Doadores democratas congelam US$ 90 milhões enquanto Biden for o candidato

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Joe Biden sofreu mais um revés na campanha: grandes financiadores democratas disseram ao seu principal Comitê de Ação Política (Super PAC), Future Forward, que vão congelar cerca de US$ 90 milhões em doações enquanto o presidente continuar na cabeça de chapa do partido. A suspensão dos recursos foi confirmada nesta sexta-feira, 12, pelo The New York Times.

O congelamento inclui uma série de compromissos, segundo duas pessoas que foram informadas sobre as conversas e falaram sob condição de anonimato. Esse é um dos efeitos mais concretos do desempenho desastroso de Biden no debate, que colocou em dúvida sua capacidade para servir como presidente.

O Future Forward declinou de comentar sobre as conversas com doadores ou valores retidos. A assessoria disse apenas esperar que as doações congeladas retornassem uma vez que a incerteza fosse superada. Separadamente, um doador contou que foi abordado várias desde o debate para uma contribuição ao super PAC pró-Biden, mas que ele e seus amigos estavam "segurando" o dinheiro.

Os nomes dos doadores que suspenderam suas contribuições não foram revelados. Também não ficou claro quanto dos US$ 90 milhões estava destinado ao Future Forward ou ao seu braço sem fins lucrativos, que faz publicidade em Estados decisivos para eleição. O super PAC tem evitado tomar grandes decisões estratégicas enquanto não tiver clareza sobre quem vai encabeçar a chapa democrata, disse uma pessoa próxima ao grupo ao NY Times.

Apesar dos esforços de Biden para salvar a campanha, o número de democratas que pressiona pela sua desistência cresce a cada dia. Até a tarde desta sexta-feira, 18 deputados e um senador haviam apelado publicamente ao líder do próprio partido. Assessores próximos têm discutido sobre como convencê-lo a abandonar a disputa e a campanha começou a testar a vice-presidente Kamala Harris em pesquisas contra Donald Trump.

A notícia do congelamento vem no momento em que a equipe de Biden se prepara para um mês difícil de arrecadação, com doadores preocupados se Biden pode derrotar Trump na eleição, em novembro. Do outro lado, condenação do republicano e seus problemas com a Justiça americana têm contribuído para impulsionar o financiamento de campanha.

O Future Forward foi designado pela campanha de Biden como seu principal super PAC no início da corrida de 2024, e já anunciou US$ 250 milhões em reservas de publicidade, esperada para começar no fim da Convenção Nacional Democrata no próximo mês.

Os super PACs foram criados em 2010 com a promessa de atuação independente dos candidatos. Por isso, podem receber doações ilimitadas de organizações, empresas e sindicatos, ao contrário dos PACs tradicionais, que tinham a arrecadação limitada a US$ 5 mil por doador.

Uma pesquisa vazada de um grupo intimamente ligado ao Future Forward após o debate mostrou que o super PAC havia testado a força de potenciais substitutos a Biden, incluindo Harris, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, e Pete Buttigieg, o secretário de transporte. A sondagem mostrou que Biden tinha uma classificação geral pior que todas as alternativas.

Depois do debate, Donald Trump tem ampliado a vantagem nas pesquisas de intenção de voto e a maior parte dos eleitores afirma que o democrata, de 81 anos, está velho demais para mais ocupar a Casa Branca.

Em rara entrevista coletiva ontem, Joe Biden insistiu: "Acredito que sou o mais qualificado para governar. Acredito que sou o mais qualificado para vencer". Embora estivesse mais desenvolvo e confiante na conversa com os jornalistas em Washington que no debate em Atlanta, o presidente falhou em dissipar as preocupações com a sua idade.

Logo na primeira pergunta, ele confundiu Kamala com Trump, gafe que virou munição na mão do rival. "Bom trabalho, Joe!", ironizou o líder do Partido Republicano nas redes sociais enquanto os cortes da confusão do presidente viralizavam.

Pressão por desistência em Hollywood

Nesta sexta, a atriz e ativista democrata Ashley Judd reforçou o coro em Hollywood para que o Partido Democrata substitua Joe Biden nas cédulas. "Não temos mais um dia para distração ou divisão entre nós", escreveu em artigo de opinião para o USA Today.

"Alguns em Washington podem querer esperar a próxima semana, a próxima coletiva de imprensa, a próxima entrevista para televisão. Aqui, onde estou sentado na zona rural do Tennessee, está claro que os americanos já se decidiram contra o presidente Biden, além da maioria que adora votar em Donald Trump", justificou.

Durante a semana, o ator George Clooney, importante doador democrata pediu a Biden que se afaste da disputa. Clooney, que em junho arrecadou US$ 28 milhões (R$ 151 milhões, na cotação atual) em Hollywood para a campanha escreveu um artigo para o NY Times intitulado "Eu amo Joe Biden. Mas precisamos de um novo indicado".

"Eu o considero um amigo e acredito nele. Acredito em seu caráter. Acredito em sua moral. Nos últimos quatro anos, ele venceu muitas das batalhas que enfrentou. Mas a única batalha que ele não pode vencer é a luta contra o tempo", escreveu o astro de Hollywood.

Biden abre leve vantagem sobre Trump em pesquisa, apesar de repercussão do debate

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lidera o ex-presidente e provável candidato republicano, Donald Trump, em pesquisa conduzida pela Universidade Marist para a NPR e a PBS News. O levantamento sugere que o apoio ao democrata permaneceu praticamente estável em relação ao mês passado, apesar da crescente pressão para a saída dele da disputa após o debate com Trump.

Entre os eleitores registrados, Biden reúne 50% das intenções de voto e Trump aparece com 48%, de acordo com a sondagem. Os outros 2% disseram estar indecisos. Há 1 mês, os dois rivais estavam empatados com 49% cada.

Quando outros candidatos são incluídos, Trump concentra 43% da preferência do eleitorado e Biden, 42%. Bem atrás, o postulante independente Robert F. Kennedy Jr. tem 8%, seguido de Cornel West (3%) e Jill Stein (2%). (Com agências internacionais)

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A ex-presidente Dilma Rousseff "responde bem" ao tratamento a que está submetida após ser internada em Xangai, na China, afirma uma nota à imprensa divulgada pela equipe da ex-presidente na madrugada desta terça-feira, 25.

Segundo o informe, o quadro médico de Dilma é uma neurite vestibular, um distúrbio causado por uma inflamação no nervo do equilíbrio. A alta da ex-presidente está prevista "para os próximos dias", sem previsão específica.

Dilma foi hospitalizada na sexta-feira, 21, após uma crise de pressão alta. A ex-presidente comanda o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como o "Banco dos Brics".

O Brics é um grupo de países formado, originalmente, por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em janeiro de 2024, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã foram admitidos como membros do bloco. O mandato de Dilma na instituição está previsto até 2030.

Na tentativa de reverter o índice de popularidade mais baixo entre todos os seus mandatos, o presidente Luiz Inácio Lula de Silva avisou a sindicatos de trabalhadores que vai editar uma medida provisória (MP) para liberar o saldo do FGTS para trabalhadores que tenham ficado com o dinheiro retido por terem aderido ao saque-aniversário do fundo.

Além disso, ele iniciou a semana com um pronunciamento em rede nacional, às 20h30 de ontem, em que falou dos programas Pé-de-Meia e Farmácia Popular. "Seguimos ao lado de cada brasileiro e de cada brasileira: para levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima", declarou o petista.

O Pé-de-Meia é um programa de incentivo à permanência e conclusão do ensino médio e voltado para beneficiários do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). A iniciativa havia sido suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mas retomará os pagamentos nesta terça, 25. O presidente afirmou que mais de 90% dos jovens participantes passaram de ano e a iniciativa já alcança mais de 4 milhões de alunos em todo o País.

No âmbito do programa, ao comprovar matrícula e frequência, o estudante recebe o pagamento de um incentivo mensal no valor de R$ 200. Também há um benefício de R$ 1.000 ao fim de cada ano concluído, valor que só pode ser retirado da poupança após a conclusão no ensino médio.

Além disso, Lula anunciou a criação do Pé-de-Meia Licenciatura, um incentivo para estudantes que tiveram bom desempenho no Enem e desejam seguir a carreira de professor.

Outro ponto abordado no pronunciamento foi a ampliação da gratuidade do Farmácia Popular. Todos os 41 medicamentos oferecidos pelo programa serão distribuídos gratuitamente. Lula destacou que a medida beneficiará especialmente pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma. Além dos medicamentos, o programa também passa a ofertar fraldas geriátricas de forma gratuita.

"Depois de dois anos de reconstrução de um país que estava destruído, estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todo o Brasil, principalmente para quem mais precisa", afirmou o presidente. O último pronunciamento de Lula na TV ocorreu na antevéspera do Natal do ano passado.

Encontro

A medida provisória do FGTS deverá ser anunciada nesta terça, 25, no Palácio do Planalto em um encontro de Lula com dirigentes de centrais sindicais. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a medida valerá apenas para os trabalhadores demitidos que têm saldo retido até a data de publicação da MP. Ou seja: quem for demitido depois não poderá ter acesso aos recursos.

Os trabalhadores que comprometeram os recursos com empréstimos bancários - por meio da antecipação do saque-aniversário - e, portanto, não têm saldo em conta, não serão abarcados pela medida provisória, que deve ser publicada nos próximos dias.

Saldo

O saque-aniversário foi criado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e entrou em vigor em 2020. O trabalhador que opta pela modalidade pode sacar anualmente, no mês de aniversário, parte do seu saldo de FGTS. Em caso de demissão, porém, o saldo fica bloqueado para rescisão sem justa causa e só é possível acessar a multa rescisória - diferentemente da modalidade de saque-rescisão, em que é permitido ter todo o dinheiro do FGTS. No saque-aniversário, para resgatar os valores que restaram, o trabalhador demitido precisa aguardar dois anos. É esse saldo que a MP pretende liberar.

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, que recebeu convite do Planalto para uma reunião hoje, disse, em nota, que a medida provisória era uma demanda das centrais. "Sacar o FGTS é um direito do trabalhador, que pode usar esse dinheiro para pagar suas contas, fazer compras, consumir e, dessa forma, se injeta mais dinheiro na economia."

Desgaste

Os anúncios do governo ocorreram dez dias após pesquisa Datafolha mostrar que a popularidade de Lula caiu 11 pontos porcentuais. Em dois meses, foi de 35% para 24%, atingindo o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A reprovação do governo também foi recorde, passando de 34% para 41%.

A chamada "crise do Pix" e a alta no preço dos alimentos ajudam a explicar a queda da popularidade do presidente, que tem apostado na comunicação do governo para tentar reverter a imagem ruim. A queda ocorreu mesmo depois da troca do ministro-chefe da Secom, de Paulo Pimenta para Sidônio Palmeira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado da plataforma de vídeos Rumble e da Trump Media Group, Martin de Luca, classificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como "censura" e afirmou que a empresa não tomou nenhuma ação sobre as decisões do magistrado.

"É particularmente agravante quando sabemos que a ordem judicial é para censurar contas dentro dos Estados Unidos, de um residente americano, um residente político brasileiro, que mantém contas bancárias dentro dos Estados Unidos. E a ordem também pede para parar o fluxo de fundo e monetização das contas para esse residente político", afirmou Luca em entrevista à CNN.

"O mandado do ministro Alexandre de Moraes está solicitando que uma empresa americana bloqueie fundos dentro dos Estados Unidos, para um residente dos Estados Unidos e bloqueie as contas globalmente de um residente americano", disse. O advogado afirmou que não sabe se a empresa irá recorrer da decisão do bloqueio.

O ministro determinou na última sexta-feira, 21, a suspensão do funcionamento da rede social Rumble no Brasil por descumprir a determinação judicial que exigia da empresa a indicação de um representante legal no Brasil, o que não ocorreu. O bloqueio é por tempo indeterminado, até o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de multas.

Luca afirmou ainda que a empresa ainda não tomou nenhuma ação a respeito da medida e negou que a Rumble devesse indicar um representante no Brasil por não ter operações no País, sob o argumento de que não é um modelo viável para a atuação das empresas na era digital.

"Não é um mecanismo no qual, na era digital, as empresas podem operar, você não pode contratar um representante legal em 193 países do mundo simplesmente porque seu conteúdo se espalha pelo mundo", afirmou Luca.

Sem a atuação de advogados no caso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa indicasse representantes no Brasil dentro de 48 horas. "O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil tenham sede no território nacional, bem como atendam às decisões judiciais que determinam a retirada de conteúdo ilícito gerado por terceiros", destacou Moraes em despacho.

CEO da Rumble desafiou Moraes nas redes sociais

O CEO da plataforma de vídeos Rumble, Chris Pavlovski, desafiou Moraes através do X (antigo Twitter). Pavlovski mencionou o ministro em uma publicação na última quarta-feira, 19, dizendo que não cumpriria as ordens legais de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a responder a postagem na rede social dizendo que "o mundo precisa ser livre". Pavlovski voltou a provocar o ministro do STF no dia seguinte, afirmando que recebeu "mais uma ordem ilegal e sigilosa" de Moraes e que ele não tem autoridade sobre a Rumble nos Estados Unidos. "Repito - nos vemos no tribunal", escreveu o CEO.