Quem é Keir Starmer, líder do partido trabalhista e provável novo premiê do Reino Unido

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Após as pesquisas de boca de urna indicarem a vitória do Partido Trabalhista que deve dar fim aos 14 anos de governos conservadores, Keir Starmer deve se tornar o novo primeiro-ministro do Reino Unido, com uma maioria histórica no Parlamento. O político assumiu as rédeas da legenda há quatro anos e mudou os rumos do partido para aproximá-lo de posições mais centristas.

Starmer ingressou tarde na vida política, aos 52 anos. Entrou pela primeira vez no Parlamento britânico, pelo Partido Trabalhista, depois de ter sido eleito pelos distrito londrino de Holborn e Saint Pancras em 2015.

O político, que hoje tem 61 anos, sucedeu Jeremy Corbyn, defensor de uma ideologia mais esquerdista, como líder do partido em abril de 2020, após um grave revés trabalhista nas eleições legislativas de 2019. Após esse fracasso, Starmer mudou o rumo do partido, afastando-a das teses mais radicais de Corbyn. Desse modo, começou a subir nas pesquisas para futuras eleições.

Próximo governo do Reino Unido terá série de desafios

A liderança de Starmer na oposição aos conservadores coincidiu com um período turbulento no Reino Unido, passando pela pandemia, a saída da União Europeia, o choque econômico da invasão da Ucrânia e, além disso, atravessando a turbulência econômica do mandato de 49 dias de Liz Truss como primeira-ministra em 2022.

Sua mensagem aos eleitores é que um governo trabalhista trará mudanças - do tipo tranquilizador, e não assustador. "Um voto no Partido Trabalhista é um voto pela estabilidade - econômica e política", disse Starmer depois que o primeiro-ministro Rishi Sunak convocou a eleição em 22 de maio.

Starmer foi um forte oponente da decisão britânica de deixar a União Europeia, embora agora diga que um governo trabalhista não tentaria revertê-la.

Advogado que atuou como promotor-chefe da Inglaterra e do País de Gales entre 2008 e 2013, Starmer é descrito pelos oponentes como um "advogado esquerdista de Londres". Ele foi nomeado cavaleiro por seu papel na liderança do Crown Prosecution Service, e oponentes conservadores gostam de usar seu título, Sir Keir Starmer, para retratá-lo como um membro da elite e inacessível.

Mas o político, entretanto, prefere enfatizar suas credenciais de homem comum e raízes humildes - em contraste implícito com Sunak, que é um ex-banqueiro do Goldman Sachs casado com a filha de um bilionário.

Vegetariano, competitivo e amante de futebol

O advogado é filho de um ferramenteiro e de uma enfermeira que o batizaram em homenagem a Keir Hardie, o primeiro líder do Partido Trabalhista. Um de quatro filhos, ele foi criado em uma casa com pouco dinheiro em uma pequena cidade fora de Londres.

"Houve tempos difíceis", ele disse em um discurso de lançamento de sua campanha. "Eu sei como é a sensação de uma inflação fora de controle, como o aumento do custo de vida pode fazer você ficar com medo do carteiro que vem pelo caminho: 'Ele vai trazer outra conta que não podemos pagar?', disse. "Costumávamos escolher a conta de telefone porque, quando ela era cortada, era sempre mais fácil viver sem ela."

Ele foi o primeiro membro de sua família a ir para a faculdade, estudando direito na Universidade de Leeds e Oxford, e exerceu a advocacia de direitos humanos antes de ser nomeado promotor-chefe.

Keir Starmer é o primeiro vegetariano a ocupar a função de primeiro-ministro britânico. Grande fã de futebol, praticou o esporte como amador, como meio-campista e é torcedor do Arsenal. Nascido no bairro londrino de Southwark, no sul da cidade, estudou Direito na Universidade de Leeds e continuou sua formação como advogado em Oxford.

Confiante em todas as áreas, Starmer afirmou certa vez que derrotaria Boris Johnson, ex-primeiro-ministro conservador, se os dois se encontrassem em uma partida de futebol. Em outra entrevista, ele foi questionado sobre qual é o seu principal medo. E respondeu: "a derrota".

"Detesto perder, principalmente no futebol e na política. Jogo futebol toda semana, no meio do campo, comandando. Muita gente fala que o importante é participar. Não sou dessa opinião. O que conta é vencer", afirmou.

Ele conheceu a esposa, Victoria, com quem tem dois filhos, por motivos de trabalho, já que ela também se dedica à advocacia. "Estávamos trabalhando juntos em um caso e tive a audácia de questionar parte do trabalho que estava fazendo. Então a primeira opinião dela sobre mim foi contar aos amigos 'quem eu pensava que era'", explicou ele em entrevista. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O governo federal anunciou há pouco que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta sexta-feira, 2, o pedido de demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em meio ao desgaste do governo com a revelação de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão foi tomada durante audiência no Palácio do Planalto. Para o lugar de Lupi, o presidente convidou o atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, que assumirá o comando do ministério.

A exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney,ex-deputado pelo PDT, serão publicadas ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União. O movimento marca a primeira mudança formal no alto escalão do governo desde que veio à tona a investigação sobre irregularidades na concessão de descontos em benefícios previdenciários.

Na semana passada, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram a Operação Sem Desconto, que apura um esquema de deduções indevidas em contracheques de aposentados e pensionistas do INSS. Segundo os investigadores, o total de descontos sem autorização chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Considerando dados desde 2016, o montante pode chegar a quase R$ 8 bilhões.

Lupi vinha sendo pressionado nos bastidores desde que o escândalo ganhou visibilidade. A fraude se baseava em adesões forjadas a associações e serviços, gerando descontos automáticos e indevidos nos benefícios pagos pelo INSS. Os alvos da operação incluíram servidores, empresas e entidades beneficiadas com os valores desviados.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira, 2, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A saída é consequência do escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Lupi anunciou seu desligamento por meio de uma publicação na rede social. "Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso", disse.

Para o lugar de Lupi, Lula convidou o atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, que também é um quadro do PDT de Carlos Lupi. A exoneração e a nomeação serão publicadas ainda nesta sexta no Diário Oficial da União.

O Palácio do Planalto avaliou a permanência de Carlos Lupi como insustentável porque o desligamento de Alessandro Stefanutto da presidência do INSS não aliviou a pressão sobre o governo.

Lupi e o partido dele, o PDT, também estavam incomodados com a maneira como o Planalto estava encaminhando a solução da crise. O substituto de Stefanutto no INSS, o procurador Gilberto Waller, foi escolhido à revelia do ministro, ao qual o órgão é ligado.

O nome é fruto de uma ordem de intervenção de Lula, que se envolveu pessoalmente para tentar conter a crise. Entretanto, as dimensões do escândalo já fizeram dele uma fonte munição política contra o governo no Congresso.

A oposição protocolou pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara. A instalação depende do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em paralelo, os opositores articulam, para a próxima semana, um pedido de CPI Mista, que abrange a participação de deputados e senadores. A iniciativa é encabeçada pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI).

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram, em 23 de abril, a Operação Sem Desconto, fruto de uma investigação que aponta um esquema fraudulento de deduções indevidas em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.

Associações e sindicatos faziam descontos em folha dos benefícios a partir de acordos de cooperação técnica firmados com o INSS. Em muitos casos, as retiradas mensais ocorriam sem qualquer aval ou ciência do beneficiário.

O valor estimado em cobranças irregulares soma R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF. Se retroagir a data até 2016, esse valor sobe para quase R$ 8 bilhões referentes a descontos sem autorização. Apesar de o esquema não ter sido instituído neste governo, a investigação aponta um salto no volume descontado a partir de 2023.

A investigação da PF não aponta responsabilidade de Carlos Lupi no êxito das fraudes. No entanto, ele tem sido cobrado por uma suposta omissão diante de alertas recebidos desde 2023 de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União (CGU), do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), de auditores do próprio INSS e da imprensa. O inquérito da PF foi aberto a partir de reportagens do site Metrópoles.

Lupi rechaça as acusações de omissão e alega que uma auditoria realizada pelo órgão seria a "prova cabal" de que ele agiu para evitar desvios indevidos no pagamento de aposentadorias. A auditoria foi realizada depois do surgimento das denúncias.

Os indícios de desvios foram relatados em uma reunião do CNPS ainda em 2023 por uma conselheira, mas não foram tratados como prioridade. Em sua defesa, Lupa afirmou que o problema foi apresentado "sem nenhum documento como prova para discutir os abusos que poderiam estar sendo executados".

"Eu pedi, à época, que o INSS, que é a instituição responsável pela ação dessa política pública, começasse a apurar as denúncias apresentadas. Levou-se tempo demais", declarou, durante reunião do CNPS realizada na segunda-feira, 28.

O governo suspendeu todos os convênios com as entidades investigadas e informou que os valores retirados indevidamente serão restituídos aos aposentados.

A troca no Ministério da Previdência é a 11ª mexida no primeiro escalão do atual mandato de Lula e a terceira motivada por envolvimento em algum escândalo. Sílvio Almeida, dos Direitos Humanos, foi desligado por investigação sobre assédio sexual e Juscelino Filho, das Comunicações, saiu após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção.

O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), defendeu em entrevista à Rádio Eldorado nesta sexta-feira, 2, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indique ainda neste ano quem deverá disputar a eleição presidencial de 2026 pelo seu grupo político. O ex-chefe do Executivo federal está inelegível até 2030.

Ciro Nogueira afirmou que a definição ajudaria nos preparativos para a campanha se o escolhido for alguém que esteja exercendo algum mandato agora, como o de governador.

Na avaliação de Ciro, a definição só ficaria para o ano que vem em caso de escolha de alguém da família do ex-presidente para a disputa.

À Rádio Eldorado, Ciro Nogueira também negou o envolvimento de Bolsonaro com a tentativa de golpe de Estado após a eleição de Lula, alegando ter recebido ordens do ex-presidente, como seu ministro da Casa Civil, para conduzir a transição para o novo governo.

Bolsonaro está inelegível desde junho de 2023 quando o Tribunal Superior Eleitoral condenou o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, pela reunião com embaixadores em que atacou o sistema eleitoral do País, sem apresentar nenhuma prova. Em outubro do mesmo ano, ele foi condenado mais uma vez, por abuso de poder político durante o feriado de 7 de Setembro em 2022, por usar a data para fazer campanha eleitoral, segundo o entendimento dos magistrados.

Fraude no INSS e União Progressista

O presidente do PP também anunciou que deve ser apresentado no Senado, na próxima semana, um pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar fraudes no INSS. Já há um requerimento nesse sentido na Câmara, mas Ciro argumenta que, no caso de uma comissão mista, a instalação é obrigatória e mais rápida.

Questionado se a apuração também envolveria o governo de Jair Bolsonaro, já que as investigações da Polícia Federal apontam que já existia um esquema de descontos de aposentadorias e pensões naquele período, o senador disse que a CPMI deveria investigar "o tempo que for necessário".

Ciro afirmou, ainda, ser favorável à saída do governo Lula dos quatro ministros que são do União Brasil e do PP. Os dois partidos anunciaram nesta semana a formação de uma nova federação, chamada União Progressista, que terá a maior bancada na Câmara e no Senado.