Ucrânia diz que assumiu controle total de Sudzha, a maior cidade russa desde início da incursão

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O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse nesta quinta-feira, 15, que suas tropas assumiram total controle de Sudzha, a maior cidade russa a ser tomada pelas forças ucranianas desde o início de sua incursão transfronteiriça há mais de uma semana.

Embora a cidade tivesse uma população pré-guerra de apenas 5 mil pessoas, Sudzha é o centro administrativo da área de fronteira da região russa de Kursk e é maior do que qualquer outra cidade ou assentamento que a Ucrânia disse que tomou desde a ofensiva de 6 de agosto.

Zelenski disse que a Ucrânia estava estabelecendo um escritório de comando militar em Sudzha, o que sugere que a Ucrânia pode planejar ficar na região de Kursk por um longo período - ou é apenas um sinal para Moscou que pode ter a intenção de fazer isso. Zelenski não elaborou quais funções esse gabinete poderia assumir, embora ele tenha dito no início desta semana que a Ucrânia estaria distribuindo ajuda humanitária para os moradores de Sudzha.

A Rússia não reagiu às declarações de Zelenski, mas seu ministro da defesa disse mais cedo nesta quinta-feira que as forças russas haviam bloqueado tentativas ucranianas de assumir o controle de diversas outras comunidades.

A incursão ucraniana surpresa mudou o rumo da guerra e causou caos na região de Kursk, levando ao deslocamento de mais de 120 mil civis, de acordo com as autoridades russas, e à captura de pelo menos 100 tropas russas, segundo Kiev.

Zelenski disse que uma das três razões da incursão era proteger regiões ucranianas vizinhas. "Quanto mais presenças militares russas forem destruídas nas regiões de fronteiras, mais perto a paz e a verdadeira segurança estarão para o nosso Estado. O Estado russo deve ser responsabilizado pelo que fez", disse na terça-feira, 13.

A Rússia já viu ataques anteriores ao seu território na guerra, mas a incursão de Kursk é notável por seu tamanho, velocidade, o envolvimento relatado de brigadas ucranianas endurecidas pela batalha e o tempo que elas permaneceram dentro da Rússia. Cerca de 10 mil tropas ucranianas estão envolvidas, de acordo com analistas militares ocidentais. A incursão também marcou a primeira vez que tropas estrangeiras invadiram e tomaram territórios russos desde que os nazistas alemães fizeram na 2.ª Guerra.

Embora blogueiros russos tenham relatado que as reservas que a Rússia enviou para a região de Kursk tenham desacelerado os avanços ucranianos, perguntas permanecem sobre se a incursão pode forçar Moscou a mover para Kursk tropas de posições de linha de frente no leste da Ucrânia, onde fizeram avanços lentos, mas constantes, neste ano.

Enquanto Kiev estava celebrando seus ganhos em Kursk nesta quinta-feira, autoridades na cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, que tinha uma população de 60 mil pessoas antes da guerra, alertaram civis para deixar a região com a aproximação rápida de tropas russas, que estavam a cerca de 10 quilômetros dos arredores da cidade. Se as tropas russas capturarem Pokrovsk, onde eles apenas estavam tentando romper as defesas ucranianas há semanas, eles iriam avançar mais ainda no seu objetivo de capturar toda a região de Donetsk.

O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que a Rússia havia retirado algumas forças, incluindo unidades de infantaria, da Ucrânia e as estava transferindo para Kursk, mas que os Estados Unidos não sabiam quantas tropas estavam envolvidas.

Entretanto, uma autoridade americana, que falou sob condição de anonimato por não estar autorizada a comentar publicamente, disse que não parece que a Rússia tenha movido um número suficiente de batalhões blindados ou outros tipos de força de combate da linha de frente da Ucrânia para Kursk, e que Moscou irá precisar mudar mais tropas para repelir as forças de Kiev.

Estado de emergência federal

O Exército ucraniano reivindicou o controle de mais de 80 cidades e assentamentos na região de Kursk.

O governador em exercício de Kursk, Alexei Smirnov, ordenou na quinta-feira que a população da região de Glushkovo, a cerca de 45 quilômetros a noroeste de Sudzha, deixasse a região. A ordem sugere que as forças ucranianas estavam gradualmente avançando em direção à área.

Em uma instalação que recebe deslocados, Tatyana Anikeyeva contou à televisão estatal russa sobre sua fuga dos combates. "Estávamos correndo de Sudzha… Nós nos escondemos nos arbustos. Voluntários estavam distribuindo água, comida, pão para as pessoas que estavam se deslocando. O som do canhão continuou sem interrupção. A casa estava tremendo."

Os deslocados se aglomeravam e esperavam em longas filas por comida e outros suprimentos. Um homem fez carinho em sua cachorra e tentou confortá-la, enquanto dizia que se sentia enjoado e sem apetite.

A Rússia também declarou estado de emergência em nível federal na região de Belgorod, um dia depois que um alerta de nível regional havia sido feito para a área. A mudança no status sugere que as autoridades acreditam que a situação está piorando e dificultando a capacidade da região de entregar ajuda.

O principal oficial militar da Ucrânia, o general Oleksandr Syrskyi, disse no início desta semana que as forças ucranianas tomaram mil quilômetros quadrados da região de Kursk, embora sua declaração não pudesse ser verificada de forma independente. As linhas de contato em Kursk permaneceram fluidas, permitindo que ambos os lados manobrassem facilmente, ao contrário da linha de frente estática no leste da Ucrânia, onde as forças russas levaram meses para obter ganhos incrementais.

Autoridades russas rejeitaram a reivindicação territorial de Syrskyi. Falando com repórteres na quarta-feira (14) na ONU, o vice-embaixador da Rússia, Dmitry Polyansky, chamou a incursão de uma "operação absolutamente imprudente e louca", e disse que o objetivo da Ucrânia de forçar a Rússia a mover suas tropas do leste da Ucrânia não está acontecendo porque "temos tropas suficientes lá".

Em outra categoria

O ministro da Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), afirmou nesta quarta, 26, que se sente apto para disputar as eleições ao governo do Estado de São Paulo em 2026. Ele disse ter falado com Fernando Haddad, mas o ministro da Fazenda não teria interesse de concorrer ao cargo. A declaração ocorreu em entrevista à CNN Brasil.

"Na eleição passada, o presidente Lula me pediu e eu então abri para que Haddad fosse o candidato", lembrou França. "Dessa vez, como Haddad me disse que não gostaria de disputar, eu me sinto apto", acrescentou, porém, destacando que "2 anos em política é muito tempo".

O ministro afirmou que não tem receio de concorrer à cadeira mais alta do Palácio dos Bandeirantes contra o atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Acho que ele pode ter seus méritos, mas ele representa um tipo de pensamento e eu represento outro tipo de pensamento."

França disse ainda não ter certeza se o atual chefe do Executivo paulista vai disputar as eleições em São Paulo, dado a incerteza de Jair Bolsonaro (PL), inelegível, ser o nome da direita para o pleito presidencial de 2026. "Vai haver uma pressão muito grande agora no Bolsonaro para que ele decida antecipadamente e decida pelo Tarcísio, que é o candidato evidentemente mais forte do campo adversário para uma eleição presidencial", avaliou França.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, organizaram uma missa para rezar pela saúde do Papa Francisco, internado há 12 dias com pneumonia em ambos os pulmões. A cerimônia será realizada nesta quarta-feira, 26, às 18h, no Palácio da Alvorada.

A celebração foi coordenada por Gilberto Carvalho, ex-secretário-geral da Presidência no primeiro mandato de Lula e amigo próximo do petista. A missa será conduzida por três padres jesuítas e contará com a presença de Dom Raymundo Damasceno, cardeal e arcebispo emérito de Aparecida.

Em nota, o Planalto destacou o "imenso carinho, respeito e admiração" que Lula e Janja têm pelo pontífice.

No início do mês, Janja esteve em Roma, onde participou de compromissos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e encontrou o Papa Francisco. Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, ela aparece cumprimentando o pontífice e conversando com ele em um escritório.

A primeira-dama contou ter agradecido ao Papa pelas orações direcionadas à recuperação de Lula, que, após um acidente doméstico em outubro do ano passado, precisou passar por uma cirurgia de emergência em dezembro para drenar um hematoma intracraniano. "Ele perguntou muito sobre isso", disse Janja.

Lula e Janja já haviam se encontrado com Francisco em junho de 2023, durante uma visita oficial ao Vaticano. Na ocasião, o casal trocou presentes com o líder da Igreja Católica em uma reunião de cerca de 45 minutos. "Toda vez que encontro com ele, é sempre muita emoção", afirmou a primeira-dama no início do mês.

O Papa Francisco apresentou leve melhora nesta quarta-feira, 26. No fim de semana, ele teve crises respiratórias, anemia, queda de plaquetas e precisou de oxigênio e transfusões de sangue.

Mesmo no hospital, Francisco se reuniu na terça-feira, 25, com o secretário de Estado do Vaticano para aprovar decretos sobre possíveis santos. Na segunda-feira, centenas de fiéis, incluindo cardeais e bispos, se reuniram na Praça de São Pedro para rezar pelo pontífice, e as orações continuarão diariamente.

A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega a 63,1% no Estado de São Paulo, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta quarta-feira, 26. O índice representa um aumento de quase nove pontos porcentuais desde a edição anterior da pesquisa, em novembro do ano passado.

O governo Lula 3 é aprovado por 34,1% dos paulistas entrevistados - uma diminuição de 8,3 pontos porcentuais em relação ao último levantamento. Já 2,8% não souberam ou não responderam.

A avaliação negativa do governo, ou seja, opiniões que consideram a gestão "ruim" ou "péssima", também aumentou no Estado: foi o caso de 53,5% dos entrevistados, contra 45,5% na pesquisa passada, de novembro.

A avaliação positiva, de quem considera o governo "ótimo" ou "bom", foi de 22,5%, em uma queda de 8,5 pontos porcentuais. Outros 22,4% disseram considerá-lo regular, e 1,6% não soube ou não respondeu.

Em nível nacional, a reprovação ao governo Lula também foi apontada na pesquisa CNT/MDA. A gestão atingiu a pior marca desde janeiro de 2023, classificada como "péssima" por 32% dos entrevistados e "ruim" por 12%.

As avaliações "péssimo" e "ruim" somaram 44%, crescimento de 13 pontos porcentuais desde a rodada anterior do levantamento, também em novembro de 2024. A pesquisa conduziu entrevistas presenciais em 137 municípios do País, entre os dias 19 e 23 de fevereiro.

Como mostrou o Estadão, a queda na popularidade do governo precipitou a reforma ministerial. Na terça-feira, 25, Lula demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde. Ela será substituída pelo ministro Alexandre Padilha, que deixa o comando da Secretaria de Relações Institucionais.

A tendência é que mudanças ocorram também em outras pastas, com a ascensão de nomes com perfil mais político para tentar imprimir marcas à gestão a tempo das eleições de 2026.

Na avaliação do vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ), no momento o governo não tem "posição nem núcleo político".

Eleições

Entre eleitores do Estado de São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, lidera a preferência de voto, registrando 40,8% de menções no cenário estimulado, segundo o mesmo levantamento do instituto Paraná Pesquisas. O ex-presidente está em vantagem contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado, citado por 26,6% dos eleitores paulistas.

O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) registra 10,6%, seguido pelo cantor sertanejo Gusttavo Lima (sem partido), com 6,5%. Em seguida, aparecem os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, com 2,5%, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, com 2,2%, e Helder Barbalho (MDB), do Pará, com 0,5%. Votos brancos ou nulos somam 7%, e 3,2% não responderam.

Jair Bolsonaro acumula duas penas de inelegibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e está inapto a concorrer a cargos eletivos até 2030. Entre as opções pesquisadas, Ronaldo Caiado também é alvo de um processo que pode torná-lo inelegível até 2026. O governador goiano foi condenado na primeira instância da Justiça Eleitoral, mas cabe recurso.

Em um cenário sem o ex-presidente, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) aparece com 31,3% de preferência, liderando numericamente contra Lula, com 27,1%, mas em empate técnico com o petista. Ciro tem 12,7%, Gusttavo Lima, 9,2%, Caiado, 3,9%, Leite, 2,9% e Barbalho, 0,5%. Votos nulos e brancos somam 8,3%, e 4,1% não responderam.

Lula também está empatado tecnicamente em um cenário com a presença do governador Tarcísio de Freitas. Se decidir concorrer ao Palácio do Planalto, Tarcísio tem 30,2% de intenções de voto no eleitorado paulista, em vantagem numérica contra Lula, com 26,7%. Ciro tem 12,4%, Gusttavo Lima, 11,7%, Caiado, 2,8%, Leite, 2,6% e Barbalho, 0,5%. Votos nulos e brancos somam 8,4%, e 4,6% não responderam.

Lula só lidera a preferência de votos em São Paulo em um cenário contra Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná. Nessas circunstâncias, Lula tem 27,1% de menções, seguido por Ratinho, com 15,8%. Ciro registra 14,9%, Gusttavo Lima, 14,2%, Caiado, 4,7%, Leite, 3,3% e Barbalho, 0,7%. Votos nulos e brancos somam 13,8%, e 5,5% não responderam.

Os cenários são de pesquisa estimulada. Na espontânea, Bolsonaro lidera numericamente contra Lula, mas há empate técnico no limite da margem de erro: o ex-presidente tem 17% e o petista, 13,3%. As menções a outros candidatos somam 5,8%. Na pesquisa espontânea, 57,1% dos entrevistados não souberam responder, e 6,8% afirmam que votarão branco ou nulo.

O Paraná Pesquisas divulgou nesta terça-feira, 25, um levantamento sobre a intenção de voto ao governo estadual e ao Senado por São Paulo. Segundo o instituto, Tarcísio lidera as intenções de voto tanto no cenário estimulado quanto na pesquisa espontânea.

Ainda de acordo com o levantamento, a presença do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (PSB) na disputa impediria uma reeleição do atual governador já no primeiro turno. Nos cenários sem Tarcísio, o candidato melhor colocado é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Quanto ao Senado, nomes como o do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PL-SP), e do deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) despontam à direita; à esquerda, o jogador Raí (sem partido) e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), são os mais citados.

O Paraná Pesquisas ouviu 1.650 pessoas, no Estado de São Paulo, entre os dias 20 e 23 de fevereiro. A margem de erro é de 2,5 pontos porcentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.