Coreia do Norte: Kim Jong-un entrega 250 lançadores de mísseis com capacidade nuclear

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A Coreia do Norte realizou uma cerimônia no domingo, 4, para marcar a entrega de 250 lançadores de mísseis com capacidade nuclear. O evento contou com a presença do ditador Kim Jong-un, que determinou a constante expansão do programa nuclear de seu exército para "contrapor às ameaças percebidas dos EUA", segundo informou a mídia estatal norte-coreana nesta segunda-feira, 5.

As preocupações com o programa nuclear de Kim Jong-un cresceram à medida que ele demonstrou a intenção de implantar armas nucleares de campo de batalha ao longo da fronteira do Norte com a Coreia do Sul, e autorizou seu exército a responder com ataques nucleares preventivos se perceber a liderança sob ameaça.

A estatal Agência Central de Notícias da Coreia informou que os lançadores foram recém-produzidos pelas fábricas de munições do país e projetados para disparar mísseis balísticos "táticos", um termo que descreve sistemas capazes de entregar armas nucleares de menor rendimento. No evento, realizado em Pyongyang, Kim Jong-un disse que os novos lançadores dariam às suas unidades de linha de frente um poder de fogo "esmagador" sobre a Coreia do Sul, e tornariam a operação de armas nucleares táticas mais práticas e eficientes.

Fotos da mídia estatal mostraram linhas de caminhões lançadores ocupando uma grande rua com aparentemente milhares de espectadores presentes no evento, que incluiu fogos de artifício. A Coreia do Norte tem expandido sua linha de armas móveis de curto alcance projetadas para sobrecarregar as defesas de mísseis na Coreia do Sul, enquanto também persegue mísseis balísticos intercontinentais projetados para alcançar o continente dos EUA.

Os testes de armas e ameaças que vêm sendo intensificadas por Kim Jong-un são amplamente vistos como uma tentativa de pressionar os Estados Unidos a aceitar a ideia da Coreia do Norte como uma potência nuclear. A intenção também é a de acabar com as sanções impostas à Coreia do Norte por seu programa nuclear, que são lideradas pelos EUA.

Expansão de exercícios militares

A Coreia do Norte também busca aumentar as tensões em um ano de eleições nos EUA, dizem os especialistas. Ultimamente, Kim usou a guerra da Rússia na Ucrânia omo uma distração para acelerar ainda mais seu desenvolvimento de armas. Em resposta, os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão têm expandido seus exercícios militares combinados e aprimorando suas estratégias de dissuasão nuclear construídas em torno de ativos militares estratégicos dos EUA.

Lee Sung Joon, porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, disse que os militares sul-coreanos e dos EUA estavam analisando de perto o desenvolvimento de armas da Coreia do Norte e que mais monitoramento era necessário para confirmar a prontidão operacional dos sistemas de mísseis apresentados no domingo.

Lee disse que os mísseis apresentados no domingo provavelmente têm um alcance menor do que alguns dos mísseis balísticos de curto alcance mais poderosos da Coreia do Norte, que demonstraram a capacidade de viajar mais de 600 quilômetros.

O Norte revelou nos últimos meses um novo míssil chamado Hwasong-11, que, segundo analistas, pode viajar até 100 quilômetros. Se implantados em áreas de linha de frente, os mísseis teoricamente seriam capazes de cobrir grandes áreas da maior região de Seul, a capital da Coreia do Sul, local onde cerca de 25 milhões de pessoas moram. O número é quase a metade dos 51 milhões de habitantes do país.

Em seu discurso no evento de domingo, Kim Jong-un pediu que seu país se preparasse para um confronto prolongado com os Estados Unidos e insistiu para que a força militar seja expandida cada vez mais. Ele justificou sua ordem como uma contramedida à cooperação militar "cada vez mais selvagem" entre os Estados Unidos e seus aliados regionais, que ele classificou como um "bloco militar baseado em força nuclear".

"Seria nossa escolha buscar diálogo ou confronto, mas nossa lição e conclusão dos últimos 30 anos... é que o confronto é pelo qual devemos estar mais completamente preparados", disse Kim. "Os Estados Unidos com os quais estamos lidando não são apenas uma administração que vem e vai após alguns anos, mas uma nação hostil com a qual nossos filhos e netos lidarão por gerações vindouras e isso também ilustra a necessidade de melhorar continuamente nossas capacidades de autodefesa", complementou.

Kim Jong-un afirmou ainda que a decisão de realizar a cerimônia de armas enquanto o país tentava se recuperar de inundações desastrosas, mostra sua determinação de prosseguir com o fortalecimento das capacidades de defesa nacional sem estagnação sob quaisquer circunstâncias, segundo disse. As inundações no final de julho submergiram milhares de casas e grandes extensões de terras agrícolas em regiões próximas à fronteira com a China.

A Rússia ofereceu ajuda contra inundações à Coreia do Norte, em mais um sinal de relações em expansão entre as duas nações. Kim Jong-un tem feito da Rússia sua prioridade nos últimos meses enquanto promove uma política externa voltada para expandir relações com países que confrontam Washington, abraçando a ideia de uma "nova Guerra Fria" e tentando exibir uma frente unida nos conflitos mais amplos de Putin com o Ocidente.

Em outra categoria

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados deve analisar nesta terça-feira, 6, o pedido que pode levar à suspensão cautelar do mandato e à abertura de um processo de cassação do mandato de Gilvan da Federal (PL-ES). No último dia 1, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou uma representação contra Gilvan pela suposta quebra de decoro parlamentar ao ofender a ministra Gleisi Hoffmann (PT).

"As falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas", diz o documento assinado pelo presidente da Câmara.

O documento afirma que Gilvan proferiu manifestações "gravemente ofensivas e difamatórias contra deputada licenciada para ocupar cargo de ministra de Estado [Gleisi], em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato".

Quais os próximos passos?

Primeiro, o Conselho deve avaliar o pedido de suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan, por um período de seis meses. Posteriormente, será iniciado o processo de instrução, que pode resultar na cassação do mandato. Cabe recurso por parte de Gilvan caso a votação vá a plenário.

O local exato da reunião, marcada para às 11 horas, ainda não foi definido. O deputado Ricardo Maia (MDB-BA) foi designado como relator do caso.

Relembre o caso

Durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, realizada no dia 29, o deputado proferiu comentários considerados abertamente insultuosos, desrespeitosos e pejorativos em relação à ministra Gleisi. Ainda naquela ocasião, Gilvan também protagonizou um desentendimento com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara.

O documento assinado por Motta argumenta que o deputado do PL ofendeu a ministra ao vinculá-la ao termo "amante", numa referência a uma alcunha que teria sido atribuída à petista em um suposto esquema de favorecimento envolvendo a empresa Odebrecht. Além disso, o parlamentar utilizou a palavra "prostituta" ao fazer tais declarações.

Gilvan fazia referência a chamada "lista da Odebrecht", relacionada à Operação Lava Jato, em 2016. Nessa "super planilha", o nome de Gleisi aparecia entre os de 279 políticos de 22 partidos, sob a suspeita de ter recebido repasses ilegais da construtora.

Dias antes, em discussão na Comissão de Segurança Pública sobre um projeto para desarmar a segurança da Presidência da República, Gilvan da Federal afirmou desejar a morte de Lula.

"Por mim, eu quero mais é que o Lula morra. Eu quero que ele vá para o 'quinto dos inferno' (sic). É um direito meu", disse o deputado federal. "Nem o diabo quer o Lula. É por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer... Tomara que tenha um 'ataque cardíaco'. Porque nem o diabo quer essa desgraça desse presidente que está afundando nosso País. E eu quero mais é que ele morra mesmo. Que andem desarmados. Não quer desarmar cidadão de bem? Que ele ande com seus seguranças desarmados", prosseguiu.

Após a repercussão negativa e pedidos de investigação sobre a conduta do parlamentar, ele pediu desculpas.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sugeriu na última sexta-feira, 2, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus eleitores poderiam ser todos levados "para a vala". O comentário foi feito durante a cerimônia de inauguração da Escola Estadual Nancy da Rocha Cardoso, localizada em América Dourada, e provocou reações, inclusive, do ex-presidente. Jerônimo Rodrigues se retratou nesta segunda-feira, 5.

"Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma 'enchedeira'. Sabe o que é uma 'enchedeira'? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para vala", afirmou o petista.

No X (antigo Twitter) nesta segunda, Bolsonaro afirmou que a declaração se trata de discurso de ódio. "Um discurso carregado de ódio, que em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes. Mas nada aconteceu", escreveu Bolsonaro.

"Esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de 'liberdade de expressão progressista'", escreveu.

Para o ex-presidente, a verdadeira ameaça à democracia "está no alto da cadeia de poder, onde os que gritam por 'tolerância' e 'combate às fake news' são os mesmos que, na prática, incitam o ódio, mentem descaradamente e permanecem blindados por um sistema que escolheu lado".

"O padrão é claro: só há crime quando convém ao sistema, só há repressão quando o alvo é a oposição", acrescentou.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) acusou o governador da Bahia de adotar um discurso extremista. "Quando eu digo que, se pudesse, esse pessoal matava a gente, duvidam. E ainda tem quem acredita que estamos lidando com apenas políticos com pensamentos contrários - não. São movidos por uma ideologia genocida", escreveu o parlamentar.

Nesta segunda-feira, 5, durante uma visita às obras de reforma do Teatro Castro Alves, em Salvador, Jerônimo Rodrigues afirmou ser contrário a qualquer forma de violência e alegou que suas palavras foram interpretadas "fora de contexto".

"Nós criticamos a forma que alguém deseja a morte do outro. Eu sou uma pessoa religiosa, de família, e não vou nunca tratar qualquer opositor com um tratamento deste. Foi descontextualizada (a declaração). Eu apresentei minha inconformação de como o País estava sendo tratado e dei o exemplo da pandemia. Se o termo vala foi pejorativo ou forte, eu peço desculpas. Não tenho problemas em registrar se houve excessos na palavra. Não houve intenção nenhuma de desejar a morte de ninguém", disse o governador.

A ação que pode cassar o mandato do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) completou, no último dia 30, um ano parada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não há previsão para que seja julgada. Seif é acusado de abuso de poder econômico na eleição de 2022, suspeito de ter recebido doações irregulares do empresário Luciano Hang, dono da Havan.

A autora do pedido é a aliança de partidos composta por União Brasil, Patriota e PSD. A coligação sustenta que Seif teria usado recursos da empresa como assessoria de imprensa e cinco aeronaves de Luciano Hang. O que está em discussão pelos magistrados é se esses serviços, estimados em R$ 380 mil, foram discriminados na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral.

O julgamento teve início em 4 de abril, sendo sucessivamente suspenso e retomado nos dias 16 e 30 daquele mês. Esta foi a última vez em que os magistrados se reuniram para analisar o caso. Na ocasião, o Tribunal decidiu reabrir as investigações e foram expedidas ordens para que novas provas fossem recolhidas.

Na época, a Havan foi oficiada a informar todas as aeronaves que fizeram uso ou que estiveram à disposição da pessoa jurídica da Havan ou de Hang. Além disso, foi solicitado que aeroportos de Santa Catarina enviassem uma lista de todas as decolagens e aterrissagens durante o período da campanha, de 16 de agosto de 2022 a 2 de outubro de 2022. Contudo, desde então, os magistrados não se reuniram novamente para julgar o tema. Também não há uma data marcada.

Em maio de 2025, com a saída do ministro Alexandre de Moraes da presidência do TSE, a prerrogativa de pautar o julgamento do caso ficou com a ministra Carmen Lúcia, nova presidente da Corte.

Seif e Hang negam as irregularidades. O senador é empresário do setor de pesca industrial e pertence ao "núcleo duro" do bolsonarismo, tendo atuado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como secretário nacional de Pesca e Aquicultura. Cassado, Seif permaneceria oito anos inelegível.

Seif foi citado na delação de Mauro Cid como um dos membros de uma ala "radical" do entorno do então presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo apoiaria iniciativas que pudessem reverter o resultado eleitoral de 2024, como uma alegação de fraude nas urnas.

O senador esteve no baile da posse de Donald Trump, nos Estados Unidos. Ele foi fotografado ao lado do blogueiro e foragido da Justiça brasileira, Allan dos Santos, e do ex-apresentador Paulo Figueiredo, indiciado no inquérito de tentativa de golpe.