Memes de Kamala Harris estão por toda parte - até na rede social de Donald Trump

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A publicação começa com um "alerta de gatilho". O vídeo que vem a seguir foca no Air Force Two, avião usado pela vice-presidente Kamala Harris, e vai ampliando o quadro para mostrar a multidão que a espera ao som de "Freedom", música que Beyoncé liberou para campanha democrata. "Aviso: O conteúdo deste vídeo pode aborrecer Donald Trump", diz a legenda.

A provocação foi publicada na Truth Social, a plataforma que o próprio Donald Trump criou após ser banido das redes - e que agora virou arma nas mãos dos seus adversários. O perfil oficial Kamala HQ tem usado a página para comparar os públicos de eventos democratas e republicanos.

A campanha aproveita que está em bom momento, com o impulso nas pesquisas e os comícios lotados, enquanto Donald Trump tem se mostrado irritado com a reviravolta nas eleições, que podiam parecer ganhas para ele até a entrada de Kamala Harris.

Confrontado com as imagens dos milhares de apoiadores que lotaram discursos dos democratas, Trump acusou a campanha adversária de forjar multidões com uso de Inteligência Artificial. 'Ela é uma TRAIDORA. Não tinha NINGUÉM lá esperando e a "multidão" parecia ter 10 mil pessoas", escreveu na Truth Social sobre o desembarque em Detroit.

'A mesma coisa está acontecendo com as "multidões" nos discursos dela. É assim que os democratas ganham as eleições, TRAPACEANDO - e eles são ainda piores nas urnas. Ela deveria ser desqualificada', continuou.

Ao contrário do que diz o republicano, a imprensa local estima que 15 mil pessoas estavam presentes. Mesmo a Fox News, simpática a Donald Trump, confirma que a chapa democrata atraiu muitos apoiadores, a partir da análise de imagens do Michigan.

E até as alegações de "multidão falsa" viram conteúdo para os democratas na Truth Social.

'Se Kamala tem 1.000 pessoas em um comício, a imprensa fica "louca" e fala sobre como foi "grande" - e ela paga por sua "multidão". Quando eu faço um comício e 100.000 pessoas aparecem, as Fake News não falam sobre isso, elas se recusam a mencionar o tamanho da multidão', diz um post de Donald Trump compartilhado pelo perfil Harris HQ.

A foto em resposta mostra um bloco de cadeiras vazias para o discurso do republicano há cerca de um mês na Filadélfia, comparada ao comício democrata no Estado.

"Sabe, não é como se alguém se importasse com o tamanho da multidão ou algo assim", disse o candidato a vice-presidente Tim Walz aos risos em discurso no Arizona, após citar o comício em Michigan como o maior da campanha. O corte foi parar na Truth Social, com o perfil @realDonald Trump marcado.

"Até pouco tempo atrás quem usava essa estratégia era o Donald Trump. Então ele fica atordoado quando vê isso se voltar contra ele", avalia Luli Radfahrer, professor de Comunicação Digital da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP)

'Baixa energia?' Democratas provocam Trump por agenda

Enquanto os democratas percorriam os Estados que serão decisivos, Donald Trump teve uma agenda menos movimentada na semana passada, com um único comício em Montana, onde ganhou com folga na última eleição. "Eu não preciso ir porque estou liderando nesses Estados", rebateu o republicano ao ser questionado pelas decisões da campanha.

O perfil de Kamala Harris na Truth Social não deixou passar. "Baixa energia, Trump?", alfinetou a publicação que comparava as agendas democratas e republicanos. "Caso você tenha esquecido, Donald Trump, é assim um comício em Estado-pêndulo", diz outro post, seguido pelo vídeo da multidão no Michigan.

As provocações na Truth Social mostram como Kamala Harris está presente nas redes. Seus memes são tantos que há matérias na imprensa americana para explicá-los aos que são menos assíduos no universo Tik Tok e podem ficar confusos com as imagens de coqueiros em sinal de apoio à democrata.

Esse talvez seja o mais conhecido dos memes de Kamala Harris e viralizou - de novo - quando ela foi apontada como candidata à presidência pelo Partido Democrata.

'Minha mãe costumava, às vezes, nos dar bronca e dizia: "Não sei o que há de errado com vocês, jovens. Vocês acham que acabaram de cair de um coqueiro?"', lembrou com uma risada. "Vocês existem num contexto", continuou.

O discurso de maio do ano passado destacava a importância de pensar nas comunidades e viralizou primeiro em tom de crítica, compartilhado por perfis ligados ao Partido Republicano. Depois, passou a ser replicado por apoiadores em "edits" no Tik Tok.

Num deles a anedota do coqueiro é combinada a vídeos de Kamala Harris dando gargalhadas, dançando e ensinando receita (outro meme). O "edit" tem 25 segundos e mais de 3 milhões de visualizações no Tik Tok. A música de fundo é "365", da cantora britânica Charli xcx, que contribuiu para transformação da democrata em meme.

"Kamala É brat", escreveu ela no X, referindo-se ao nome do seu álbum mais recente.

"Brat" significa literalmente "pirralho", mas virou tendência pop, com estética própria. "Aquela garota que é um pouco bagunceira e gosta de festas e talvez diga algumas coisas idiotas às vezes, que gosta de se sentir ela mesma, mas talvez tenha um colapso... Isso é Brat", explicou a cantora na época do lançamento.

A imagem de garota bagunceira que diz bobagens poderia ser indesejável para Kamala Harris, que deseja se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos. Mas numa eleição que começou marcada pela preocupação com a idade dos candidatos, a campanha democrata abraçou a tendência e adotou o verde que caracteriza a estética "brat" em seu perfil no X.

"O personagem construído para a Kamala Harris é como aquela tia da família, que é legal, mas que às vezes fala alguma besteira. A campanha se apropria disso", afirma Radfahrer. "As pessoas até querem o Super-Homem, mas valorizam mesmo quem comete erros (porque conseguem se identificar). Eles estão explorando isso muito bem".

Além de abraçar os memes, a Kamala Harris aumentou a presença democrata no Tik Tok. O levantamento da rede americana CNN mostrou que conta Biden HQ postou 335 vezes em cinco meses, uma média de duas publicações por dia. Todo esse conteúdo recebeu 174 milhões de visualizações, marca que Kamala Harris mais que dobrou em menos de três semanas.

O perfil Kamala HQ no Tik Tok tinha 65 publicações (média de 3,6 por dia) e o total de 385 milhões de visualizações. Para comparação do alcance, cada post de Biden era visto por 500 mil pessoas, em média. Depois que Kamala Harris herdou a conta, esse número saltou para 6 milhões.

Pouco expressiva enquanto vice-presidente Kamala Harris empolgou as bases democratas que lotam seus discursos, dominou o noticiário e avança tanto nas pesquisas quanto nas redes. No entanto, ela ainda terá o desafio de manter esse impulso faltando três meses para eleição, além de converter seguidores em eleitores.

Para Radfahrer, vem das Olimpíadas a metáfora que traduz a fase atual da campanha. Kamala Harris está na crista da onda, assim como o surfista Gabriel Medina, saiu pedindo 10 pela manobra que rendeu a foto que talvez seja a mais icônica dos jogos de Paris. Mas esse momento não garantiu a vitória do brasileiro, que terminou com o bronze.

A campanha democrata vive bom momento, mas ainda terá muito trabalho pela frente numa votação que promete ser acirrada. Especialmente, quando o americano médio, que não é o mesmo público do Tik Tok começar a prestar mais atenção nas eleições. Ainda assim, fato é que a disputa ficou mais acirrada com a entrada de Kamala Harris.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre agenda nesta sexta-feira, 2, com reuniões no Palácio do Planalto. Às 9h, Lula se encontra com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Em seguida, às 10h, recebe o ministro da Defesa, José Múcio.

Durante a tarde, o presidente tem audiência às 15h com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Uma hora depois, às 16h, Lula se reúne com o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Marco Aurélio Marcola, e com o chefe do Gabinete Adjunto de Agenda do Gabinete do Presidente da República, Oswaldo Malatesta.

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), protocolará nesta sexta-feira, 2, uma representação criminal contra o ministro da Previdência, Carlos Lupi, ao esquema no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

O documento aponta a falta de ação do ministro, mesmo tendo conhecimento prévio do problema, e também pede que a investigação seja remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF), se houver indícios, além do afastamento de Lupi do cargo.

"Não lhe faltavam atribuições legais e regimentais, nem muito menos ferramentas institucionais, aptas a municiar ações de acompanhamento e controle destinadas a coibir o escândalo de descontos ilegais nas aposentadorias", afirma Zucco.

Entre alguns dos argumentos dados pela oposição, Zucco aponta que Lupi foi informado em junho de 2023, que havia um aumento de denúncias de descontos sem autorização em aposentadorias e pensões do INSS e não tomou providências por dez meses, de acordo com as atas das reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social.

Uma pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que Lupi deveria ser demitido do cargo.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.

Pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deveria ser demitido do cargo após a crise no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), alvo de operação que apura um esquema que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

A pesquisa também diz que 84,4% dos brasileiros "acompanharam bem o caso", ante 15,6% que sabem pouco do assunto. O levantamento ouviu mil brasileiros entre esta terça-feira, 29, e esta quinta-feira. A margem de erro é de três pontos porcentuais para cima ou para baixo.

A pesquisa também ouviu se os entrevistados conhecem ou não pessoas afetadas ou se eles próprias foram lesadas. O resultado mostra que 58% dos brasileiros não foram vítimas e nem conhecem prejudicados; outros 35,6% conhecem quem foi teve descontos indevidos em benefícios do INSS e outros 6,4% foram vítimas.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.