Suprema Corte dificulta acusação contra réus de invasão do Capitólio

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A Suprema Corte dos EUA limitou, nesta sexta, 28, a aplicação de uma lei federal utilizada contra centenas de réus pela invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, bem como contra o ex-presidente Donald Trump.

A decisão se concentrou em saber se a acusação de obstrução de um processo oficial se aplica ao ataque ao Capitólio, ou seja, a tentativa de impedir que o Congresso validasse os resultados das eleições. Os juízes decidiram por 6 votos a 3 que os promotores exageraram ao usar a lei de obstrução para acusar um membro da multidão da invasão.

A esmagadora maioria das aproximadamente mil pessoas que foram condenadas ou se declararam culpadas por crimes federais relacionados à revolta no Capitólio não foram acusadas de obstrução e não serão afetadas pelo resultado.

Ainda assim, a decisão provavelmente será usada como base para alegações de Trump e seus aliados republicanos de que o Departamento de Justiça tratou os réus da revolta no Capitólio de forma injusta.

A lei de obstrução foi usada em um caso federal contra Trump, no qual ele é acusado de conspirar para subverter as eleições de 2020. Trump comemorou a decisão da Suprema Corte ontem. Em uma postagem online, a chamou de uma "grande vitória".

Não está claro como a decisão do tribunal afetará o caso contra Trump em Washington, que inclui acusações além de obstrução. O advogado especial Jack Smith disse que as acusações enfrentadas pelo ex-presidente não seriam atingidas.

O caso de Trump está em espera enquanto a Suprema Corte considera um caso separado no qual ele alega ser imune a qualquer acusação. Uma decisão é esperada para segunda-feira.

Segundo a decisão de ontem, dezenas de réus podem buscar novas sentenças, pedir para retirar as confissões de culpa ou ter as acusações retiradas. A maioria dos réus condenados por obstrução também foram condenados por outro crime, então suas sentenças podem não ser significativamente impactadas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quinta-feira, 4, que pretende transformar a data de 2 de Julho em um segundo dia oficial da Independência do Brasil.

A declaração foi dada durante o lançamento da pedra fundamental Orion em Campinas (SP). O petista discursava sobre a necessidade de valorizar o País e a história nacional. Ele afirma que a verdadeira independência ocorreu após a data que hoje é comemorada, o 7 de setembro de 1822.

"Tem a independência que foi o grito do imperador, que a gente nem sabe se deu o grito mesmo [...] Mas nós tivemos a verdadeira independência do Brasil, que foi o resultado final da expulsão dos últimos portugueses em 2 de julho em Salvador, na Bahia. Ali houve luta e houve mulheres heroínas. Muitas mulheres que lutaram para garantir a independência", disse o petista.

A data em questão é celebrada anualmente na Bahia como símbolo histórico de quando os portugueses foram expulsos do País.

Desde 1822, os baianos reivindicavam a soberania nacional e um governo composto por brasileiros. A coroa portuguesa não aprovava a revolução, pois não queria perder o controle da colônia. A partir disso, batalhas foram travadas até chegar em Salvador, em 2 de julho de 1823, quando os últimos portugueses perderam a disputa definitivamente e tiveram que abandonar o País.

Nesta semana, pela terceira vez, Lula participou ativamente da comemoração em Salvador. Com fanfarras, a presença de políticos e grupos populares, o presidente atravessou as ruas da cidade acompanhando o desfile na última terça-feira, 2. O governador do Estado, Jerônimo Rodrigues (PT), relatou que Lula quer adicionar aos livros didáticos das escolas brasileiras a história hoje celebrada na Bahia.

Na terceira agenda do dia em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) renovou suas críticas ao governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pela sua ausência na agenda de entregas. Durante cerimônia referente às obras viárias do BRT em Campinas, o chefe do Executivo repetiu o que tinha dito de manhã, durante agenda em Salto, na região metropolitana da capital paulista, de que não é "casado com Tarcísio", e que tudo bem o dirigente estadual não gostar dele, mas que é preciso reconhecer a importância do Executivo Federal.

"Eu duvido que o governo de São Paulo tivesse conseguido aprovar R$ 12 bi do BNDES com o outro governo, ele conquistou por minha causa, porque sou republicano", disse o presidente.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que esteve ao lado de Lula durante as agendas do dia, também fez coro às críticas do presidente. "Nós queremos continuar trabalhando de forma republicana com o governo de São Paulo, mas o governo tem que respeitar o pacto republicano", disse Mercadante. "Faremos os anúncios e a parceria juntos porque o nome do Lula tem que estar junto, é ele que está financiando através da Caixa, do BNDES e melhorando a vida de São Paulo", declarou.

Vaias

No evento, Lula teve novamente que intervir quando a militância presente vaiou um adversário político. O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), esteve presente na cerimônia e foi convidado a discursar. "Não é correto convidar as pessoas aqui para serem recebidas desta forma", reclamou Lula.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) pegará entre 10 e 32 anos de reclusão se for condenado no caso das joias sauditas, de acordo com a legislação vigente.

Nesta quinta, 4, a PF finalizou o inquérito das joias sauditas e indiciou doze envolvidos, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF vê indícios de Bolsonaro e seus aliados 'atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no exterior'.

O caso foi revelado pelo Estadão em março de 2023. Para a PF, há indícios de que Bolsonaro e aliados atuaram para desviar os presentes recebidos em razão do cargo que ocupavam.

A pena mais rígida é de associação criminosa (art. 288-A, do Código Penal). Quando três ou mais pessoas se associam para pratica criminosa poderão pegar entre cinco e dez anos de reclusão e multa.

Caso fique comprovado que Bolsonaro ocultou ou dissimulou "a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal", poderá ser condenado entre três e 10 anos. Há ainda previsão de pagamento de multa para lavagem de dinheiro.

Por fim, o crime de peculato está previsto no artigo 312 do Código Penal. "Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio", diz a lei. Para o crime, a pena varia entre dois e 12 anos de reclusão.

Além do ex-chefe do Executivo, foram indiciados o próprio Wajngarten, o advogado Frederick Wassef e outros 9 investigados:

- Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, ex-ministro de Minas e Energia - indiciado por peculato e associação criminosa;

- José Roberto Bueno Junior, ex-chefe de gabinete de Bento Costa - indiciado por peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Julio Cesar Vieira Gomes, ex-chefe da Receita Federal - indiciado por peculato, lavagem de dinheiro, crime funcional de advocacia administrativa perante a administração fazendária;

- Marcelo da Silva Vieira, capitão de corveta da reserva ex-chefe do setor de documentação histórica da presidência Rio - peculato e associação criminosa;

- Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator - peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque - peculato e associação criminosa;

- Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro - lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Mauro César Lourena Cid, general pai de Mauro Cid - lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Marcelo Costa Câmara, coronel ex-ajudante de ordens de Bolsonaro - lavagem de dinheiro;

'Conselho jurídico não é crime'

Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificou seu indiciamento pela Polícia Federal no caso das joias sauditas como uma iniciativa "arbitrária, injusta e persecutória". Enquadrado pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, ele diz que foi indiciado "por cumprir a lei". "Conselho jurídico não é crime", reagiu.

O advogado postou um longo texto em seu perfil no X endereçando pesadas críticas à PF e ao delegado que o indiciou, de quem não citou o nome. "Recorrerei a todas as instâncias da Justiça para conter o abuso de poder e essa atitude arbitrária de um integrante da PF, que não pode ser confundido com a corporação como um todo", narrou.

O advogado de Bolsonaro sustenta que foi indiciado por "defender um cliente".

"Sendo específico: fui indiciado pela razão bizarra de ter cumprido a Lei! Explico. Minha orientação advocatícia foi a de que os presentes recebidos pelo ex-presidente da República fossem imediatamente retornadas à posse do Tribunal de Contas da União, em defesa de qualquer dúvida sobre questionamentos em relação ao interesse público. E conselho jurídico não é crime. Minha sugestão foi acolhida e os presentes entregues imediatamente e integralmente recolhidos ao TCU", narrou.

Wajngarten afirma que vai recorrer à Ordem dos Advogados do Brasil para "garantir seu direito constitucional de trabalhar sem intimidações".

"A PF sabe que não fiz nada a respeito do que ela apura, mas mesmo assim quer me punir porque faço a defesa permanente e intransigente do ex-presidente Bolsonaro. Se a intenção é a de me intimidar, não conseguirão", diz.

COM A PALAVRA, FREDERICK WASSEF

Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho a público reafirmar que não foi Jair Bolsonaro e nem o coronel Cid quem me pediram para comprar o Rolex. Eu estava em viagem nos Estados Unidos por quase um mês e apenas pratiquei um único ato, que foi a compra do Rolex com meus próprios recursos, para devolver ao governo federal. Entreguei espontaneamente à Polícia Federal todos os documentos que provam isto. Nem eu e nem os demais advogados do ex-presidente tivemos acesso ao relatório final, o que choca a todos, o vazamento à imprensa de peças processuais que estão em segredo de justiça. Estou passando por tudo isto apenas por exercer advocacia em defesa de Jair Bolsonaro.