Tailândia: filha de bilionário se torna a primeira-ministra mais jovem do país

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O Parlamento da Tailândia elegeu Paetongtarn Shinawatra como primeira-ministra nesta sexta-feira, 16, continuando o legado da dinastia política que começou com seu pai, Thaksin Shinawatra, uma das figuras políticas mais populares, mas polarizadoras, da Tailândia.

Thaksin, ex-primeiro-ministro, foi deposto por um golpe militar em 2006, o que desencadeou anos de profundas divisões políticas. Paetongtarn parece ser a beneficiária de um acordo que seu pai fez com seus antigos inimigos conservadores, permitindo que o partido populista liderado por ela assumisse o poder, ao mesmo tempo em que afastava o partido mais progressista que ficou em primeiro lugar na eleição do ano passado.

Paetongtarn se torna a terceira líder da Tailândia da família Shinawatra, depois de seu pai bilionário, que retornou do exílio no ano passado, e sua tia Yingluck Shinawatra, que vive no exílio. Paetongtarn também é a segunda mulher a ser primeira-ministra da Tailândia, após sua tia, e a líder mais jovem do país, com 37 anos.

Como única candidata, ela foi confirmada com 319 votos a favor, 145 contra e 27 abstenções. Paetongtarn é a líder do partido Pheu Thai, o mais recente de uma série de partidos ligados a Thaksin. Ela não é uma legisladora eleita, pois isso não era necessário para ser candidata a primeira-ministra. Ela se tornará oficialmente primeira-ministra com o assentimento real, embora ainda não se saiba quando isso deve ocorrer.

Paetongtarn, ex-executiva empresarial, parecia emocionada ao falar com repórteres após a votação no Parlamento, no escritório do partido em Bangkok. Ela disse estar muito "honrada e feliz". "Espero realmente poder fazer as pessoas se sentirem confiantes que podemos construir oportunidades e qualidade de vida", disse ela. "Espero poder fazer o meu melhor para que o país avance".

A nomeação de Paetongtarn seguiu a destituição do primeiro-ministro Srettha Thavisin, do Pheu Thai, na quarta-feira, 14, após menos de um ano no cargo. O Tribunal Constitucional o considerou culpado de uma grave violação ética em relação à nomeação de um membro do gabinete que foi preso em conexão com uma tentativa de suborno. Foi a segunda grande decisão em uma semana que abalou a política tailandesa. O mesmo tribunal dissolveu na semana passada o partido progressista Move Forward, que venceu a eleição geral do ano passado, mas foi impedido de assumir o poder. O partido já se reorganizou como Partido do Povo.

A popularidade residual e a influência de Thaksin são fatores por trás do apoio político a Paetongtarn. A entrada pública de Paetongtarn na política ocorreu em 2021, quando o partido Pheu Thai anunciou que ela lideraria um comitê consultivo de inclusão. Ela foi nomeada uma das três candidatas a primeira-ministra do Pheu Thai antes das eleições de 2023 e se tornou líder do partido no ano passado. Quando Paetongtarn estava na campanha para o Pheu Thai, ela reconheceu seus laços familiares, mas insistiu que não era apenas uma substituta de seu pai. "Eu sou a filha do meu pai, sempre e para sempre, mas tenho minhas próprias decisões", disse ela a um repórter.

No entanto, seu trabalho não será fácil, com Thaksin continuando a tomar as decisões políticas para o Pheu Thai, disse Petra Alderman, pesquisadora de política na Universidade de Birmingham, na Inglaterra. "Thaksin era uma força política a ser considerada, mas também era uma vulnerabilidade", disse ela. "Ele tende a exagerar na mão política, então servir sob sua sombra nunca foi fácil."

Alderman observou que, embora Paetongtarn pareça desfrutar de apoio político e público caloroso, esse não é o único fator que determinará o curso de seu mandato como primeira-ministra. "Quem governa na Tailândia e por quanto tempo são questões que muitas vezes são respondidas por instituições de fiscalização não eleitas e sem responsabilidade, como a Comissão Eleitoral da Tailândia e o Tribunal Constitucional, ou por golpes militares", disse ela.

O Pheu Thai e seus predecessores ligados a Thaksin venceram todas as eleições nacionais desde 2001, com políticas populistas centrais prometendo resolver problemas econômicos e reduzir a desigualdade de renda, até perderem para o reformista Move Forward em 2023. O partido teve a chance de formar um governo, no entanto, após o Move Forward ser impedido de assumir o poder pelo Senado anterior, um corpo nomeado pelos militares entrou em cena. O Move Forward foi excluído da coalizão pelo Pheu Thai, que então se uniu a partidos afiliados ao governo militar que derrubou o partido anteriormente em um golpe.

Thaksin retornou à Tailândia no ano passado após anos de exílio, no mesmo dia em que Srettha foi aprovado por ambas as câmaras, em um movimento interpretado como parte de um acordo político entre o Pheu Thai e seus antigos rivais conservadores no establishment para impedir o Move Forward de formar um governo.

Os senadores receberam poderes especiais para vetar um candidato a primeiro-ministro pela constituição adotada em 2017 sob um governo militar. No entanto, os novos membros do Senado, selecionados em um processo convoluto no mês passado, não mantêm o poder de veto. Isso significa que um candidato precisa apenas de uma maioria da câmara baixa.

A coalizão entre o Pheu Thai e seus antigos rivais conservadores sob a liderança de Paetongtarn poderia fortalecer sua unidade porque Paetongtarn possui algo que Srettha não tem - uma linha direta com seu poderoso pai, que tem a palavra final - disse Napon Jatusripitak, pesquisador de ciência política do Instituto ISEAS-Yusof Ishak, em Singapura. "De uma maneira estranha, isso cria uma cadeia de comando clara e controla o faccionalismo", disse ele. "Paetongtarn receberá jurisdição clara sobre onde pode exercer sua própria agência e onde é uma questão entre seu pai e os membros da coalizão."

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Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 26, aponta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria derrotado por rivais de direita em ao menos cinco dos oito Estados onde o levantamento foi realizado. O presidente perderia no segundo turno para nomes como governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, e o cantor Gusttavo Lima em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

Ao mesmo tempo, Lula ganharia dos oponentes no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. O recorte leva em consideração, em alguns locais, a vantagem numérica dos opositores sobre o presidente. Quando considerada a margem de erro, pode haver empate técnico.

O melhor desempenho entre os candidatos aptos a concorrer é de Tarcísio. Ele ganharia de Lula por 54% a 30% em São Paulo, 46% a 29% em Goiás e 46% a 30% no Paraná. O governador paulista aparece numericamente na liderança, mas empatado tecnicamente com o presidente dentro da margem de erro em Minas Gerais (40% a 37%) e no Rio Grande do Sul (41% a 36%).

Por outro lado, Lula ganharia de Tarcísio na Bahia (59% a 25%), em Pernambuco (58% a 26%) e no Rio de Janeiro, onde a vantagem é numérica e há empate técnico, por 39% a 35%.

O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 23 de fevereiro. Foram entrevistadas 1.644 pessoas em São Paulo, onde a margem de erro é de dois pontos porcentuais - nas demais unidades, a margem é de três pontos.

Goiás, Paraná e Pernambuco tiveram 1.104 entrevistados cada, enquanto a Bahia teve 1.200 entrevistas, o Rio de Janeiro, 1.400, Rio Grande do Sul, 1.404, e Minas Gerais, 1.482. O nível de confiança é de 95%.

Tarcísio nega que será candidato a presidente na eleição de 2026 e afirma que seu objetivo é se reeleger para governador em São Paulo. Apesar disso, como mostrou o Estadão, aliados enxergam que a candidatura presidencial do chefe do Executivo paulista é cada vez mais provável por três motivos: a inelegibilidade de Bolsonaro, também denunciado pela tentativa de golpe; o bom desempenho do governador nas pesquisas e a piora na aprovação de Lula.

Embora esteja inelegível, a Quaest também testou o embate entre Bolsonaro e Lula. O ex-presidente ganharia em São Paulo (45% a 36%), no Paraná (51% a 30%) em Goiás (50% a 30%) e no Paraná (51% a 30%). A vantagem de Bolsonaro está dentro da margem de erro no Rio Grande do Sul, onde tem 44% a 38% contra o petista, e em Minas, local em que o placar é de 42% a 40%. O Rio de Janeiro há empate também numérico: cada um tem 41%.

Lula lidera sobre Bolsonaro apenas na Bahia (59% a 26%) e em Pernambuco (57% a 31%). O cenário é similar quando o adversário é Gusttavo Lima: o petista ganha nesses dois Estados por 57% a 26% e 57% a 28%, mas também no Rio de Janeiro (41% a 30%).

O cantor sertanejo tem vantagem numérica em São Paulo (39% a 35%), em Minas Gerais (43% a 37%) e no Rio Grande do Sul (41% a 36%). Lima, porém, ganha fora da margem no Paraná (47% a 28%), em Goiás (55% a 25%) e no Paraná (47% a 28%).

Outro inelegível, Pablo Marçal (PRTB) aparece com vantagem sobre Lula nos mesmos cinco Estados: São Paulo (41% a 34%), Minas Gerais (40% a 38%), Paraná (44% a 30%), Rio Grande do Sul (41% a 37%) e em Goiás (46% a 28%). O presidente vence nos outros três: 42% a 33% no Rio de Janeiro, 60% a 24% na Bahia e 59% a 26% em Pernambuco.

Outro cotado para ser presidenciável, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem ampla vantagem em seu Estado de origem, com 52% das intenções de voto contra 33% de Lula. Há empate técnico em São Paulo, com 37% do chefe do Executivo mineiro contra 36% do presidente da República.

Zema venceria no Paraná (40% a 32%) e em Goiás (42% a 29%), mas diferentemente das outras opções da direita, fica atrás de Lula no Rio Grande do Sul (36% a 38%). O petista vence também entre os cariocas (41% a 28%), baianos (62% a 20%) e pernambucanos (61% a 21%)

Por último, a Genial/Quaest testou o governador goiano Ronaldo Caiado (União Brasil). Ele ganha de Lula apenas no Estado onde governa, por 74% a 16%, e no Paraná, por 40% a 30%. O chefe do Executivo federal está a frente em Minas Gerais (40% a 33%), no Rio de Janeiro (41% a 27%), na Bahia (60% a 21%), no Rio Grande do Sul (38% a 34%) e em Pernambuco (62% a 20%). Em São Paulo, há empate pois ambos registraram 36% das intenções de voto.

A desaprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresceu acima dos dois dígitos desde dezembro em Pernambuco e Bahia, Estados que historicamente são base eleitoral do petista. Segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 26, a taxa de reprovação do presidente ultrapassa 60% nos outros seis Estados onde foram realizadas entrevistas: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

Lula era desaprovado por 33% dos eleitores baianos em dezembro do ano passado. O índice cresceu 18 pontos desde então e chegou a 51%. A aprovação caiu de 66% para 47% no mesmo período. Outro 2% não souberam ou não responderam.

Movimento similar ocorreu em Pernambuco. A desaprovação do presidente cresceu 17 pontos porcentuais, saindo de 33% para 50%, enquanto a aprovação caiu de 65% para 49% - 1% não soube ou não respondeu.

O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 23 de fevereiro. Os oito Estados onde foram realizadas as entrevistas correspondem a 62% do eleitorado brasileiro. Foram entrevistadas 1.644 pessoas em São Paulo, onde a margem de erro é de dois pontos porcentuais - nas demais unidades, a margem é de três pontos.

Goiás, Paraná e Pernambuco tiveram 1.104 entrevistados cada, enquanto a Bahia teve 1.200 entrevistas, o Rio de Janeiro, 1.400, Rio Grande do Sul, 1.404, e Minas Gerais, 1.482. O nível de confiança é de 95%.

Lula é desaprovado pela maioria da população dos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste onde a pesquisa foi realizada. A maior taxa negativa é registrada em Goiás (70%), seguido de São Paulo (69%), Paraná (68%), Rio Grande do Sul (66%), Rio de Janeiro (64%) e Minas Gerais (63%).

Nessas unidades, a maior aprovação do petista é no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, ambos com 35%. O índice é de 33% entre os gaúchos e 30% entre os paranaenses. A aprovação entre os paulistas é de 29%. Entre os goianos, é de 28%.

O deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP) foi eleito presidente da bancada evangélica no Congresso. Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Gilberto venceu o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que se aproximou recentemente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A votação ocorreu em meio a um racha da frente evangélica. Gilberto recebeu 117 votos, enquanto Otoni ficou com 61 votos. Durante a votação, a deputada federal Greyce Elias (Avante-MG), que concorria como candidata da terceira via, desistiu da candidatura para apoiar Gilberto Nascimento. Com o apoio de última hora, ela se tornou vice-presidente da bancada.

A Frente Parlamentar Evangélica (FPE) reúne 219 deputados e 26 senadores e tem papel fundamental na votação de pautas que envolvem costumes.

Desde a segunda-feira, 25, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vinha ligando para parlamentares para pedir votos em Nascimento. Outro fiador da campanha do deputado foi o pastor evangélico Silas Malafaia.