Israel afirma ter abatido míssil do Iêmen após ataque que incendiou um porto Houthi

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O exército de Israel afirmou que interceptou um míssil lançado do Iêmen neste domingo, 21, horas depois do ataque israelense que atingiu diversos alvos Houthi no país da península arábica. O bombardeio - em resposta a um ataque mortal de drone em Tel Aviv - marcou a primeira resposta de Israel a repetidos ataques Houthi ao longo dos nove meses de guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Os militares israelenses disseram que o míssil superfície-superfície disparado no domingo foi interceptado antes de atingir o território israelense. As forças armadas de Israel confirmaram no sábado, 20, os ataques na cidade portuária de Hodeidah, um reduto Houthi no Iêmen. Israel disse que os ataques, realizados por aviões de guerra F-15 e F-35 fabricados nos EUA, foram uma resposta a centenas de ataques dos Houthi.

Israel, juntamente com os EUA, a Grã-Bretanha e outros aliados ocidentais com forças na região, interceptaram quase todos os mísseis e drones Houthi nos últimos dias. Mas na sexta-feira, 19, um ataque aéreo penetrou a defesa aérea de Israel e atingiu a capital Tel Aviv, matando uma pessoa.

O exército israelense afirmou que o ataque de sábado, a cerca de 1,7 mil quilômetros de Israel, esteve entre os mais complicados e entre as operações com maiores distâncias já executadas pela sua força aérea. Israel também afirmou que atingiu o porto no Iêmen por ser uma área usada para entregar armas iranianas ao país.

O ministro da Saúde em Sanaa disse que 80 pessoas foram feridas em uma contagem prévia durante os ataques em Hodeidah, a maioria com graves queimaduras.

O ataque israelense provocou um grande incêndio no porto da cidade. "O fogo que está queimando agora em Hodeidah é visto em todo o Oriente Médio e o significado é claro", disse o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant. Ele prometeu realizar ataques semelhantes "em qualquer lugar onde isso seja necessário".

O porto de Hodeidah também é uma porta de entrada para suprimentos no Iêmen, que está mergulhado em uma guerra civil desde 2014, quando os Houthis tomaram grande parte do norte do país e forçaram o governo reconhecido internacionalmente a fugir de Sanaa.

Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita interveio no ano seguinte em apoio às forças do governo e, com o tempo, o conflito se transformou em uma guerra por procuração entre a Arábia Saudita e o Irã. A guerra matou mais de 150 mil pessoas, incluindo combatentes e civis, e criou um dos piores desastres humanitários do mundo.

Os Houthis estão entre os vários grupos apoiados pelo Irã que atacaram Israel em solidariedade ao Hamas desde que o ataque de 7 de outubro do grupo terrorista desencadeou a ofensiva israelense em curso em Gaza.

O porta-voz dos Houthis, Mohammed Abdulsalam, postou no X que a "flagrante agressão israelense" teve como alvo instalações de armazenamento de combustível e a estação de energia da província. Ele disse que os ataques visam "aumentar o sofrimento do povo e pressionar o Iêmen a parar de apoiar Gaza".

Abdulsalam também disse que os ataques só farão com que o povo e as forças armadas do Iêmen fiquem mais determinados a apoiar Gaza. "Haverá ataques impactantes", escreveu Mohamed Ali al-Houthi, do Conselho Político Supremo do Iêmen, no X.

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A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a indicação da deputada e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para o comando da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Segundo lideranças no Congresso, o movimento indica uma "radicalização e isolamento" do Executivo e coloca "ideologia e interesses partidários acima do Brasil".

O líder da Oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou que a nomeação de Gleisi mostra que o governo "dobra a aposta" num movimento de "radicalização e isolamento". Marinho disse ainda que o Executivo potencializa "erros do passado".

"A nomeação de ministros é uma prerrogativa de Lula, e a sinalização dada com a escolha da deputada indica radicalização e isolamento. O PT dobra a aposta e demonstra que não se esqueceu de nada, nem aprendeu com seus erros do passado, que são potencializados no presente e defendidos como dogmas de fé", afirmou Marinho.

Logo após a indicação ser oficializada por Lula nesta sexta-feira, 28, Marinho citou uma frase atribuída ao ex-imperador da França Napoleão Bonaparte (1769-1821) para dizer que o governo federal havia cometido um erro.

"Nunca interrompa seu inimigo, quando ele estiver cometendo um erro. Padrão PT", afirmou o líder da Oposição no Senado no X (antigo Twitter).

Em nota, o líder da Oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), afirmou que a escolha de Gleisi para a SRI mostra que o governo Lula está "priorizando interesses partidários" e afirmou que o País corre o risco de também ter a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, como ministra da Casa Civil.

"A escolha de Gleisi Hoffmann demonstra que o governo continua priorizando interesses partidários em detrimento do bem comum. Se continuar assim, muito em breve, além da Gleisi na articulação política, corremos o risco de ter a Janja à frente da Casa Civil", disse Zucco em nota.

Pelo X (antigo Twitter), Zucco compartilhou uma notícia que associou a indicação de Gleisi com a alta do dólar que, nesta quinta-feira, 27, estava cotado em R$ 5,829 e passou para R$ 5,908 às 15h desta sexta.

"É isso que acontece quando o governo coloca ideologia e interesses partidários acima do Brasil. O resultado? Dólar sobe, bolsa cai, e a incerteza só cresce. Infelizmente, quem paga são os brasileiros", afirmou Zucco.

Gleisi tem um perfil mais combativo do que articulador. Ela está na presidência do PT desde 2017 e colecionou embates com políticos que hoje integram a oposição ao governo Lula.

Em uma reviravolta, Lula convidou Gleisi para comandar a Secretaria, estratégica para o governo. Ela já estava sendo cotada para integrar a Esplanada, mas para substituir Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência.

Caberá a Gleisi, por exemplo, negociar os repasses das emendas parlamentares, pivô de uma crise entre Planalto, Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), desejaram sorte para a nova ministra. Enquanto Hugo destacou uma boa relação com Gleisi no Congresso, Alcolumbre estimou sucesso na "importante missão de dialogar com o parlamento".

Essa não é a primeira vez que Gleisi será ministra. Entre junho de 2011 e fevereiro de 2014, ela foi chefe da Casa Civil no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, foi escolhida pelo presidente Lula para comandar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), pasta responsável pela articulação política do governo. Fiel às gestões petistas e peça-chave nas decisões internas do partido, Gleisi assume um papel estratégico no relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.

Natural de Curitiba, Paraná, Gleisi é formada em Direito e iniciou sua trajetória política através da militância no movimento estudantil. Em 1989 se filiou ao Partido dos Trabalhadores e consolidou-se como uma das figuras mais influentes da legenda.

Antes de presidir o partido, atuou como secretária nos governos petistas de Zeca (PT), no Mato Grosso do Sul, e de Nedson Micheleti (PT), em Londrina. Também integrou a equipe de transição do primeiro governo Lula e assumiu uma diretoria da Itaipu Binacional.

Em 2010, Gleisi foi eleita senadora pelo Paraná e, um ano depois, licenciou-se do cargo para assumir a Casa Civil no governo de Dilma Rousseff, tornando-se uma de suas principais aliadas. Esteve ao lado da ex-presidente durante o impeachment de 2016 e, no ano seguinte, assumiu a presidência do PT, liderando a sigla em um período turbulento, que incluiu a prisão de Lula, a Lava Jato e a eleição de Jair Bolsonaro (PL).

Além da vitória ao Senado, Gleisi já disputou cargos no Legislativo e Executivo. Em 1998, concorreu a deputada estadual no Paraná. Tentou uma vaga no Senado em 2006 e, em 2008, foi candidata à Prefeitura de Curitiba. Em 2014, disputou o governo do Estado. Já em 2018, elegeu-se deputada federal, sendo reeleita em 2022.

Apesar da lealdade ao governo, Gleisi não evita embates dentro da própria base aliada. Como presidente do PT, tem feito críticas a ministros da atual gestão, com destaque para as divergências públicas com Fernando Haddad, da Fazenda.

Em outubro do ano passado, como mostrou o Estadão, a presidente do PT também rebateu críticas de Alexandre Padilha, que deixou a SRI para assumir o Ministério da Saúde, sobre a condução do partido durante as eleições municipais de 2024.

Aliados de Gleisi apostam na relação construída com o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), como um dos trunfos dela no comando da SRI. Para correligionários, a escolha reflete a estratégia do governo Lula de entrar em "modo campanha" com foco na eleição de 2026.

O perfil combativo da presidente do PT, popular entre a militância, pesou na equação da reforma ministerial. Em meio às mudanças, Lula chegou a justificar a saída de Nísia Trindade do Ministério da Saúde afirmando que precisa de mais "agressividade na política".

O prefeito de Cariacica (ES), na região metropolitana de Vitória, afirmou que a Prefeitura não vai mais repassar verbas para a escola de samba Independente de Boa Vista. A nota de repúdio de Euclério Sampaio (MDB), publicada em seu perfil do Instagram, diz que a escola ter levado uma "ala do MST" para a avenida foi um "erro inadmissível".

A Independente de Boa Vista foi campeã do Carnaval de Vitória 2025 com um desfile que homenageou a carreira do fotógrafo Sebastião Salgado. Em um momento do desfile, uma ala faz referência ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), retratado em trabalhos do fotógrafo documental.

Segundo o prefeito de Cariacica, o desfile teria gerado uma "polêmica" que o motivou a se pronunciar. "A partir deste ano, não faremos mais qualquer repasse à escola. Não compactuo com homenagens a movimentos criminosos", escreveu.

Euclério também disse que não sabia que o MST seria mencionado na performance. "Esse erro é inadmissível. Vamos responsabilizar a escola da forma cabível", finalizou.

Já no perfil oficial da Prefeitura, o comunicado é de que "o processo de verbas de fomento à cultura seguirá os trâmites democráticos e republicanos, sem represálias". O Estadão entrou em contato com a Prefeitura de Cariacica, mas não houve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto

A escola Independente de Boa Vista também se manifestou por meio do Instagram. O pronunciamento afirma que a ala buscou homenagear o livro "Terra": "Essa obra retrata as lutas, os desafios e a dignidade dos trabalhadores rurais brasileiros em sua busca pela reforma agrária".

Segundo a agremiação, a representação no desfile tinha como objetivo "evidenciar a realidade de milhares de brasileiros" e promover reflexão sobre o tema. "Sabemos do coração bom de Euclério, por isso, ficamos na expectativa de uma reversão desse posicionamento", diz a nota.

Em vídeo, Sebastião Salgado classificou o desfile como uma "homenagem sublime" e elogiou a ala "Terra". "Respeito profundamente o 'Movimento Sem Terra', uma das maiores organizações sociais de toda a América Latina e talvez o maior plantador de árvores do Brasil", disse o fotógrafo.