores não se estende aos vereadores. Os parlamentares da capital mineira recebem R$ 18.402,02 mensais.

De acordo com o projeto aprovado na Câmara, o objetivo da lei é "demonstrar que a gestão valoriza os serviços desempenhados e reconhece a importância do trabalho desenvolvido como fundamental para o exercício da atividade legislativa".

"Além disso, a alteração no valor e forma de cálculo do auxílio-alimentação é uma forma de compensar os efeitos negativos da inflação e do custo dos alimentos na cidade de Belo Horizonte e se alinha com a praxe administrativa de órgãos de referência que concedem o auxílio-alimentação da mesma maneira que a CMBH passará a conceder, como Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, Assembleia Legislativa de Minas Gerais e Tribunal de Contas de Minas Gerais", diz o texto da proposta aprovada.

A Polícia Federal concluiu as investigações sobre o atentado ocorrido em novembro de 2024, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontam que o autor, Francisco Wanderley Luiz, o Tiü França, agiu sozinho, "sem participação ou financiamento de terceiros", e que a motivação do crime foi "o extremismo político".

Na noite de 13 de novembro, Francisco se matou ao explodir uma bomba junto à sua cabeça em frente à estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes.

Em nota divulgada nesta terça, 29, a PF informou que recorreu a diversos meios de prova, com destaque para a análise das comunicações e dos dados bancários e fiscais, exames periciais em todos os locais vinculados aos fatos, reconstituição cronológica das ações do autor antes e durante o atentado e, ainda, os depoimentos de mais de uma dezena de testemunhas.